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PORTARIA Nº 114/2011 PORTARIA Nº 2/2015 Órgãos governamentais Poder Público

2.4 Os assentados do Francisco Romão

Em termos de contexto regional, o início dos anos 2000 é marcado como um dos períodos de poucos assentamentos sendo regularizados na região de Açailândia. Isto ampliou a articulação entre as diversas famílias que hoje fazem parte do Francisco Romão. Este assentamento é fruto da mobilização e da organização de trabalhadores rurais que se encontravam sem-terra para realizar suas atividades.

Antes de ocuparem a área que hoje se encontram, ficaram cerca de um ano acampados às margens das rodovias que cortam o município de Açailândia (BR 010 – Belém/Brasília; e a BR 222 - Fortaleza/Marabá); além de dois períodos na sede do INCRA, no mesmo município, já no ano de 2007.

Cerca de 120 famílias ficaram acampadas na área da fazenda “Monte Cristo”, nas proximidades da ponte que passa sobre o rio Pindaré, e que também abrange o percurso da BR 222.44 Estas famílias ficaram cerca de 30 dias nesta localidade, quando foram despejados por ordem da justiça, a pedido dos proprietários. No período em que estiveram neste acampamento, não tiveram apoio, o que ampliou a necessidade de mudança para outro local. Para o novo acampamento foi escolhida uma localidade às margens da BR 010.

44 Este rio foi utilizado para estabelecer a fronteira entre os municípios maranhenses de Açailândia e Bom Jesus

A escolha da BR 010, próximo ao antigo posto de combustíveis “Jacaré”45, município de Açailândia, se deu por dois principais motivos: a possibilidade de ampliar a visibilidade para o movimento, considerando que esta é uma das principais rodovias das regiões Norte/Nordeste; e a informação dos sindicatos dos trabalhadores rurais da região, de que havia diversas propriedades que não recebiam o uso econômico devido pelos seus proprietários.

Durante o tempo em que estiveram neste acampamento, surgiram divergências entre os assentados, pois alguns não aceitavam que as ações do grupo fossem coordenadas pelo STTR. Com isso, cerca de 20 comunitários resolveram se instalar mais próximo da área urbana de Açailândia. Escolhendo desta vez se instalar novamente às margens da BR 010, mas agora, nas proximidades do bairro “Barra Azul”, já no núcleo urbano.

A primeira ação depois de instalados foi ampliar a luta por terra. Foram em emissoras de rádio, divulgando o acampamento e os objetivos desse, que eram a posse da terra para o trabalho. Neste momento, este grupo ainda contava com o apoio do STTR. Depois desse processo de divulgação, houve um aumento para cerca de 90 famílias no acampamento. Estas conheceram a luta do movimento e a entenderam como era a luta política a ser travada para concretizar seus objetivos; além das atividades organizadas para pressionar o INCRA.

Sem retorno dos órgãos públicos, os assentados articularam a primeira ocupação da sede do INCRA em Açailândia; que ocorreu no dia 30 de junho de 2004. Este movimento foi pacífico, e as famílias permaneceram no órgão apenas um dia. Cobrou-se a liberação da posse de duas localidades: uma conhecida como “Toca da Raposa”; e a outra era uma área, que segundos as lideranças, constava como destinada à União, na fazenda “Corguinho”, ambas em Açailândia. Como resultado, eles conseguiram a realização de uma vistoria na primeira área, sendo informados de que esta fazenda era improdutiva. Com isso, os acampados ficaram aguardando a sua desapropriação.

Os meses se passaram, e os acampados não recebiam retorno destes processos. Enquanto isso continuavam os trabalhos de formação e de recepção das famílias que vinham participar do movimento. Depois de cerca de dois meses sem retorno, e com um pouco mais de 100 famílias, eles ocuparam novamente a sede do INCRA, até que um retorno mais preciso fosse dado. Já estavam no local há três dias, quando a Polícia Militar e a Polícia Federal chegaram com uma solicitação de reintegração de posse. Os acampados foram despejados e as lideranças foram detidas. A solução encontrada foi retornarem para as proximidades do bairro “Barra Azul”, onde reergueram a estrutura física básica do acampamento.

