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Capítulo II – Constituição da amostra

II. 1 – Aspetos gerais

Nesta etapa do processo de investigação deparamo-nos com a fase da amostragem e da construção da amostra. Corresponde a amostragem à operação que consiste em retirar determinados elementos de um conjunto mais alargado, que se pretende observar ou tratar. Neste sentido, a amostra “é o conjunto de elementos sobre os quais se recolhem efetivamente dados”, referencia Hainaut (1975, citado por Albarello, 1997:57), com a finalidade de permitir inferir acerca do seu conjunto.

No presente estudo, a amostra é constituída por elementos distintivos nas suas práticas educativas em diferentes escolas do mesmo concelho (Valongo). Corroborando da opinião de Patton (1990:169), não existem regras “quanto à dimensão da amostra nos estudos qualitativos”, esta deve ser definida tendo em conta o que se quer e porque se quer estudar, os fins e recursos disponíveis da investigação, ou seja, a amostra deve possibilitar informações válidas acerca das questões em estudo.

Sendo a nossa preocupação fundamental, a constatação de atitudes/representações dos professores do ensino regular na implementação do plano de estudos dos alunos do 2.º e 3.º ciclos a usufruir de CEI e a lecionarem neste concelho, partimos do princípio que nem todos os casos da população poderão ser estudados. Então, restringe-se a um universo em que é possível recolher e analisar casos passíveis de um estudo credível e baseado em contextos reais. A formulação desta ideia tem consistência descritiva em Hill e Hill (2002:43), quando afirma que a população ou universo define-se como “conjunto total dos casos sobre os quais se pretende retirar conclusões”. Assim, são critérios de elegibilidade desta amostra:

· Lecionar em escolas do 2.º e 3.ºciclos do concelho de Valongo

· Ser professor do ensino regular a lecionar disciplinas curriculares comuns a alunos com a medida educativa CEI.

· Ou ser professor do ensino regular a lecionar disciplinas curriculares específicas a alunos com a medida educativa CEI.

A definição dos critérios surgiu da circunstância da presente atividade letiva efetuar-se no concelho de Valongo. Daí, a proximidade e vivência desta, com a preocupação de conhecer a forma como se estabelece a prática educativa. Numa análise desta evidência, a escolha versou sobre os professores do ensino regular que lecionam as disciplinas curriculares comuns, pela relação de imediação no contexto sala de aula e no grupo/turma, no sentido de apurar como se processa a metodologia de ação educativa e qual a adequação ao perfil de funcionalidade do aluno. Uma outra escolha incidiu sobre os professores do ensino regular, que poderão não constituir o conselho de turma destes alunos, mas que são propostos para lecionarem as áreas curriculares específicas. É neste sentido, que nos interrogamos sobre a forma e o método como são implementadas e desenvolvidas as competências específicas e gerais e toda a dinâmica que é necessário estruturar para obter sucesso na sua aplicabilidade. Certamente, reconhecemos que ao aluno, quando integrado numa turma com o seu grupo de pares, é-lhe atribuído um horário correspondente às diferentes disciplinas dos professores que as lecionam. Por outro lado, mesmo os docentes que realmente constituem o conselho de turma poderão não conhecer estes alunos, porque os mesmos não frequentam as suas disciplinas, daí não os incluirmos nos critérios de elegibilidade. É um fator preponderante estabelecer um trabalho direto com o aluno e não apenas como parte organizativa de constituição de turma onde lhe é atribuído um número, sendo a maior parte das vezes, o único conhecimento real do aluno.

O conhecimento da realidade das práticas educativas conduziu-nos a referenciar os seguintes elementos representativos da amostra:

· Três escolas do concelho de Valongo;

· Um diretor de turma dos alunos com CEI, de cada escola;

· Um professor do ensino regular de cada escola a lecionar a disciplina curricular aos alunos com CEI, em contexto turma;

· Um professor do ensino regular de cada escola a lecionar a disciplina curricular específica aos alunos com CEI.

Procedemos à indagação dos diferentes elementos educativos e tentamos confrontar as suas práticas, uma vez que lecionam no mesmo concelho, mas

em agrupamentos diferenciados, com uma gestão e organização própria que em certa medida, poderá influenciar na determinação do plano curricular dos alunos com CEI. É fator comum, aos agrupamentos onde é colhida a amostra, o suporte legislativo emitido pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC), nomeadamente numa versão mais recente o Decreto-Lei n.º139/2012, de 5 de julho, que estabelece os princípios orientadores da organização e da gestão dos currículos dos ensinos básico e secundário, da avaliação dos conhecimentos a adquirir e das capacidades a desenvolver pelos alunos e do processo de desenvolvimento do currículo dos ensinos básico e secundário, com a sua 1ª alteração traduzida no Decreto-Lei n.º 91/2013, de 10 de julho, e o Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, que define os apoios especializados a prestar na educação pré-escolar e nos ensinos básico e secundário assim como, a promoção da igualdade de oportunidades, a preparação para o prosseguimento de estudos ou para uma adequada preparação para a vida profissional e para uma transição da escola para o emprego das crianças com NEE. Encontramos neste decreto, ainda no seu artigo vigésimo primeiro, a definição de CEI e algumas indicações da forma como deverão ser elaborados estes currículos, atendendo ao desenvolvimento das competências funcionais. Deparamo-nos assim, com um tronco comum de orientações superiores, mas com uma flexibilidade inerente à gestão da própria escola, numa referência à sua autonomia e, em função deste poder organizacional, a indagação de quem constrói estes currículos, baseados em que linhas orientadoras e que limitações se colocam na sua concretização.

Para a materialização deste estudo de natureza empírica, é imprescindível circunscrever o campo de pesquisa no espaço geográfico e social e no tempo (Quivy e Campenhoudt, 2005:157). Com base neste pressuposto, o nosso universo de análise enquadra-se num concelho da Grande Área Metropolitana do Porto, o concelho de Valongo. No domínio do território educativo escolar é edificado por seis agrupamentos de Escolas, entre os quais selecionamos três deles, assim como uma escola de cada um e localizada diferencialmente entre si, a nível geográfico, como serão certificadas seguidamente, neste estudo.