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ASPECTOS DA ATUAL REVOLUÇÃO PROCESSUAL

3 SISTEMA NACIONAL DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR

3.3 ASPECTOS DA ATUAL REVOLUÇÃO PROCESSUAL

Observa-se que hodiernamente vive-se uma revolução no modo de fazer justiça, remodelando a estrutura e o funcionamento do Judiciário. Segundo Barbosa e Silva (2015, p. 5):

Estamos passando, na atualidade, por uma revolução na forma de fazer justiça,caminhando, com a reengenharia do processo, para uma modificação estrutural e funcional do Judiciário em si. Procura-se remodelar o seu perfil no sentido de adequá-lo ao da Justiça que se espera na nova era pós-industrial, que vem sendo constituída principalmente nas três últimas décadas, na qual a informática transforma o conhecimento no instrumento de satisfação das necessidades da sociedade e é ferramenta de trabalho hábil para encurtar o tempo e a distância. Esses fatores, em uma sociedade que anda à velocidade da luz e em constante competição globalizada, assumem destaque como a espinha dorsal da qualidade de

todo e qualquer serviço. A Justiça, como serviço e instrumento de pacificação social, precisa comungar com as ideias que estão modificando a civilização, sob pena de perder-se no tempo e no espaço.

Um fato relevante é a simplificação da linguagem jurídica, que traz maior facilidade de acesso à Justiça, colaborando com a atuação do Poder Judiciário. Nesse sentido, “trata-se de elemento essencial para a legitimação da atividade do juiz. Mas, este processo deve ser caminho de realização da Justiça desejada pelos cidadãos, não estorvo incompreensível e inaceitável” (BARBOSA; SILVA, 2015, p. 6).

Os mesmos autores aduzem:

Neste passo é que a Lei dos Juizados Especiais veio propiciar Justiça ágil, simplificada e acessível a todos os cidadãos. Desta forma, os Juízes estão despertando para deixar de lado o monólogo criptografado nas suas sentenças para exercitar um diálogo compreensível que aproxime a Justiça de todos. Neste sentido, é fundamental que os tribunais adotem uma linguagem mais compreensível; realizem campanhas de simplificação da linguagem jurídica, como a feita, anos atrás, pela AMB; promovam cursos de atualização da linguagem jurídica que integrem uma percepção simplificadora; criem revistas que contemplem peças jurídicas que contenham exemplos de expressões substituídas por alternativas mais simples (p.6).

Para dirimir as inúmeras críticas direcionadas à atuação do Judiciário, há que forçar as tentativas de contribuir para que a Reforma do Judiciária cumpra ditames do NCPC. Assim, o Poder Judiciário caminha ao encontro de efetivar Métodos Consensuais de Solução de Conflitos, por meio de instrumentos de ação social participativa (BARBOSA; SILVA, 2015).

No NCPC, como o legislador garante o acesso à justiça, exaltam-se as virtudes da solução consensual de conflitos, sendo o Estado responsável em promover essas práticas sempre que possível, conforme expressa o art. 3°, parágrafo 2º deste Código. Ainda, o NCPC, em seu art. 3º, parágrafo 3º, recomenda que a conciliação, mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos precisam ser estimulados por magistrados, advogados, defensores públicos e membros do MP, inclusive no curso do processo judicial (BEZERRA, 2017).

Não se trata de desvalorizar a Justiça Estatal. Mas ofertar à sociedade ferramentas para solucionar conflitos com eficácia, diminuindo o alto volume de processos já estancados e que virão a acumular no Judiciário pátrio. Esses métodos

“são vistos, por muitos, como uma forma de suavizar a pressão que assola o Judiciário, além disso, acreditam que são formas, muitas vezes, mais eficazes na solução de conflitos do que aqueles apresentados pelo Estado” (BEZERRA, 2017, p. 19).

Conforme Câmara (2017, p. 18):

É que as soluções consensuais são, muitas vezes, mais adequadas do que a imposição jurisdicional de uma decisão, ainda que esta seja construída democraticamente através de um procedimento em contraditório, com efetiva participação dos interessados. E é fundamental que se busquem soluções adequadas, constitucionalmente legítimas, para os conflitos, soluções estas que muitas vezes deverão ser consensuais. Basta ver o que se passa, por exemplo, nos conflitos de família. A solução consensual é certamente muito mais adequada, já que os vínculos intersubjetivos existentes entre os sujeitos em conflito (e também entre pessoas estranhas ao litígio, mas por ele afetadas, como se dá com filhos nos conflitos que se estabelecem entre seus pais) permanecerão mesmo depois de definida a solução dacausa. Daí a importância da valorização da busca de soluções adequadas (sejam elas jurisdicionais ou parajurisdicionais) para os litígios. Admite-se a solução consensual do conflito não só antes da instauração do processo ou no curso de procedimentos cognitivos. Também no curso da execução se admite a realização de audiência de conciliação ou de mediação [...].

