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Uma reflexão que se precisa realizar para iniciar este tópico, se refere ao fato de que, geralmente, algo é criado devido à existência prévia de uma determinada demanda. Parafraseando Constantino (2009, p. 136), a fim de explicitar essa realidade, por exemplo, ele afirma que somente "podem existir empresários, onde houver economia de mercado. Com relação à Educação a Distância (EaD), partiu-se desse pressuposto para tentar apresentar brevemente algumas considerações a respeito das mudanças socioeconômicas e políticas que justificaram o surgimento dessa modalidade de ensino e de aprendizagem.

As transformações na estrutura de trabalho, advinda da emergência do fenômeno da industrialização, representa um “divisor de águas”, no que concerne a criação da EaD no cenário mundial (SEGRERA, 2008). No final do século XIX havia a necessidade de se criar uma metodologia que propiciasse associar educação e treinamento, pois predominava a preocupação com responder rapidamente às demandas sociais dessa época marco, em que o modelo socioeconômico capitalista ganha evidência.

Como exemplo, pode-se apontar a seguinte situação: o curso de taquigrafia, oferecido por Isaac Pitman, em 1840, no Reino Unido (que mais tarde se tornaria o Sir. Isaac Pitman Correspondência Colleges). Esta situação representou a chamada geração textual, por utilizar como principal recurso os textos impressos. Os cursos ocorriam mediante o envio de materiais (livros, cartas, apostilas) que utilizavam o sistema de correios (BASTOS; CARDOSO; SABBATINI, 2000; NETO, 2012).

Além disso, cabe destacar a criação do curso de formação profissional de métodos de mineração e prevenção de acidentes em minas, no ano de 1891, por meio do Journal Mining Herald da cidade da Pensilvânia/EUA. Essa proposta, idealizada por Thomas Foster, editor do jornal citado, atingiu um resultado favorável, que o levou à produção de uma série de cursos por correspondência em vários campos profissionais (LANDIM, 1997).

No Brasil, durante o século XX, as Escolas Internacionais, possibilitaram demarcar oficialmente a instauração do ensino à distância no país. Essas instituições referiam-se a centros educacionais estruturados em filiais de uma organização norteamericana. O público desses cursos eram pessoas em busca de aperfeiçoamento profissional, tendo em vista empregos nos setores de serviços e comércio. O ensino era por correspondência e os materiais didáticos enviados pelos correios (HERMIDA; BONFIM, 2006).

Este século também marcou um período de avanços nas metodologias empregadas no ensino à distância no cenário internacional. O emprego de novas formas de comunicação em massa, aplicadas ao âmbito da área educacional produzem novas maneiras de utilização da Educação a Distância (EaD), recorrendo a gravações de áudios (rádio), programas de televisão e outros (BELLONI, 2003).

A utilização do rádio, como um meio disponibilizado para o processo de ensino e aprendizagem das pessoas, representou uma experiência satisfatória fundamentalmente durante o período da Segunda Guerra Mundial. Nessa época, os norteamericanos usaram esse tipo de mídia para capacitar seus recrutas, no que diz respeito a se habilitarem para codificar e decodificar o Código Morse13 (NUNES, 1993, 1994).

Quanto à realidade brasileira, nesse mesmo momento histórico, algumas instituições iniciaram cursos por meio da utilização do rádio. A Igreja Católica, mediante a diocese de Natal-RN, fundou no período de 1959 algumas escolas radiofônicas que, por sua vez, originaram o movimento de Educação de Base. Outras experiências no Brasil, que utilizavam esse recurso, adotavam os programas Madureza e o Projeto Minerva, que transmitiam seus conteúdos formativos através do rádio (FARIA; SALVADORI, 2010).

Ao final da década de 1960, no Brasil, aconteceu uma estagnação nos sistemas educacionais de ensino a distância, via rádio. Nessa mesma época, a televisão se torna um importante instrumento para os programas de Educação a Distância (EaD). Na década de 1950, por exemplo, certas universidades americanas já estavam usando, em seus repertórios, aulas por TV, associadas a encontros presenciais (FREITAS, 2005). 13

Um sistema de representação de letras, números e sinais de pontuação através de um sinal codificado enviado intermitentemente. Foi desenvolvido por Smuel Morse em 1835, criador do telégrafo elétrico (importante meio de comunicação a distância), dispositivo que utiliza correntes elétricas para controlar eletroímãs que funcionam para emissão ou recepção de sinais.

