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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE EDUCAÇÃO - CEDUC CURSO DE PSICOLOGIA FERNANDA GOMES DE SOUSA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE EDUCAÇÃO - CEDUC

CURSO DE PSICOLOGIA

FERNANDA GOMES DE SOUSA

SENTIMENTOS DA MULHER CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA QUE OPTA PELA MATERNIDADE TARDIA: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO

BOA VISTA – RR 2017

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SENTIMENTOS DA MULHER CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA QUE OPTA PELA MATERNIDADE TARDIA: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO

BOA VISTA – RR 2017

Monografia apresentada como pré-requisito para conclusão do Curso de Bacharel em Psicologia pela Universidade Federal de Roraima - UFRR.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Pamela Alves Gil

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SENTIMENTOS DA MULHER CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA QUE OPTA PELA MATERNIDADE TARDIA: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO

Prof.ª Dr.ª Pamela Alves Gil

Orientadora/Curso de Psicologia – UFRR

Prof.ª Dr.ª Fernanda Ax Wilhelm Membro/Curso de Psicologia – UFRR

Prof.ª Dr.ª Joelma Ana Gutiérrez Espíndula Membro/Curso de Psicologia - UFRR

Monografia apresentada como pré-requisito para conclusão do Curso de

Bacharel em Psicologia da

Universidade Federal de Roraima-UFRR. Defendida em 25 de julho de 2017 e avaliada pela seguinte banca examinadora:

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À minha família, por ter sido a base que proporcionou

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À minha família, especialmente as minhas irmãs e irmão Janete Gomes de Sousa, Iolanda Gomes de Sousa e Lucas Gomes de Sousa, meu muito obrigada por todo apoio durante esses longos cinco anos e meio de graduação. Ao meu namorado, Liverson Bentes Chaves, pelos seis anos de união, por fazer parte da minha vida me alegrando, incentivando e por ter sido fundamental para realização dessa conquista.

Às colegas de curso, Fabíola Menezes, Ingrid Furtado, Katyanne Melo, Yanne Augusto, Izadora Pereira, Kamuu Bezerra, Agata Cristie, Anaildes Fernandes, Idelcira Berredo e Léia Juvencio (em memória) por terem tornado essa jornada mais alegre, pela amizade sincera e por sempre torcerem pela felicidade umas das outras com carinho e sinceridade.

À Prof.ª Dr.ª Pamela Alves Gil, pelas orientações, especialmente no momento de angústia pela escolha do tema de pesquisa.

À Prof.ª Me. Ana Paula da Rosa Deon, pela participação na minha qualificação e pelos apontamentos importantes para a realização desse trabalho.

À Prof.ª Dr.ª Fernanda Ax Wilhelm, pela participação na minha banca. À Prof.ª Dr.ª Joelma Ana Gutiérrez Espíndula, pela disponibilidade em participar da minha banca.

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“O amor materno é apenas um sentimento humano. E como todo sentimento, é incerto, frágil e imperfeito”.

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O fenômeno da maternidade tardia se constitui como uma realidade presente na vida de muitas mulheres na contemporaneidade é um acontecimento percebido de forma mais expressiva na vida das mulheres nos países desenvolvidos, mas que já tem se mostrado de grande relevância nos países em desenvolvimento como é o caso do Brasil. A postergação da maternidade é uma das soluções encontradas pelas mulheres contemporâneas para resolver o dilema entre trabalho e maternidade, outra solução, está na tentativa de conciliação dos papeis de trabalhadora e mãe. Independentemente de qual medida a mulher utilize, acarreta na vivência de conflitos, pois por um lado adiar a maternidade pode ocasionar a frustração de no futuro não conseguir mais engravidar devido à diminuição da fertilidade e na concomitância de papeis a mulher se sente sobrecarregada, o que acaba por gerar desgaste físico. Devido à recorrência na vida das mulheres, e os conflitos que podem acompanhar essa decisão, este estudo tem como objetivo geral: Abordar os sentimentos da mulher que opta pela maternidade tardia identificados na produção científica e como objetivos específicos: Fazer um levantamento quantitativo e qualitativo de estudos que tratam do tema maternidade tardia; Apontar nesses estudos os sentimentos advindos dessa escolha; Discutir a partir desses estudos as principais motivações que levam a mulher a adiar a maternidade; Refletir se essa decisão é acompanhada por conflitos. Trata-se de um estudo bibliográfico, de abordagem quantitativa-qualitativa, cuja análise dos dados coletados foi feita a partir da Análise de Conteúdo proposta por Laurence Bardin. A decisão pela maternidade tardia apresenta tanto aspectos negativos como positivos; os aspectos negativos se referem principalmente a: recorrência de abortos, os problemas de infertilidade, a sobrecarga de funções, a falta de tempo, a perda da liberdade e a dificuldade de ter mais de um filho. Por outro lado, a mulher pode se sentir mais preparada socialmente, economicamente e emocionalmente para ser mãe em idade mais avançada. Há também sentimentos positivos como: autodesenvolvimento, autoconhecimento, de plenitude e realização pessoal. Dentre os principais motivos que levam as mulheres a postergar a maternidade estão à busca por qualificação profissional, a inserção da mulher no mercado de trabalho, a priorização da carreira, o advento dos métodos contraceptivos, o avanço das tecnologias médicas de fertilização, a postergação do casamento, dúvida em exercer a maternidade, a insegurança frente ao papel de mãe. Os principais conflitos identificados se referem ao acúmulo de funções e a imposição social e familiar pelo exercício da maternidade. Conforme as informações identificadas nos estudos, constata-se que a vivência da maternidade tardia é um dilema na vida de muitas mulheres, que pode ser vivenciada positiva ou negativamente, que ocorre devido a variadas motivações; é um dilema que está longe de ter uma solução satisfatória que contribua para o bem-estar da mulher.

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The phenomenon of late motherhood is a reality present in the lives of many women in the contemporary world is an event most expressively perceived in the lives of women in developed countries, but has already been shown to be of great relevance in developing countries such as Case of Brazil. The postponement of maternity is one of the solutions found by contemporary women to solve the dilemma between work and motherhood, another solution, is in the attempt to reconcile the roles of worker and mother. Regardless of the extent to which women use them, it leads to conflict, since on the one hand, postponing maternity may lead to the frustration of not being able to get pregnant in the future due to a decrease in fertility and in the concomitance of roles the woman feels overwhelmed. Ends up generating physical wear and tear. Due to recurrence in the lives of women, and the conflicts that may accompany this decision, this study has the general objective: To address the feelings of the woman who opts for late motherhood identified in the scientific production and as specific objectives: To make a quantitative and qualitative survey of Studies that deal with the theme of late motherhood; To point out in these studies the feelings derived from this choice; To discuss from these studies the main motivations that lead the woman to postpone maternity; Reflect if this decision is accompanied by conflicts. This is a bibliographic study, with a quantitative-qualitative approach, whose analysis of the data collected was made from the Content Analysis proposed by Laurence Bardin. The decision on late motherhood has both negative and positive aspects; The negative aspects mainly refer to: recurrence of abortions, problems of infertility, overloading of functions, lack of time, loss of freedom and the difficulty of having more than one child. On the other hand, the woman may feel more socially, economically and emotionally prepared to be a mother in later life. There are also positive feelings like: self-development, self-knowledge, fulfillment and personal fulfillment. Among the main reasons that lead women to postpone maternity are the search for professional qualification, the insertion of women in the labor market, the prioritization of the career, the advent of contraceptive methods, the advancement of medical technologies for fertilization, the postponement of Marriage, doubt about motherhood, insecurity about the role of mother. The main conflicts identified refer to the accumulation of functions and social and family imposition by the exercise of maternity. According to the information identified in the studies, it is verified that the experience of late motherhood is a dilemma in the lives of many women, which can be experienced positively or negatively, which occurs due to varied motivations; Is a dilemma that is far from having a satisfactory solution that contributes to the well-being of women.

