Trilhar o caminho rumo ao aprofundamento do tema Relação de Ajuda como Ação
Educativa mostrou-se muito transformador para o autor desta tese. Durante esta caminhada
muitas portas se abriram para além da intelectualização sobre o tema, pois através desta
investigação apreendeu-se que o melhor da afetividade não é o pesquisar sobre, mas conseguir
vivenciá-la nos mais diversos espaços onde pessoas se relacionam interpessoalmente.
Percebe-se que tornar-se mais congruente com o tema é deixar de apenas pesquisar sobre e
procurar vivenciar a afetividade na trajetória da vida, como dito anteriormente, nos mais
diversos espaços onde as pessoas interagem entre si.
Acredita-se a partir da investigação produzida que o primeiro registro da consciência
humana é o sentir, e através deste sentir o pensar se constrói. E mais, que a pessoa humana
possui potencialidades inerentes ao seu existir, mas estas potencialidades se materializam
conforme as possibilidades socioculturais apresentadas, e a afetividade é um destes potenciais,
é um embrião, uma possibilidade a desenvolver-se na consciência do ser humano, contudo, só
no percorrer da vida é que a afetividade se constrói, se atribui forma, se lapida e flui rumo ao
outro, sem contudo se concluir, pois enquanto houver vida existe movimento e necessidade
de transformação desta.
Ao longo da existência de cada ser humano o sentir e o pensar são condições
essenciais para a construção do tornar-se pessoa de cada ser humano, mas, novamente, não se
pode deixar de ressaltar que esta construção está diretamente associada aos aspectos sócio
culturais nos quais cada pessoa está inserida.
Constata-se através desta pesquisa de doutorado que a Psicologia enquanto ciência ao
longo de sua história, não priorizou investigar a afetividade para compreender o ser humano,
visto que baseou com maior ênfase seus estudos no compreender da percepção, das emoções
enquanto aspectos mais biologizantes e bioquímicos, do inconsciente, etc, mas mantendo nos
mais diversos campos de investigação psicológica a máxima cartesiana onde os aspectos
intelectuais, ou seja, o pensar sobre, é mais importante que o sentir, que o vivenciar.
Contudo, como sentir é inevitável já que é inerente ao existir humano, e é o primeiro
broto da consciência conforme acredita-se, o tema afetividade se fez presente para alguns
desbravadores tais como Rogers, Vigotski, Wallon, Fromm, outros. Mas pelo que se observa
estes autores vivenciaram dificuldades no meio acadêmico, logo, científico, para que suas
idéias fossem aceitas, visto que se posicionaram na contramão da intelectualização, tão
defendida pela ciência com base cartesiana.
Os autores citados acima acreditavam na sensibilidade, no poder transformador do
vínculo, da empatia, da ação social sobre a formação do ser humano, e do ser humano como
sujeitos cheios de potencialidades que gritam por florescer e transformar-se em recursos
disponíveis no trabalho/atividade ao longo da vida.
Acreditavam na afetividade como elemento essencial da construção do aparelho
psíquico, e de uma humanidade onde os aspectos sensíveis da alma humana estivessem
presentes e valorizados no percurso da educação, tal qual os aspectos intelectivos que
historicamente foram os que determinaram as ações educativas em nossa cultura, em todos os
níveis escolares.
Ressalta-se que muitos autores, conforme se demonstra no capítulo Razão, Emoção e
Afetividade, se debruçaram para entender as emoções, não a afetividade, e claro, entendendo
as emoções como algo que precisava ser controlado pelos seres humanos para que não
interviessem negativamente nos aspectos intelectivos. Assim, evidencia-se que as emoções
foram vistas como algo que atrapalhava o ser humano na construção do entendimento da
realidade e de si mesmo, e por isso tinham que ser afastadas, suprimidas e rejeitadas, já que
era menor e poderia prejudicar a pura e fria intelectualidade.
Foi interessante ganhar a consciência enquanto pesquisador que apesar de a
afetividade não ter sido um tema central na construção da ciência psicológica, esta fez-se
presente como assunto pode se dizer sombra, algo menor como se viu, mas como potencial
que estava ali, que mais cedo ou mais tarde tinha que ser encarado, estudado, ouvido,
sentido... aprofundado. Assim é a afetividade na vida de cada ser humano, pois apesar de na
sociedade atual o discurso disseminado é o de objetivar sobre as coisas, é o não sentir, a
afetividade como potencial humano se faz presente como a antítese do discurso moderno e
cartesiano, que até os dias atuais dominam o fazer acadêmico/científico e forma de estar na
sociedade.
