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3 O PERCURSO HISTÓRICO DA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E SUA NECESSIDADE NA CONTEMPORANEIDADE

3.1 ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL: UMA TRAJETÓRIA DE AVANÇOS E RETROCESSOS

Discutir sobre a assistência estudantil provida pelo Estado brasileiro aos estudantes é rememorar uma trajetória histórica que está intrinsecamente ligada à política pública de educação e, consequentemente, aos aspectos políticos, econômicos e sociais que permeiam a história do país. Assim, as mudanças e desenvolvimentos que ocorreram e/ou ocorrem na educação repercutem diretamente na assistência estudantil, propiciando, assim, sua expansão ou retração.

De acordo com as análises realizadas por Costa (2010), as ações de assistência voltadas para estudantes brasileiros começam a ocorrer a partir dos anos de 1928, com a criação da Casa do Estudante Brasileiro, localizada em Paris e que se destinava a auxiliar estudantes oriundos do Brasil, os quais estudavam na capital francesa. A instituição obtinha total apoio do governo brasileiro, que fazia o repasse direto de verbas para a manutenção e funcionamento da Casa.

Posteriormente, já no governo do ex-presidente Getúlio Vargas, em 1931, com a Reforma Francisco Campos, o tema da assistência aos estudantes ―reconhecidamente pobres‖ é colocado em pauta, caracterizando assim a primeira forma de regulamentação da assistência estudantil no país, que ocorreu por meio do Decreto Nº 19.851, de 11 de abril de 1931. Especificamente, em seu art. 100, parágrafo 4º, ficou expresso que:

As medidas de providencia e beneficência serão extensivas aos corpos discentes dos institutos universitários, e nelas serão incluídas bolsas de estudo, destinadas a amparar estudantes reconhecidamente pobres, que se recomendem, pela sua aplicação e inteligência, ao auxilio instituído (BRASIL, 1931, p.1).

O referido artigo e paragrafo foram adequados e incorporados na Constituição de 1934, que pelo Art. 157, § 2º estabelece que a União, os Estados e o Distrito Federal deverão reservar recursos para a formação de fundos de educação e, destes, retirado parte para aplicar ―em auxílios a alunos necessitados, mediante fornecimento gratuito de material escolar, bolsas de estudo, assistência alimentar, dentária e médica, e para vilegiaturas‖ (BRASIL, 1934, p.1). Na Constituição seguinte, a assistência aos estudantes foi novamente pautada, sendo determinado no Art. 172 que ―cada sistema de ensino terá obrigatoriamente serviços de assistência educacional que assegurem aos alunos necessitados condições de eficiência escolar‖ (BRASIL, 1946, p.1).

Pode-se observar que a própria legislação do país passa a reconhecer que a falta de condições básicas de vida, como alimentação, moradia e saúde, impactavam diretamente no

sucesso ou não da educação que estava sendo proposta para o país. Cabe ressaltar que nessa conjuntura o Brasil passava pelo processo de industrialização/modernização e, por isso, necessitava de mão de obra qualificada para assumir os novos postos de trabalhos, como consequência e exigência de novas condições impostas pelo modo de produção e pelo mercado.

Nos anos posteriores a 1934, a educação superior pública do país começa a se organizar e as ações da assistência estudantil passam a se materializar, principalmente na integração entre comunidade acadêmica e a acomodação dos estudantes de forma satisfatória nesses espaços. Essa integração deveria ocorrer a partir da construção das cidades universitárias, na perspectiva de unificar em um único espaço os centros, as faculdades e os institutos, que se encontravam espalhados pelos diversos bairros das cidades. Além desse aspecto, via-se a necessidade da construção de prédios adequados para a realização de aulas e laboratórios equipados para o desenvolvimento de pesquisas, de modo a facilitar a interlocução entre o ensino e a pesquisa. Deste modo, a cidade universitária torna-se fundamental para a articulação entre a produção do conhecimento e o desenvolvimento de tecnologias, que naquele momento fazia-se necessário ao país (OLIVEIRA, 2006).