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TABELA 2: Objetivos dos Estudos...38

TABELA 3: Informações Gerais...41

TABELA 4: Amostra dos Estudos...41

TABELA 5: Instrumentos Utilizados...43

TABELA 6: Elementos de Apoio e Pós-Textuais...43

TABELA 7: Aspectos Positivos e Negativos da Maternidade Tardia...44

TABELA 8: Sentimentos da Mulher que Opta Pela Maternidade Tardia...51

TABELA 9: Motivos do Adiamento da Maternidade...59

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IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPGO – Instituto Paulista de Genecologia e Obstetrícia PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

BDTD – Biblioteca Brasileira de Teses e Dissertações SCIELO – Scientific Electronic Library Online

PEPSIC – Periódicos Eletrônicos em Psicologia BVS-PSI – Biblioteca Virtual de Psicologia

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2. OBJETIVOS...15

2.1. Objetivo Geral...15

2.2. Objetivos Específicos...15

3. PARÂMETROS CONCEITUAIS...16

3.1. Fundamentação Teórica...16

3.1.1. História das Mulheres...16

3.1.2. Papéis Vinculados à Mulher...19

3.1.3. A emancipação da mulher...21

3.1.4. A mulher e o Mercado de Trabalho...23

3.1.5. A maternidade...24 3.1.6. A maternidade Tardia...27 4. TRAJETÓRIA INVESTIGATIVA...31 4.1. Metodologia...31 4.1.1. Tipo de Pesquisa...31 4.1.2. Abordagem de Pesquisa...31

4.1.3. Critérios de Inclusão e Exclusão...32

4.1.4. Procedimento de seleção dos materiais...32

4.1.5. Análise dos dados...35

5. DISCUSSÃO DO MATERIAL BIBLIOGRÁFICO...37

5.1. Caracterização dos materiais selecionados...37

5.1.1. Estudos Selecionados...37

5.1.2. Objetivos dos Estudos...38

5.1.3. Informações Gerais...40

5.1.4. Amostra dos Estudos...41

5.1.5. Instrumentos Utilizados...43

5.1.6. Elementos de Apoio e Pós-Textuais...43

5.2. Aspectos Positivos e Negativos da Maternidade Tardia...44

5.3. Sentimentos da Mulher que Opta Pela Maternidade Tardia...51

5.4. Motivos do adiamento da maternidade...59

5.5. Conflitos Pela Decisão da Maternidade Tardia...63

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...70

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1. INTRODUÇÃO

A maternidade ainda se constitui como um dos temas centrais na vida das mulheres, mesmo com a evolução do sentido atribuído a figura feminina, a função de ser mãe ainda está presente no ideário social como papel a ser desempenhado pelas mulheres (ROCHA-COUTINHO, 2004).

Com a inserção da mulher no mercado de trabalho e a busca por qualificação e sucesso profissional a mulher é colocada no dilema de ter que priorizar a carreira profissional ao invés de desempenhar a maternidade, ou o contrário, optar pela maternidade e abrir mão do investimento na carreira (ALDRIGHI, 2016).

Para Rodriguez e Carneiro (2013) uma das saídas encontradas por elas é tentar conciliar o papel de mãe e a carreira, o que acaba gerando desgastes físico e psicológico para a mulher devido ao acúmulo dessas funções, além de outras como esposa e dona de casa. Além disso, ainda se nota que nos lares atuais, embora tenha havido mudanças e evoluções, as mulheres ainda são as responsáveis pelo cuidado das funções domésticas (ROCHA-COUTINHO, 2004).

Outra alternativa encontrada pelas mulheres na resolução do dilema entre carreira e maternidade, tem sido optar pelo adiamento da maternidade. O adiamento da maternidade tornou-se escolha cada vez mais frequente na vida de muitas mulheres, em virtude, principalmente, da busca pelo sucesso profissional (BELTRAME; DONELLI, 2012).

Conforme Lima (2012) as mulheres têm optado pela qualificação profissional e deixado a maternidade para segundo plano, ainda como parte de um projeto, mas não a prioridade básica da sua vida. Embora essa opção seja frequente, não significa pensar a inexistência de conflitos.

Embora o fenômeno do adiamento da maternidade apresente relevância indiscutível na vida das mulheres, e para a sociedade de modo geral, no Brasil, os livros que tratam especificamente da maternidade tardia ainda se encontram escassos; na literatura científica, conforme as bases de dados: SCIELO, PEPSIC, LILACS, BDTD, BVS PSI e Google Acadêmico, os estudos mais recorrentes sobre esse assunto se encontram em artigos,

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dissertações de mestrado e teses de doutorado, o que evidencia uma carência e necessidade de se discutir sobre esse tema.

Estudos apontam a vivência da maternidade tardia acompanhada por um cenário de dúvidas, ambivalências e insatisfação que permeiam a decisão sobre o adiamento da maternidade em virtude, dentre outros motivos, pela busca por qualificação e do comprometimento com o sucesso profissional (BARBOSA; COUTINHO, 2007; CARVALHO, 2014; JACOBSEN, 2014; LIMA, 2012; LOPES; ZANON; BOECKEL, 2014; OLIVEIRA et al., 2011; PARADA; TONETE, 2009; RIOS-LIMA 2012; RODRIGUES 2008; SOUSA; MAIA et al., 2016).

Dessa forma, o adiamento da maternidade é um dilema para muitas mulheres que, ligado a outros desejos, como o de se realizar profissionalmente, também desejam ser mães. A complexidade do tema, aliado a recorrência na vida da mulher contemporânea, faz da decisão pelo adiamento da maternidade ser um fenômeno de relevância social e acadêmica que necessita estar em constante estudo.

Além disso, a escolha por estudar sobre o fenômeno da maternidade tardia, parte do meu interesse pessoal sobre a importância do protagonismo feminino no processo de tomada de decisão nos aspectos que dizem respeito a elas. Sendo a experiência de exercer a maternidade importante para algumas mulheres, cabe a elas decidirem o momento ideal para desempenhar esse papel.

Falar sobre a maternidade tardia é adentrar numa discussão que envolve a mulher contemporânea que, com o passar dos anos, vem ocupando cada vez mais o protagonismo da sua história e conquistou o poder de decisões como o momento que considera ideal para ser mãe.

Devido à importância e recorrência desse fenômeno na vida de muitas mulheres, esse estudo se propõe a fazer um levantamento na literatura científica sobre a temática que abordam os sentimentos que acompanham a mulher ao optar pelo adiamento de tornar-se mãe. Dentro disso, como problemática de pesquisa, faz-se a seguinte indagação: Quais seriam os

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sentimentos vivenciados pela mulher contemporânea ao optar pela maternidade tardia?

Desse modo, a presente pesquisa procura apontar os sentimentos que acompanham a mulher ao vivenciar a maternidade tardia. Trata-se de um estudo bibliográfico, de abordagem quantitativa-qualitativa, cuja análise dos dados identificados foi feita através da Análise de Conteúdo proposta por Laurence Bardin.

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2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral

Abordar os sentimentos da mulher que opta pela maternidade tardia identificados na produção científica brasileira.

2.2. Objetivos Específicos

Fazer um levantamento quantitativo e qualitativo de estudos que tratam do tema maternidade tardia;

Discutir a partir desses estudos as principais motivações que levam mulher a adiar a maternidade;

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3. PARÂMETROS CONCEITUAIS 3.1. Fundamentação Teórica 3.1.1. História das Mulheres

A história das mulheres está intimamente relacionada à política, segundo Scott (1992), a política feminista é a responsável pela origem deste campo. Para a autora, nos anos 60 as ativistas feministas reivindicaram a inclusão de personalidades femininas na história, bem como abordar sobre a temática da opressão em relação à figura feminina.