É inegável, portanto, que a afetividade, este potencial humano, foi perseguida, negada,
evitada e temida ao longo da história da humanidade, e colocada num lugar menos importante
na construção do saber psicológico, mas contrariando todas as forças opressoras ela se fez
gritar, se fez presente, ganhou forma e lentamente se fez importante enquanto objeto de
investigação, e uma das provas disto é esta tese de doutorado.
Defende-se uma sociedade mais harmoniosa, sensível e acolhedora, onde a afetividade
passe a estar vivencialmente presente nas ações humanas, e que através dela as relações
interpessoais se tornem melhores, e de fato humanizadas.
Acredita-se, como já escrito, que o ser humano está em constante processo
transformacional, e que a afetividade é pertencente a este processo, assim, promover Relações
de Ajuda como Ação Educativa é influenciar diretamente neste processo de transformação, já
que através das intervenções através das relações de ajuda o ser humano que participa deste
processo pode tornar-se uma pessoa melhor, consequentemente ser um construtor de uma
sociedade mais humanizada.
Verifica-se por meio das entrevistas aplicadas nos psicólogos sujeitos desta pesquisa a
influência sociocultural na formação da consciência dos mesmos. Estes materializaram em
seus discursos a perspectiva de valores e significantes construídas sobre o tema em seus
núcleos discursivos, conformes serão apresentados.
Ressalta-se previamente que a produção discursiva dos entrevistados frente ao tema
aqui investigado foi muito incipiente, visto que por meio das entrevistas contatou-se que o
tema afetividade está presente no discurso dos entrevistados de maneira muito rudimentar,
corroborando com o entendimento de que o tema Afetividade na Relação de Ajuda não é
adequadamente estudado e ensinado no universo acadêmico da Psicologia.
Assim, a não apropriação e entendimento conceitual sobre o tema no discurso dos
entrevistados, mostra o pouco investimento que o assunto recebe durante a formação
acadêmica dos psicólogos. Acredita-se que isto é reflexo do lugar menos importante que a
afetividade recebeu frente a outros temas ao longo da construção da ciência psicológica.
Contudo ressalta-se que apesar dos discursos incipientes dos entrevistados identifica-se uma
similaridade no entendimento destes frente ao tema investigado, conforme se apresenta a
seguir.
Para o entrevistado Ps1, a afetividade está presente na construção da relação de ajuda
através de: Eu não consigo perceber uma relação sem a existência de um contato afetivo (1),
de compreensão (2), sentimentos entre eu e o outro (3), uma relação mútua possibilita a
construção de aprendizados que se renovam (4), confiança (6), troca (9), construção entre o eu
e o tu (10). O entrevistado Ps1 revela entender que a construção da afetividade está vinculada
aos contatos interpessoais saudáveis, a relação de mutualidade e do encontro genuíno como
diz Rogers (1999). Este autor enfatiza que uma boa relação afetiva entre os seres humanos
ocorre quando as pessoas estão dispostas a ouvir e aceitar os sentimentos do outro, como
também os seus. Desta forma pouco a pouco o ser humano se torna capaz de desenvolver a
vivência da afetividade, e só por meio dela pode construir relações humanas e de ajuda
significativas, visto que com a afetividade, ingrediente essencial a alma, consequentemente a
saúde psicológica, as pessoas podem se tornar melhores (ROGERS, 1999).
O Ps2 atribui a afetividade os sentidos de facilitação do processo, colaboração e
viabilidade (1), acolhimento (3), fluidez (4), impacto positivo, ciclo virtuoso de
aprendizagem, crescimento (5). O relato do entrevistado Ps2 aponta para a questão da fixidez
versus fluidez apontados na obra de Rogers, principalmente no livro Tornar-se Pessoa. Os
termos facilitação, processo, viabilidade, fluidez e ciclo virtuoso apresentados pelo
entrevistado Ps2, vinculam-se a idéia de que quanto mais o ser humano se afasta da
impessoalidade das relações humanos e se torna mais afetuoso com o outro, em maior fluxo o
contato interpessoal se estabelece, pois, o encontro humano é movimento, é estar disponível
para o outro, é estar afetivamente presente. Assim como diz o entrevistado Ps2 sem
acolhimento, fluidez, viabilidade e facilitação, a relação de ajuda não acontece.
