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Antes de explicar o funcionamento da Universidade Aberta do Brasil, cabe apresentar alguns elementos que caracterizam o paradigma da Educação aberta, uma vez que esse modelo pedagógico forneceu importantes subsídios, tanto para o aprimoramento do ensino a distância quanto para própria criação da UAB.

A terminologia Educação Aberta, assim como o termo Educação a Distância (EaD), envolve diferenciadas concepções. Ela é compreendida com base na composição das práticas que a qualificam, ou seja, elas são delimitadas por meio de aspectos, tais quais: contexto, escolha dos métodos pedagógicos e período histórico, no qual essas atividades são operacionalizadas.

De acordo com Santana, Rossini e Pretto (2012), a concepção de educação aberta é diversificada, por apresentar um número variado de configurações educacionais. Desse modo, essa terminologia, em si, acolhe variados significados, a

depender da proposta metodológica a ser aplicada. A ‘aprendizagem aberta’ (1970), comumente utilizada naqueles processos de ensino e aprendizagem que envolvem o auxílio de recursos tecnológicos; a ‘aprendizagem virtual’ (1990), que se refere àquelas estruturas educacionais elaboradas especificamente para serem desenvolvidas mediante a utilização de mídias digitas e o ‘mobile Learning’ (1990), modalidade de ensino a distância adequada ao uso de dispositivos portáteis: notebook, telefone móvel, podem ser considerados exemplos dessa polissemia em questão.

Os cursos ofertados na Educação Aberta (EA) são flexíveis e maleáveis, apresentando uma grade acadêmica estruturada conforme a demanda dos alunos. Esse paradigma educacional visa direcionar seu campo de atuação, em vista das necessidades de ensino e aprendizagem do estudante, ou seja, de uma forma individualizada, no que diz respeito às avaliações, instruções, acompanhamentos e materiais pedagógicos (elaborados especificamente para esse fim) (PIMENTEL, 2006).

Os sistemas de educação aberta, de maneira geral, tendem a apoiar-se em uma metodologia centrada no aluno (SANTOS, 2009). O material do curso costuma ser especialmente elaborado para atender às necessidades de quem estuda sozinho, contendo, portanto, uma linguagem específica para motivar a aprendizagem individualizada. Todos os materiais extracurriculares geralmente ficam disponibilizados aos estudantes para fácil acesso, seja por meio de textos impressos enviados pelo correio, CDs, DVDs, kits de experimentos ou, atualmente, em websites e plataformas de aprendizagem virtual na internet (SANTANA, ROSSINI; PRETTO, 2012, p. 78-79).

Conforme os autores referidos, na Educação Aberta (EA) o estudante pode estudar em diferenciados ambientes, tais como: sua residência, seu trabalho, ou em outro Estado ou país. Existe também a possibilidade do discente receber um apoio pedagógico de maneira presencial, em vista dos centros regionais de ensino e de aprendizagem, que são instalados de forma descentralizada (em áreas estratégicas) e interligados a uma instituição educacional considerada central.

Essa organização de ensino e aprendizagem acaba se assemelhando ao próprio conceito de Educação a Distância, que de acordo com Bates (1995), se torna a própria concretização do que a Educação Aberta se propõe.

No âmbito brasileiro, o exemplo a ser citado quanto ao paradigma da educação aberta, é o sistema da Universidade Aberta do Brasil (UAB), criado no ano de 2005. Esta instituição nasceu com o objetivo de oferecer acesso gratuito ao ensino da rede pública de Educação a Distância, representando no cenário nacional uma estratégia para

aumentar a oferta de vagas para cursos no ensino superior, reduzir as barreiras geográficas de acesso a educação e proporcionar a diminuição dos custos de manutenção dessa configuração educacional (PRETI, 2007).

A Universidade Aberta do Brasil (UAB) busca integrar aquelas Instituições de Ensino Superior Pública (IESP) tradicional, que atuavam, exclusivamente, a partir do modelo educacional presencial, ao paradigma de ensino a distância. Então, os cursos, a partir daí, seriam ofertados de duas formas: sob o regime tradicional (do tipo presencial) e mediante uma configuração à distância (MOTA; FILHO; CASSIANO, 2006).

O primeiro reconhecimento da EaD na legislação educacional brasileira ocorreu com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Art. 80 da Lei no 9.394/96, a qual permitiu que as reflexões acerca da UAB ganhassem uma importância no âmbito das prioridades do Ministério da Educação (MEC). Desse modo, a aprovação dessa lei, criada em 1996 e executada em 1998, representou um marco que insere a educação a distância (EaD), como uma modalidade educacional adequada para todos os níveis (SEGENREICH, 2009).

Destaca-se a formação da Universidade Virtual Pública do Brasil (UniRede), em 1999, como um relevante marco na consolidação da UAB, pois, esse consórcio interuniversitário já havia reunido um grupo de instituições de educação superior públicas (federais e estaduais) que tinham concordado em aderir à modalidade de educação a distância. É necessário, entretanto, mencionar que, inicialmente, houve uma forte resistência do corpo docente nacional para adesão dessa modalidade de ensino (MORAN, 2002).

No final da década de 1990, houve a primeira reunião da Universidade Virtual Pública do Brasil (UniRede), na Universidade de Brasília (UNB-Brasil), que contou com a participação de 18 universidades. As discussões permearam o campo da promoção e difusão do ensino superior no país, no sentido de ampliar a democratização do acesso à educação (graduação, pós-graduação e extensão, de forma gratuita). A UAB surgiu, portanto, como um tipo de sistema educacional integrado que permite a disseminação do ensino naquelas áreas (municípios) distantes ou isoladas/os das instituições de ensino superior (sedes) (MORA, 2009; 2006; RISCAL, 2010).

Nesse primeiro período, consta uma das primeiras experiências brasileiras que relacionou o uso da modalidade educacional à distância e o ensino superior, por meio de

um Curso de Pedagogia. O objetivo deste era formar professores que pudessem lecionar entre a 1ª e a 4ª série do Ensino Fundamental. Essa proposta foi efetivada, em 1995, pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Esse projeto apresentava uma estrutura curricular com duração de 4 (quatro) anos. As aulas eram ministradas por meio de fascículos (textos impressos) elaborados, principalmente, pelos próprios professores da instituição em questão (OLIVEIRA, 2006).

Conforme dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), de 2003 a 2006, o número de cursos a distância saltou de 52 para 349, representando um aumento de 571%, de acordo com o Censo da Educação Superior de 2006. Ainda, segundo a referida fonte, o total de alunos matriculados na modalidade em questão passou de 49 mil, no ano de 2003 para 207 mil em 2006.

Entre os anos de 2007 a 2013, segundo o instituto educacional em questão, o número de cursos de graduação a distância no Brasil aumentou de 408 para 1.258. Salienta-se que, nesses resultados estão incorporados os requisitos: Grau Acadêmico – Bacharelado, Licenciatura, Tecnológico, Bacharelado/Licenciatura e não informado. Ressalta-se, também que, nesse mesmo período, alcançou-se um crescimento no número de matrículas regulares na modalidade à distância, de 369.766 para 1.153.572. Estes dados levam em consideração os segmentos administrativos federal, estadual, municipal e privado, e os resultados presentes nas Organizações Acadêmicas – Universidades, Centros Universitários, Faculdades e Institutos Federais.