O uso da televisão no Brasil, em programas EaD, teve seus primeiros registros a partir de 1960 (ALVES, 2009). A Secretaria de Educação de São Paulo, em 1961 ofereceu cursos preparatórios para o Ensino Médio veiculado pela TV, por meio da TV Rio, que passou a transmitir aulas, periodicamente.

Diante deste movimento, o Código Brasileiro de telecomunicações, criado em 1967 determina que as emissoras de TV passem a incluir na sua grade de programação programas educativos. O Sistema Nacional de Radiodifusão é um exemplo nesse processo que permitiu a inclusão de uma variabilidade de programas no ar (canal aberto) (LOPES, 2011).

Torna-se importante ressaltar que o uso das metodologias de EaD no Brasil estavam associadas a um movimento que tinha por objetivo fundamental formar e capacitar professores para atuarem no Ensino Básico brasileiro. Esta medida visava intensificar o processo de alfabetização da população e, com isso, reduzir um déficit presente nas estatisticas educacionais do país (GIOLO, 2008).

O uso da internet representa outro marco importante para o desenvolvimento da Educação a Distância no cenário mundial, por possibilitar a comunicação através de diferenciados dispositivos tecnológicos (telefone móvel, computador, tablet e outros) e permitir, ainda, o acesso a banco de dados e bibliotecas virtuais, videoconferências, entre outros recursos (BELLONI, 2003; MILL, 2006).

O advento da internet, em parceria com o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TICs), criou possibilidades para facilitar o processo de gerenciamento das atividades executadas no âmbito da Educação a Distância (EaD) (avaliações, horários de abertura e fechamento do sistema, segurança nas plataformas virtuais de aprendizagem e outras) (MILL, 2012).

[…] a internet e outras tecnologias digitais trouxeram ricas possibilidades comunicacionais em tempos e espaços síncronos ou assíncronos. No âmbito da Educação a Distância, foram diversos as ferramentas e dispositivos técnicos que influenciaram (positivamente) a interatividade, fóruns de discussão, bate papo (chat), redes sociais e outros meios de interação provenientes das TICs (p. 29).

Os formatos de Educação a Distância (EaD), apresentados anteriormente, quais sejam, a correspondência, o rádio e a televisão; apresentavam, do ponto de vista didático

e pedagógico, certas limitações, principalmente, no que dizia respeito à relação que se estabelecia entre professor e aluno.

Essa nova estrutura, em que a Educação a Distância (EaD) está organizada, mediante as tecnologias da informação e comunicação (TICs), viabilizou que esse déficit apresentado nos outros formatos (correspondência, rádio e televisão) fossem minimizados. A estrutura espaçotemporal daquelas configurações convencionais de sala de aula foi transformada, de modo a permitir que a interação entre professor e aluno torne-se praticamente simultânea, superando dificuldades; tais como: realizações de avaliações, envio de dúvidas, recebimento de respostas, entre outras (MILL, 2012). A Educação a Distância (EaD), com isso, “[...] evolui rumo a propostas mais personalizadas de atendimento pedagógico entre sujeitos (professor e aluno)” (p.30).

Essa reformulação da organização espaçotemporal, propiciada nesse contexto, viabilizou uma maiora flexibilização didaticopedagógica e curricular; permitindo que a base formativa dos processos de ensino e de aprendizagem também fossem personalizados, favorecendo, dessa forma, condições que atendam aos interesses, aos estilos e às necessidades próprias de cada aluno (MILL, 2006).

Essas transformações históricas, principalmente aquelas que envolvem o avanço, promoção e difusão da internet, impulsionam a retomada do termo: educação on-line, visto a necessidade de se especificar bem essa expressão, que possui um papel fundamental no que diz respeito à delimitação do nosso campo de estudo.