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4. Realização da Prática Profissional

4.2. Participação na Escola e relação com a comunidade

4.2.3 Ateliê de Educação Física

O Ateliê de EF foi uma atividade desenvolvida sob a orientação e coordenação do núcleo de estágio, sendo caraterizada por ser um tempo e um espaço disponível no horário letivo para a prática desportiva. Esta atividade teve início no segundo período do ano letivo, e foi desenvolvida até ao final do ano letivo. A atividade tinha como lugar o pavilhão desportiva às quartas-feiras entre as 14h15m e as 15h10m. O material disponível para a atividade foi o material utilizado no TF (TRX, Kettlebell, plataforma instável, bola medicinal,

Fitball), assim como todo o material disponível no pavilhão desportivo (Cordas,

sinalizadores, aparelho de som).

O objetivo principal deste ateliê era alargar a prática desportiva aos alunos sinalizados como casos de obesidade/sobrepeso (casos constatados através dos resultados da bateria de testes do Fitnessgram), tendo como objetivo secundário tornar este ateliê aberto a toda a comunidade escolar.

A divulgação da atividade foi realizada através da colocação de cartazes e pela distribuição de panfletos por o contexto escolar.

A preocupação em sensibilizar e falar diretamente com os alunos sinalizados foi maior, uma vez que um dos grandes objetivos do ateliê era precisamente fomentar a atividade física nesta população específica. No contato direto com estes alunos indicamos as vantagens deste tipo de atividade

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física e de que forma esta pode contribuir para o bem estar físico e mental, aproximando os alunos dos níveis ideais de aptidão física (ApF). No primeiro contato com estes alunos, verificamos que a sua reação foi de apreensão e até de algum receio o que foi notório que veem a atividade física como algo negativo.

Em termos de metodologia, estas aulas tiveram como base orientadora o TF. Este tipo de treino foi implementado ao longo das aulas das turmas dos EEs com vista a concretização do estudo de investigação-ação, e o seu sucesso foi notório pela presença de música, pelo ambiente de descontração e pelo crescente bem-estar evidenciado pelos alunos que frequentaram este espaço de aula.

A adesão por parte dos alunos foi crescendo ao longo do ano letivo, o que significa que o objetivo de tornar a prática desportiva como momentos agradáveis e de atrair alunos foi conseguido. Inicialmente contámos com a presença de apenas três alunos que não estavam sinalizados, mas após alguma divulgação feita nos intervalos através de conversa informal com os alunos, conseguimos que no final do ano letivo, este ateliê fosse frequentado por cerca de vinte alunos, dos quais dois são alunos sinalizados.

Todavia, após o sucesso na mobilização de muitos alunos para esta atividade, considerámos que o principal objetivo do ateliê não foi cumprido por vários motivos, entre os quais: a pouca disponibilidade em termos de horário laboral por parte dos alunos, principalmente dos alunos sinalizados (a maior parte dos alunos tem aulas da parte da tarde); a falta de fidelização e de compromisso com a atividade física por parte dos alunos sinalizados, fazendo com que a motivação para a prática seja reduzida, pois o olhar sobre a EF tem uma perspetiva de obrigação e não como uma fonte de prazer; o facto de ter sido utilizado o TF e o desconhecimento do potencial deste tipo de treino por parte dos alunos, causa alguma desconfiança afastando-os assim do ateliê.

Após uma reflexão crítica juntamento com o núcleo de estágio tentamos desenvolver respostas que minimizem os problemas anteriormente descritos.

Assim, propomos algumas medidas que possam ser implementadas no futuro: verificar os horários das turmas com os alunos sinalizados e tentar

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encontrar uma hora onde todos pudessem estar presentes; aumentar a frequência de realização do ateliê, aconselhando duas sessões semanais em dias e horas diferentes; iniciar o ateliê no primeiro período letivo, levando em conta os resultados do Fitnessgram do ano anterior; realizar o Fitnessgram nas primeiras semanas de aulas para verificar o nível de aptidão dos alunos e recrutar os alunos sinalizados para o Ateliê de Educação Física; promover palestras ou seminários relacionados com o problema do sedentarismo e problemas de obesidade que este tipo de vida acarreta, isto para alertar e sensibilizar os alunos para praticarem desporto e propor uma série de exercícios ou atividades que podem ser desenvolvidas fora do contexto escolar; o TF sendo a metodologia de base a utilizar na aula poderia ter sido demonstrado num momento em que toda a escola pudesse assistir (MOSTRA 2014 por exemplo), isto porque apenas os alunos das turmas dos EEs tinham conhecimento do que era este tipo de treino e que tipo de benefícios trazia.

Considero que o Ateliê de Educação Física foi uma atividade que teve grande impacto no meu crescimento enquanto professor, pois a cada semana, juntamente com o núcleo de estágio, tentamos inovar e ser criativos em cada exercício, de forma a chamar cada vez mais alunos. O objetivo era criar exercícios atrativos e dinâmicos para motivar os alunos a comparecerem nas semanas seguintes. Além disso, a reflexão constante e a partilha de opiniões e dúvidas, foram também fatores benéficos que contribuíram bastante para o nosso desenvolvimento enquanto profissionais.

4.2.4 Mexe-te

O Mexe-te é uma atividade com alguma tradição na escola onde estagiei e por norma é desenvolvida e organizada pelos núcleos de estágio. Esta atividade tem a duração de uma semana e visa proporcionar aos alunos da escola vivências diferentes, quer com professores convidados, como com modalidades que não são tão conhecidas.