Nos anos 60 as instituições de ensino começaram a oferecer incentivos financeiros para estimular as mulheres a buscar qualificação profissional, a partir disso as mulheres começaram a assumir profissões que antes elas eram excluídas. Mas essa inserção não ocorreu livre de preconceitos, pois mesmo com qualificação profissional o cenário de trabalho ainda se mostrava desigual (SCOTT, 1992).

A inserção das mulheres nas universidades contribuiu para estudos e discussões envolvendo as mulheres, estudos esses realizados pelas próprias mulheres como forma de luta contra a supremacia masculina e a ideologia da inferioridade feminina em relação aos homens (BRUSCHINI; UNBAHAUM, 2002 apud SILVA, 2008).

Hollanda (1994 apud SILVA, 2008) aponta que a partir de 1970 o movimento feminista se insere como tendência inovadora no meio acadêmico e discorre que o movimento pós-modernismo foi fundamental para que as mulheres rompessem com a visão distorcida do poder masculino sobre as mulheres. Em relação a esse movimento:

O movimento pós-moderno teria revelado às mulheres aquilo que os homens sempre haviam tido sucesso em ocultar: não há um poder, o poder é criado. As mulheres tomaram consciência que se os homens tinham sempre estado no poder, era porque eles assim se colocavam (HOLANDA, 1994 apud SILVA, 2008, p. 226).

Nesse sentido, nos anos de 1970, a história das mulheres foi se ampliando para além da sua relação com a política, e abarcou todos os aspectos da vida das mulheres, gerando significativa produção científica em monografias e artigos sobre a história das mulheres, começando a surgir nos

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anos 80 um novo discurso na história vinculado às questões de gênero (SCOTT, 1992).

Segundo Scott (1992), o uso do termo gênero tinha uma conotação neutra, mas as estudiosas que utilizavam essa terminação se denominavam historiadoras feministas, para essa autora:

Muitos daqueles que escrevem a história das mulheres consideram-se envolvidos em um esforço altamente político, para desafiar a autoridade dominante na profissão e na universidade e para mudar o modo como à história é escrita (SCOTT, 1992, p. 66).

Nesse sentido, os estudos relacionados à mulher ganharam a nomenclatura de estudos de gênero, para Rocha-Coutinho (1994, p.16) “o gênero transformou-se, dessa forma, numa categoria de analise extremamente importante, comparável, por exemplo, a categorias como raça e classe social”.

Scott (1992) entende o movimento feminista como um movimento político e também acadêmico; considera que a história das mulheres não está restrita a nenhum desses campos, pois é um campo de conhecimento dinâmico.

A partir de pequenas lutas as mulheres foram criando mecanismos na busca dos seus direitos, dando espaço aos movimentos feministas. Para Del Priore (2001 apud SILVA, 2008) o movimento feminista evidenciou a ausência da figura feminina na história e a partir das suas lutas e reinvindicações por reconhecimento criou a base para a inserção da história das mulheres feita pelas historiadoras.

Mesmo com avanços, o cenário de luta do movimento feminista busca romper com essas barreiras enfrentadas pelas mulheres na aquisição e consolidação dos seus direitos, sendo assim, reivindicar a presença do feminino na história é uma forma de lutar contra os padrões historicamente estabelecidos, como a hierarquia do homem sobre a mulher, descritos em muitos relatos históricos (SCOTT, 1992).

A partir dos questionamentos pelos estudos de gênero sobre a visão tradicional dos papeis a serem desempenhados pelos homens e pelas mulheres na sociedade passou-se a reconsiderar a legitimidade das dicotomias presentes nessas categorias “os estudos sobre a mulher vêm adquirindo novos

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contornos e vários trabalhos já questionam e tentam fugir de antigas dicotomias como a da opressão masculina versus a subordinação feminina” (ROCHA-COUTINHO, 1994, p. 16).

O movimento de incluir a perspectiva feminina na história foi fundamental para mobilizar muitas mulheres na busca de autonomia e emancipação. Para Scott (1992, p. 83) “a documentação da realidade histórica das mulheres ecoou e contribuiu para o discurso da identidade coletiva que tornou possível o movimento das mulheres nos anos 70”. Esse movimento:

Pressupôs a existência das mulheres como uma categoria social separada, definível, cujos membros necessitam apenas ser mobilizados (ao invés de se ver uma coleção de pessoas biologicamente similares, cuja identidade estava em processo de ser criada pelo movimento) (SCOTT, 1992, p.83).

Dessa forma, Elam (1997 apud SILVA, 2008) consideram que foi através da inserção da história das mulheres que o feminismo pode modificar a exclusividade da presença do homem como central nas narrativas históricas permitindo uma reavaliação do conhecimento que se tem da história.

A história das mulheres no Brasil teve início nos anos de 1980; assim, as narrativas iniciais contemplavam a problemática da dominação e opressão. A produção cientifica teve como centro o período colonial no discurso moralista a respeito do corpo feminino (SILVA, 2008).

O discurso moralista dos anos de 1980 assinalava a mulher como pacata, mas existem registros documentais, como cartas, fotos e diários, que comprovam outra realidade, com mulheres que mesmo sofrendo castigos físicos enfrentavam os seus maridos, além da existência de casos extraconjugais e também registros de assassinato de maridos. Esses dados evidenciam uma imagem da mulher brasileira que se diferencia da submissa historicamente atribuída à visão geral que se tem do gênero feminino (DIAS, 1995; NIZZA DA SILVA, 1984; SILVA, 2001; 2007 apud SILVA, 2008).

A partir de registros como cartas, fotos e diários foi possível ampliar os estudos sobre a participação das mulheres na história em contextos de trabalho como nas fábricas e na educação e aos poucos os debates a respeito da participação das mulheres na história foi se intensificando e dando origem a história das mulheres (SILVA, 2008).

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3.1.2. Papéis Vinculados à Mulher

A história das mulheres é marcada pela subordinação ao marido, cenário que foi sendo transformado ao longo dos anos, conforme Correia (1998), em virtude da Primeira Guerra Mundial a mulher teve que assumir outros papéis, que estavam além de ter filhos e cuidar da educação dos mesmos, e começa a ser inserida no mercado de trabalho, ganhando sua independência a partir do trabalho, e passa a se desvincular da condição de subordinada ao marido.

Logo, com a colonização do Brasil, a mulher é percebida pelos homens como aquela que vai satisfazer aos seus desejos sexuais, num primeiro momento a mulher indígena e depois as escravas africanas. Nesse sentido, as mulheres africanas eram vistas pelos portugueses como trabalhadoras e como objetos sexuais (VAN DEN BERGHE, 1967; BURNS, 1993; LENIVE, 1989 apud SOUZA, 2000).

A vida das mulheres brancas que chegaram ao Brasil no período colonial era restrita a casa e igreja, sendo assim “as mulheres eram estereotipadas como fracas, submissas, passivas e sem poder na área pública” (SOUZA, 2000, p.486). Sua educação era voltada para o casamento e os cuidados com a casa e os filhos.

Para Souza (2000), foi durante a era Imperial que esse cenário foi mudando e as mulheres começaram a reivindicar outros papeis na sociedade, elas passaram a transitar pelas ruas e começaram os avanços na luta pelos direitos em relação ao trabalho, educação e a política, campos de dominação masculina.

Aos poucos as mulheres foram assumindo outros papeis que não os restritos aos cuidados de casa como “emprego em ferrovias, nas atividades telegráficas, nos correios, na enfermagem e secretariado, e na área de produção, a percentagem de professoras nas escolas primárias dobrou, de um terço para dois terços” (BURNS, 1993; HAHNER, 1990 apud SOUZA, 2000, p. 486).

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Movimentos sobre os direitos das mulheres começaram a surgir e elas começaram a discutir questões como “licença-maternidade, horas de trabalho, salários e condições de trabalho” (CONNIFF; MCCANN, 1989 apud SOUZA, 2000, p. 486). Nessas propostas reivindicativas não eram incluídas as mulheres da classe operária e para a mulher participar das atividades de comércio precisavam da aprovação dos seus maridos. (GRAHAM, 1990 apud SOUZA, 2000).

