• Nenhum resultado encontrado

3.3 SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS

3.3.2 Relação de Medicamentos

A Política Nacional de Medicamentos, instituída pela Portaria nº 3916 de 30 de outubro de 1998, no processo de implementação do Sistema Único de Saúde, apresenta como uma de suas diretrizes, a adoção da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais visando assegurar o acesso da população a medicamentos seguros, eficazes e de qualidade, ao menor custo possível e como uma de suas prioridades a revisão periódica desta Relação (BRASIL, 1998).

CRITÉRIOS

Critérios para adequada performance - Protocolos de Tratamento

- Relação de Medicamentos

- Critérios éticos para propaganda de medicamentos - Política de Medicamentos

INTERVENÇÕES/ ESTRATÉGIA

Intervenções para melhorar as atividades - Educação dos prescritores e dispesadores - Criação do Centro de Informações de Medicamentos - Gerenciamento e Intervenções regulatórias - Desenvolvimento e Implementação da Relação de Medicamentos e do Formulário Terapêutico - Educação dos vendedores e consumidores de medicamentos

- Treinamento dos profissionais da saúde

AVALIAÇÃO

Avaliação quantitativa da performance - Estudos de adesão ao Formulário Terapêutico - Percentagem de medicamentos padronizados que compões a RENAME

- Farmacovigilância

- Controle da resistência microbiana - Controle da propaganda de medicamentos - Análise de custo/efetividade

- Estimativas de necessidades e consumo de medicamentos

DIAGNÓSTICO

Avaliação qualitativa de desempenho - Logística e recursos

- Fatores relacionados aos pacientes e consumidores - Fatores relacionados às seguradores de saúde - Influências da Indústria Farmacêutica - Acesso à informação

Em 2001, através da Portaria GM nº 131/2001, foi instituída a Comissão Técnica e Multidisciplinar de atualização da Relação Nacional de Medicamentos e a partir dos resultados obtidos, foi apresentada a versão 2002 da RENAME, que passou a conter 327 fármacos.

Da mesma forma, a Organização Mundial da Saúde pública desde a década de 70, a sua lista modelo de medicamentos essenciais e tem estimulado a elaboração de listas nacionais de medicamentos como uma diretriz fundamental das políticas de saúde (OPAS, 2001).

A Relação de Medicamentos no hospital é uma publicação geralmente em forma de Manual que contém a lista atualizada de medicamentos selecionados para uso na instituição. A lista deve ser concisa, completa e de fácil consulta, e a revisão deve ser realizada periodicamente. As listas modelo, como a RENAME e a lista da OMS, no ambiente hospitalar podem ser consideradas uma referência, podendo ser adaptadas à realidade de cada instituição, de acordo com a suas características locais, perfil epidemiológico da população e da disponibilidade dos medicamentos no mercado (BRASIL, 2002a).

Fjin e colaboradores (2000) examinaram a Relação de Medicamentos em todos os hospitais com atendimento tipo geral na Alemanha e compararam os mesmos com os Protocolos Terapêuticos Nacionais e com a Lista de Medicamentos Essenciais do país, constatando que mais de 90 % dos formulários analisados seguem as recomendações dos Guidelines nacionais e da lista de medicamentos essenciais.

Ao se implementar a Relação de Medicamentos, o objetivo primário da Comissão de Farmácia e Terapêutica é garantir o uso racional de medicamentos e os custos sociais e institucionais. Dessa forma, é essencial que o Serviço de Farmácia incentive a difusão e o cumprimento da padronização de medicamentos do hospital. A

habilidade da Comissão de Farmácia e Terapêutica para escolher os melhores fármacos e conscientizar os médicos sobre a relevância da seleção é importante para o êxito da implementação da Relação de Medicamentos (FJIN, 2001).

No processo de seleção, devem ser considerados os fatores que possam contribuir para o sucesso ou não das atividades e é preciso estabelecer alternativas que possibilitem eliminar ou amenizar tais fatores. Os fatores que podem interferir no processo de seleção considerando a Relação de Medicamentos estão apresentados no quadro 2.

Quadro 2: Fatores que interferem na implementação do processo de seleção de medicamentos

Fonte: MARIN, Nelly et al. Assistência farmacêutica: para gerentes municipais. Rio de Janeiro: OPAS/OMS, 2003.

Contudo, a elaboração da Relação de Medicamentos baseada em trabalhos científicos isentos e metodologicamente corretos, não impede a necessidade de medicamentos para situações clínicas específicas dando origem a prescrição de produtos que não estão contemplados neste documento. A prescrição de medicamentos não padronizados pode ocorrer em casos de pacientes com doenças raras, em situações de ausência de resposta terapêutica ou intolerância ao medicamento e para pacientes em tratamento contínuo domiciliar com fármaco não

1. Baixa qualidade técnica da Relação de Medicamentos, comprometendo a sua resolutividade e aceitação;

2. Desinformação e/ou desconhecimento dos prescritores e dispensadores acerca da Relação de Medicamentos;

3. Não aceitação da Relação de Medicamentos pela equipe de saúde; 4. Irregularidade e descontinuidade no suprimento dos medicamentos

selecionados, comprometendo a credibilidade quanto à garantia dos

tratamentos e conseqüentemente a fidelidade dos prescritores à Relação de Medicamentos

padronizado cuja substituição não é recomendável. Cabe ressaltar que a multiplicidade de produtos farmacêuticos disponíveis, aliada à alta freqüência de novas descobertas e o imenso poder da propaganda da indústria farmacêutica sobre o prescritor também são fatores que contribuem para a prescrição de medicamentos não padronizados (Bermudez, et al, 2004)

Schumock e colaboradores (2004) descreveram e compararam as opiniões de médicos, farmacêuticos e outros membros da comissão de seleção de medicamentos em relação aos fatores que exercem influência na utilização destes em alguns hospitais nos Estados Unidos. Participaram do estudo 150 profissionais e os resultados obtidos demonstraram que segurança, efetividade, disponibilidade na Relação de Medicamentos padronizados restrições de uso são considerados critérios de grande influência no momento da seleção de medicamentos por todos os profissionais participantes. No entanto, médicos relataram que amostras-grátis e a experiência profissional são os principais critérios a serem considerados. Farmacêuticos e outros membros da comissão de seleção de medicamentos mencionaram como critérios, a recomendação da utilização por especialistas, protocolos terapêuticos e custos, fatores estes pouco considerados pelos prescritores.

Para que a seleção de medicamentos em um hospital atinja os seus objetivos é necessário que esta seja o resultado concreto de um trabalho interdisciplinar, dinâmico, contínuo desenvolvido na instituição refletindo os seus critérios terapêuticos, assegurando uma terapia medicamentosa racional e de baixo custo (GOWRISANKARAN, 1999).

Visando controlar as solicitações de medicamentos não padronizados ou solicitações de inclusões de produtos na Relação de Medicamentos da instituição, a Comissão de Farmácia e Terapêutica deve normatizar estes processos através da

solicitação de justificativa da necessidade do medicamento em formulário próprio (ORDOVÁS, 2002).