Devido à pressão exercida pelos policiais, mesmo sem agressão física, e o receio de que viessem a responder processos judiciais, vários acampados desistiram do movimento. As lideranças realizaram um novo movimento de agregação de trabalhadores. Depois de todo o trabalho dos acampados, chegaram novamente ao número de 128 famílias que se empenharam na luta por terra. Este grupo realizou protestos em Açailândia, bem como nas sedes do INCRA em São Luís e em Brasília.

As lideranças sofreram duas pressões: de um lado, os acampados cobravam a regularização das suas situações, reivindicando maior agilidade na regularização de uma terra para serem assentados; de outro, as pressões jurídicas que enfraqueciam o movimento. Com isso, adotaram estratégias menos críticas, buscando o diálogo principalmente com os representantes do INCRA. Ao mesmo tempo, mobilizavam os trabalhadores para que o movimento não reduzisse sua força novamente. Somando os períodos acampados nas proximidades da BR 222 e da BR 010, já se passavam três anos de luta por terra.

Sem conseguir êxito novamente, os acampados ocupam uma área da fazenda “Toca da Raposa”. No dia 20 de julho de 2006 eles ocuparam uma área que, de acordo com as avaliações que realizaram, pertencia à União, e era abrangida por esta fazenda; informação que foi confirmada a eles pelo INCRA. Os representantes do órgão informaram que as famílias poderiam ficar na área até que a fazenda fosse toda desapropriada, e destinada ao futuro assentamento.

Os acampados recebiam cestas básicas do INCRA, bem como o apoio no abastecimento de água; e com lonas para as construções provisórias. Ainda assim, se sentiam isolados, tanto dos demais movimentos, quanto do próprio órgão. Depois de uma semana no local, o fazendeiro apareceu com pessoas armadas e os pressionou para que retornassem para a sede do INCRA em Açailândia. Os trabalhadores denunciaram as fortes ameaças que receberam; e estas denúncias foram destaque a nível estadual, mas não há relatos de que algo tenha sido feito. Com isso, passaram dez meses acampados novamente na área do órgão, em Açailândia.

Diante do desconforto, e da falta de providências dos órgãos públicos, pesquisaram outras áreas rurais para acampar. Foram informados pelo STTR, que existia outra fazenda com área da União. Esta nova área se tratava das imediações de onde se encontram atualmente, próximo também ao então já existente Assentamento Planalto I. Decidiram ocupar a área no dia 26 de maio de 2007, e o fizeram. Outros trabalhadores rurais ligados ao MST também já estavam articulando uma ocupação na área, mas as duas ocupações não foram articuladas conjuntamente.

Diante de todo o problema de manutenção das famílias, e do receio de problemas com fazendeiros ou com processos judiciais, apenas 36 famílias participaram da ocupação para o acampamento. Receberam o apoio da Prefeitura Municipal de Açailândia (PMA) no abastecimento de água, com um carro pipa; além da construção de um tanque para guardar a água necessária para as atividades diárias. Mas as condições de vida ainda eram muito difíceis, o que ampliou a necessidade de obter uma área com uma estrutura mais adequada às necessidades das famílias.

No mês de janeiro de 2008 se instalaram na sede da fazenda “Conquista I” localizada em Açailândia, e distante apenas 200 metros da EFC, como demonstrado na Figura 22. O processo de ocupação foi conflituoso com o proprietário da fazenda, mas para resguardar os envolvidos, maiores detalhes não serão citados. Hoje a sede da fazenda é utilizada para a realização de reuniões. Uma das casas desta sede foi aprovada pela comunidade para se tornar a residência de uma das lideranças do assentamento. A agrovila foi instalada nas proximidades das casas que já existiam.

Depois de instalados, decidiram que o assentamento se chamaria Francisco Romão, em homenagem a um trabalhador que faleceu por picada de cobra durante a ocupação. Hoje se tem no assentamento de 102 famílias. Dentre os parceiros históricos têm destaque o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Açailândia, o Movimentos dos Sem Terra (MST), e a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Figura 22. Proximidade entre a EFC e a agrovila do Assentamento Francisco Romão.

