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3 O PERCURSO HISTÓRICO DA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E SUA NECESSIDADE NA CONTEMPORANEIDADE

3.2 EFETIVIDADE DO PNAES E SUA NECESSIDADE DE TORNAR-SE UMA POLÍTICA

de Assistência Estudantil (PNAES).

3.2 EFETIVIDADE DO PNAES E SUA NECESSIDADE DE TORNAR-SE UMA POLÍTICA

Como citado anteriormente, o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), regulamentado atualmente pelo Decreto 7.234/2010, apresenta claramente as suas finalidades e os objetivos, como também as ações que deve desenvolver. Assim, para se avaliar a necessidade de avanços e continuidade, como também da eficácia, ou não, do Programa é pertinente analisar as pesquisas publicadas pelas instituições federais de ensino superior, para assim observar se os objetivos do referido Programa vêm sendo alcançados, considerando-se a realidade das diversas IFES do Brasil.

O Programa Nacional de Assistência Estudantil prevê em seu Art 5º, que as próprias instituições federais de ensino superior devem fixar ―- mecanismos de acompanhamento e

avaliação do PNAES‖, de modo a prestar contas à sociedade de como estão sendo distribuídos e organizados os recursos provenientes do Estado empregados no Programa; como também, socializar as experiências de efetividade ou não do programa, de modo que este sempre esteja sendo atualizado, reavaliado e alterado a partir da realidade social do país e dos discentes, a fim de atender as reais necessidades pontuadas pelo público prioritário e alvo do programa. Nas palavras da Controladoria Geral da União (CGU, 2015-2016, p.22):

A avaliação, portanto, deve procurar verificar em que medida a finalidade e esses objetivos estão sendo alcançados pelo programa. Assim, avaliar o programa pode significar avaliar se o público alvo está sendo efetivamente alcançado, em que medida o programa está alcançando a todos que dele necessitam, a justiça quanto aos critérios de concessão de benefícios entre os beneficiários e a redução da taxa de evasão dos cursos de graduação, particularmente no que se refere ao público a quem o PNAES é destinado. Entretanto, esse processo avaliativo, que deveria ser realizado pelas instituições, não acontece e, como aponta o Relatório de Consolidação dos Resultados das Gestões do Plano Nacional de Assistência Estudantil (CGU, 2015-2016, p.23):

[...] apesar de previstas no Decreto 7.234/2010, não foram encontradas avaliações consistentes do programa na quase totalidade das IFES auditadas, sendo esta uma fragilidade relevante que evidencia lacuna de governança interna nas unidades avaliadas com impacto nos processos de diagnóstico e aplicação dos recursos, assim como risco diretamente vinculado à gestão nacional, haja vista a deficiência de informações relevantes para tomada de decisão, a exemplo de alocação de recursos na Lei Orçamentária Anual‖ (CGU, p.23).

De acordo com o relatório da CGU (2015-2016), as instituições estão deixando de realizar um passo muito importante para a legitimação e efetivação do Programa Nacional de Assistência Estudantil, uma vez que não socializam os avanços e os resultados advindos da execução do PNAES após a promulgação do Decreto 7.243/2010. A dificuldade de encontrar as avaliações das instituições permeou o processo de construção deste trabalho. Desse modo, efetivou-se, principalmente, a leitura de avaliações publicadas em artigos ou dissertações, uma vez que não se identificou a apreciação de documentos formais de avaliações feitas pelas próprias instituições federais de ensino superior acerca da execução do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). Para se chegar as avaliações abaixo analisadas, foi necessário a utilização da plataforma Google Académico, utilizando nas pesquisas palavras chave, que contemplam a centralidade da temática estudada, tais como: avaliações do PNAES, processos avaliativos do PNAES, universidades que avaliam o programa de assistência estudantil, efetividade da assistência estudantil, avaliação do PNAES nas instituições federais do Brasil, entre outras.

Universidade Federal do Rio Grande (UFRG)

A avaliação analisada foi produzida por Machado; Oliveira e Freitas no segundo semestre de 2015. Obteve como público os discentes de graduação da Universidade Federal do Rio Grande (UFRG), de todos os cursos e campi (Campus Carreiros e Saúde – localizados em Rio Grande, Campus de Santo Antônio da Patrulha, Campus de Santa Vitória do Palmar e Campus de São Lourenço do Sul, todos localizados no estado do Rio Grande do Sul). O trabalho foi apresentado em forma de artigo e intitulado: AVALIAÇÃO DO IMPACTO DOS BENEFÍCIOS PNAES SOBRE O DESEMPENHO ACADÊMICO: O CASO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE. Obteve publicação no 3º Simpósio Avaliação da Educação Superior, do ano de 2017, sediado na cidade de Florianópolis, Santa Catarina – SC, Brasil.