Por isso que para Rogers (1997), permitir-se a fluidez do encontro humano é o
primeiro passo para nascer a afetividade entre os seres humanos. Vigotski (1998b)
corroborando esta idéia afirma que durante toda a história das relações interpessoais a
integração entre afetividade e cognição se fizeram presentes na construção do
desenvolvimento humano, logo, de sua consciência e formas de relacionamentos
interpessoais. Assim evidencia-se que para ambos autores não há a possibilidade de se
estabelecer relações humanas, dentre elas a relação de ajuda, sem a afetividade estar presente
nesta construção.
O Ps3 diz que a afetividade tem um lugar prioritário, vivê-la é deixar a vida fluir de
forma diferente (1), acolhimento e fortalecimento da empatia (2). O entrevistado Ps3
enfatizou em seu discurso aspectos do entendimento rogeriano ao afirmar que as relações
interpessoais se tornam significativas quando existe nos interlocutores desta a vontade
genuína e o contínuo querer compreender. Ps3 revela através do seu discurso que quando está
presente nos encontros humanos a empatia, que não é o se colocar no lugar do outro, mas
buscar olhar o outro através do olhar deste, e não através do olhar de quem observa. Freire
(1998a) também aponta que a troca humana se estabelece quando a vontade de crescer junto
se faz presente, quando na relação de aprendizagem existe o querer bem, o querer ofertar o
seu melhor para outro, consequentemente a empatia é um dos ingredientes essenciais da
relação de ajuda.
O Ps4 defende que o afeto deve ser uma variável importante na relação humana (2),
primeira variável talvez (3). O Ps5 pensa que a afetividade é a raiz (1), o pilar (2), o eixo
norteador das relações (3), sem afeto não há ação humanizada e superação de dificuldades (4).
Os entrevistados Ps4 e Ps5 apontam para a importância a aceitação positiva incondicional na
relação de ajuda.
Em relação a este aspecto Rogers (1999) afirma que a consideração afetuosa de um ser
humano por outro é a força propulsora para que o respeito e o apreço possam existir de
maneira efetiva nas relações de ajuda, visto que sem estes ingredientes não se estabelece
afeição e segurança, aspectos estes essenciais, raiz, pilar e primeira variável da afetividade,
como dizem os entrevistados Ps4 e Ps5.
Nesta mesma perspectiva tem se Freire (1998a) ao afirmar que se no ato de educar não
se fizer presente uma atitude de respeito e apreço pela história do educando por parte do
educador a aprendizagem não se fará presente de maneira significativa, pois o ato de amar
promove a aprendizagem, diferentemente das ações desprovidas de bons sentimentos.
O Ps6 defende que o vínculo afetivo é importante (1), gera sensação de liberdade (2).
Para o Ps7 a afetividade é acolher, é querer bem (7). O Ps8 argumenta que a afetividade está
presente o tempo todo em tudo que o ser humano faz (2), que é indissociável (4), é intrínseca
a aprendizagem (5), é essencial para o crescimento (6). Para o Ps9 através da afetividade se
pode auxiliar na reconstrução humana (5).
Observa-se que os entrevistados Ps6, Ps7, Ps8 e Ps9 apresentam em seus discursos
entendimentos de Freire (1987) e de Vigotski (1998b). Estes autores defendem que não tem
como dissociar da consciência humana os aspectos afetivos e intelectivos. Afirmam que o ser
humano constitui-se enquanto seres ativos, concretos e com pensamentos que são frutos do
contexto histórico-cultural no qual estão inseridos, assim sendo, para os autores a liberdade, a
capacidade pensante e a afetividade presentes no que se faz, são conquistas históricas do ser
humano no exercício de sua humanidade, e como diz Rogers (1999), no exercício do
Tornar-se Pessoa.
O Ps10 acha que a afetividade funciona como uma mão dupla (1), empatia (4),
envolvimento (5), troca de energia (8), e captação de sensibilidade (9). O Ps11 vê a
importância da afetividade na relação de ajuda (1), diz que é imprescindível em vários
âmbitos (2), com afeto o aluno passa e ter mais interesse no aprendizado (6), aceitação
incondicional (8), dar o seu melhor (9). O Ps12 compreende que a afetividade ocupa um lugar
primordial na relação de ajuda (1), que é uma pedra angular (2), vínculo afetivo e segurança
(4), interesse e sentimento positivo pelo outro (5), facilita a auto-realização (6), é algo muito
precioso (8).