Como se pode observar na Figura 23, tem-se a agrovila dos “Baianos”46. Esta se situa a três quilômetros da principal agrovila do AFR. Estes assentados fazem parte da Associação Boa Esperança (ABE), fundada em 2010, mas situam-se no território do Francisco Romão. Esta divisão ocorreu ainda em 2007, no período em que estavam acampados próximos da área em que se encontram hoje. Esta foi ocasionada por problemas relacionados com questões de manutenção do acampamento. Ao conseguirem organizar o assentamento, o grupo de 19 famílias preferiu instalar sua agrovila em um local separado dos demais assentados.

Depois de divididos os lotes na agrovila, os trabalhadores construíram suas casas (Figura 24). As ruas foram abertas em parceria com a prefeitura de Açailândia, mas as condições e manutenção eram complicadas e os assentados eram obrigados a transitar por ruas sem uma estrutura mínima. Tem-se a lama no período de chuva, e muita poeira no período de estiagem (Figura 25). As figuras ilustram a simplicidade das residências, que foram construídas com argila e madeira da área do assentamento. A melhoria das residências é destaca nos relatos dos assentados como umas das prioridades para a agrovila, pois representa melhores condições de saúde e segurança para as famílias. Com isso, os representantes da comunidade empenharam- se para concretizar esta demanda.

Em junho de 201247 ocorreu no assentamento a “Festa da colheita”48. Neste dia os assentamentos aproveitaram para protestar contra os danos causados pelo uso da EFC nesta, e em outras comunidades. Momento em que os trabalhadores do Francisco Romão buscaram ampliar o apoio recebido pelas pessoas presentes, seja diretamente, participando das manifestações, seja indiretamente, divulgando os problemas do seu cotidiano.

O Contrato de Concessão de Uso (CCU) foi liberado pelo INCRA em 2013; iniciando a regularização das associações. Atualmente são três: a Associação dos Agricultores e Agricultoras do Assentamento Francisco Romão (AAAFR), fundada em 2010; a Associação Frutos da Terra (AFT), fundada em 2013; e a Associação Boa Esperança (ABE)49, citada anteriormente.

46 Eles são chamados de “Baianos”, pois são constituídos por 14 famílias originárias do estado da Bahia, e que

eram parentes, entre pai, filhos, tias, dentre outros. Além deles, mais 5 famílias os acompanharam, integrando assim um grupo de 19 famílias nesta agrovila.

47 Neste ano ocorrem importantes eventos que influem na relação com a Vale. Estes são analisados no item 3.1. 48 Festa realizada todos os anos em localidades diferentes. Momento em que os trabalhadores rurais festejam a

colheita obtida nos assentamentos, e aproveitam para reivindicar maior atenção do Estado e da sociedade em geral.

Figura 23. Área do Assentamento Francisco Romão.

Figura 24. Casas temporárias construídas pelos assentados.

Fonte: Autor (2012).

Figura 25. Rua do Assentamento Francisco Romão em período de estiagem.

Fonte: o autor (2012).

Ainda que tenham três associações nas comunidades, os assentados não recebem grande apoio por parte do Estado. Citam-se apenas a doação de sementes de feijão que ocorreu em 201350. Neste ano, acompanhados de lideranças de outros assentamentos e acampamentos da

50Estas sementes são provenientes do programa do governo do estado “Viva Sementes”. A distribuição fica a

região, ocuparam a sede do INCRA de Imperatriz no mês de junho; chegando a ficar cinco dias acampados no local. Na época a equipe do órgão garantiu que instalaria o poço artesiano, ficando no aguardo do projeto a ser realizado pela prefeitura de Açailândia. O que não foi realizado por nenhum dos órgãos públicos envolvidos.

Ainda em 2013 a comunidade foi relacionada entre as que receberiam os benefícios do convênio 792099/2013. Como destaca o INCRA (2013, p. 40) este tinha como objetivo “[...] realização de ações de recuperação de áreas degradadas por meio da implantação e do manejo de sistemas agroflorestais e de outras alternativas sustentáveis de produção em assentamentos de Reforma Agrária do INCRA [...]”, nas comunidades sediadas em municípios maranhenses. Mas não há relatos comunitários sobre este convênio.