Machado, Oliveira e Freitas (2017) realizaram uma avaliação de impacto com um total de 1.910 estudantes, cujo objetivo era analisar se o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) estava alcançando seus objetivos descritos e esperados. Para a realização da avaliação foi definida uma amostragem de dois grupos: o grupo tratado, constituído por estudantes que recebiam auxílios da assistência estudantil, e o grupo controle, composto por aqueles que não recebiam nenhum auxílio. Assim, na apreensão dos autores, a partir da análise desses dois grupos seria possível responder se o desempenho acadêmico do grupo tratado tem relação com os auxílios/bolsas viabilizados pelo PNAES ou se esse desempenho se deve a outros fatores.

No estudo realizado por Machado, Oliveira e Freitas (2017) observaram-se as dimensões de sexo, etnia e procedência escolar. De um total de 1.910 discentes, aproximadamente 79% são brancos, 12% são pardos, 6% negros e menos de 1% amarelos e indígenas. Em relação ao sexo, a maioria representava o sexo feminino, aproximadamente 55%. E sobre o sistema de origem de ensino, apontou que certa de 73% do grupo foi composto por discentes oriundos de escolas públicas.

Quando observados os fatores relacionados à renda, pôde se perceber que aproximadamente 25% das famílias dos discentes pesquisados na UFRG contavam com apenas com o valor de um salário mínimo para a manutenção econômica mensal, que no ano da pesquisa o valor não chegava a R$ 950,00 (novecentos e cinquenta reais) ao mês. Com base nesse dado, Machado, Oliveira e Freitas (2017) observaram que esse quadro tende a se agravar quando considerado a renda per capita das famílias (valor mensal dividido por todos os membros da família), as quais mesmo não sendo numerosas consistem em um valor insuficiente para manutenção de todos os membros, em especial o estudante, que tem seus gastos particulares decorrentes da universidade (Xerox, alimentação, transporte). Esse valor insuficiente que as

famílias obtêm como renda mensal cria um obstáculo à permanência do estudante, uma vez que o aspecto econômico influencia diretamente na permanência e conclusão do ensino, em todos os níveis de ensino e não apenas no superior.

Outro aspecto observado, que tem relação intrínseca com os objetivos do PNAES são os índices de desempenho acadêmico, os quais, por sua vez, possuem ligação direta com a retenção (alongamento do período de curso indicado) e evasão (abandono) escolar, índices que o Programa objetiva diminuir a partir das suas delimitadas áreas de atuação, dispostas em seu Art. 3º. Na realidade identificada na UFRG em 2015, foi identificado que dentre os alunos com perfil prioritário para o atendimento do programa, aproximadamente 20%, recebiam o auxílio alimentação, 17% recebiam o auxilio transporte e 11% recebiam a bolsa permanência. O percentual se apresentou mais baixo quanto à recepção dos auxílios moradia, monitoria e creche, com 3,77%, 4% e 1%, respectivamente. (MACHADO; OLIVEIRA; FREITAS, 2017).

Feita a apresentação dos grupos observados, o estudo realizado identificou uma significativa diferença estatística entre o grupo tratado e o grupo de controle, de modo que os estudantes que receberam algum benefício apresentavam ―um coeficiente de rendimento superior ao restante da amostra, composta por alunos não beneficiários‖ (MACHADO; OLIVEIRA; FREITAS, 2017, p. 10). Já no que diz respeito à concessão de bolsas, o referido estudo inferiu que esta ocasionou ―um efeito positivo sobre o desempenho dos alunos‖, evidenciando-se, assim ―[...] a eficácia das políticas voltadas para a permanência e desempenho dos estudantes dentro da UFRG4‖.