Os entrevistados Ps10, Ps11 e Ps12 coadunam com o repertório de que a afetividade
na relação de ajuda é um produto que se constrói no encontro, ou seja, não existe por si só, já
que a mesma acontece quando as pessoas envolvidas se permitem vivenciá-la como fluxo dos
encontros humanos, como diz Rogers (2001) e Vigotski (2010), já que a afetividade existe
quando na história da formação histórica e cultural de cada pessoa, a mesma não é negada
enquanto possibilidade da experiência, pois sendo uma possibilidade, invariavelmente fará
parte da formação da consciência, logo das ações de cada pessoa frente a sociedade na qual se
está inserido.
O Ps13 defende que a afetividade ocupa um lugar fundamental nas relações humanas
(1), que são sentimentos manifestados através de emoções (2), acolhimento (3), manifestação
de sensibilidade (4), compreensão (5), respeito (6), equilíbrio (7), promotor de mudanças
significativas, e para finalizar 0 Ps14 acha que a afetividade é importante em todos os pontos
(2), conforto (10), sensação de confiança (11), acolhimento (12, 15), segurança (16),
compreensão (17).
Os entrevistados Ps13 e Ps14 acreditam que se na relação de ajuda a vivência da
aceitação positiva incondicional não se fizer presente, a transformação da personalidade da
pessoa que se submete ao processo de ajuda não acorrerá, pois segundo Rogers (1999) esta
ocorre quando os envolvidos na relação de ajuda experienciam o sentimento de confiança, a
sensação de se sentir acolhido, a segurança e uma afetividade disponível.
Contudo, apesar do demonstrado acima constata-se uma frágil formação conceitual
nos entrevistados em relação ao tema aqui estudado, verifica-se isto na construção de
respostas pouco elaboradas à pergunta: Qual a importância da Afetividade na construção da
Relação de Ajuda?
Evidencia-se esta dificuldade na produção dos discursos verbais dos entrevistados,
pois os mesmos produziram um repertório muito conciso, pouco elaborado, objetivado,
intelectualizado e insipiente sobre o tema, apesar de constatar que os mesmos nos seus
núcleos discursivos produziram entendimentos ao conceito de afetividade corroborados pela
literatura científica.
Rogers (1999) aponta que quanto mais utilizamos do mecanismo da intelectualização é
porque em nossa vivencia íntima a compreensão ainda não se deu, pois quando isto ocorre o
fluxo do entendimento simplesmente flui com maior elaboração e produção.
Observa-se isto em aulas onde o professor que parece ainda não ter internalizado o
saber no qual pretende versar utiliza-se de diversas anotações e apoios de conhecimento,
como se tal conhecimento ainda estivesse fora dele, ao contrário, tem-se os professores que
por experiência e aprofundamento temático com apenas uma frase, breve anotação, ou um
pequeno texto apresenta de maneira congruente, bem articulada e com a devida profundidade
o tema questão, como se deixasse de estar fora de, tornando pertencente a, uma apropriação,
um empoderamento de, um tornar-se congruente com o que se fala e sente, com o que estuda,
com o que expressa, como se um todo tornasse uno e pertencente a consciência de quem
manifesta tal saber.
Este pertencimento e apropriação sobre o conhecimento da afetividade na relação de
ajuda não foi identificado nos discursos produzidos pelos psicólogos entrevistados, visto que
suas falas foram pautadas na intelectualização sobre o tema, e não na significação e
congruência como propõe Rogers (1999). Para o autor o ser humano aprende quando o
conhecimento se torna algo com significado e pertencente ao modo de estar da pessoa na vida,
e nesta construção que se promove a congruência entre os aspectos afetivos e cognitivos.
Ser congruente então, segundo o olhar rogeriano, é deixar se revelar, é deixar a
integração entre o pensamento e o sentir sobre construírem um corpo uno, uma subjetividade
sensível sobre, é colocar para dentro o que estava fora, e depois o que se tornou de dentro para
os que estão fora.
