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5. DISCUSSÃO DO MATERIAL BIBLIOGRÁFICO

5.2. Aspectos Positivos e Negativos da Maternidade Tardia

Recortes das falas das participantes. Parada e Tonete (2009) Recortes das falas das participantes. Oliveira et al. (2011) Recortes das falas das participantes. Sousa e Maia et al. (2016) Tabelas.

Fonte: Própria pesquisadora

Todos os estudos, conforme consta a Tabela 6, apresentam algum tipo de elemento nos textos, os artigos apresentam elementos de apoio como tabelas e recortes das entrevistas com os participantes. Já as dissertações e a tese apresentam o maior número de elementos, tanto de apoio como quadros, tabelas, genograma, gráficos e recortes das entrevistas como elementos pós- textuais como termos de consentimento, pareceres, entrevista.

5.2. Aspectos positivos e Negativos da Maternidade Tardia TABELA 7: Aspectos Positivos e Negativos da Maternidade Tardia

AUTORES ASPECTOS POSITIVOS ASPECTOS NEGATIVOS

Lopes, Zanon e Boeckel (2014)

Melhores condições econômicas, sociais e emocionais; Redes de apoio; Equilíbrio entre tarefas domésticas e laborais.

Os riscos para mãe e para o bebê devido à idade avançada da mãe e a perda da independência, tanto financeira como emocional.

Barbosa e Coutinho (2007) A maternidade vista como algo único, especial na vida da mulher; Diminuir o risco da solidão.

Maternidade como um sacrifício; Maternidade como um sofrimento voluntário e indispensável para a mulher normal; Perda da liberdade; Falta de disponibilidade.

TABELA 7: Aspectos Positivos e Negativos da Maternidade Tardia – CONTINUA.

Jacobsen (2014) Sentem-se mais preparadas psicologicamente, emocionalmente e financeiramente para este novo papel. Sentem-se mais pacientes e com menos ambições pessoais em nível de conquistas educacional, empregos, prestígios ou ascensão profissional.

Preocupações se o bebê estava a crescer normalmente e se estava saudável, assim como o medo de ter um aborto espontâneo.

Carvalho (2014) Aproveitar a juventude e realizar conquistas profissionais e educacionais. Melhor condição financeira e profissionalmente, estariam mais bem preparadas e mais disponíveis para estar com a criança e para aproveitar as oportunidades de crescimento que a maternidade pode proporcionar.

O preconceito existente em relação à maternidade tardia A impossibilidade de ter mais de um filho; a falta de energia física para acompanhar as atividades da criança; uma atitude mais preocupada no que se refere à criação dos filhos.

Lima (2012) A mulher está mais madura, segura e preparada quando atinge mais idade.

Limitações estruturais/biológicas; Abortos espontâneos; Problemas de infertilidade devido à idade; Descompasso entre maturidade emocional e relógio biológico; Medo de abrir mão de sua individualidade, liberdade e controle. Ter de abrir mão das outras possibilidades que a vida oferece para ter um filho.

Rodrigues (2008) Tornar-se uma pessoa mais flexível; Mais tolerante; Maior flexibilidade na rotina e maior atenção à família; Maior união da família; A maternidade tardia como o momento mais oportuno para ter um filho; Maior maturidade e estabilidade financeira. Quando mais jovens, não teriam condições financeiras e nem maturidade para terem filho; poder oferecer uma melhor educação ao filho; Madura e pronta para ser mãe. Tiveram o filho no momento mais adequado de suas vidas.

Aumento de responsabilidades; Aumento no tempo dedicado às tarefas domésticas e redução no tempo pessoal; sobrecarga dessas tarefas; Falta de tempo para cuidar de si mesma. Sacrificar possíveis satisfações pessoais. Falta de tempo para o casamento após o nascimento do filho; Dedicação exclusivamente aos filhos, deixando de lado a vida pessoal e conjugal. Preocupado com a saúde da criança (por exemplo, a Síndrome de Down); menos paciência e energia para acompanhar a criança; mais difícil ter outros filhos; Mudança da rotina em função do filho. Rios-Lima (2012) Maior maturidade, experiência de vida e

uma identidade mais consolidada; Poder aproveitar todas as fases da vida, a faculdade, o trabalho, por realizar viagens e se dedicar a vida conjugal.