Tendo em vista os aspectos explicitados, os resultados obtidos por Machado, Oliveira e Freitas (2017) mostraram que o impacto do PNAES foi positivo, quando relacionado ao recebimento das bolsas/auxílios e ao desempenho acadêmico dos alunos que os acessavam. Valendo-se do parâmetro do rendimento acadêmico, entre os alunos que recebiam os auxílios e os que não tinham acesso a estes, ficou evidenciado que os primeiros apresentaram um rendimento acadêmico superior daquelas apresentadas por estudantes situados no grupo de controle (que não recebem os auxílios). Nesse sentido, concluiu-se que a utilização dos auxílios disponibilizados a partir das verbas advindas do Programa Nacional de Assistência Estudantil é de extrema importância para a permanência e conclusão do ensino superior dos discentes que se encontram em situação de vulnerabilidade social, caracterizados enquanto público alvo do referido Programa.

4 (ibid., 2017, p.13).

Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Uma segunda situação que envolve a avaliação do PNAES em instituições federais de ensino superior é apresentada na dissertação de Eloi (2018). Obteve como público os discentes de graduação da Universidade Federal de Viçosa (UFV) que se encontram em situação de vulnerabilidade social e que são usuários dos programas da assistência estudantil da Universidade. O trabalho é intitulado: SISTEMA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL – PNAES: UM MODELO A PARTIR DA TEORIA DO PROGRAM. Foi apresentado como parte das exigências do Programa de Pós- Graduação em Administração Pública em Rede Nacional (PROFIAP), no ano de 2018.

Na dissertação a autora expõe os resultados de sua avaliação do Programa Nacional de Assistência Estudantil na realidade da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais. Para tanto, na realização do trabalho partiu de quatro eixos principais, sendo o primeiro um resgate histórico da teoria do PNAES na UFV; o segundo a elaboração de uma estrutura lógica para o referido Programa; o terceiro a elaboração de indicadores e o último, a avaliação dos discentes usuários do próprio Programa Nacional de Assistência Estudantil (ELOI, 2018). Será dada ênfase ao quarto eixo de análise por se tratar da avaliação do PNAES e objeto desse trabalho. A pesquisa realizada por Eloi (2018) teve como público os discentes da UFV, considerados em situação de vulnerabilidade social, com matricula ativa e exclusivamente, usuários da assistência estudantil. A coleta de coleta de dados ocorreu por meio da aplicação de questionários, enviado para 1.487 estudantes, via plataforma virtual Google docs. Dentre esses, 21% dos discentes responderam ao questionário, equivalendo a um total de 312 respostas.

Em relação ao perfil dos sujeitos da pesquisa, 57,1% eram do sexo feminino, solteiras e com faixa etária média de 22 anos. Quanto à origem do sistema escolar, 94% eram oriundos de escolas publicas. Em relação aos auxílios, ficou nítido que os mesmos não são suficientes para a manutenção total dos discentes na universidade visto que 76% dos discentes afirmaram, no questionário, sua insuficiência. No tocante à renda familiar, a pesquisa na UFV demonstrou que 74,68% dos discentes atendidos pelo PNAES tem uma renda bruta de até um salario mínimo, R$954,00 (ELOI, 2018).

Em relação às condições consideradas básicas para a permanência no ensino superior – moradia, transporte e alimentação, a pesquisa apontou que 78% dos discentes que utilizam os auxílios disponibilizados pela assistência estudantil são originários de cidades que estão distantes do campus em que estudam (Viçosa-MG). Assim, tendem a morar nas proximidades do campus ou em alojamento da própria universidade, evitando-se o deslocamento diário para a universidade.

Quanto ao transporte, a pesquisa de Eloi (2018), identificou que a opção dos discentes em morar próximo ao campus, influencia diretamente nos meios de transporte utilizados para o translado até a universidade, nesse sentido, 86,69% dos discentes fazem o seu deslocamento até a universidade a pé ou de bicicleta5.

No tocante ao auxilio alimentação, 94,23% do público discente entrevistado o utiliza, de modo a ter garantidas as principais refeições diárias na universidade, utilizando o restaurante universitário. Portanto, o auxilio alimentação se mostrou na pesquisa realizada na UFV como aquela que possui o maior número de estudantes beneficiários, evidenciando-se a garantia do mínimo necessário para que o discente possa permanecer e realizar na universidade suas atividades diárias de estudo, pesquisa e/ou extensão (ELOI, 2018).

