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A Contabilidade pública inicia-se no período colonial, na qual era necessário o controle das contas governamentais do imperador. No passar dos anos, até 1960, a contabilidade tinha como prioridade a parte técnica, dando ênfase ao orçamento e ao financeiro do Brasil.

A primeira Constituição Brasileira foi elaborada em 1824, nesta, já era possível identificar assuntos acerca da Contabilidade Pública, como: previsão da elaboração da proposta orçamentária que competia ao Legislativo e deveriam ser fixadas anualmente as despesas públicas. Em 1826, a elaboração da proposta orçamentária passa a ser responsabilidade do Poder Executivo. O orçamento passou a ser elaborado pelo Ministério da Fazenda, que consolidava as propostas dos outros ministérios e as encaminhava à apreciação pela Câmara dos Deputados.

Na Constituição de 1891, em seu art. 34 ficou estabelecido que a proposta orçamentária fosse elaborada pelo Congresso Nacional. Nela foi consagrada a existência de três poderes independentes, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Já na Constituição de 1934, competia ao Presidente da República enviar à Câmara dos Deputados a proposta de orçamento. Na Constituição de 1946, competia aos ministérios a elaboração de suas respectivas propostas orçamentárias e encaminhá-las ao Ministério da Fazenda, que as consolidava e remetia, através da Presidência da República, ao Congresso Nacional para fins de apreciação. Em 1964 as atribuições do Ministério do Planejamento foram ampliadas com a inclusão da Coordenação Econômica e, em 1965 foi criado o Conselho Consultivo do Planejamento como órgão de consulta deste Ministério.

Ainda em 1964 foi editada a Lei nº. 4.320, que continua em vigor, estatui normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle de orçamentos e balanços da União, Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Representou um marco histórico, decisivo e norteador dos orçamentos e planejamentos públicos, porém, ainda abaixo do que se esperava em termos de modernização das finanças públicas. A lei aperfeiçoou e inovou os regulamentos de orçamento público e contabilidade vigentes, incorporando as práticas contábeis adotadas nos países desenvolvidos e integrando o modelo orçamentário e o contábil nas três esferas de governo.

A Lei nº 4.320/64, assegura que a administração pública deve seguir as diretrizes da Lei de Orçamento que dispõe sobre a receita e a despesa, de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo. Assim, fica evidente a importância do controle do orçamento e esclarece que as demonstrações do setor público deverão ter como base a contabilidade.

Na estrutura da Lei é verificada a disseminação das informações em dois sistemas de informações: a contabilidade e o orçamento. Na mesma, procurou-se nortear a administração pública através de regras específicas desde a elaboração de planejamento até a prestação de contas dos recursos públicos. O foco principal desta Lei é o orçamento, porém a partir do art. 83 a contabilidade começa a ser tratada, em vista que os artigos anteriores estão voltados ao planejamento e orçamento.

Na Lei nº 4.320/64 é identificada sua vinculação em atender aos princípios do setor público, visando um norteamento para a melhor execução dos processos de orçamento e elaboração das demonstrações contábeis.

Com o auxílio do MCASP, também prevista no art. 2º da Lei 4.320/64, é identificado o princípio da Unidade, que diz que cada ente público deve possuir apenas um orçamento geral, estruturado de maneira uniforme. Todas as receitas e todas as despesas devem convergir a um fundo geral, conta única, com o objetivo de vinculações e a fim de confrontar os totais e apurar o equilíbrio, déficit ou superávit.

Os princípios da Universalidade e da Anualidade são observados nos artigos 3º, 4º e 34º da Lei 4.320/64, visto que é ressaltado que na Lei Orçamentária deverá conter todas as despesas e receitas e que o orçamento deve ser elaborado e autorizado por um período de tempo de um ano, que coincide com o ano civil.

Mediante o Decreto-Lei 200/67 foi implantada uma filosofia de descentralização e delegação de competências, privilegiando-se a administração indireta por meio da criação de autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas públicas. Nesse setor

indireto, foram reduzidos os controles meramente formais, flexibilizando-se a gerência de recursos públicos. Pode-se dizer que o Decreto foi um instrumento que forneceu a principal base jurídica para a terceirização no setor público. Para a administração direta federal foi estabelecido um plano de contas único e um controle de custo dos serviços públicos.

