• Nenhum resultado encontrado

2 EVASÃO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO AMAZONAS:

2.1 ASPECTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa se caracteriza como um estudo de caso com abordagem qualitativa, tendo em vista que buscará compreender quais os fatores que tem contribuído para a evasão dos alunos da Educação de Jovens e Adultos em três escolas públicas do Amazonas no ano de 2014.

Minayo e Gomes (2011) afirmam que a pesquisa qualitativa aborda questões particulares da sociedade, o que perpassa por significados, motivos e aspirações. Enquadra-se na realidade social por buscar compreender os fenômenos a partir das vivências. Por se tratar de uma abordagem complexa de pesquisa é fundamental reconhecer a existência de etapas dentro da pesquisa qualitativa, que começa com a fase exploratória (preparação para entrada em campo), seguida do trabalho de campo (construção teórica levada para a realidade empírica) e por fim pela análise e interpretação dos dados empíricos articulando com a teoria que fundamentou o estudo.

Quanto ao estudo de caso, de acordo com Deus, Cunha e Maciel (2010) esse refere-se a uma escolha acerca do objeto a ser estudado. Por analisar uma realidade específica contribui para uma análise mais detalhada do que foi selecionado para investigação. Para isso é necessário vivenciar as etapas distintas que vai desde a pesquisa exploratória, e coleta de dados até a análise das informações obtidas em campo.

De acordo com Minayo e Gomes (2011) o trabalho de campo permite uma aproximação do pesquisador com a realidade sobre a qual se quer investigar. Mesmo se tratando de um recorte da realidade, requer do pesquisador curiosidade e anseio de desvelar aquilo que o instigou a pesquisar determinada temática.

Para Castro, Ferreira e Gonzalez (2013) o estudo de caso é um estudo intencional e mais aprofundado de uma realidade, a fim de apresentar hipóteses explicativas sobre o objeto selecionado para estudo e, por ser um recorte bem delimitado, não permite generalizações.

Ludke e André (1986) ressalta que o estudo de caso visa descobrir novas formas de interpretar a realidade, concebendo o conhecimento como algo inacabado, o que possibilita a interpretação de um contexto e de diferentes fontes de informação que devem ser analisadas pelo pesquisador.

Ao compreender o que é um estudo de caso é importante ressaltar que essa pesquisa não se refere a um estudo de caso único e sim um estudo de casos múltiplos, pois foram analisadas a realidade de três escolas distintas e que tiveram suas informações cruzadas, de modo a favorecer a compreensão dos fatores que contribuem para a evasão dentro da EJA.

Para Yin (2001) o estudo de casos múltiplos é uma tendência que tem sido utilizada nos últimos anos, pois possibita maior confiabilidade por meio do processo de cruzamento de informações entre realidades diversas. Os estudos de caso selecionados devem prever aspectos semelhantes ou contrastantes daquilo que se quer investigar.

Assim, a presente pesquisa, em sua fase exploratória, coletou informações por meio do PPP das escolase do Sistema de Gestão do Amazonas (SIGEAM), a fim de conhecer a proposta

utilizada nas unidades escolares pesquisadas que atendem a EJA, do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) e Ensino Médio, bem como identificar o quantitativo de alunos que deixaram de frequentar o espaço escolar no ano de 2014 e que não voltaram a se matricular no ano de 2015, sendo caracterizados como evadidos. Essa análise documental realizada no momento do diagnóstico serviu de direcionamento para as etapas posteriores do estudo.

De acordo com Gatti (2010) a busca pela compreensão da realidade educacional requer do pesquisador a capacidade de observar e refletir acerca dos problemas diagnosticados em seu entorno, a fim de que o mesmo possa fazer o recorte significativo da situação a ser investigada, sendo essa uma ação intencional de intervenção direta para transformar conhecimentos com base na intuição, imaginação embasamento teórico e se possível experiência profissional.

Passados os momentos iniciais, de diagnóstico da realidade, foi aplicado por telefone e via e-mail aos alunos evadidos das escolas A, B e C um questionário com questões abertas e fechadas, localizado no apêndice A desse trabalho, que foi construído a partir dos eixos de análises definidos nesta pesquisa, a fim de responder a questão norteadora que relaciona-se as causas da evasão dentro da EJA. As informações acerca do contato dos alunos evadidos foram obtidas no Sistema de Gestão do Amazonas e na Ficha Cadastral preenchida no momento da matrícula, onde estão registrados informações pessoais dos alunos matriculados na rede estadual de ensino, incluindo o número de telefone e e-mail.