Conforme expõe Eloi (2018, p.138), a pesquisa sobre o Programa Nacional de Assistência Estudantil na UFV, ―possibilitou avaliar a satisfação dos discentes em relação ao programa‖. Como resultado, constatou-se que as maiores médias de satisfação dos discentes estão nas áreas de transporte, alimentação, moradia, apoio pedagógico, esporte e lazer, nesta respectiva ordem. Outro aspecto evidenciado na pesquisa de Eloi (2018), e que se entende como de extrema importância quando se avalia o PNAES, é a relação existente entre as áreas de ação presentes no programa, os índices de desempenho acadêmico e a decisão do discente em continuar e concluir o curso no prazo previsto, visto que um dos objetivos do Programa Nacional de Assistência Estudantil consiste em diminuir os índices de evasão e retenção escolar no ensino superior público federal. Segundo expressa a autora (ELOI, 2018, p.144), os índices de:

[...] retenção e evasão são alguns dos problemas que mais incomodam as instituições de ensino em geral, pois afetam os resultados dos sistemas educacionais, aumentam o custo aluno e reflete no mercado de trabalho, por não dispor de mão de obra qualificada dentro do time esperado pela economia do país.

A partir dos resultados obtidos com a pesquisa, os dados revelam que ―nas variáveis ―decisão de continuar o curso‖ e ―concluir o curso dentro do prazo previsto‖ as áreas mais influentes foram: moradia, apoio pedagógico; alimentação e inclusão digital‖ (ELOI, 2018, p.144). Já na variável que relacionou o ―desempenho acadêmico‖ aos campos de ações do PNAES na

5 Na pesquisa realizada por Eloi (2018), outros aspectos também foram abordados, tais como: inclusão digital, saúde, cultura, esporte e lazer. Revelou que 97,75% possuem algum tipo de aparelho eletrônico, apenas 2,25% não possuem nenhum tipo de aparelho. Um total de 95,18% afirmou ter acesso a internet em seus aparelhos e/ou em suas residências, o que significa que uma grande quantidade de alunos possuem acesso a rede mundial de computadores, para assim realizarem seus estudos e pesquisas. Quanto aos aspectos de saúde dos discentes ficou constatado que 63,46% dos discentes procuram a divisão de saúde da universidade quando necessitam de atendimento e 26,92% utilizam a rede publica de saúde do município. 24,36% dos discentes realizam algum tipo de atividade de esporte e lazer promovida pela universidade, 75,00% não realizam e; 22,44% participam de atividades culturais disponibilizadas pela própria UFV, 77,24 não realizam.

UFV, as áreas consideradas ―mais influentes foram: moradia, alimentação e inclusão digital6‖. Deve-se destacar que as áreas de alimentação, moradia e inclusão digital, de acordo com a análise dos discentes entrevistados, são áreas de ação descritas no PNAES que influenciam totalmente e diretamente nos índices acadêmicos, na permanência do discente e na conclusão do ensino superior no tempo regulamentar, o que, por consequência, contribui para a redução dos índices de retenção e evasão escolar, preconizados pelo programa. Para Eloi (2018, p. 150), ―de modo geral o PNAES é satisfatório, porém algumas áreas precisam ser monitoradas e avaliadas para adequar as ações de assistência às necessidades e expectativas dos beneficiários [...]7‖.

Assim, conclui-se que os campos de ações delimitados pelo PNAES, atualmente regulamentado pelo Decreto 7.234/10, são de suma importância na vida dos discentes usuários, que em sua maioria encontra-se em situação de vulnerabilidade social, juntamente com a sua família, sendo o subsídio da universidade em forma de auxílios que possibilita que muitos dos estudantes continuem no ensino superior, obtenham índices acadêmicos satisfatórios e por fim concluam a universidade em tempo regulamentar, para uma posterior inserção no mercado de trabalho. Vale destacar que as ações de assistência voltadas para a alimentação e a moradia são primordiais para que os discentes possam se dedicar inteiramente aos seus cursos, pois possibilita que o mesmo não necessite entrar no mercado de trabalho, antes de sua formação, a fim de custear as despesas decorrentes da universidade. Esta análise leva em conta que a grande maioria das famílias dos discentes avaliados na pesquisa não possui condições de oferecer suporte financeiro ao estudante, por já viverem em condições econômicas precárias, com uma renda mensal de aproximadamente um salario mínimo.

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Outro caso que envolve a avaliação do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) em IFES é apresentado na dissertação de Cunha (2017), que teve como título do trabalho: O PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL (PNAES) NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO: UM ESTUDO SOBRE A TRAJETÓRIA ACADÊMICA DOS ESTUDANTES BOLSISTAS. O trabalho obteve como público os discentes de graduação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e foi apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Serviço Social, no ano de 2017.