Segundo Topik (1989 apud SOUZA, 2000) as mulheres ocupavam poucas funções econômicas no Brasil durante a república velha pois “as carreiras femininas não deveriam estender-se além dos problemas do coração. E seu mundo (deveria ser) limitado ao de filha, esposa e mulher” (HAHNER, 1990 apud SOUZA, 2000 p.486).

Conforme aponta Hahner (1990 apud SOUZA, 2000) foi no início do século XX que as mulheres começaram a ser inseridas no campo da política, força de trabalho, educação e imprensa, mas elas enfrentaram terríveis condições de trabalho como por exemplo:

As mulheres não tinham direito a férias remuneradas ou segurança no trabalho e sua jornada chegava a 16 horas de trabalho diárias, embora, para muitos homens, a carga horária diária já havia sido reduzida para oito horas Os supervisores frequentemente usavam a força contra mulheres e crianças (HALL; GARCIA, 1989; BURNS, 1993 apud SOUZA, 2000, p. 486).

Alguns documentos que mencionavam direitos às mulheres eram restritos as classes mais altas, mas mesmo fazendo referência aos seus direitos, ainda colocavam como função da mulher serem mães e esposas. A partir de lutas, as mulheres adquiriram poder de voto no ano de 1932, mas com a ilegalidade dos partidos políticos na Era Vargas as mulheres tiveram seu poder de voto suspenso. Com o movimento feminista enfraquecido, a luta das mulheres foi intensificada nos anos de 1970 (SOUZA, 2000).

Os anos 70 aparecem como um marco importante de conquistas para as mulheres, como a união entre as mulheres das classes mais avançadas que possuíam escolarização e as mulheres pobres sem instrução acadêmica, onde juntas elas reivindicaram contra as desigualdades entre os sexos. Nesse período houve aumento da participação da mulher na economia exercendo

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atividades administrativas e ocupando cargos de prestígio na sociedade e em 1980 o número de mulheres e homens nas universidades era aproximadamente o mesmo (ALVAREZ, 1989 apud SOUZA, 2000).

Atualmente as mulheres já trabalham para ajudar no sustento das suas casas ou contribuem integralmente na renda da família, mas ainda há desigualdades de salários entre os homens e as mulheres; isso fica mais acentuado nas profissões de maior renumeração econômica, enquanto que nos serviços de baixa remuneração essa diferença não é acentuada ou não existe (NEUHOUSER, 1989 apud SOUZA, 2000).

3.1.3. A Emancipação da Mulher

A mudança no comportamento feminino entre os séculos XIX e XX possibilitou a mulher uma nova configuração do seu papel na sociedade; essas mudanças foram ocorrendo devido ao seu histórico de luta pela busca de instrução nas universidades e inserção no mercado de trabalho. A educação dada às mulheres era muito diferente da que os homens recebiam, enquanto os homens eram inseridos nas universidades as mulheres permaneciam no campo doméstico e a educação que recebiam estava restrita a modos, música e francês (CAMPOS, 2010).

A emancipação da mulher tem seu marco nos anos 60 com o movimento feminista e à mulher passa a assumir outros papeis além do de dona de casa, mãe e esposa. Segundo Correia (1998) houve recusa da mulher pela maternidade como prioridade na vida e único motivador de felicidade e realização. A partir de então, a mulher passou a reivindicar ao homem participação no cuidado com os filhos.

Com a importância atribuída à educação como meio para modernização, o Brasil precisou fazer muitas mudanças para diminuir o alto índice de analfabetismo e a exclusão das mulheres no campo da educação. Foi necessária a construção de novas escolas e ampliação do número de professores para atender essa demanda (CAMPOS, 2010).

O investimento na educação feminina no século XIX estava voltado para interesses relacionados aos cuidados com os filhos, pois a mulher era considerada a principal educadora da infância e para isso precisava estar bem

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instruída (CAMPOS, 2010). Além disso, foi atribuída à mulher a função de anfitriã, como esposa modelo e boa mãe, ela era a representante da boa imagem e para isso não podia ser analfabeta (D’INCAO, 2002; MANOEL, 1996 apud CAMPOS, 2010).

Campos (2010) aponta que a educação feminina era muito dispendiosa, pois necessitava de adequações tanto nos currículos, como na criação de escolas para as meninas e na contratação de educadoras, mas era a camada mais pobre quem sofria com a falta de amparo educacional, pois as camadas altas da sociedade contratavam educadoras e as filhas eram ensinadas em casa, enquanto isso as mulheres pobres continuavam a ser analfabetas e se ocupavam apenas das tarefas domésticas e aguardavam seu casamento.

A educação feminina representava uma ameaça, então existia forte controle sobre o que era ensinado às mulheres na intenção de que elas não ultrapassassem os limites da segurança social e não prejudicassem os lares, as famílias e os homens (MANUEL, 1996 apud CAMPOS, 2010).

O conteúdo ensinado para as mulheres das classes mais baixas tinha como função apropriação de um conhecimento que pudesse ser útil ao seu sustento como costurar, bordar, lavar e cozinhar. Posteriormente, as mulheres começaram a se profissionalizar para serem professoras, formarem-se professoras era bem aceito pela sociedade, pois era considerada uma extensão do papel de mãe (MATOS, 2005 apud CAMPOS, 2010).

A partir da segunda metade do século XIX as mulheres intensificaram suas lutas na busca por mais condições de profissionalização, bem como para exercerem funções remuneradas para diminuir a subordinação financeira em relação aos homens garantindo a elas mais autonomia e liberdade, desvinculando o papel da mulher como atribuído ao cuidado da casa e da função de serem mães (CAMPOS, 2010).

Com o advento dos métodos contraceptivos as mulheres ganharam autonomia para decidir sobre a maternidade, elas agora tinham o poder de decidir quando e se queriam ter filhos, foi possível dar prioridade à carreira profissional além de outros objetivos pessoais (CAMPOS, 2010).

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3.1.4. A Mulher e o Mercado de Trabalho

O processo do trabalho humano passou por diversas transformações ao longo da história, homens e mulheres sempre estiveram inseridos em algum tipo de atividade e tiveram a sua mão de obra marcada por significativas transformações. Nessas transformações, as mulheres historicamente sempre estiveram em desvantagem em relação aos homens em virtude da ideologia passada de que os homens tinham superioridade em relação às mulheres (DE TONI, 2003; KON, 2005 apud MALUF, 2009).

Devido às transformações sociais, culturais e demográficas ocorridas no século XX houve relativo impacto para o aumento da mão de obra feminina como a redução da taxa de fecundidade que causou diversas transformações na sociedade como o número cada vez menor de membros na família, o envelhecimento da população, o número maior da expectativa de vida ao nascer para as mulheres em relação aos homens e o crescente aumento do número de mulheres provedoras dos seus lares e chefes de família (BRUSCHINI, 2007 apud MALUF, 2009).

Além das mudanças sociais ocorridas, o ingresso nas universidades possibilitou às mulheres qualificação e consequentemente acesso a novas possibilidades de trabalho. Essas transformações além de possibilitar o crescimento da população feminina no mercado de trabalho transformaram o tipo de atividade feminina para além do campo doméstico (BRUSCHINI, 2007 apud MALUF, 2009).

O perfil das mulheres no mercado de trabalho tem se modificado ao longo dos anos, passaram de mulheres jovens, solteiras e sem filhos, para um perfil de mulheres mais velhas no mercado de trabalho. Apesar de todas as transformações ocorridas ao longo da história nas funções atribuídas às mulheres, elas ainda continuam sendo as principais responsáveis pelo cuidado da casa, das atividades domésticas e cuidado com os filhos, o que evidencia múltiplas jornadas de trabalho e sobrecarga para as mulheres (BRUSCHINI, 2007 apud MALUF, 2009).