A congruência em relação ao tema investigado aqui, portanto, não foi identificada,
como também a significação, com isto pensa-se que a afetividade e a relação de ajuda foram
temas apresentados de maneira rudimentar nos cursos de Psicologia cursados pelos
entrevistados. Assim, pensa-se que tais temas não foram abordados e vivenciados de maneira
que se tornasse significativa aos psicólogos entrevistados, isto corrobora-se a partir da
produção simplória nas entrevistas produzidas. Da mesma forma como o olhar histórico
cultural apresenta, se a temática afetividade e relação de Ajuda tivesse sido apresentada ao
longo da formação acadêmica dos psicólogos entrevistados de maneira mais efetiva, esta
estaria presente em sua linguagem e pensamentos, visto que a linguagem e pensamento são
frutos da historicidade de cada pessoa.
Portanto, como afirma Rogers (1999) para que se possa compreender o psiquismo
humano e essencial reconhecer a história que o construiu, é preciso prestar atenção nas
referências significativas vividas por este. Dessa maneira, não se pode desconsiderar a
construção da subjetividade, ou seja, a forma peculiar e única de cada pessoa significar o
mundo no qual está inserido. Assim sendo, como afirma Gomes (2013), o psiquismo humano
se constrói a partir do resultado da história de apropriação e objetivação de signos e
instrumentos que cada ser humano vivencia no percurso da vida.
Nesta mesma perspectiva tem-se Leontiev (1978), este autor defende que o psiquismo
humano, por ele também chamado de reflexo psíquico da realidade, corresponde a um produto
material, orgânico e natural que serve como ponto de partida para construção de toda
subjetividade humana. Diz o autor que o cérebro humano inicialmente é o grande responsável
para que ocorra o desenvolvimento psicológico do ser humano, e que é por meio dele que
inicialmente ocorrem as atividades psíquicas estimuladas em função do mundo exterior, sendo
que este mundo exterior exerce sobre o sujeito fundamental influência para a construção da
subjetividade e historicidade.
Considerando a perspectiva de que cada um é único em sua subjetividade histórica,
consequentemente na forma de apreender sobre o universo no qual cada um está inserido,
decidiu-se manter todas as entrevistas efetuadas como forma de manter a espontaneidade dos
discursos que conforme demonstrado no Apêndice Análise de Dados foram analisados a luz
da metodologia proposta.
Não se identifica nas respostas apesar de alguns discursos associarem a afetividade
com sensibilidade, empatia, vínculo, compreensão, etc, um entendimento aprofundado sobre a
importância da afetividade na construção da relação de ajuda. Portanto percebe-se que a
vivência da afetividade na relação de ajuda ocorre ainda de maneira pouco elaborada e sem
um conhecimento que torne estas práxis melhor conduzida e assegurada enquanto
empoderamento deste saber específico.
Constata-se que os profissionais entrevistados revelaram possuir um repertório
conceitual muito insipiente sobre o tema, demonstrando que durante a formação acadêmica
destes a apropriação de signos e instrumentos que permitiriam a construção de uma
consciência sobre a temática não foram satisfatoriamente disponibilizados a experiência dos
mesmos. Corrobora-se a esta constatação o fato de que no ambiente acadêmico existem
poucos estudos sobre o tema afetividade na relação de ajuda, como também da terapêutica e
dos antecedentes históricos deste último.
Nota-se que se tem uma longa caminhada para que a afetividade possa estar de
maneira mais aprofundada na formação dos psicólogos, e consequentemente em suas relações
de ajuda, isto porque como se observa, historicamente a formação acadêmica/científica destes
profissionais pouco valoriza o aprofundamento do tema, frente a esta constatação se deduz
que em outras áreas de conhecimento quase nada se estuda sobre a mesma.
Acredita-se que novas janelas se abriram para a continuidade, disseminação e
empoderamento da afetividade na construção da relação de ajuda, e desta forma após a
conclusão formal desta investigação de doutoramento, a vida segue rumo a novas descobertas
e maneiras de conhecer e materializar a afetividade nas relações de ajuda, como também na
vida.
Caminhar diante de um saber sobre a afetividade é se lançar a um universo de
possibilidades já que esta é fruto de condições socioculturais que a constrói, e como as
culturas e as sociedades são diversas e estão em constante transformação como tudo na vida,
resta a humilde tarefa de saborear a multiplicidade de formas de vivenciar e pensar sobre a
afetividade. E é nesta jornada que se lança rumo a este conhecer frente ao longo caminho da
vida acadêmica e pessoal.
No documento
RELAÇÃO DE AJUDA COMO AÇÃO EDUCATIVA.
(páginas 137-145)