No ano de 2014, em parceria com famílias do assentamento Agro-Planalto, as lideranças do AFR ocuparam novamente a sede do INCRA em Imperatriz. Cobravam informações sobre os possíveis investimentos na área, além da regularização dos assentamentos, neste caso a conclusão dos processos de desapropriação.

Ainda em 2014 participaram do curso “Negócio Certo Rural”, realizado pelo SEBRAE de Açailândia, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). Neste mesmo ano o INCRA anunciou a participação da comunidade no “Programa Assentamentos Verdes”51. Mas nada foi realizado pelo órgão no AFR.

Em 2015 cerca de 40 famílias receberam um pequeno financiamento do INCRA, através da linha de crédito “Crédito de Instalação”52. O valor foi de R$ 2.800,00 (Dois mil e oitocentos reais). Como alguns representantes das famílias tiverem seus cadastros reprovados por pendências diversas, não foram todos os beneficiados. Uma segunda parcela está prevista para ser implementada ainda em 2017/2018, como complemento do financiamento recebido

51 O “Programa Assentamentos Verdes” é uma iniciativa do Governo Federal para tentar reduzir o desmatamento

nos assentamentos da Amazônia Legal.

52 “Os beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) têm à disposição linhas de crédito que

permitem a instalação no assentamento e o desenvolvimento de atividades produtivas nos lotes. O Crédito de Instalação é a primeira etapa de financiamento disponibilizada aos assentados. A concessão desses recursos está prevista no inciso V do caput do art. 17 da Lei nº 8.629/1993. O atual modelo foi instituído pela Lei 13.001/2014 e o trâmite para acesso aos valores disponibilizados em cada modalidade é iniciado com a seleção dos assentados conforme os parâmetros definidos no Decreto 9.066/2017. O Incra encaminha as informações sobre os beneficiários ao Banco do Brasil, onde é feito o cadastro e a confecção dos cartões daqueles que foram considerados aptos a fazer parte do programa. Após a assinatura dos contratos, o Instituto autoriza o Banco do Brasil a creditar o valor referente à modalidade selecionada nas contas abertas em nome dos assentados, que fazem a movimentação por meio de cartão magnético individual.”. (INCRA, 2017).

anteriormente. Além disso, outras famílias que não receberam o recurso em 2015, estão listadas para recebimento de R$ 5.200,00 (Cinco mil e duzentos reais) ainda em 2017/2018.53

Como visto, o apoio do INCRA, mesmo que já tenham decorrido quase dez anos da ocupação, ainda é inicial, e sem grande retorno aos assentados. Até o início de 2015 dependiam exclusivamente do poço artesiano que já existia no momento da ocupação. Mas, existiam problemas de abastecimento, devido principalmente aos problemas com a manutenção da bomba hidráulica, e do encanamento para a distribuição da água para a agrovila.

Desde o início de 2015 eles recebem a construção de 110 casas pelo programa “Minha Casa, Minha Vida Rural”; fruto do empenho das lideranças em conseguir o financiamento via Caixa Econômica Federal. Como estratégia de ação, pois os recursos são liberados em parcelas para a Associação (AAAFR)54, decidiu-se por construir 60 casas55, e depois o restante. Estas primeiras foram concluídas em 2016 (Figura 26).

Figura 26. Casas construídas através do "Minha Casa, Minha Vida Rural".

Fonte: o autor (2017).

Estas casas foram construídas ao lado das primeiras construções, e tornaram-se símbolos da melhoria de vida dos assentados. Eles às apresentam como a concretização de um sonho, e como representação de que a vida no campo pode melhorar, desde que tenham o apoio

53 A aplicação destes recursos não foi pesquisada.

54 Os assentados a Associação Frutos da Terra não são comtemplados neste processo. Estes buscam o

financiamento das suas casas.

necessário do Estado. As demais casas ainda estão em construção (Figura 27), mas há um grande atraso nas obras, por dois motivos: problemas na empresa construtora; e atraso no repasse dos recursos para a associação. Com isso, há residências em estágios de construção distintos.

Figura 27. Exemplo de casa ainda em construção.

Fonte: o autor (2017).