Maluf (2009) relata que com o acesso das mulheres às universidades e consequentemente expansão da sua escolaridade as trabalhadoras

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representam escolaridade superior aos trabalhadores. A inserção da mulher com mais instrução no mercado de trabalho representa o maior progresso alcançado pelas mulheres em relação ao seu histórico de luta pela participação no mercado.

A inserção da mulher no mercado de trabalho engloba uma gama de ocupações em se tratando do mercado formal, o que compreende desde médicas, advogadas, engenheiras, dentre outras, esse fato ocorreu devido a variados fatores como:

O ingresso das mulheres nessas ocupações teria se dado como resultado da convergência de vários fatores. De um lado, uma intensa transformação cultural, a partir do final dos anos 60 e, sobretudo, nos 70, na esteira dos movimentos sociais e políticos dessa década, impulsionaram as mulheres para as universidades, em busca de um projeto de vida profissional e não apenas doméstico. A expansão das universidades públicas e, principalmente, privadas, na mesma época, foi ao encontro desse anseio feminino. De outro lado, a racionalização e as transformações pelas quais passaram essas profissões abriram novas possibilidades para as mulheres que se formaram nessas carreiras, ampliando o leque profissional feminino para além das profissões tradicionais (BRUSCHINI, 2007 apud MALUF, 2009 p. 60).

Mesmo com altos níveis de escolarização e a inserção da mão de obra feminina cada vez mais crescente e qualificada no mercado de trabalho, ainda há desigualdades das mulheres em relação aos homens, fato evidenciado através da persistência das responsabilidades femininas com o cuidado com a casa e com os filhos, o que evidencia um número elevado de horas trabalhadas e sobrecarga de tarefas, além das desigualdades do mercado de trabalho, onde a remuneração masculina ainda é superior à feminina (MALUF, 2009).

Apesar das conquistas ao longo da história e a transformação nas funções atribuídas às mulheres e sua entrada no mercado de trabalho ocupando cargos de poder, muitas mulheres não romperam com o modelo tradicional feminino, no que se refere à responsabilidade pela maternidade, elas ainda sonham em serem mães. Desse modo, a mulher está encarregada da tarefa de conciliar dois pilares importantes na sua vida, o sucesso profissional e a maternidade (MALUF, 2009).

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O entendimento de maternidade está vinculado aos aspectos internos, ou seja, aos fatores individuais, e aos aspectos culturais em que o indivíduo está inserido. Sendo assim, esse entendimento acompanha e se transforma conforme a dinâmica da sociedade. Desse modo, a ideia do que é a maternidade sofreu transformações ao longo da história (CORREIA, 1998).

Conforme a autora citada, até meados do século XVIII a relação mãe e bebê não estava ligada a vínculos afetivos, e práticas como o infanticídio e o abandono eram recorrentes em ocasiões de miséria, criança indesejada e para controle do número de filhos (CORREIA, 1998).

O século XVIII consolida um novo marco da relação mãe e bebê, Correia (1998) aponta que esse período marca o início de uma nova imagem dada às mães; elas passam então a ser responsáveis pelo cuidado dos filhos, a relação mãe e bebê, anteriormente desprovida de vínculo afetivo, passa a ser vista como de responsabilidade da mãe e esta deveria se dedicar e se sacrificar em função do bem estar da criança; e um dos fatores para essa ligação afetiva foi à mãe passar a amamentar o filho, o que antes era feito pelas amas de leite.

A partir da aproximação afetiva das mães com os seus filhos houve grande repercussão na vida das mulheres, se por um lado elas puderam exercer a maternidade de modo prazeroso, por outro lado houve a pressão sobre as mulheres para se tornarem mães mesmo quando a maternidade não fazia parte do seu desejo (CORREIA, 1998).

Segundo Kitzinger (1996 apud JACOBSEN, 2014) a palavra maternidade normalmente está associada a outros conceitos como amor materno, instinto materno, além disso, a maternidade é entendida dentro do contexto sociocultural da vivência humana; sendo assim, o seu significado acompanha as transformações ocorridas na sociedade.

Levando em conta o entendimento da maternidade associada aos cuidados maternos, existe a vinculação do cuidado com a criança como atribuição da mulher (JACOBSEN, 2014). Outros autores compreendem a maternidade como um fenômeno social e não como um algo inato à mulher,

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dessa forma, ela estaria vinculada a um processo de aprendizagem (FIDALGO, 2003; KITZINGER, 1996 apud JACOBSEN, 2014).

Em relação ao surgimento do conceito de maternidade, Jacobsen aponta que “surgiu na época vitoriana, com a intenção de valorizar o papel da mulher na sociedade através de sua função materna – um papel de superioridade que lhe foi dado pela natureza” (JACOBSEN, 2014, p. 12). Nessa conceituação a maternidade é entendida como condição inata as mulheres, fato contestado por autores como Badinter (1985).

Para Badinter (1985) o amor materno é um mito, que assim como qualquer outro sentimento humano é considerado frágil e imperfeito. Mas ainda há autores com uma visão mais tradicional da maternidade, que alegam a maternidade como inata onde à mulher tem papel exclusivo (FAVARO, 2007 apud JACOBSEN, 2014).

Com as transformações ocorridas na sociedade, a mulher foi ganhando autonomia em relação as suas escolhas, dentre elas a de tornar-se mãe. Desse modo, atualmente a maternidade faz parte de uma decisão que corresponde à vontade das mulheres (KUDE, 1994 apud JACOBSEN, 2014). Nesse sentido:

A maternidade deixou de ser vista pela mulher, pelo menos em algumas sociedades, como uma fatalidade, para passar a ser encarada como algo que se insere no âmbito da liberdade de escolha, já que os avanços da medicina e da tecnologia permitem à mulher a possibilidade de ser mãe mais tardiamente ou até mesmo ser mãe sem a intervenção direta de um homem, podendo a maternidade ser uma experiência materna unilateral (LEITE, 1996 apud JACOBSEN, 2014 p.14).

Para Scavone (2001 apud JACOBSEN, 2014) a decisão pela maternidade ocorre devido a variados fatores desde o biológico ao social. As mudanças ocorridas na sociedade permitiram à mulher viver um novo modelo de maternidade desvinculado da obrigatoriedade de ser mãe, agora associado a uma escolha da mulher.

As questões relacionadas à maternidade sempre estiveram presentes na vida das mulheres; durante muito tempo o conceito de ser mulher esteve associado ao conceito de mãe; porém isso foi sendo alterado quando a mulher passou a ocupar outras funções para além do cuidado da casa e dos filhos; ela

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buscou qualificação profissional, se inseriu no mercado de trabalho e começou a exercer funções de importância e poder na sociedade. Mas ainda se espera que a mulher exerça a maternidade e diante desse fato, algumas mulheres revelam sentimentos ambíguos em relação à maternidade, onde o desejo da realização profissional acompanha o desejo de ser mãe, e a mulher precisa optar pelo que acredita como prioridade ou tentar conciliar carreira e maternidade (JACOBSEN, 2014).

Nesse sentido, entre as possibilidades encontradas pelas mulheres estão os recursos da medicina, que têm possibilitado à mulher optar pela maternidade tardia, o que permite a ela tempo para se qualificar profissionalmente e se inserir no mercado de trabalho (MALUF, 2009).

Atualmente, a decisão de se ter um filho é tomada a partir de uma análise relacionada a diversos fatores da vida da mulher, como os profissionais e financeiros, e ocorre como um projeto de vida da mulher que com o auxílio dos métodos contraceptivos ela pode decidir quando e se quer ter filhos (CORREIA, 1998).

Nesse sentindo, tem se tornado cada vez mais recorrente o número de mulheres que estão optando pela maternidade tardia. Essa escolha pode ocorrer a partir de variadas motivações como questões relacionadas ao trabalho, financeiras, dificuldade para engravidar, além de fatores internos como a indecisão pela escolha de ser mãe e o momento ideal para exercer a maternidade (JACOBSEN, 2014).

