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ASPECTOS METODOLÓGICOS

No documento RELAÇÃO DE AJUDA COMO AÇÃO EDUCATIVA. (páginas 132-137)

Utiliza-se, por acreditar que o todo é maior que a soma das partes e na compreensão

interdisciplinar dos fenômenos humanos, a Psicologia histórico-cultural de Vigotski e a

metodologia que lhe é compatível, a análise gráfica do discurso, AGD, a Psicologia humanista

de Carl Rogers e o olhar progressista sobre Educação de Paulo Freire, para analisar o núcleo

dos pensamentos dos psicólogos entrevistados.

Acredita-se que apesar de cada uma das abordagens teóricas acima ter brotado em

solos geográficos, históricos, culturais, políticos, ideológicos, experienciais e científicos

diferentes, estas consideram que o ser humano está em constante processo de construção de

sua consciência, que está em constante interação com o meio social e que, através desta

interação se transforma e transforma o meio social no qual está inserido, sendo que Vigotski

nomeia este potencial de desenvolvimento iminente, Rogers de tornar-se pessoa, e Freire de

empoderamento.

Opta-se também por buscar uma compreensão interdisciplinar do que se pretende aqui

estudar, por discordar dos separatismos teóricos comuns no meio acadêmico, cujos defensores

de determinadas abordagens teóricas, pelo que se observa comumente não se abrem ao novo,

fixando-se em “uma verdade” sobre a compreensão dos fenômenos humanos.

Refuta-se o posicionamento separatista e reducionista sobre o ser humano, e

defende-se o diálogo interdisciplinar entre os saberes mesmo que advindos de epistemologias

diferentes, pois é importante que se desenvolva saberes sobre o Homem de maneira

interdisciplinar onde diversas narrativas sejam integradas, ou dialogadas entre si.

Visa-se através desta metodologia demonstrar que é possível dialogar sobre narrativas

teóricas e metodológicas diferentes, desde que a perspectiva do “entre” esteja presente, visto

que só na promoção da relação dialógica entre as narrativas do conhecimento científico, e

outros, é que se consegue promover aproximações, identificar posicionamentos comuns e não

comuns, e com isso lapidar-se intelectualmente e se lançar as mudanças de valores, logo de

compreensão das “coisas”.

Defende-se que se pode buscar a interdisciplinaridade entre diversos olhares sobre o

homem, pois em essência está o ser humano e sua capacidade de transformação, adaptação,

ressignificação, trabalho/atividade, luta, conquista, inteligência, fé, existência, política,

criatividade, sensibilidade, compreensão, aceitação, congruência... E, como já escrito, o todo,

a soma das forças, a união de intenções positivas e a diversidade dos saberes, é maior que uma

simples parte, ou seja, que uma especificidade teórica e conceitual.

Contudo, deixa-se claro que não se defende a superficialidade, o conhecimento raso,

aglutinações infundadas, aproximações impossíveis, colchas de retalhos, leituras teóricas de

rodapé, defende-se sim, a possibilidade do diálogo entre os conhecimentos, a construção de

um saber onde a dicotomização do ser humano deixe de ser presente, e a promoção do “entre”

nos diálogos teóricos seja alcançado.

Escolhe-se, como já escrito acima, a teoria histórico cultural de Vigotski, a humanista

de Rogers e a progressista de Freire para dialogarem com o tema aqui em estudo e

fundamentar a análise das entrevistas, pois nestas abordagens, a consciência pode ser estudada

em sua materialidade como algo concreto, conforme diz Vigotski, Rogers e Freire. Para o

primeiro, a consciência é ao mesmo tempo um fenômeno do pensamento e da linguagem, para

o segundo, a consciência é uma manifestação das experiências que compõem o ser humano, e

para o terceiro, a consciência se constrói na materialidade do homem em contato com sua

realidade histórica.