Angustias em relação a abortos e a saúde do bebê.

Parada e Tonete (2009) Poder planejar a gravidez; A mulher estar mais formada e preparada para ser mãe; Maturidade atingida pelo casal; Segurança e estabilidade financeira; Desejo dos casais em consolidarem novas uniões nos casos de recasamento;

Gravidez definitivamente não desejada pela falta de condições financeiras e pelo medo das complicações obstétricas; gravidez tardia como algo perigoso, que poderia levar à morte. Gastos financeiros. Incertezas nos aspectos financeiros, de situação conjugal, profissional e familiar.

TABELA 7: Aspectos Positivos e Negativos da Maternidade Tardia – CONTINUA.

Oliveira et al. (2011) Maturidade alcançada; Menos rigidez na conduta; Maior equilíbrio emocional; Mais experiente; Mais preparada psicologicamente para cuidar de uma criança; Maior maturidade com o corpo; Maior tranquilidade devido à situação financeira; Poder ter vivido tudo o que queria com toda a liberdade; Poder dar uma vida estável à criança;

Uma gestação não planejada pode trazer sentimentos negativos. Medo de abortos devido à idade; Preocupação devido à gravidez ser de risco.

Sousa e Maia et al. (2016) Apoio social, no enfrentamento das possíveis dificuldades que perpassam o período gestacional.

Maiores riscos pré e perinatais adversos, incluindo parto prematuro, baixo peso ao nascer e mortalidade maternal e/ou fetal.

Fonte: Própria pesquisadora

Como pode ser observado na Tabela 7 todos os estudos selecionados mencionam aspectos positivos e negativos provenientes do adiamento da maternidade.

Em relação aos aspectos positivos dos dez estudos, oito mencionam que a mulher em idade mais avançada estaria mais preparada para ter um filho. Essa preparação se refere a melhores condições econômicas, sociais e emocionais, além de maior maturidade com o corpo (LOPES; ZANON; BOECKEL, 2014; JACOBSEN, 2014; CARVALHO, 2014; LIMA, 2012; RODRIGUES, 2008; RIOS-LIMA, 2012; PARADA; TONETE, 2009; OLIVEIRA et al., 2011).

Outro aspecto mencionado foi a presença de redes de apoio para a mulher no período gestacional (SOUSA; MAIA et al., 2016; LOPES; ZANON; BOECKEL; 2014). Em estudo realizado por Leite et al. (2014) as participantes relatam que a presença de rede de apoio durante a gravidez é essencial para que esse momento seja vivido de modo favorável pela mulher, principalmente a presença da figura paterna e da família. Em especial, a presença feminina proporciona suporte emocional que auxilia a gestante a vivenciar a experiência da gravidez de modo positivo.

Postergar a maternidade é visto como algo positivo para algumas mulheres, pois permite que elas, antes de desempenhar o papel de mãe, possam aproveitar a juventude e realizar conquistas profissionais e educacionais, aproveitar todas as fases da vida, a faculdade, o trabalho, poder realizar viagens e se dedicar a vida conjugal, poder ter vivido tudo o que queria

com toda a liberdade (CARVALHO, 2014; RIOS-LIMA, 2012; OLIVEIRA et al., 2011).

Para algumas mulheres a maternidade em idade mais avançada é percebida como o momento ideal para se ter um filho, pois além de poder planejar a gravidez, com a idade mais avançada algumas mulheres podem se sentir mais preparadas financeiramente, profissionalmente e emocionalmente para assumir a responsabilidade de ter uma criança (RODRIGUES, 2008; PARADA; TONETE, 2009; JACOBSEN, 2014). Além disso, a experiência adquirida com a idade torna a mulher mais tolerante, flexível e paciente (JACOBSEN, 2014; RODRIGUES, 2008; OLIVEIRA et al., 2011).

Mostrou-se importante para as mulheres poder proporcionar aos filhos melhores condições de vida, desse modo, relatam que quando mais jovens não teriam condições emocionais e nem financeiras para ter um filho, sendo assim, a busca por melhores condições econômicas para arcar com as despesas da criança foi um dos motivos para adiar a maternidade (RODRIGUES, 2008).

