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Um elemento que se torna notório na busca por compreender ou explicar o fenômeno da Educação a Distância (EaD) é o fato dessa terminologia não ser suficientemente abrangente para delimitar sua definição/concepção. Essa modalidade de ensino e de aprendizagem possui inúmeras possibilidades de transmissão do conhecimento, o que dificulta o estabelecimento de uma especificidade.

É importante que se tenha em vista que, o ensino a distância representa um novo fato em vários aspectos, não somente para a educação, mas também para as relações de trabalho que são estabelecidas. Para tanto, nesse momento inicial, cabe apresentar algumas considerações sobre o que se entendes por Educação a Distância (EaD), visto estar-se situado nesse território a ser desbravando.

A Educação a Distância (EaD) representa um termo genérico que incorpora inúmeras estratégias e abordagens de ensino e de aprendizagem. Um ponto que se pode considerar como central, na tentativa de compreensão desse fenômeno, refere-se à relação entre os termos distância e comunicação, conforme proposição estabelecida por Birochi e Pozzebon (2011). Os autores em questão utilizam-se da concepção de distância, trazida por Holmberg e Moore e da definição de comunicação, exposta por Keegan e Garrisson, autores esses considerados teóricos clássicos da modalidade educacional em questão.

O primeiro autor, Holmberg (1995), fala acerca de uma separação física (tempo e espaço) entre professor e aluno. Essa distância convoca a necessidade de estratégias para preencher a lacuna entre eles. Nesse sentido, é criada uma forma de comunicação não contígua, (termo do autor citado), que ajude na recriação de um ambiente de ensino e de aprendizagem semelhante aos espaços convencionais das salas de aulas. A comunicação interpessoal surge como uma das principais estratégias para suprir esse aspecto, pois ela viabiliza a construção do diálogo entre docente e discente, um elemento primordial do processo educacional.

A palavra transaction (transacional) é usada por Moore (1993), como nomenclatura específica associada ao termo distância. Tal nomenclatura se refere a uma combinação de dois elementos fundamentais nesse processo: o diálogo e a estrutura. O autor citado afirma que, o aumento do diálogo entre professor e aluno viabiliza a diminuição do aspecto transacional entre esses personagens centrais do âmbito educacional. Considerando a distância entre esses agentes, diante das especificidades próprias da EaD, esse aspecto se torna fundamental no cenário educacional.

Nessa visão, há o encorajamento, por parte de Moore (op. cit.), da comunicação entre o professor e o aluno, por meio da construção de um diálogo. Esse elemento propicia a redução do distanciamento transacional entre essas personagens. Além disso, ele critica aqueles programas estruturados de forma rígida; já que favorecem o aumento da distância entre esses indivíduos e dificulta, consequentemente, o processo de ensinar e aprender (RABELLO, 2007).

A palavra comunicação, assim como o termo Educação a Distância (EaD), incorpora uma ampla possibilidade de significados, cuja opção pelo campo depende do uso e da aplicação. Nesse âmbito, destaca-se a teoria de Keegan (1996), cuja proposta se refere ao conceito da Reintegração dos Atos de Ensino e Aprendizagem.

Para ele, a comunicação assume um papel de interação entre ensino e aprendizagem. Nessa perspectiva, há uma característica fundamental da Educação a Distância (EaD) que é a separação entre os atos de ensino e os atos de aprendizagem, tendo em vista uma desterritorialização do tempo e do espaço nesse modelo educacional. Para que haja a efetivação desse processo (uma educação bem sucedida) deve existir uma reintegração desses atos em questão (KEEGAN, 1996).

A reunificação entre ensino e aprendizagem se daria, assim, a partir da aproximação entre os atores sociais: docente e discente. Essa interação (intersubjetividades) propiciaria a criação de um ambiente semelhante a uma sala de aula convencional, favorecendo, desse modo, o processo de educação. Em outras palavras, Keegan (1996), ressalta o aspecto da comunicação interpessoal como um denominador comum para a criação do vínculo entre ensino e aprendizagem.

Outra perspectiva que se optou por abordar condiz com a teoria da Bi- directional (comunicação bidirecional) trazida por Garrison (2000), segundo o qual, o docente necessita estar presente nessa relação de ensino e aprendizagem. Para isso, o autor citado defende de que é imprescindível que existam recursos e/ou meios (tecnologias de informação e comunicação) que lhes permitam desempenhar esse movimento interacional, ou seja, essa comunicação bidirecional.

