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PARTE III – RESULTADOS E DISCUSSÕES

6 PERSPECTIVAS E POSSIBILIDADES DE ECOTURISMO NA SERRA

6.2 Percepção dos atores sociais e institucionais sobre as perspectivas e

6.2.2 Aspectos ecológicos

A superintendência do IBAMA/SE considera a Serra um patrimônio natural de Sergipe pela sua diversidade de ecossistemas e recursos naturais que possibilitam a pesquisa científica e a educação ambiental.

Além desses aspectos, a gerência da Estação Ecológica da Serra acrescentou que a Serra é um patrimônio do País, além ser um patrimônio dos sergipanos, pela forte identidade que a população tem com a Serra.

Sobre as possibilidades de degradação ambiental com a prática do turismo na Serra, a superintendência do IBAMA/SE afirmou que, “com bases sustentadas e com a educação ambiental, o turismo é uma alternativa econômica além de gerar consciência ecológica. Deve ser desenvolvido através de ações institucionais conjuntas e sincronizadas com a população local e comunidades”.

Para gerência da estação ecológica da Serra, “o turismo provoca agressão se for usado sem o aporte do IBAMA e sem o amparo legal do SNUC. Se tiver incorporado às atribuições e objetivos da unidade de conservação poderá contribuir para a preservação da Serra”.

Perguntados se consideram a Serra de Itabaiana um patrimônio natural, todos os

proprietários de terra foram unânimes na resposta afirmando que “sim”, porém

acrescentando comentários que devem ser considerados, no que se refere à importância da educação ambiental na Serra como forma de “divulgar a questão da água que é um patrimônio humano, pois a Serra tem diversas nascentes”. [...] “a Serra deve ser preservada, pelas suas

belezas e recursos naturais, mas que deve se permitir a entrada das pessoas”. [...] “tem que zelar. Bem cuidada, é um lugar agradável para se visitar”.

Já um outro entrevistado retoma a atuação institucional afirmando que “o problema é que não é bem tratada pelo poder público. Só querem proibir as visitas e impedir quem quer desenvolver a Serra”.

Os entrevistados das secretarias responsáveis pelo turismo ratificaram a Serra como um patrimônio natural pelos seus recursos naturais e paisagísticos, sem maiores comentários. Destacou-se apenas o seguinte: “deve-se manter um apoio maior ao IBAMA na conservação da Serra”.

Sobre a degradação do turismo na Serra, a secretaria de turismo do Estado disse que “se o turismo for praticado corretamente, geraria emprego e renda e ajudaria na conservação da Serra”. O entrevistado da secretaria de Areia Branca afirmou que “deve ser um turismo controlado. Se deixar à toa agride a natureza”. O entrevistado da secretaria de Itabaiana concorda que “o turismo sem controle num local natural degrada”.

As oito agências de turismo receptivo consideram a Serra de Itabaiana um patrimônio natural. O consenso geral é também sobre a beleza paisagística e os recursos naturais. Entretanto, algumas observações devem ser colocadas, que sintetizam a percepção de grande parte dos entrevistados, a seguir.

Quatro entrevistados afirmaram que o sergipano não dá valor às suas belezas naturais, à sua cultura. Com relação à necessária conservação, “Deveria ser muito bem administrada. Do jeito que vai, vão destruir o resto”. “Tem que cuidar, senão não se mantém”. “É uma pena, mais o sergipano não conhece o que tem. Não valoriza suas coisas”. “Os sergipanos não valorizam as suas belezas. Incentivar a visitação para os sergipanos conhecerem e passar a valorizar”.

Com relação à degradação ambiental, todas as empresas demonstraram em maior ou menor grau, alguma preocupação com o lixo e em fornecer orientações aos turistas sobre como se comportar nos roteiros, para não agredirem o meio ambiente nos locais visitados e acrescentam: “Distribuímos saco de lixo e damos orientações para preservarem o meio ambiente. Deveria ser uma preocupação geral, mas infelizmente a maioria dos turistas não

tem preocupação com o meio ambiente. O turista acha que por estar pagando, pode fazer tudo o que quiser. Já foi pior. Já há muitos turistas que se preocupam”.

Para um entrevistado, “é quase impossível mudar a cabeça do pessoal mais velho. A solução é incentivar muito a educação ambiental nas escolas, ser uma obrigação, para ver se nas próximas gerações a coisa melhora. A Serra é o lugar ideal, ajudaria muito nisso”.