6 (ibid, 2018, p.145).

A avaliação realizada por Cunha (2017) a respeito da realidade da Universidade Federal de Pernambuco partiu de uma amostragem total de 1.296 estudantes, os quais tiveram deferimento de suas solicitações nas mais diversas modalidades de bolsas e auxílios vinculadas ao PNAES no ano de 2013, sendo acompanhados os seus índices de desempenho acadêmico até 2016.1. Os discentes que participaram da pesquisa de avaliação eram três campi distintos: Joaquim Amazonas, Agreste e Vitória do Santo Antão. Pela amostragem analisada verificou-se que 55,2% do público eram do sexo feminino, 70,5% estavam na faixa etária entre 20 e 25 anos, 22,6% se declararam pardas e 15,3% brancos, 70,5% eram oriundas do interior de Pernambuco e 56,8% fizeram o ensino médio em escolas da rede privada, 43,2% de escola publica e 33.8% não declararam se vieram de escola publica ou particular (com ou sem bolsa).

Conforme mencionado, o grupo de discentes que participou da pesquisa foi acompanhado desde o semestre 2013.1 até o semestre 2016, pois o intuito era analisar o desempenho acadêmico desse grupo atendido pelo Programa Nacional de Assistência Estudantil, nos três campi da Universidade Federal de Pernambuco. Cabe ressaltar que todos os discentes que fizeram parte da avaliação se caracterizavam enquanto público alvo do PNAES, por estarem em situação de vulnerabilidade social. Dentre os discentes que foram acompanhados durante o período da pesquisa 38,7% eram da área da saúde; 35,3% da área de humanas e 25,9% da área das ciências exatas.

Outro dado da pesquisa realizada por Cunha (2017) que merece ser observado se refere à desvinculação do discente da universidade. No caso da UFPE, esse valor chegou 122 discentes, que no decorrer da pesquisa evadiram-se da universidade. Destes, 61,3% eram da área das ciências exatas, sendo esta a responsável por 9,4% dos abandonos de curso. Essa informação nos leva a refletir que não apenas as condições básicas de existência (alimentação, moradia, transporte) influenciam na permanência, nos bons índices de desempenho acadêmico e na conclusão do ensino superior; mas também é extremamente necessário considerar que as atividades e os apoios pedagógicos são estratégias importantes para enfrentar e diminuir os índices de evasão e reprovação nas universidades, em especial para a área das ciências exatas, na qual esses índices mais se evidenciam (CUNHA, 2017).

Em relação ao nível de importância do PNAES para os discentes que integraram a pesquisa na UFPE, Cunha (2017, p. 126) apresenta a síntese a seguir:

No grupo pesquisado o índice de conclusão da graduação foi de 59.9% (formados) no período investigado. Desta maneira, a pesquisa revela que o programa é importante na vida desses acadêmicos em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Percebe-se um bom desempenho acadêmico pela avaliação desses nexos, e atribuímos ao programa um resultado positivo no grupo pesquisado. Baseados nesses dados, chegamos a conclusão que as condições de permanência e conclusão dos cursos com a implementação do

programa possibilitou a estes estudantes em sua maioria a permanência na universidade e a conclusão da graduação. Contudo, a assistência estudantil é uma estratégia da política educacional estando sujeita as alterações das agendas governamentais, que [...] estão de acordo com as intencionalidades de cada governo.

Assim, a autora ressalta a pertinência do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) pelo fato de este suprir necessidades básicas dos estudantes e lhes possibilitar ―uma integração na vida acadêmica‖ (CUNHA, 2017, p.120). Observa, ainda, que ―além das dificuldades socioeconômicas destes estudantes existem diferenças no desempenho acadêmico da área de exatas, seguido pela de humanas apontando para outras dificuldades8‖, que não estão necessariamente ligadas às condições objetivas (alimentação, moradia, transporte), mas aos índices de desempenho acadêmico dos discentes dos cursos de exatas e, que merecem atenção e ações voltadas a essa necessidade apontada pelos discentes. Índice totalmente importante para se pensar uma assistência estudantil para além do atendimento das necessidades básicas; e sim, como um conjunto de ações, políticas, acompanhamentos educacionais, que vão influenciar diretamente na conclusão do ensino superior público federal, mas também na construção desses jovens