Assim o Decreto Lei nº 200/67 dispõe no seu art.10:

Para melhor desincumbir-se das tarefas de planejamento, coordenação, supervisão e controle e com o objetivo de impedir o crescimento desmesurado da máquina administrativa, a Administração procurará desobrigar-se da realização material de tarefas executivas, recorrendo, sempre que possível, à execução indireta, mediante contrato, desde que exista, na área, iniciativa privada suficientemente desenvolvida e capacitada a desempenhar os encargos de execução.

Devido a necessidade da modernização e integração dos sistemas contábeis e dos programadores, foi criado o Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) em 1987. A Constituição de 1988 foi a mais inovadora e a que contemplou os diversos avanços conquistados pela sociedade, principalmente a democratização do planejamento e do orçamento. O Capítulo II do Título VI foi inteiramente destinado às finanças públicas e a Seção II, aos orçamentos. Essa norma estabeleceu novos instrumentos de planejamento, a exemplo do PPA, LDO, LOA e os Planos e Programas Nacionais, Regionais e Setoriais de orçamentos.

O art.163 da seguinte CF definiu a necessidade da edição de uma lei complementar para coordenar e regulamentar determinada matéria integrante sobre Finanças Públicas, de forma ampla, clara e objetiva. Em razão disso, surgiu a LRF. Elaborada pelo poder executivo, dividida em dez capítulos, possui setenta e cinco artigos e encontra respaldo no artigo 165, da CF, o qual expressa a intenção do legislador de promover uma administração financeira eficiente, atendendo ao critério de maior controle da sociedade sobre o Estado.

A LRF surgiu como uma complementação da Lei nº 4.320/64, já que não trata da sistemática de planejamento, dos orçamentos, balanços e contabilidade pública que é regulamentada pela citada lei.

A edição desta lei propõe avanços na gestão fiscal, no sentido em que exige do gestor uma ação planejada e transparente, com prevenção de riscos e correção de desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas. Para isso é necessário um norteamento, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que se refere a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.

A publicação dessa Lei veio a reforçar a importância do controle interno na administração pública, visando manter as normas, limites e definições contidos na LRF. Esse tipo de controle serve para verificar os procedimentos adotados pelo gestor público nas atividades administrativas. O acompanhamento dessa fiscalização, rígida e constante, da execução do governo deve se dá por meio de relatórios e demonstrativos. Para continuidade do processo de fiscalização, a Lei no seu art. nº48 determina que os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas; e o respectivo parecer prévio; o relatório resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão fiscal deverão ter ampla divulgação, por serem instrumentos de transparência.

Decreto 6.976/09 surgiu com o objetivo de criar o Sistema de Contabilidade Federal, destinando a competência para subsidiar a convergência aos padrões internacionais de contabilidade aplicadas ao setor público. Através deste sistema deverão ser editadas normas, manuais, procedimentos contábeis e o PCASP, tendo como objetivo a elaboração e publicação das demonstrações contábeis consolidadas com base nas normas internacionais. Também é função do decreto adotar os procedimentos necessários para atingir os objetivos de convergência aos padrões internacionais de contabilidade aplicados ao setor público.

O referido decreto passa a exercer a competência de efetuar as devidas alterações quanto aos anexos da Lei 4.320/64 referente às Demonstrações Contábeis. A partir deste, foi determinado que a STN tem a responsabilidade de editar e divulgar o DCASP, onde foram modificadas e incluídas demonstrações contábeis.

A Portaria 753, divulgada em 21 de dezembro de 2012, trouxe uma flexibilidade da obrigatoriedade do prazo da utilização do PCASP e da DCASP para o ano de 2014, para a consolidação em 2015. Para a eficácia desta portaria, determina que os entes devam divulgar e encaminhar ao STN um cronograma de ações até 31 de Maio de 2013.

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