Duas agências de receptivo que trabalham e / ou transportam com freqüência grupos para a prática do “ecoturismo, turismo aventura e escolas para a educação ambiental”, afirmaram que esse tipo de público tem mais consciência sobre as questões ambientais.

As quatro agências de ecoturismo / turismo aventura confirmaram a Serra de Itabaiana como um patrimônio natural, “a Serra é uma enciclopédia. A sua natureza, vegetação, água, a feira, a cultura, coisas maravilhosas, um instrumento para as escolas”.

Os depoimentos assinalaram que “os sergipanos não têm amor à sua terra, não valorizam nem falam bem das suas belezas naturais e culturais”, “diferente dos baianos, a baixa estima do sergipano faz com que ele não valorize o seu lugar”.

As quatro agências demonstraram preocupação com o meio ambiente: “a gente procura levar grupos pequenos de pessoas, para não agredir a natureza, damos dicas de onde pisar, ter cuidado, não mexer, não tirar nada, só observar”.

Sobre a consciência dos pressupostos do ecoturismo, “eu nunca vou fazer de uma trilha um negócio, e sim, um caminho... para a espiritualidade, para Deus, para que as pessoas possam enxergar que existe algo mais, que a natureza e os lugares merecem respeito...”.

Foi confirmada pelos cinco guias de ecoturismo a Serra de Itabaiana como um patrimônio cultural, devido à sua diversidade de elementos naturais. Contudo, dois guias moradores do entorno da Serra afirmaram o seguinte: “não valorizam o que tem. A Serra está na UTI”. “Existe a cultura de que a Serra é propriedade particular de alguns...”.

Há uma preocupação unânime quanto aos impactos causados por uma grande quantidade de visitas ao mesmo tempo na Serra. Informaram que levam grupos pequenos de quinze a vinte pessoas, conforme o local. “Quando levamos um grupo para a Serra ou outros locais fazemos, alguns dias antes, uma reunião com as pessoas para passar algumas orientações sobre educação ambiental. Nos roteiros buscamos ensinar e conscientizar as

pessoas sobre a importância da natureza para a vida. As pessoas procuram se envolver. É dividido. Uns não tem envolvimento, mas a partir da interação e com a interpretação da natureza passam a se interessar, por exemplo, além de não jogarem o lixo, tomam a iniciativa de pegar o lixo na trilha deixado por outras pessoas”.

É senso comum entre os beneficiários com o fluxo turístico que a Serra é um patrimônio natural. Alguns depoimentos se destacam por mostrar a representatividade da Serra no contexto dos moradores locais: “A Serra é um patrimônio nacional! Foi habitada por vários povos, índios, holandeses”. “Deveria ser um patrimônio para que as pessoas pudessem apreciar, através de uma política mais eficiente de meio ambiente para a Serra entre os municípios, o estado, o governo federal”.

Sobre sua conservação, reconhecem o trabalho do IBAMA/SE, pois “se o IBAMA não tivesse na Serra já tinha se acabado tudo”. No entanto, entendem que há muito que fazer, “por enquanto não é um patrimônio nem de Sergipe nem dos sergipanos. Apenas algumas pessoas usufruem. Número muito restrito”.

Sobre a degradação ambiental e ações a favor do meio ambiente, vários entrevistados citaram que se preocupam com a água da Serra. Esse depoimento mostra a percepção dos que citaram a água: “a gente depende muito da água da Serra. Se desmatar vai acabar a água”. [...] “jogo parte do lixo no outro lado da pista. O que é de queimar eu queimo. Outra parte alimento os porcos”.

Já aqueles que têm mais contato com o a estação ecológica da Serra disseram que: “Ajudamos o IBAMA, orientando as pessoas sobre o lixo, não depredar o mato e as árvores, não acenderem fogo na Serra”.

Ainda sobre saneamento, referiram-se à deficiência da coleta de lixo, que não tem aterro sanitário, é jogado em qualquer lugar, que “95% da cidade não tem saneamento básico e s 5% que tem os esgotos são jogados no riacho Olhos D´água. O matadouro não tem infra- estrutura, os restos vão para o mato e acabam no riacho, e ninguém toma providência”.

Sobre o turismo como atividade importante, entendem que: “Não existe visitação sem impacto. Mas se organizar as visitas com acompanhamento, com informações e educação ambiental, pode ajudar na conservação da Serra, [...] “o turismo com consciência pode contribuir para alavancar o desenvolvimento do município”.