Além disso, a opção por tornar-se mãe pode vir acompanhada de sentimentos diversos como culpa pela dificuldade de engravidar devido à idade avançada, pelos riscos de a criança nascer com alguma deformidade, e a chance ainda menor de conseguir ter outros filhos (RODRIGUES, 2008).

Por outro lado, a mulher pode considerar seu amadurecimento emocional e estabilidade financeira fatores positivos para a vinda de uma criança, e esse momento ser vivenciado de modo positivo (RODRIGUES, 2008).

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Segundo Rios-Lima (2013) não há consenso na literatura sobre o conceito exato de idade materna avançada:

Muitos autores têm usado a expressão “idade materna avançada” para definir a gestação em mulheres com trinta e cinco anos ou mais; porém, alguns estudiosos a têm adotado para determinar a gravidez naquelas com quarenta anos ou mais. Recentemente, foi introduzida a expressão “idade materna muito avançada”, para se referir às gestantes com idade a partir de quarenta e cinco anos (RIOS-LIMA, 2013, p. 44).

Conforme Shupp (2006 apud RIOS-LIMA, 2013) o aumento da idade materna para quarenta anos ou mais é um fenômeno mundial que está relacionado com várias mudanças ocorridas ao longo da história, como as mudanças dos padrões familiares nas diversas esferas da vida cotidiana.

A partir dos 35 anos de idade a mulher passa a ter mais dificuldade para engravidar, devido ao seu relógio biológico. A mulher nasce com um número restrito de óvulos, que vão amadurecendo com o passar dos anos e a partir dessa idade ocorre um declínio da fertilidade (VERSELLINI; ZULIANE; ROGNONI; TRESPIDI; OLDANI e CARDINALE, 1992 Apud GOMES et al., 2008).

Conforme Lima (2012), a mulher apresenta maior fertilidade entre os 20 e 25 anos, mas as mulheres não estão planejando a gravidez nessa idade. Nas idades entre os 35 a 40 anos elas podem ter maior dificuldade para engravidar de modo natural e a partir dos 40 as chances da mulher engravidar de modo natural são mínimas, devendo recorrer aos métodos de inseminação artificial ou intrauterina ou a fertilização in vitro que costumam ser muito caros.

Rios-Lima (2013) constata que do mesmo modo que tem aumentado o número de mulheres que optam pelo adiamento da maternidade, existem aquelas que se encontram impossibilidades de exercerem a maternidade por já atingirem uma idade que não permitiu mais engravidar. A autora atenta para ilusão vivida por muitas mulheres por achar que são “superpoderosas” é conseguiriam facilmente engravidar após os trinta e cinco anos.

Com a inserção da mulher no mercado de trabalho houve mudanças significativas no modo como as configurações familiares se estabelecem; a mulher deixou de ser percebida somente como dona de casa, esposa e mãe,

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passou a ser também responsável pelo sustento da sua família. Essa mudança acarretou diversas transformações na vida das mulheres, dentre elas a autonomia para decidir o momento de tornar-se mãe, aliado a isso, o uso de métodos contraceptivos (GOMES et al., 2008).

O adiamento da maternidade ocorre devido a variadas motivações; segundo Jacobsen (2014), com a entrada das mulheres nas universidades, através da profissionalização e, consequentemente, com a ocupação de espaços, que durante muito tempo era predominantemente masculino, a maternidade foi perdendo seu lugar de prioridade. Além das motivações profissionais, outros fatores como problemas biológicos e a indecisão de ser ou não mãe influenciam nesse adiamento.

A maternidade tardia é vivenciada de formas variadas pelas mulheres; pode ser uma decisão acompanhada de sentimentos ambivalentes, para algumas, não acarreta sofrimento psíquico e é tomada com naturalidade, para outras pode ser uma decisão acompanhada de muito sofrimento, pois traz consigo uma série de questões que podem ser irreversíveis para a mulher que deseja ser mãe, mas que pretende adiar a maternidade, dentre elas, a principal relacionada aos fatores biológicos (SHELTON; JOHNSON, 2006 apud JACOBSEN, 2014).

Em relação ao fenômeno do adiamento da maternidade:

Este fenómeno demográfico pode ser atribuído a diversos fatores resultantes da alteração do papel da mulher na sociedade nos dias atuais, nomeadamente, a prioridade aos estudos e a carreira profissional. Outro fator importante resulta dos avanços da medicina que tem proporcionado à mulher o adiamento da maternidade, principalmente nos países mais desenvolvidos (JACOBSEN, 2014, p. 38).

Além dos fatores elencados, outra situação associada ao adiamento da maternidade está na priorização da carreira profissional e estabilidade financeira em detrimento do matrimônio, “tendo em consideração que no passado era comum ver mulheres nos seus 20 anos já casadas e com filhos, nos tempos atuais, numa visão geral, as mulheres passaram a pensar na construção da família por volta dos 30 anos de idade” (JACOBSEN, 2014, p.38).

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Os estudos sobre a primiparidade tardia, primeiro filho após os 35 anos de idade, ainda é tema pouco estudado, fenômeno que vem ocorrendo tendo como um dos fatores a evolução sociocultural (PARADA; TONETE, 2009; BASTOS; FARIA, 2003 apud JACOBSEN, 2014). Esse fenômeno tem se tornado cada vez mais frequente nos países desenvolvidos ou industrializados (CAROLAN; FRANKOWSKA, 2010; BLICKSTEIN, 2003; ADASHEK et al., 1993 apud JACOBSEN, 2014). Mas foi observado aumento dos casos de maternidade tardia em países em desenvolvimento, principalmente em mulheres com alto nível de escolarização e recursos financeiros (YÁNES, 2007; CHAN; LAO, 2008 apud JACOBSEN, 2014).

A escolha pelo adiamento da maternidade, mesmo com todas as motivações que favorecem a mulher, ainda aparece como uma decisão permeada por sentimentos ambivalentes, pois aliado ao desejo de serem mães as mulheres têm que enfrentar diversos desafios, dentre eles a sua condição de ser mãe tardia (JACOBSEN,2014).

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4. TRAJETÓRIA INVESTIGATIVA 4.1. Metodologia

Esta pesquisa tem como finalidade fazer um levantamento na produção científica que aborda os sentimentos que acompanham a mulher quando ela opta pelo adiamento da maternidade, além disso, discutir quais os motivos e os conflitos que podem estar presentes na tomada dessa decisão. Para tanto, este estudo se refere a uma pesquisa bibliográfica de abordagem quantitativa-qualitativa; o método quantitativo possibilitou realizar a caracterização das pesquisas por meio da descrição dos aspectos presentes nos estudos e organizar essas informações em tabelas. O método qualitativo compôs a maior parte das análises das categorias temáticas estabelecidas com base na Análise de Conteúdo proposta por Laurence Bardin.

4.1.1. Tipo de Pesquisa

Segundo Amaral (2007, p.5) a pesquisa bibliográfica consiste “no levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas à pesquisa”. Para esse autor o primeiro passo a ser executado ao se fazer um trabalho científico é verificar a disponibilidade de material publicado sobre o tema que se pretende estudar.

A revisão crítica da literatura deve ser feita no sentido de verificar se os materiais elegidos têm validade ou não, o que significa que os materiais escolhidos precisam atender a critérios e padrões metodológicos, ou seja, segundo o “rigor científico de como foi feito o trabalho” (AMARAL, 2007 p.6).

O acesso aos materiais pode ser feito manualmente, que consiste em pesquisar materiais impressos, ou através do meio eletrônico, considerado o meio mais prático de pesquisar devido à facilidade de acesso e a disponibilidade de materiais (AMARAL, 2007).