Castro, Ferreira e Gonzalez (2013) definem o questionário como um conjunto de perguntas que podem ser abertas ou fechadas, de caráter qualitativo ou quantitativo. O questionário é aplicado quando o investigador já tem certo conhecimento sobre o tema. Diante de tal definição o questionário desse estudo foi elaborado de modo a possibilitar indagações mais precisas sobre dados que se queria obter para dar consistência ao estudo. Assim, destaca- se que ao iniciar a aplicação dos questionários, também se colocou em prática a utilização do diário de campo, a fim de registrar com mais precisão as dificuldades e experiências vivenciadas durante a pesquisa.

A pesquisa de campo teve início no dia 16 de março de 2016, no mesmo dia da liberação do instrumento a pesquisadora iniciou os contatos telefônicos, primeiramente direcionado aos alunos do 2º Segmento do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano). Como a pesquisa era direcionada a três escolas, denominadas A, B e C optou-se em seguir a ordem alfabética das turmas por escola, quanto a sequência e organização das ligações telefônicas. De modo que, na escola A as ligações telefônicas e envio de e-mails foram realizados primeiramente para os alunos da turma 01 do Ensino Fundamental, depois turma 02, 03 e 04. Ao finalizar a referida escola iniciou-se o contato com os alunos do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) da escola B (turmas

01, 02, 03 e 04), seguidos da escola C. Ao finalizar o contato com os alunos do Ensino Fundamental teve início os contatos com os alunos do Ensino Médio, seguindo a mesma ordem, escola A, turmas 01, 02, 03 e 04, escolas B e C.

De acordo com o cronograma elaborado previamente pela pesquisadora, definiu-se que seriam realizados o maior número possível de contatos telefônicos por dia, aproveitando para isso o horário do almoço, de 11 às 13 horas, bem como o período das 17 às 19 horas, nos dias letivos. Para os finais de semana e feriados, os contatos telefônicos seriam intensificados, a fim de dar prosseguimento ao estudo.

Porém, ao iniciar as ligações verificamos que grande parte dos números dos telefones dos alunos estavam desatualizados ou eram inexistentes. Frente a isso, realizamos o envio de e- mails, a fim de ampliar o quantitativo de participantes na pesquisa.

Na escola A, de um universo de 70 alunos, conseguimos aplicar o questionário para 19 pessoas, sendo que todos eles foram realizados por contato telefônico. Mesmo, enviando e-mail para 51 pessoas que não haviam sido localizadas em decorrência do número do telefone estar incorreto ou inoperante, não tivemos nenhuma devolutiva dos e-mails enviados. Já a escola B, de um quantitativo geral de 62 alunos, tivemos uma participação de 20 respondentes, sendo 19 por contato telefônico e apenas 01 retorno por e-mail. O quantitativo de alunos selecionados para o estudo na escola C foi de 82 alunos, mas apenas 24 deles foram localizados, sendo 22 por contato telefônico e 02 por e-mail. O planejamento das ligações estão organizados em uma tabela disposta no apêndice B desse trabalho.

Realizada a pesquisa com os alunos evadidos do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) das escolas A, B e C demos início, a partir do dia 18 de abril de 2016, aos contatos telefônicos direcionados aos alunos do Ensino Médio, o qual ficou organizado conforme informações apresentadas na tabela disponibilizada no apêndice C desse trabalho.

Na escola A, de 70 alunos do Ensino Fundamental apenas 19 responderam ao questionário (todos por telefone, nenhum dos 51 e-mails enviados, obtivemos retorno). Já no Ensino Médio, dos 35 alunos, conseguimos aplicar o questionário para 12 pessoas (11 por telefone e 01 por e-mail).

No momento de pesquisa dos alunos da escola B, dentro do Ensino Fundamental tínhamos um universo de 62 possíveis respondentes, porém conseguimos obter a colaboração de apenas 20 deles (19 por telefone e 01 por e-mail). Com os alunos do Ensino Médio, de um quantitativo de 70 alunos, 18 responderam ao questionário, sendo 17 por telefone e 01 por e- mail. No que se refere a terceira e última escola pesquisada, escola C, de 40 alunos, 16 foram

localizados, sendo 14 por telefone e 02 por e-mail. Tais informações estão sintetizadas na tabela apresentada no apêndice D dessa pesquisa.

Diante das informações da pesquisa de campo apresentaremos na seção seguinte o referencial teórico que subsidiou as análises acerca dos fatores intra e extraescolares apresentados pelos alunos evadidos que participaram desse estudo.

2.2 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E OS FATORES INTRAESCOLARES E