Lopes, Zanon e Boeckel (2014) identificaram que a maternidade tardia possibilita a mulher equilíbrio entre tarefas domésticas e laborais, além de maior flexibilidade na rotina e maior atenção à família; maior união da família, pois com a chegada da criança a família passa a se reunir mais, ela se torna um elo entre os pais e a família (RODRIGUES, 2008).

Para Barbosa e Coutinho (2007) a maternidade é percebida como como algo único, especial na vida da mulher; além de diminuir o risco da solidão, pois algumas mulheres que ainda não são mães apresentam o medo de ficarem sozinhas na velhice, e mesmo que a presença de um filho não garanta que no futuro a mãe não ficará sozinha, ainda assim, representa a diminuição do medo de ficar sozinha.

Para algumas mulheres que passaram pelo processo de recasamento, exercer a maternidade significa consolidar a união (PARADA; TONETE; 2009). Segundo Quevedo (2010 apud ALDRIGUI, 2016, p. 74) “algumas mulheres em idade avançada tinham como motivação o desejo de engravidar para dar um filho ao marido, associando a ocorrência da gestação ao relacionamento conjugal”. Dessa forma, no caso de uma nova união, a maternidade pode estar

relacionada com o desejo das mulheres de satisfazer a vontade do novo companheiro de ter um filho (ALDRIGUI, 2016).

Jacobsen (2014) menciona que com a idade mais avançada as mulheres sentem-se com menos ambições pessoais em nível de conquistas educacional, empregos, prestígios ou ascensão profissional e podem dedicar- se a maternidade. Nesse sentido, a maternidade é vista como amor incondicional ao outro, que faz com que a mulher deixe de viver algumas experiências para se dedicar integralmente a função de ser mãe, a respeito do papel materno na contemporaneidade:

Na sociedade ocidental, nos dias de hoje, a maternidade é encarnada de forma muito romanceada, uma visão herdada dos últimos séculos. Ser mãe ganha significados tais como sacrifício, amor incondicional e disponibilidade completa. Essas concepções contrapõem-se à vivência real do papel materno, sobretudo no mundo contemporâneo (RODRIGUEZ; CARNEIRO, 2013, p. 113).

A abdicação de ambições tanto profissionais como pessoais por parte da mulher, está ligada aos processos de naturalização dos papeis historicamente atribuídos à figura feminina:

A naturalização dos papeis atribuídos às mulheres tornou invisível à regulação de seus desejos, de sua vida, enfim, a violência simbólica de que elas são vítimas, ocultando as relações de poder que se estabelecem na sociedade [...] A subordinação da mãe às necessidades da casa, dos filhos e do esposo aparece como tendência instintiva da mulher, como um “deve ser”, moralidade esta conhecida como um altruísmo materno. Tal postura implica o desprezo do próprio desejo frente ao desejo dos outros e a aceitação de um lugar secundário na distribuição de recursos e benefícios grupais, ou seja, implica a aceitação da invisibilidade pessoal ao preço da sacralização da função (ROCHA-COUTINHO, 1994, p. 39).

Em relação aos aspectos negativos da gravidez tardia os estudos mostram que na grande maioria estão ligados a questões relacionadas à saúde do bebê e da mãe, como por exemplo, preocupação se o desenvolvimento do bebê está normal, se a criança está saudável; para algumas mulheres a gravidez tardia é algo perigoso que pode levar à morte; preocupação devido à gravidez ser de risco, além das mães tardias terem maiores riscos pré e perinatais adversos, incluindo parto prematuro, baixo peso ao nascer e mortalidade maternal e/ou fetal (LOPES; ZANON; BOECKEL, 2014; JACOBSEN, 2014; RODRIGUES, 2008; RIOS-LIMA, 2012; PARADA; TONETE, 2009; OLIVEIRA et al., 2011; SOUSA; MAIA et al., 2016).

Outro aspecto negativo que apareceu nos estudos diz respeito ao medo que as mulheres têm de acontecer um aborto devido à idade mais avançada (JACOBSEN, 2014; RIOS-LIMA, 2012; OLIVEIRA et al., 2011; LIMA, 2012). Conforme apontam os dados de uma pesquisa realizada pelo IPGO – Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia sobre infertilidade, a idade materna avançada é um aspecto que está ligado à ocorrência de abortos, ou seja, quanto mais idade a mulher possuir quando engravidar, maiores serão as chances de ocorrer um aborto espontâneo, os dados da pesquisa evidenciam que independentemente da idade materna existe a possibilidade de ocorrer um aborto, mas isso se intensifica com mulheres em idades mais avançadas.