Uma característica que precisa ser salientada quanto às considerações Garrison (2000) refere-se à importância do aspecto tecnológico no processo de concepção da Educação a Distância (EaD). O autor referido argumenta que a tecnologia não pode ser educacional, pois constitui uma base primordial para o desenvolvimento e evolução da referida prática.

Esses dois aspectos abordados nessa discussão, os termos distância e comunicação, foram aspectos tratados sob diferenciadas perspectivas, recorrendo a teóricos clássicos da área em estudo, com o intuito de criarem-se possibilidades de entendimento sobre determinados elementos que constituem a Educação a Distância (EaD).

De um lado, os autores Moore e Holmberg apresentaram uma visão que qualifica a aprendizagem como um elemento individual, proprio do discente, atribuindo, principalmente, a responsabilidade de aprender ao aluno, no que diz respeito a um processo satifatório de ensino e de aprendizagem no âmbito da Educação a Distância (EaD) (BIROCHI; POZZEBON, 2011).

Por outro lado, Keegan e Garrison, defendem uma perspectiva mais interacionista, ressaltando a importância da relação entre professor e aluno, nesse processo de ensino e de aprendizagem da Educação a Distância (EaD). Para eles, a comunicação exercida, por meio de determinados recursos, favorece o

compartilhamento da responsabilidade dos atores sociais que compõe essa realidade educacional (BIROCHI; POZZEBON, 2011).

O importante a ser destacado, nesse momento, é o fato desses autores, intitulados clássicos, contribuírem com elementos que ajudaram a pensar acerca do que seja Educação a Distância (EaD). Nesse sentido, não se pode desfavorecer um ponto de vista em detrimento do outro, mas, pelo contrário, devem-se agregar possibilidades quanto à compreensão desse fenômeno em questão.

Seguindo essa mesma linha de pensamento, apresentam-se outras perspectivas mais contemporâneas que reúnem características que dialogam com esses teóricos clássicos na tentativa de definição do que seja Educação a Distância (EaD).

Este âmbito educacional é concebido, por Mill (2012), como uma modalidade da área da Educação, cujo aspecto fundamental é a proposta de ensino e aprendizagem, sem que o professor e o aluno precisem estar geograficamente no mesmo tempo e espaço.

Tais adjetivos, conforme Mill (2006) têm por base elementos considerados imprescindíveis na tentativa de se definir a Educação a Distância (EaD):

• A EaD deve ser vista como uma modalidade educacional que reúne ensino e aprendizagem e, não apenas, uma outra;

• A separação entre professor e aluno, não necessariamente geográfica, representa uma característica marcante dessa estrutura educacional

• A construção da relação interpessoal entre professor e aluno se alicerça como um importante fator para o desenvolvimento do processo de ensino e de aprendizagem na EaD

• A utilização de recursos técnicos (a exemplo das TICs), se constitui uma peça fundamental para o processo de interação entre os envolvidos na Educação a Distância (EaD).

A Educação a Distância é uma modalidade que deve ser vista como algo complexo e dinâmico. Essa nova configuração de ensino e aprendizagem criou distintas formas de relacionamento, baseadas em movimentos de cooperação e colaboração entre os envolvidos nesse processo. A interação, diante disso, ocupa um lugar de destaque nessa estrutura organizacional (MILL, 2012).

Para Preti (1996) e Belloni (2003), a Educação a Distância (EaD) consiste numa relação educativa estabelecida entre professor e aluno, que ocorre em momentos e espaços distintos do ensino presencial, ressaltando a importância das diferenciadas metodologias (correspondência, rádio, televisão, internet), como suporte desse processo. Além disso, reforçam que essa modalidade de ensino e aprendizagem não deve ser compreendida, apenas, como um instrumento, mas como prática educativa relevante.

Trazidas essas considerações sobre a Educação a Distância, por meio da ideia de distância e comunicação, torna-se importante mencionar outra teoria que se encontra subjacente a esses dois aspectos: a Teoria da Industrialização, formulada por Peters (1967). Essa conceituação representa um arcabouço teórico que propõe compreender a estrutura que forma a Educação a Distância (EaD) com base nas características presentes na produção industrial de bens.