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Desta forma, o núcleo de estágio procurou promover aulas diferentes em cada dia, com modalidades como Kizomba, Judo, Salsa e Zumba, que decorreram entre terça e sexta-feira entre as 10h15m e as 11h35m.

A seleção destas modalidades tem que ver com o conhecimento que tínhamos das modalidades e das pessoas especializadas nas mesmas, que prontamente acederam ao nosso convite e foram excecionais na divulgação das suas modalidades.

Em termos de organização, no primeiro intervalo da manhã, os professores demonstravam a toda a comunidade escolar os conteúdos ou categorias que iria ensinar ao longo dos noventa minutos seguintes. Nesse período da sessão, eram transmitidos os conteúdos apenas aos alunos da turma que tinham EF durante aquela hora. Posteriormente, no intervalo seguinte, os alunos demonstravam a toda a escola o trabalho desenvolvido ao longo da sessão. Esta dinâmica permitiu integrar de forma ativa toda a comunidade escolar já que todos os alunos, funcionários e professores podiam participar de forma efetiva e voluntária na atividade.

No geral a atividade correu dentro das expetativas, sendo a adesão por parte da comunidade escolar elevada, uma vez que as atividades propostas foram de encontro às expetativas e motivações dos intervenientes escolares.

Além disso, foi notório uma elevada adesão por parte de alunos, professores e auxiliares na modalidade de dança, talvez por ser mais atrativa e dinâmica. Quanto à modalidade de judo, também teve grande afluência, mas de uma forma mais comedida e expectante, talvez por não estarem tão familiarizados com a modalidade.

4.2.5 12 Horas Desporto

Este evento também já tem alguma tradição nesta escola, no entanto, sofreu algumas alterações em relação a anos anteriores, nomeadamente no nome e no tempo do evento, uma vez que antes era 24H de Desporto. O evento teve como comissão organizadora a turma de Desporto do 12º ano da

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escola e contou com a presença de alunos de todo o agrupamento, fazendo com que este evento tivesse um grande impacto na comunidade educativa.

A turma organizadora, em conjunto com o professor que supervisionou o planeamento e a atividade, decidiu convidar o núcleo de estágio da FADEUP para cooperar nesta atividade, particularmente na arbitragem dos jogos de futebol. Além disso, convidaram o núcleo de estágio para fazer parte da equipa de professores num torneio de Andebol, onde os professores iriam competir com os alunos. Em relação ao Futebol, o objetivo foi criar quadros competitivos no campo sintético para que os alunos das outras escolas pudessem jogar e usufruir das condições que a escola dispõe para a prática desportiva, uma vez que nas outras escolas, não têm a oportunidade de usufruir de um campo relvado.

O evento 12 horas desporto teve início pelas 9h da manhã e o seu término pelas 22h. As atividades desenvolvidas ao longo do dia foram: caminhada, ténis de mesa, boccia, basquetebol, futebol e andebol.

Na atividade inicial, que foi a caminhada, o núcleo de estágio participou de forma ativa no controlo dos alunos sendo o convívio uma constante durante todo o percurso. Nesta atividade, o convívio com os alunos foi enriquecedor e permitiu-me conhecer melhor os nossos alunos e alunos de outras turmas desconhecidas.

Esta atividade atrasou um pouco, o que impossibilitou uma participação mais ativa na atividade do ténis de mesa.

Ao longo da atividade de boccia como referido acima, o núcleo de estágio esteve a promover um torneio entre as escolas do agrupamento no campo exterior. A reação dos alunos foi muito positiva devido à novidade que era para eles praticar futebol num relvado sintético.

Ao longo do torneio de basquetebol, que se destinava apenas às equipas apuradas do torneio Compal Air realizado em cada escola, o núcleo de estágio encarregou-se de manter os jogos que decorriam no campo exterior. No meu caso como tinha duas equipas da minha turma a participar no torneio de 3x3 de basquetebol, tentei acompanhar as duas atividades. As duas equipas presentes no torneio (feminino e masculino) venceram nos respetivos

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escalões, o que me deixou bastante satisfeito, uma vez que incentivei bastante a sua participação. Os alunos ficaram deslumbrados com a vitória e certamente que este acontecimento vai contribuir para fomentar o seu gosto pela prática desportiva.

De seguida, realizou-se o torneio de futebol onde colaborei como árbitro. Foi pedido ao núcleo de estágio para coordenar esta atividade, uma vez que, em anos anteriores ocorreram várias situações de indisciplina entre os alunos. Durante a atividade procurei ser firme em todas as intervenções, de forma a que eles percebessem quem era a autoridade naquele momento. No geral, o tornei decorreu sem qualquer comportamento desviante e foi um momento agradável de competição e convívio entre os alunos.

Após este torneio, realizou-se o torneio de andebol com a participação de duas turmas de alunos e uma equipa constituída por professores do agrupamento e antigos professores da escola. Este foi mais um momento de convívio e partilha entre professores e alunos para o culminar de um dia em grande, dedicado ao Desporto.

Foi com grande entusiasmo e satisfação que vivenciei este dia. Julgo que este tipo de atividades devem ser promovidas e fomentadas com maior regularidade nas escolas. Durante todo este dia foi percetível a alegria com que os jovens viveram o desporto, num dia em que foi o principal protagonista e veículo para o relacionamento e convívio entre professores e alunos. A troca de conhecimento foi constante, a socialização com os alunos foi muito importante e a competição foi vista como uma forma saudável de convivência.