Para algumas mulheres, exercer a maternidade é acompanhado de um sentimento de perda, e nesse sentido ela traz aspectos negativos, as perdas em decorrência da maternidade mencionadas pelas mulheres se referem à perda da independência, tanto financeira como emocional, perda da liberdade, medo de abrir mão de sua individualidade, liberdade e controle, ter de abrir mão das outras possibilidades que a vida oferece para ter um filho (LOPES; ZANON; BOECKEL, 2014; BARBOSA; COUTINHO, 2007; LIMA, 2012).

A maternidade tardia para algumas mulheres é vista como uma sobrecarga, nesse sentido, ela significa um aumento de responsabilidades, aumento no tempo dedicado às tarefas domésticas e redução no tempo pessoal; sobrecarga dessas tarefas (RODRIGUES; 2008).

Algumas mulheres mencionam como aspectos negativos da maternidade tardia a falta de tempo em virtude das múltiplas tarefas que elas têm que executar incluindo a de ser mãe, sendo assim, elas relatam a falta de tempo para cuidar de si mesma, falta de tempo para o casamento após o nascimento do filho; dedicação exclusivamente aos filhos, deixando de lado a vida pessoal e conjugal, menos paciência e energia para acompanhar a criança; a falta de energia física para acompanhar as atividades da criança; falta de disponibilidade (BARBOSA; COUTINHO, 2007; CARVALHO, 2014; RODRIGUES, 2008).

Outro aspecto negativo mencionado pelas mulheres é a dificuldade ou mesmo impossibilidade de ter outros filhos devido aos problemas de

infertilidades em decorrência da idade avançada (CARVALHO, 2014; LIMA, 2012; RODRIGUES, 2008).

Para algumas mulheres, ter um filho acarretaria na mudança da rotina da família (RODRIGUES, 2008). Uma dessas mudanças, diz respeito à família ter que se readequar financeiramente para a chegada de uma criança, o que significaria gastos financeiros (PARADA e TONETE, 2009).

A gravidez é mencionada por algumas mulheres como negativa quando aconteceu sem planejamento; a falta desse planejamento pode ocorrer em virtude de fatos como falta de condições financeiras, incertezas em relação à situação conjugal, profissional e familiar (PARADA; TONETE, 2009; OLIVEIRA et al., 2011).

Outro aspecto negativo relacionado à postergação da maternidade diz respeito ao preconceito existente em relação à maternidade tardia (CARVALHO, 2014). Esse dado é confirmado no estudo realizado por Aldrighi (2016) que relata na sua pesquisa que as mulheres que engravidaram após os 35 anos foram muito criticadas e julgadas pela família, pelos chefes de onde trabalham e até por profissionais de saúde, relatam que as pessoas dizem que elas já são muito velhas para engravidar.

Os efeitos do preconceito vivenciado pelas mulheres em virtude da gravidez em idade avançada podem trazer consequências sérias para a mulher durante a gestação, como pode ser constatado na afirmação que se segue:

O manejo obstétrico inadequado, a falta de sensibilidade dos profissionais de saúde e, de modo geral, o preconceito que cerca uma gravidez em idade avançada, pode ser fatores responsáveis pelo desencadeamento e pelo incremento da ansiedade materna (GOMES et al., 2008, p. 105).

O estudo de Lima (2012) mostra que há um descompasso entre maturidade emocional e relógio biológico, pois a mulher apresenta maior fertilidade entre os 20 e 30 anos, mas nesse momento as mulheres ainda não se sentem preparadas emocional e economicamente para serem mães, e elas precisam lidar com a decisão de ser mãe ou não, pois à medida que vão envelhecendo a fertilidade entra em declínio.

A maternidade é vista por algumas mulheres como um sacrifício, como um sofrimento voluntário e indispensável para a mulher normal, o que evidencia uma valoração pela função materna, mesmo que ser mãe não faça parte do desejo da mulher (BARBOSA; COUTINHO, 2007).

5.3. Sentimentos da Mulher Que Opta Pela Maternidade Tardia

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