4.1.2. Abordagem da Pesquisa

Nesta pesquisa será utilizada a abordagem quantitativo-qualitativa, sobre esse tipo de abordagem segundo Malhotra (2001 apud OLIVEIRA, 2011, p. 26) “a pesquisa qualitativa proporciona uma melhor visão e compreensão do

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contexto do problema, enquanto a pesquisa quantitativa procura quantificar os dados e aplica alguma forma da análise estatística”.

Nesta pesquisa, embora seja utilizada a abordagem quantitativa, a ênfase será maior na qualitativa. A abordagem qualitativa “trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis” (MINAYO, 2001, p.7).

Minayo (2001) aponta que a abordagem qualitativa compreende a questão dos significados das ações e relações humanas, aquilo que não pode ser quantificado em procedimentos estatísticos. Entretanto, isso não significa que exista uma oposição entre os métodos qualitativos e quantitativos, pois eles fazem parte de um processo dinâmico e se complementam.

4.1.3. Critérios de Inclusão e Exclusão Critérios de Inclusão

 Número máximo de 10 estudos;

 Estudos que contemplem a temática da maternidade tardia;

 Estudos voltados para as áreas de psicologia, enfermagem e economia doméstica;

 Pesquisas de campo;

 Estudos dos últimos dez anos (2007-2017);

 Artigos, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Critérios de Exclusão

 Estudos voltados para outras áreas do conhecimento que não a psicologia, enfermagem e economia doméstica;

 Estudos bibliográficos;

 Estudos publicados anteriormente a 2007;  Livros e capítulos de livros.

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A partir dos critérios de inclusão e exclusão foi feita a busca pelos estudos com o objetivo de verificar as publicações existentes sobre a temática da maternidade tardia e eleger os estudos pertinentes à análise.

Para seleção dos estudos, utilizaram-se as bases de dados: SCIELO; PEPSIC; LILACS; BDTD; BVS PSI e Google Acadêmico com os descritores: “Maternidade Tardia”; “Adiamento da Maternidade”, “Maternidade em Idade Avançada”, “Maternidade e Sentimentos”.

Na primeira busca nas bases de dados SCIELO com o descritor “Maternidade Tardia” apareceram 15 resultados, nenhum desses materiais foi selecionado, pois não correspondiam aos critérios estabelecidos para seleção do material. Foi feita outra busca utilizando o descritor “Adiamento da Maternidade” cinco resultados foram encontrados, um texto foi selecionado, pois correspondia ao tema da maternidade tardia. A partir de outra busca com o descritor “Maternidade em Idade Avançada” foram encontrados cinco artigos, mas nenhum deles foi selecionado, pois não correspondiam ao tema da maternidade tardia. Por fim, ainda na base de dados SCIELO foi feita outra busca com o descritor “Maternidade e Sentimentos”; foram encontrados sessenta e dois artigos, mas nenhum foi selecionado por não corresponder ao tema de pesquisa.

Na base de dados PEPSIC na primeira busca com o descritor “Maternidade Tardia” apareceram três artigos, um deles foi selecionado. Na segunda busca com o descritor “Adiamento da Maternidade” apareceram três textos, um deles já havia sido selecionado pela base de dados SCIELO, os outros dois não correspondiam aos critérios estabelecidos, desse modo, não foram selecionados. Foi feita outra busca com os descritores “Maternidade em Idade Avançada”, nenhum resultado apareceu. Em outra busca utilizando os descritores “Maternidade e Sentimentos” apareceram vinte e três resultados, um deles já havia sido selecionado nessa mesma base de dados quando foi pesquisado com outros descritores, os demais artigos não correspondiam ao tema e não foram selecionados.

Na base de dados LILACS utilizando os descritores “Maternidade Tardia” apareceram dois resultados, um deles já havia sido selecionado por

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outra base de dados, o outro foi descartado. Com o descritor “Adiamento da Maternidade” apareceu apenas um resultado, por não corresponder ao tema da maternidade tardia, não foi selecionado. Em outra busca utilizando os descritores “Maternidade em Idade Avançada” apareceu um resultado que não foi selecionado por se tratar de uma revisão bibliográfica, critério de exclusão na pesquisa. Com os descritores “Maternidade e Sentimentos” apareceram três resultados, nenhum foi selecionado por não corresponder aos critérios da pesquisa.

Na base de dados BDTD com os descritores “Maternidade Tardia” apareceram dezoito resultados, cinco foram selecionados. Com os descritores “Adiamento da Maternidade” apareceram nove resultados, dois textos já haviam sido selecionados na busca com outros descritores, os demais foram descartados. Utilizando os descritores “Maternidade em Idade Avançada” apareceram oito resultados onde três já haviam sido selecionados utilizando-se outros descritores, os demais foram descartados. Outra busca foi feita com os descritores “Maternidade e Sentimentos”, quatro resultados foram encontrados, nenhum deles foi selecionado por não corresponder ao tema.

Na base de dados BVS PSI com os descritores “Maternidade Tardia” apareceram três resultados, um foi selecionado, outro já havia sido selecionado em outra base de dados e o outro texto foi descartado. Com os descritores “Adiamento da Maternidade” apareceram quatro resultados, um deles já havia sido selecionado, os demais foram descartados. Com os descritores “Maternidade em Idade Avançada” apareceu um resultado, não foi selecionado. Em outra busca utilizando os descritores “Maternidade e Sentimentos” três resultados foram encontrados, nenhum deles foi selecionado.

Outra busca foi feita na base de dados Google Acadêmico com os descritores “Maternidade Tardia”, apareceram dezenove resultados, quatro já haviam sido selecionados em outras bases de dados, os demais foram descartados. Com os descritores “Adiamento da Maternidade” apareceram sete resultados, um já havia sido selecionado em outras bases de dados, os demais foram descartados. Utilizando os descritores “Maternidade em Idade Avançada” apareceram três resultados, nenhum foi selecionado. Utilizando os descritores

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“Maternidade e Sentimentos” treze resultados apareceram, nenhum foi selecionado.

Ao final das buscas foram selecionados oito textos, porém, como nos critérios estabelecidos na pesquisa o objetivo foi selecionar dez textos, foram feitas novas buscas na base de dados SCIELO com os descritores “Experiência da Gravidez” para encontrar mais dois textos. Foram encontrados nove textos, um deles foi selecionado.

Foi feita outra busca na revista “Corpus et Scientia” utilizando os descritores “Gravidez após os 35”, foi encontrado um texto o qual foi selecionado, totalizando assim os dez textos.

4.1.5. Análise dos Dados

A análise dos dados obtidos nesses estudos será feita utilizando-se a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin. Para essa autora, a análise de conteúdo aparece como um “conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” (BARDIN, 1977, p. 38).

Esta análise é organizada em três fases: a pré-análise; a exploração do material; o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação (BARDIN, 1977, p.95).

A pré-análise corresponde ao processo de organização; tem como objetivo sistematizar as ideias iniciais. Essa primeira etapa possui três missões: “a escolha dos documentos a serem submetidos à análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final” (BARDIN, 1977, p.95).

A exploração do material consiste no processo de análise propriamente dito é “a administração sistemática das decisões tomadas, uma análise longa e fastidiosa, consiste essencialmente de operações de codificação” (BARDIN, 1977, p. 101).

O Tratamento dos Resultados Obtidos e a Interpretação representam a última fase. Para Bardin “os resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos e válidos”. Além disso, “os resultados obtidos, a confrontação sistemática com o material e o tipo de inferências alcançadas,

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podem servir de base a uma outra análise disposta em torno de novas dimensões teóricas, ou praticada graças a técnicas diferentes” (BARDIN, 1977 p. 101).

Dessa forma, tendo como fundamentos norteadores a análise das etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos, propostas por Bardin (1977), foram construídas tabelas, nas quais constam informações com as características gerais presentes nos estudos, além das categorias que foram identificados na exploração do material bibliográfico.