O NCPC não somente estimula aplicar mecanismos extrajudiciais na solução de lides, como também prevê, em seu art. 165, a criação de centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis por efetivar sessões e audiências de conciliação e mediação e desenvolver programas para auxilio, orientação e estimulação da autocomposição. O tribunal define como compor e organizar esses centros, observando as normas do CNJ. Também, o art. 167 rege que conciliadores, mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação devem se inscrever no cadastro nacional e no cadastro do TJ ou TRF, que contem registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional (BEZERRA, 2017).

Nesses centros, deve-se respeitar a distinção entre mediação e conciliação. Conforme Bezerra (2017, p. 20):

A conciliação deve ser utilizada em conflitos nos quais não exista vínculos intersubjetivos entre as partes, como aqueles que envolvam comprador e uma loja, por exemplo. De outro modo, temos a figura da mediação, utilizada em lides onde haja relação intersubjetiva entre os litigantes, como ocorre em conflitos de família. No Novo Código de Processo Civil, podemos observar não apenas princípios relacionados a forma consensual de solução de lides, existe a presença de uma seção inteira de um capítulo determinada a normatizar o exercício dos mediadores e conciliadores, que vai do artigo 165 até o artigo 175.

Assim, é assertiva a decisão do legislador em normatizar as atividades de mediação e conciliação, pois se dá-se valor à estas formas consensuais de solução de conflitos, é de suma relevância existir regras organizadas e metodologia definida e inteligente para propiciar, amplamente, sua efetivação. Assim, é certo que o NCPC valoriza a mediação e conciliação, ambas, devendo ser também sempre valorizados pelo Estado e sociedade, pois contribuem em diminuir a litigiosidade e possibilitam produzir resultados satisfatórios a todos os envolvidos (BEZERRA, 2017).

Na hipótese de existirem conflitos, estes se caracterizam como uma renque de interesses e valores indo ao encontro de outros, representando fatos naturais da existência do homem. A partir do surgimento de conflitos entre as partes de uma relação contratual ou social, procura-se encontrar uma solução por meio de soluções judiciais ou extrajudiciais (CLEMENTINO; SOUZA, 2018).

Nessa perspectiva, o modo mais usual para resolver conflitos é o poder judiciário. Neste, as partes usam terceiros para solucionar o conflito, sendo estes imparciais, julgam utilizando do direito ou da equidade, mormente, a jurisdição estatal e a arbitragem (ZAVADNIAK, 2013).

Com uma enorme demanda à justiça, fóruns e tribunais acabaram por ficarem superlotados, com processos sempre mais caros e resoluções morosas ocasionando desconforto aos cidadãos no sentido de ingressar com ações, devido a essa morosidade nas soluções, em que quase sempre a sentença final não agrada ninguém (MIQUEIAS, 2018).

Mediante esse cenário crítico da estrutura judiciária, mostra-se necessário criar meios de solução extrajudicial, denominados de meios alternativos de solução de conflitos, reconhecidamente depoentes favoráveis a celeridade processual, sendo uma propositura amigável, mormente, tornam facilitado o acordo entre as partes litigantes (CLEMENTINO; SOUZA, 2018).

Desse modo, segundo Clementino e souza (2018, p.8):

[...] a sociedade vem buscando cada vez mais resoluções alternativas para solucionar suas lides, desvinculando-se da justiça tradicional, tendo em vista seu grande êxito. Segundo Santos (2004), resoluções alternativas de conflito podem ser caracterizadas em duas espécies: as autocompositivas e as heterocompositiva. As primeiras são aquelas em que as próprias partes buscam, através de um consenso, meios para resolver seus litígios, com ou sem participação de um terceiro. As heterocompositivas são aquelas em que a lide é resolvida por um terceiro imparcial.

Usualmente, as formas de resolucionar conflitos mais populares são: arbitragem, mediação, negociação e conciliação, e que serão apresentadas a seguir.

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