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3.2 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

3.2.1 Assistência farmacêutica hospitalar

No século XX, o farmacêutico exercia influência sobre todas as etapas do ciclo do medicamento. O farmacêutico hospitalar era o responsável pelo armazenamento e

USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS

UTILIZAÇÃO SELEÇÃO PROGRAMAÇÃO AQUISIÇÃO ARMAZENAMENTO DISTRIBUIÇÃO DISPENSAÇÃO P R E S C R I Ç Ã O P R O D U Ç Ã O I N F O R M A c à O G E R E N C I A M E N T O

dispensação da medicação, bem como, pela manipulação de praticamente, todo o arsenal terapêutico disponível na época (GOMES, 2001; ROSA, 1997).

As farmácias hospitalares no Brasil inicialmente foram instaladas nas Santas Casas e Hospitais Militares, onde o farmacêutico manipulava os medicamentos dispensados aos pacientes internados, obtidos de um ervanário do próprio hospital (ROSA, 1997).

A expansão da indústria farmacêutica, o abandono da prática de formulação pela classe médica e a diversificação do campo de atuação do profissional farmacêutico, levaram-no a se distanciar da área de medicamentos descaracterizando a farmácia. Neste período as farmácias hospitalares transformaram-se em serviços de distribuição de medicamentos produzidos pelas indústrias (HOLLAND, 1999).

A partir de 1950, evidenciou-se uma fase de desenvolvimento das farmácias hospitalares, os serviços de maior destaque neste período foram as Santas Casas de Misericórdia e o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, local onde atuava o Professor José Sylvio Cimino, autor da primeira publicação sobre Farmácia Hospitalar no país (GOMES, 2001).

Em 1995 foi criada a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH), entidade que tem contribuído para o desenvolvimento da profissão e da produção técnico-científica nas áreas de assistência farmacêutica hospitalar (GOMES, 2001).

A evolução da Farmácia Hospital nos últimos anos tem sido percebida em muitas instituições no Brasil e no mundo, devido à modernização das atividades hospitalares que gerou a necessidade da participação efetiva do farmacêutico na equipe de saúde. A farmácia hospitalar moderna, além das tradicionais funções administrativas, econômicas e técnicas, deve ser capaz de agregar atividades relacionadas à farmacoepidemiologia, farmacoeconomia e terapia baseada em

evidências, que resultem na melhoria da qualidade da assistência prestada ao paciente (GOMES, 2001).

O enfoque da farmácia hospitalar moderna passou a ser clínico-assistencial, atuando em todas as fases da terapia medicamentosa, desde sua adequada utilização nos planos assistenciais e econômicos, até a promoção do ensino e da pesquisa (CAVALLINI, 2002).

Nas instituições hospitalares, todas as ações que estejam envolvidas com medicamentos como, a seleção, programação, aquisição, armazenamento, dentre outras que compõem o ciclo da assistência farmacêutica devem ser desenvolvidas pela Farmácia Hospitalar (GENNARO, 2004; GOMES, 2001).

A assistência farmacêutica hospitalar possui extrema relevância, uma vez que o medicamento e outros correlatos são vitais para o funcionamento de qualquer hospital que procure ser eficiente. Segundo resolução Nº 300 do Conselho Federal de Farmácia, a Farmácia Hospitalar é definida como unidade clínica de assistência técnica e administrativa, dirigida por farmacêutico, integrada, funcional e hierarquicamente, às atividades hospitalares.

Cotter e Mckee (1997), verificaram o impacto de diferentes modelos hospitalares para o controle de utilização de medicamentos em oito hospitais do Reino Unido. Os autores observaram que o envolvimento do serviço de farmácia, através do profissional farmacêutico é essencial para o desenvolvimento efetivo de políticas de controle de utilização de medicamentos.

A farmácia hospitalar tem como principal função garantir a qualidade de assistência prestada ao paciente, através do uso seguro e racional de medicamentos e correlatos, adequando sua utilização à saúde individual e coletiva, nos planos: assistencial, preventivo, docente e de investigação, devendo, para tanto, contar com

farmacêuticos em número suficiente para o bom desempenho da assistência farmacêutica (BOERKAMP, 1997).

Durante os últimos anos, em todos os países industrializados, tem sido relevante a progressiva e crescente limitação de recursos destinados aos serviços de saúde. Os valores destinados aos gastos com a saúde em vários países estão aumentando em taxas significativas e a freqüente introdução de novos medicamentos, a alta tecnologia empregada no diagnóstico e tratamentos são fatores que muito contribuem para a elevação dos custos da assistência (ALVAREZ, 2001).

No hospital, os medicamentos são os produtos que representam uma das maiores parcelas dos custos hospitalares. Neste contexto, a farmácia hospitalar através da promoção da racionalização do uso de medicamentos tem função essencial na otimização dos recursos da instituição. As atividades da farmácia hospitalar permeiam de forma significativa todas as atividades que envolvem o cuidado em saúde, e o produto base de suas ações, o medicamento, tem forte impacto no custo final do processo (SLOAN, 1997).

A garantia da qualidade da terapia medicamentosa realizada em ambiente hospitalar requer prescrição adequada, bem como forma farmacêutica, doses e período de duração do tratamento. Além disso, se faz necessária disponibilidade dos medicamentos de modo oportuno, com preços acessíveis, e que atendam aos critérios de qualidade exigidos, dispensação em condições adequadas, com as necessárias orientações e, finalmente, que o regime terapêutico prescrito seja cumprido em sua totalidade (OSORIO-DE-CASTRO, 2000).

No Brasil, o Ministério da Saúde vem demonstrando preocupação crescente com a qualidade das instituições hospitalares através da divulgação do Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar (BRASIL, 2001), da revisão atualmente em curso

deste documento e de outras estratégias. Neste contexto, destaca-se a iniciativa da pesquisa denominada “Diagnóstico da Farmácia Hospitalar no Brasil”, estudo publicado recentemente, que envolveu a colaboração da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), o Núcleo de Assistência Farmacêutica da Escola Nacional de Saúde Pública (NAF/ENSP), o Centro Colaborador da OPAS/OMS em Políticas Farmacêuticas, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) e a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH) (OSORIO-DE-CASTRO E CASTILHO, 2004).

Considerando a Seleção de Medicamentos, a Farmácia Hospitalar recebe destaque, uma vez que a complexidade das novas terapias medicamentosas, as evidências dos resultados das intervenções farmacêuticas nos tratamentos estabelecidos aos pacientes, a relevância do papel do farmacêutico hospitalar na Comissão de Farmácia e Terapêutica e a necessidade de redução dos custos assistenciais reforçam a importância da assistência farmacêutica de qualidade.