No início de 2016 é concluída a perfuração e a distribuição da água do poço artesiano financiado pela mineradora Vale56, ilustrado pela Figura 28. Toda a estrutura foi financiada pela empresa; e foi instalada no centro do assentamento, numa área destinada pelas lideranças para a construção de obras de benefício coletivo, onde também já foi construída a Escola Municipal Gerusamar Costa Moura, inaugurada em 2013.

Ainda em 2016 a mineradora financiou a compra de um “trator de esteira” usado, atendendo a uma demanda da comunidade. Este teve como objetivo ampliar a produção agrícola, mas, segundo informações dos assentados, observou-se que não tem capacidade técnica para atender às necessidades de todas as atividades produtivas da comunidade.

No mês de agosto de 2016 ocorreu uma manifestação para cobrar, principalmente da Prefeitura Municipal de Açailândia (PMA), mas também das empresas Vale, Suzano e Queiroz Galvão, o piçarramento da estrada vicinal que é utilizada como principal acesso aos assentamentos da região; e que é conhecida como Estrada da “Sunil”. Ocorreram diversas

reuniões, dentre elas uma Audiência Pública realizada em novembro de 2016, e que foi requerida pelo Ministério Público Estadual57. Os trabalhos foram executados pela Prefeitura Municipal de Açailândia nos primeiros meses de 2017 (Figura 29), mas demonstram a dificuldade dos comunitários em concretizar serviços básicos, como a melhoria das vias de acesso às comunidades.

Figura 28. Poço artesiano financiado pela mineradora Vale.

Fonte: o autor (2017).

Figura 29. Rua do Assentamento Francisco Romão após piçarramento pela Prefeitura Municipal de Açailândia

em 2017.

Fonte: o autor (2017).

57 Os principais acontecimentos posteriores a esta manifestação são analisados/interpretados no item 3.1, pois

identificaram-se momentos em que a dominação da mineradora Vale conta positivamente a seu favor para apresentar-se como “parceira” dos assentados nestes requerimentos à PMA.

Como ainda se encontra na fase de implantação, são poucos os trabalhadores que já têm algum retorno financeiro dos trabalhos com a terra; e que são pequenos por conta do pouco apoio das instituições públicas. Na maioria dos casos, os trabalhadores vivem do apoio dos governos estadual e federal, por meio de políticas de ampliação de renda (Bolsa Família), e de cestas básicas pelo INCRA. O plantio e a criação de animais estão em fase inicial, mas como não são todos os beneficiados pelos primeiros financiamentos públicos, ainda há dificuldade de trabalho conjunto.

As Figuras 30, 31 e 32 ilustram algumas das situações vividas cotidianamente pelos assentados. A residência em destaque nas duas primeiras fotografias já existia no momento da ocupação; e esta passagem sobre a EFC já era utilizada pelos antigos proprietários. Estes dois fatores foram decisivos para que os trabalhares rurais decidissem pela construção da agrovila neste local. Demonstram também como os trens da mineradora Vale fazem parte da paisagem deste local, pois em dias “normais” de movimentação destes trens, a cada duas horas escuta-se o barulho das suas passagens pelo território do AFR.

Nas Figuras 31 e 32 ilustra-se como as famílias dessa comunidade devem ser adaptar aos horários da passagem dos trens. Algumas áreas de cultivo estão do outro lado da ferrovia. Para ter acesso à elas, os assentados devem atravessar a EFC.

Figura 30. Proximidade da EFC e a agrovila do Francisco Romão.

Figura 31. Local de travessia da EFC nas proximidades da agrovila do AFR.

Fonte: o autor (2017).

Figura 32. Assentado aguardando a passagem do trem.

Fonte: o autor (2017).

Segundo relatos dos comunitários, há cerca de três anos os representantes da mineradora buscam estabelecer uma logística em que as máquinas não parem e obstruam esta passagem; demanda apresentada pelos representantes do assentamento. Mas esta convivência “forçada” é

estabelecida deste os primeiros dias da ocupação e da instalação das famílias; e demonstra a força da mineradora no cotidiano comunitário.

Com as análises dos documentos, dos relatos das lideranças comunitárias e dos demais assentados, complementados com as observações em campo, tem-se a seguinte estrutura dos capitais do Assentamento Francisco Romão:

a) Capital financeiro: como toda comunidade rural proveniente de assentamento do