Pode-se, portanto, nestas concepções, ter acesso à consciência através da palavra e por

meio desta, estudar detalhadamente os núcleos dos pensamentos e o conteúdo das

representações que os sujeitos vivenciam, elaboram e significam no seu percurso social,

histórico, cultural e experiencial; frente ao meio no qual está inserido.

Busca-se então identificar concretamente através da linguagem o conteúdo das

representações simbólicas que psicólogos que trabalham com a construção da Relação de

Ajuda possuem sobre o lugar da afetividade nesta relação.

[...] se tratar de uma abordagem descritiva e [que] aborda aspectos da realidade

relacionada ao universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e

atitudes. (MINAYO, S/D, APUD SACAMOTO; SILVEIRA, 2014, p.47)

O olhar qualitativo se materializará por meio de pesquisa bibliográfica, cuja principal

atividade de investigação é analisar e identificar autores que estudam o tema, e através destes

atribuir sentido ao fenômeno em questão, pois segundo Ruiz (2002) a pesquisa bibliográfica

está relacionada ao exame do manancial teórico produzido sobre determinado assunto, que se

elege como objeto de investigação científica.

Quanto aos objetivos gerais estes serão investigados de maneira exploratória, pois

pretende-se proporcionar uma visão aprofundada de um determinado tema ou fato, onde

se visa tornar familiares novos objetos de estudo, muitas vezes buscando constituir

um conhecimento que permita elaborar novas hipóteses. (SAKAMOTO;

SILVEIRA, 2014, p. 50)

Sendo que o objetivo geral enquanto tema de investigação aqui é a Relação de Ajuda

como ação Educativa.

E quanto ao procedimento, este será por meio de análise do discurso onde:

esta[e] se apoia na investigação de alguns casos particulares, porém representativos,

que possibilitam elaborar hipóteses válidas fundamentadas em construções teóricas

plausíveis. (SAKAMOTO; SILVEIRA, 2014, p. 54)

Ressalta, portanto, que nesta investigação o objetivo específico é a análise do discurso

das entrevistas produzidas frente a questão: Em sua opinião qual o lugar da Afetividade na

construção da Relação de Ajuda?

Aplica-se como instrumento de investigação a análise gráfica do discurso (anexo 1),

visto que nesta se propõe verificar de maneira qualitativa os padrões do pensamento,

linguagem e sentimentos comuns aos sujeitos entrevistados, pois o fato de serem humanos e

viverem no mesmo contexto sócio histórico, faz com que o desenvolvimento das funções da

consciência ocorra mediante valores determinados pela sociedade na qual se está inserido.

Assim, busca-se identificar concretamente através da linguagem o conteúdo das

representações simbólicas que os entrevistados construíram sobre o lugar da afetividade na

relação de ajuda, e para isso como já escrito, aplica-se a análise gráfica do discurso (AGD).

Fez-se aos entrevistados uma pergunta aberta, que é: Qual o lugar da Afetividade na

construção da Relação de Ajuda.

Os discursos dos entrevistados foram gravados e em seguida, conforme exige a análise

gráfica do discurso, transcritos, numerados linearmente, agrupados em categoria e núcleos.

O universo da pesquisa é constituído de psicólogos pelo fato de que são estes que, em

tese, devido sua formação, estão mais aptos para compreender os fundamentos e promover a

arte da relação de ajuda.

Portanto, pretende-se por meio da análise dos conteúdos das entrevistas, verificar os

núcleos dos pensamentos que os psicólogos entrevistados possuem sobre O lugar da

Afetividade na Relação de Ajuda, pois a palavra é uma das vias de acesso à consciência,

segundo a abordagem histórico cultural, a humanista centrada na pessoa, e a progressista.