Uma outra ação da assistência estudantil que muito se destacou nesse período foi a criação da Casa do Estudante do Brasil, no ano de 1930, no Rio de Janeiro. De acordo com as considerações de Araújo (2007), esse espaço era considerado uma instituição sem fins lucrativos e de cunho beneficente. Correspondia a um casarão com três andares e um restaurante popular, que tinha por objetivo ―auxiliar os estudantes carentes da cidade‖. Durante o governo do ex-presidente Getúlio Vargas, a casa passou a receber mais recursos do Governo Federal, que se utilizou desses repasses de recursos para conseguir o apoio politico dos estudantes universitários, com o objetivo de criação de projeto de entidade representativa dos estudantes que estivesse diretamente ligada e apoiada nas bases do referido governo.

O projeto de criação da UNE tinha como objetivo politico organizar e submeter à força dessa organização coletiva social, que passava se expandir em todo o território nacional, a interesses do governo. Tais interesses envolviam, nitidamente, a criação de uma entidade representativa dos estudantes despolitizada e controlada, que pudesse contribuir com o modelo econômico, político e social adotado pelo governo vigente. Assim, a reunião de 1937, que primeiro instituiu a UNE, não é considerada por muitos estudantes, visto a compreensão de que essa criação inicial não correspondeu aos objetivos defendidos pelos estudantes da época. No ano seguinte, 1938, os estudantes se reuniram mais uma vez e criam, com estudantes combativos e com uma luta politicamente demarcada, atuando em favor da democracia e dos interesses dos estudantes (ARAUJO, 2007).

A União Nacional dos Estudantes (UNE) é uma das entidades representativas dos estudantes que acompanhou e lutou pelo aprimoramento e desenvolvimento das políticas voltadas à assistência estudantil, de modo que em todo o seu percurso histórico, a UNE incorporou as pautas reivindicatórias, as lutas e as bandeiras levantadas pelos estudantes. Assim, cabe ressaltar a importância dessa entidade enquanto representante direta dos interesses, preocupações e demandas das vidas acadêmicas, pessoais e profissionais dos estudantes brasileiros.

Nesse percurso histórico, destaca-se que na década de 1960, período em que o país viveu a Ditadura Militar, o movimento estudantil se fez muito presente nas suas lutas reivindicatórias, promovendo uma série de reuniões, que tinham por objetivo discutir acerca da reforma universitária e dos direitos inerentes a todo público estudante. Como explicita Costa (2010), no ano de 1961 a UNE promoveu, na cidade de Salvador, o Seminário Nacional da Reforma Universitária, que teve por resultado a elaboração da Declaração da Bahia. Esta, em linhas gerais, solicitava a democratização das universidades através da criação de cursos que fossem acessíveis a todos que desejassem ingressar nas universidades.

No mesmo ano, 1961, foi promulgada a Lei 4.024/1961, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que trata em seu Título XI da assistência social escolar. Delega a responsabilidade aos sistemas de ensino de orientar, fiscalizar e estimular essa assistência aos discentes, voltada para o atendimento de demandas de ordem social, médico, odontológica e de enfermagem. A assistência social prestada deveria ser no atendimento de casos individuais, de grupos e da organização social da comunidade. A LDB também determina a concessão de bolsas de estudo, na modalidade total ou parcial, assim como uma modalidade de financiamento para os discentes. Salienta, ainda, sobre a necessidade de estimulo à ―assistência social escolar‖ e, a responsabilidade do Conselho Federal de Educação por sua implementação nas instituições (BRASIL, 1961).

Deste modo, pode-se observar que o Estado brasileiro passa a responsabilizar-se pela temática da assistência aos estudantes e a tratá-la como importante para as suas estratégias de formação educacional dos jovens do país; assim como, passa a atribuir responsabilidades sobre essa assistência à sua entidade superior, o Conselho Federal. Isso evidencia que o Estado, ao analisar as condições de vida dos estudantes e de suas famílias, observa que esses indivíduos não conseguem se manter nos sistemas de ensino, cabendo a ele, Estado, o fomento e o auxílio necessário para possibilitar a formação dessa camada da sociedade. Salienta-se que esses jovens precisam se inserir no mercado de trabalho e para isso a necessidade de uma escolarização mínima e suficiente, cujo objetivo seja o atendimento das demandas e requisitos do mercado de trabalho em ascensão no país.