A partir da leitura dos materiais selecionados foram construídas as seguintes categorias de análise: Aspectos positivos e negativos da maternidade tardia; Sentimentos da mulher que opta pela maternidade tardia; Principais motivos que levam a mulher a adiar a maternidade; e Conflitos que acompanham a decisão pela maternidade tardia. Com base nas categorias de análise citadas, fez-se a discussão com a literatura científica que aborda sobre o tema da maternidade tardia.

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5. DISCUSSÃO DO MATERIAL BIBLIOGRÁFICO

Neste capítulo são apresentadas dez tabelas com as informações presentes nos estudos. Fez-se uma síntese desses dados a fim de realizar a caracterização geral dos materiais que foram selecionados. E a partir das categorias estabelecidas, realizou-se a discussão dos textos selecionados tendo como fundamento a revisão literária que aborda a temática da maternidade tardia.

5.1. Caracterização dos Materiais Selecionados 5.1.1. Estudos Selecionados

TABELA 1: Estudos Selecionados

TÍTULO AUTORES

Um estudo sobre a maternidade tardia e sua relação com a individuação feminina Helena Catharina Lyrio de Carvalho Vivências da Maternidade Tardia, Cotidiano e qualidade de vida: A perspectiva

feminina

Maria Cristina Rodrigues Mulheres e Maternidade Tardia: Por que agora? Marina Simas de Lima Um estudo sobre o adiamento da maternidade em mulheres contemporâneas Maria Galrão Rios-Lima Experiências na maternidade de primíparas tardias: um estudo qualitativo Eliana de Andrade Flores Jacobsen Maternidade: novas possibilidades, Antigas visões Patrícia Zulato Barbosa

Maria Lúcia Rocha-Coutinho A Multiplicidade de Papéis da Mulher Contemporânea e a Maternidade Tardia Manuela Nunes Lopes

Letícia Lovato Dellazzana-Zanon Mariana Gonçalves Boeckel Experiência da gravidez após os 35 anos de mulheres com baixa renda Cristina Maria Garcia de Lima Parada

Vera Lúcia Pamplona Tonete Gravidez após os 35: uma visão de mulheres que viveram essa experiência Renata Bastos de Oliveira

Danielle de Paula Galdino Claudia Valéria Cunha Eva de Fátima Rodrigues Paulino Gravidez tardia: relações entre características sociodemográficas, gestacionais e

apoio social

Welyton Paraíba da Silva Sousa Eulália Maria Chaves Maia Maria Aurelina Machado Oliveira

Thaislla Ingrid Souza Morais Paulo Sergio Cardoso Elania Cristina Silva de Lira Helba Midiam dos Anjos Melo

Fonte: Própria pesquisadora

A Tabela 1 mostra que dos dez estudos selecionados, apenas o texto de Sousa et al. (2016) sobre a “Gravidez tardia: relações entre características sociodemográficas, gestacionais e apoio social” tem a participação de autores masculinos, os demais textos são todos produzidos exclusivamente por mulheres. Esse dado é relevante na medida em que não foi um critério de inclusão.

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5.1.2. Objetivos dos Estudos TABELA 2: Objetivos dos Estudos

AUTORES OBJETIVOS

Carvalho (2014) Investigar, à luz da Psicologia Analítica, o fenômeno da maternidade tardia e sua relação com o processo de individuação feminina. Além disso, analisar os determinantes psicológicos do adiamento da primeira gestação. Buscar compreender qual é a vivência do próprio processo de desenvolvimento a partir do nascimento do primeiro filho após os trinta e cinco anos de idade. Rodrigues (2008) Analisar a percepção de mulheres que vivenciaram a maternidade tardia

sobre as mudanças no seu cotidiano e na sua qualidade de vida e na de suas famílias.

Lima (2012) Estudar a maternidade entre mulheres acima dos 40 anos, seus significados e suas implicações em confronto com o tempo biológico e a carreira profissional.

Rios-Lima (2012) Investigar o fenômeno do adiamento da maternidade na sociedade atual, com base na vivência de mulheres de dois diferentes grupos que optaram por ter o primeiro filho depois dos 35 anos: aquelas que conseguiram e aquelas que não.

Jacobsen (2014) Investigar as experiências da primeira gravidez em mulheres com idade considerada tardia. Além disso, (1) compreender o significado de ser mãe; (2) investigar os aspetos da primiparidade e da idade tardia sentidos pela mulher e (3) analisar os fatores do adiamento da maternidade nessas mulheres.

Barbosa e Coutinho (2007) Melhor entender como as mulheres estão encarando a maternidade, bem como a opção de adiá-la e/ou não ter filhos e qual o papel da carreira profissional em suas vidas.

Lopes, Zanon e Boeckel (2014) Investigar qualitativamente: (a) os múltiplos papéis exercidos pela mulher contemporânea e (b) qual a relação da multiplicidade de papéis exercidos pela mulher com a maternidade tardia.

Parada e Tonete (2009) Apreender as representações sociais sobre a gravidez após os 35 anos, a partir de mulheres com baixa renda que vivenciaram essa experiência. Oliveira et al. (2011) Identificar o enfrentamento de mulheres que passaram pela experiência de

engravidar tardiamente, seus medos, seus anseios, suas descobertas, tristezas e alegrias.

Sousa e Maia et al. (2016) Averiguar possíveis relações entre o apoio social e variáveis sociodemográficas e gestacionais em gestantes tardias.

Fonte: Própria pesquisadora

Os estudos selecionados procuraram investigar a vivência da maternidade em idade avançada relacionada a variadas questões como pode ser observado na Tabela 6 que trata dos objetivos dos textos elegidos.

A pesquisa de Carvalho (2014) procura investigar a relação entre a maternidade tardia e o processo de individuação feminina. Dessa forma, a autora define como individuação “o processo por meio do qual tal identidade se forma” (CARVALHO, 2014, p. 18). Para tanto, ela utiliza como perspectiva teórica de análise os fundamentos da Psicologia Analítica.

O estudo realizado por Rodrigues (2008) tem como objetivo analisar sob a perspectiva de mulheres que vivenciaram a maternidade tardia se houve

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mudanças no cotidiano e na qualidade de vida dessas mulheres, bem como na de suas famílias. A autora parte da constatação de que o fenômeno da maternidade tardia ainda é tema pouco explorado em relação às consequências desse adiamento vivenciado pela mulher e que, portanto é importante entender como esse fenômeno vem ocorrendo na atualidade.

No estudo feito porLima (2012) ela procura estudar os significados da maternidade para mulheres acima dos 40 anos, bem como as implicações decorrentes do confronto entre o relógio biológico e a carreira profissional. A autora parte da constatação de que muitas mulheres vivem o conflito entre a carreira e a maternidade, e como solução acabam por deixar a maternidade para segundo plano.

Rios-Lima (2012) realizou um estudo sobre o fenômeno da maternidade na sociedade atual com base na vivência de dois grupos de mulheres, as que decidiram adiar a maternidade e conseguiram ter filho e as que também optaram pela maternidade tardia, mas que até o momento da pesquisa ainda não tinham conseguido ter filho. Para a autora, é uma ilusão acreditar na capacidade de engravidar em idades muito avançadas, porém, a autora constata que muitas mulheres acreditam possuir total controle sobre a fertilidade, o que acaba por gerar sofrimento naquelas que não conseguem engravidar.

Jacobsen (2014) procurou no seu estudo investigar a experiência da primeira gravidez para mulheres em idades consideradas avançadas, bem como o significado de ser mãe para essas mulheres e quais os fatores motivadores para o adiamento da maternidade. A autora constata que a vivência da maternidade se constitui como um fenômeno complexo, que além da mulher passar por um processo de desorganização interno, ressoa também no companheiro e na família.

Barbosa e Coutinho (2007) realizaram um estudo com o objetivo de entender a visão das mulheres a respeito da maternidade, bem como a opção pelo seu adiamento ou a escolha pelo não exercício da maternidade; além disso, procuram entender qual o papel da carreira profissional na vida dessas mulheres. As autoras verificam que a coexistência das exigências sociais e da

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