Sobre o tema aqui proposto, foram entrevistados 14 (catorze) psicólogos, sendo que

cada um dos entrevistados recebeu aqui uma nomenclatura, que se inicia com Ps1, e termina

no Ps14. Não se levará em consideração o tempo de formação e de exercício profissional,

abordagem teórica, tempo da entrevista, sexo, naturalidade, estado civil, idade, titulação,

outros; o único critério que receberá relevância nesta pesquisa é: ser graduado (a) em

Psicologia e atuar como tal em São Luís do Maranhão.

O contato inicial com os psicólogos, que foram convidados para participar da

pesquisa, se deu por via whatsapp. Neste primeiro contato foi enviada a seguinte mensagem:

Bom dia, tudo bem? Estou desenvolvendo uma pesquisa e gostaria muito de saber

sua opinião sobre o assunto em estudo, posso contar com você? Caso aceite

participar podemos marcar um encontro no melhor horário e dia para você. Neste

encontro farei uma entrevista aberta com uma única pergunta, que será: Na sua

opinião, qual o lugar da afetividade na construção da Relação de Ajuda?

Os psicólogos Ps1, Ps2, Ps5, Ps6, Ps9, Ps10, Ps11 e Ps12 responderam de pronto ao

envio da mensagem se mostrando dispostos a participarem da pesquisa. As respostas foram:

Ps1: Bom dia Leal, quero sim. Interessante o tema.

Ps2: Quero sim, te retorno para dizer o dia.

Ps5: Essa pesquisa é sua cara, vou ver o melhor dia e te aviso.

Ps6: Com todo prazer quero participar da sua pesquisa.

Ps9: Está bem corrido meu dia-dia, mas vou organizar para responder.

Ps10: Ótimo tema, vai contribuir bastante. Te retorno.

Ps11: Estou em aula, retorno mais tarde enviando.

Ps12: Ótimo, quero sim.

Ps15: Vou enviar um áudio com o que penso sobre (mas o áudio não foi enviado).

Os psicólogos Ps3, Ps4, Ps7, Ps8, Ps13 e Ps14 responderam a mensagem enviada

pelo pesquisador no dia seguinte, com respostas afirmativas, contudo curtas. As

respostas foram:

Ps3: ok

Ps4: sinal de positivo

Ps7: Envio a resposta

Ps8: ok

Ps13: Envio a noite

Ps14: Te retorno

Curiosamente, as entrevistas que eram para ocorrer através de encontros pessoais entre

entrevistador e entrevistados com data e hora a serem combinadas não aconteceram como

previsto.

Cada entrevistado gravou um áudio e o enviou para o entrevistador, e por meio deste

cada psicólogo entrevistado registrou sua opinião sobre o tema, contribuindo desta forma com

a pesquisa. Alegaram, cada um deles a seu modo, muito corre-corre, fator este que segundo os

entrevistados inviabilizaram a possibilidade de encontro. O entrevistador respondeu a estes:

Entendo, obrigado pela contribuição.

Após as transcrições das gravações enviadas pelos áudios dos psicólogos (Ps1 a Ps14),

os discursos foram transcritos e analisados a luz das teorias apresentadas, e perante a

metodologia AGD, aqui proposta. E assim, conforme demonstrado no Apêndice Análise dos

Dados, transcreve-se as categorias e núcleos dos discursos referentes à questão: Qual o lugar

da Afetividade na Construção da Relação de Ajuda?

Ressalta-se que inicialmente após a efetivação das entrevistas cogitou-se

desconsiderá-las enquanto material para análise do discurso, devido a pouca produção verbal frente a

questão feita, pensou-se em deixar apenas como anexo. Em um segundo momento, após

reflexões fenomenológicas, as quais fundamentam a perspectiva rogeriana decidiu por

mantê-las visto que “ [...] as pessoas vêem o mundo de sua própria e única perspectiva”

(DAVIDOFF, 2001, p.14), conforme estão apresentadas e analisadas, segundo a AGD, no

apêndice Análise dos Dados.

No documento RELAÇÃO DE AJUDA COMO AÇÃO EDUCATIVA. (páginas 132-137)

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