No ano seguinte a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, as questões em torno da assistência estudantil passam a ser novamente pautadas pela UNE, que realizou o II Seminário Nacional da Reforma Universitária. Neste segundo Seminário, as resoluções discutidas no encontro anterior, sediado na cidade de Salvador, foram mais debatidas, desenvolvidas e analisadas, de modo que as discussões dos dois seminários se complementaram e aprofundaram os debates acerca da assistência estudantil. Para os estudantes, o objetivo central da referida reforma universitária, objeto central dos dois seminários realizados pela UNE, era democratizar a universidade, pois a classe social que detinha mais poder econômico já conseguia acessar o ensino superior, enquanto que para as classes populares, o acesso a essa modalidade de ensino era quase inalcançável. Como resultado do II Seminário, foi elaborada a Carta do Paraná, que passou a ser um referencial teórico de orientação das ações, das reivindicações e da luta política assumida pelo movimento estudantil (UNE, 1937-2019).

De acordo com a análise realizada por Vasconcelos (2010), entre as décadas de 1950 a 1980 houve no Brasil uma grande expansão do ensino superior, momento este em que foram construídas inúmeras universidades federais por todo o país – além das demais, de natureza estadual, municipal e privada. Entre as décadas de 1970 e 1980, o destaque vale para o exponencial aumento do numero de matriculas, subindo de trezentos mil matrículas, em 1970, para um milhão e meio, em 1980. Toda essa expansão, que se deu tanto pelo crescimento do número de universidades, quanto pelo número de matrículas, foi acompanhado por demandas oriundas da juventude das classes populares, que passara a adentrar no ensino superior, gerando, assim, demandas diretamente relacionadas à Assistência Estudantil.

Como o país passava por um período de extrema industrialização e, em decorrência da expansão do número de vagas, as classes populares passaram a ter mais acesso às universidades. Historicamente, muitos jovens saem de suas cidades no interior dos estados e passam a morar nas capitais para terem oportunidade e/ou melhores acessos a uma formação acadêmica. Esses jovens, juntamente com o movimento estudantil, passam a reivindicar e lutar por melhores condições de vida e educação, responsabilizando o Estado e as instituições de ensino pela manutenção das necessidades básicas dos estudantes que não tinham condições financeiras de se manter nas universidades, em especial, aqueles oriundos dos municípios do interior dos estados, que se caracterizavam como um público presente, crescente e necessitado das ações da assistência estudantil (SOUSA, 2005).

Quanto aos avanços alcançados na década de 1970, foi criado o Departamento de Assistência ao Estudante (DAE), que estava diretamente vinculado ao Ministério da Educação e Cultura. De acordo com as análises de Imperatori (2017), o DAE implantou programas de

assistência aos estudantes, dentre elas: as bolsas trabalho, por meio das quais eram proporcionadas oportunidades de trabalho aos estudantes em órgãos ou entidades publicas ou particulares; e as bolsas de estudo, em que os estudantes recebiam uma verba destinada a subsidiar a sua manutenção, sem realizar atividades laborais como contrapartida. Esses mesmos estudantes eram prioritários nos programas de alimentação, moradia e assistência médico-odontológica, quando os mesmos eram disponibilizados pelas universidades.

As ações do referido Departamento tiveram uma base legal a parir da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1971, que dispunha em seu Art. 62 que cada sistema de ensino deveria ter o seu serviço de assistência educacional, assegurando aos ―alunos necessitados‖ as condições necessárias para uma boa eficiência escolar, congregando pais, professores e alunos com intuito de contribuir com os estabelecimentos de ensino. Além disso, em seu parágrafo 1º descreve os ―auxílios‖ disponibilizados ao estudante:

Os serviços de assistência educacional de que trata este artigo destinar-se-ão, de preferência, a garantir o cumprimento da obrigatoriedade escolar e incluirão auxílios para a aquisição de material escolar, transporte, vestuário, alimentação, tratamento médico e dentário e outras formas de assistência familiar (BRASIL, 1971).

Ainda no ano de 1972, foi instituído o programa assistencial bolsa trabalho, por meio do Decreto 69.927, de 13 de janeiro de 1972. O programa direcionava-se para os estudantes ―carentes‖, que deveriam desenvolver atividades profissionais em órgãos públicos ou privados, em contrapartida recebiam um auxílio financeiro, como forma de remuneração. Ademais, o programa preconizava uma ―direta e necessária relação entre a formação escolar seguida pelo estudante e as tarefas que lhe forem cometidas no órgão ou entidade onde preste serviço, para que seja considerado estagiário, sem vínculo de emprego‖ (BRASIL, 1972).

Já nos anos de 1980, o DAE foi extinto e os programas e ações de assistência aos estudantes ficaram a cargo apenas das instituições de ensino, tornando-as cada vez mais fragmentadas, escassas e inconsistentes. Deve-se também ressaltar que as relações estabelecidas na assistência estudantil, assim como na assistência social, foram marcadas por ações clientelistas, o que impediam a consolidação e o reconhecimento dessas ações como uma forma de oportunizar o acesso e a permanência dos jovens das classes populares no ensino superior (IMPERATORI, 2017).

Ainda na década de 1980, houve a promulgação da Constituição de 1988, que veio demarcar avanços no âmbito da política pública de educação. Na verdade, é considerada uma conquista significativa para a população brasileira, pois estabelece uma série de garantias, direitos e deveres competentes ao Estado e para com os cidadãos brasileiros. Deste modo, não apenas a

educação, mas outras políticas sociais são reconhecidas enquanto direito social, na medida em que enfatiza a responsabilização do Estado brasileiro na perspectiva de defesa de direitos e garantia de condições dignas de saúde, trabalho, lazer, transporte e educação.

No que diz respeito aos marcos históricos da assistência estudantil na década de 1990, pode-se pontuar a regulamentação da política pública de Educação, que ocorreu por meio da Lei 9.394/1996, estabelecendo a LDB ora vigente no país – ressaltando-se que esta já sofreu alterações. Em sua redação, as ações de assistência aos estudantes podem ser visualizadas em seu Art 4º, incisos VII e VII, que dispõe acerca do dever do Estado com a educação:

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:

VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola;

VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde (BRASIL, 1996).

Segundo Souza (2016), as primeiras discussões acerca do que hoje se conforma enquanto assistência estudantil, como discutida anteriormente, foi mobilizada pelo Fórum Nacional dos Prós Reitores de Assistência Comunitária e Estudantil (FONAPRACE). Iniciou-se um processo de problematizações e questionamentos sobre as necessidades e o atendimento das demandas dos estudantes, que até o momento não eram englobados em nenhum tipo de política ou programa que pudesse subsidiar a permanência dos discentes oriundos das classes populares. Até o final da década de 1990, as ações de assistência diretamente ligadas aos estudantes eram de responsabilidade de cada uma das Instituições de ensino, cabendo a elas a organização orçamentaria e as ações desenvolvidas para o atendimento das demandas dos estudantes.

Como resultado das discussões do FONAPRACE e aludindo aos resultados alcançados por este, foi elaborado o Plano Nacional de Assistência Estudantil, em 2001, o qual estabeleceu as diretrizes para a implantação dos programas e projetos de assistência estudantil, fundamentados na necessidade de se obter a destinação de recursos financeiros para o financiamento dessas ações. Para se chegar à criação do referido PNAES, foram necessárias pesquisas com os estudantes, cujo objetivo era traçar o perfil socioeconômico e cultural dos estudantes nas mais variadas instituições federais de ensino superior (IFES) do Brasil, através de uma coleta de dados que ocorreu entre 1996/1997 e 2003/2004. Como resultado dessa pesquisa:

Constatou-se que 43% dos estudantes pertenciam as categorias C, D e E – categorias que englobam alunos provenientes de famílias cujos chefes têm atividades ocupacionais que exigem pouca ou nenhuma escolaridade, cuja renda familiar média mensal é de no máximo R$927,00 (ANDIFES, 2007 p. 07).

De acordo com os dados apresentados pela ANDIFES (2007) em sua fase de diagnostico, constatou-se que ―em condições adversas, o desempenho acadêmico é desigual. Os estudantes das classes C, D e E não dispõem de recursos para suprirem suas necessidades básicas e, ainda menos, para as despesas típicas do universitário‖ (ANDIFES, 2007 p.08). Essa análise veio reafirmar a necessidade de construção de uma política específica voltada para esse segmento da sociedade, aqui caracterizado como jovens estudantes e/ou universitários oriundos da classe trabalhadora. Assim, afirma-se que para os estudantes obterem índices positivos quanto ao aproveitamento e à conclusão do curso superior, precisam-se viabilizar, minimamente, condições básicas de moradia, alimentação, transporte, saúde, esporte, lazer, para que possam dedicar-se inteiramente à sua formação profissional.

Associado a esses dados, que expressa aspectos das condições socioeconômicas dos discentes, outro que deve ser levado em conta no diagnóstico realizado pela ANDIFES (2007) é o que diz respeito a retenção e evasão em cursos de graduação realizados nas diversas instituições federais de ensino superior (IFES) no país. Evidencia-se que tanto a retenção quanto a evasão escolar são fatores que estão intimamente relacionados, podendo ser causados por fatores internos às universidades e aos sistemas de estudo, como, também, por meio de fatores externos, como a família e as condições de vida, como acima mencionado. Como aponta o Plano Nacional de Assistência Estudantil, os estudos revelaram que:

[...] o problema da evasão é agravado pelo da retenção (de 8 a 13%) que ocorre quando os alunos permanecem na universidade mais tempo que o estabelecido, ocupando uma vaga que poderia ser destinada a outro candidato.

O Fonaprace aponta as dificuldades socioeconômicas da parcela do segmento estudantil, estimada em 14%, como uma das causas externas da evasão e da retenção (ANDIFES, 2007 p. 08).

Tendo por base esses aspectos centrais expostos, o Plano Nacional de Assistência Estudantil passou a ser desenvolvido, tendo como objetivos gerais:

 Garantir o acesso, a permanência e a conclusão de curso dos estudantes das IFES, na perspectiva da inclusão social, da formação ampliada, da produção de conhecimento, da melhoria do desempenho acadêmico e da qualidade de vida;

 garantir que recursos extra orçamentários da matriz orçamentária anual do MEC destinada às IFES sejam exclusivos à assistência estudantil (ANDIFES, 2007 p.14). Quanto à sua operacionalização, o Plano demarca que as suas áreas de atuação devem ser divididas em 4 eixos: permanência (moradia, alimentação, saúde, transporte, creche, condições para atender as pessoas com deficiência); desempenho acadêmico (bolsas, estágios remunerados, inclusão digital, ensino de línguas, acompanhamento psicopedagógico, participação politico- acadêmica), cultura, lazer e esporte (difusão das manifestações artísticas e culturais, acesso as

ações de esporte, recreação e lazer) e assuntos da juventude (orientação profissional, meio ambiente, política, ética e cidadania, saúde, sexualidade e drogas) (ANDIFES, 2007 p.14).

O destaque deve ser dado ao primeiro eixo de atuação, referente à permanência do estudante na universidade, pois é neste que se inserem as bolsas e auxílios relacionados às condições básicas de sobrevivência e permanência no ensino superior, como moradia, alimentação e transporte. É também nesse eixo temático que se concentram uma maior distribuição de recursos, visto a necessidade primordial das condições básicas. Ademais, o referido Plano descreve como meta a sua implantação nas IFES no ano de 2007, instituindo assim o Programa Nacional de Assistência Estudantil.

De acordo com as análises de Vasconcelos (2010), as dificuldades sociais e econômicas possuem relação intrínseca com a permanência e a conclusão do ensino em todos os seus níveis, sendo necessário pensar em estratégias que possibilitem uma efetiva democratização da educação, em especial no ensino superior. É primordial que essas estratégias partam da realidade apresentada pelos estudantes e que tenham por base a ampliação do acesso e o fortalecimento do ensino público, laico e de qualidade, além de políticas que possibilitem efetivamente a permanência dos discentes no sistema educacional, de maneira geral.

Corroborando com essas ideias, Finatti, Alves e Silveira (2010) apontam que para o desenvolvimento acadêmico do discente devem-se aliar determinadas condições, como: a qualidade de ensino, políticas efetivas de assistência ao estudante, entre outras. A associação desses fatores, tendencialmente, permite que o estudante se desenvolva na graduação, possibilitando um bom desenvolvimento acadêmico e minimizando os índices de retenção e evasão escolar, os quais são as maiores causas do abandono e não conclusão do ensino superior