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Diferenciação Pedagógica: adequar a organização dos alunos às necessidades da turma.

4. Realização da Prática Profissional

4.1 Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

4.1.2 Análise dos Programas Nacionais de Educação Física e do Projeto Curricular de Educação Física da Escola.

4.1.4.4 Diferenciação Pedagógica: adequar a organização dos alunos às necessidades da turma.

Entendo que para organizar o processo de ensino aprendizagem o professor deve atender ao nível de aprendizagem da cada aluno e, na fase de

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planeamento, fazer uso da diferenciação pedagógica. Ou seja, o professor deve considerar as dificuldades e especificidades de cada aluno, delineando objetivos e atividades adequadas, que o ajudem a alcançar as aprendizagens pretendidas.

Através das várias ADs pude constatar a existência de níveis de desempenho que diferenciam claramente os alunos da minha turma. Atendendo a estas diferenças, organizar os alunos para o processo de ensino- aprendizagem foi para mim uma aprendizagem por de tentativa e erro.

Ao longo do estágio, reconheci as vantagens e desvantagens de cada estratégia organizativa dos alunos (grupos homogéneos e/ou heterogéneos), tornando-me capaz de as adequar às diferentes situações. Entendi que, estas decisões dependem principalmente das caraterísticas da turma e das modalidades lecionadas, sendo nas modalidades de desportos coletivos que estas preocupações surgem com mais frequência.

Inicialmente, ao colocar os alunos de diferentes níveis num mesmo grupo, pretendia promover a cooperação, para que os alunos com maior capacidade motora e maior predisposição para a prática, ajudassem os restantes colegas a aprender. Todavia, na prática, constatei que, para além de não ocorrerem melhorias significativas dos alunos de nível inferior, os alunos mais aptos apresentavam alguma insatisfação pelo nível de exigência dos exercícios ser reduzido (pouca complexidade), mostrando-se um pouco intolerantes com os erros dos colegas. Frente a estas reações dos alunos, o método que se tornou mais eficaz foi a divisão da turma por níveis, pois permitiu criar progressões pedagógicas com níveis de exigência adequados ao nível dos alunos de cada grupo e emitir FBs mais específicos, tendo em conta as dificuldades de cada nível. Além disso, com esta organização, os alunos tiveram um aumento na participação das tarefas e conseguiam ser bem- sucedidos, havendo um equilíbrio nas relações de cooperação e oposição:

“Por último, realizei jogo 5x5, onde introduzi a marcação individual. No jogo a

turma foi dividida em dois níveis distintos, de forma a tornar os jogos mais competitivos e que todos os alunos participem” (RA n.º 26 e 27)

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Durante o ano, uma das preocupações inerentes a esta diferenciação pedagógica foi manter uma relação e um trabalho equitativo entre todos os alunos, para que os menos aptos não se sentissem descriminados e inferiorizados. Ou seja, tive sempre a preocupação de distribuir a minha atenção por todos os grupos e, se necessário, por vezes, fazer trocas dos alunos entre os grupos. Para um aluno é difícil suportar quando percebe que é um dos únicos que não consegue realizar uma tarefa. Nestes casos, cabe ao professor motivar, estimular e criar no aluno um desejo de ser cada vez melhor. Outra dificuldade no processo de diferenciação pedagógica foi tentar manter a justiça no momento de avaliação. É difícil realizar uma avaliação justa quando numa UD os alunos com maior nível de aprendizagem realizam exercícios de maior complexidade, comparativamente aos restantes colegas. Por esta razão, a diferenciação realizada nas aulas, foi também efetuada nos momentos de avaliação, de acordo com a exigência específica do aluno, por isso, foi importante realizar estes ajustes.

Assim, tendo em conta as caraterísticas da minha turma, considero que a separação da turma por níveis de desempenho tornou, neste caso, o ensino mais eficaz, pois além de garantir maior sucesso no processo de ensino manteve os alunos motivados.

4.1.4.5 Motivação

Como refere Bento (2003, p. 136), “sem motivos o homem não se põe

em movimento”, de forma que, a motivação assume um papel primordial para

uma aula de EF. Com efeito, importa que o professor tenha um perfil motivador e que reflita e planeei a sua ação, tendo como base a motivação do aluno para realizar determinada tarefa. Pois, acredito que um aluno motivado, tem maior predisposição para a aprendizagem. Como advoga Guimarães (2004), um aluno motivado torna-se mais envolvido no processo ensino-aprendizagem, estando disposto a reunir esforços para concluir com sucesso as tarefas. De

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fato, um aluno motivado para a aprendizagem esforça-se por superar as dificuldades e, mantendo-se concentrado na realização das atividades, manifesta interesse e entusiasmo para aprender. Por esta razão, é importante que o professor tenha a preocupação de criar um ambiente positivo e atrativo durante as aulas, para que os alunos possam encarar este momento de aprendizagem com outra atitude.

Este foi um tema em que tive particular preocupação e interesse, pois em todas as aulas gostava de sentir que os alunos estavam motivados, felizes e satisfeitos. Com refere Ferreira (2005) o ato de motivar remete para um conjunto de diretrizes que condicionam a conduta de alguém para um objetivo, desencadeando uma atividade consciente. Assim, como professor, procurei sempre criar condições para tornar as aulas de EF em momentos positivos de aprendizagem e não apenas como mais uma aula de uma qualquer disciplina curricular. E, procurei, desde logo, criar algumas estratégias que fossem ao encontro deste objetivo, embora reconhecesse que esta era uma tarefa difícil. Pois, não existe uma “fórmula” ou um método que resulte de igual modo para todos os alunos e nem todos os alunos aceitaram com agrado as estratégias que resultam na generalidade da turma.

O jogo pode ser um fator importante na motivação dos alunos, por isso o utilizei com frequência ao longo do EP. Todavia, no meu entendimento, estes podem ser também fatores desmotivantes para muitos alunos menos aptos. Uma vez que, os alunos desmotivam e desistem com facilidade face à dificuldade de conseguir o contato com o objeto do jogo nas modalidades coletivas.

Neste âmbito, Ennis (1999), cit. por Graça e Mesquita (2013), refere que o tratamento didático dos jogos de EF continua a ser marcado pela fragmentação. Em muitos casos são pouco cuidados pedagogicamente, esvaziados de sentido e, muitas vezes, manipulados por regras monopolizadas pelos alunos mais fortes. Por esta razão, senti a necessidade de criar regras no jogo ou gerir os diferentes grupos de forma a proporcionar a participação de todos.

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O nível de complexidade dos exercícios também influenciava na motivação ou não dos alunos. Por isso, mais uma vez, foi importante atender à diferenciação pedagógica e criar desafios conforme o nível de aprendizagem dos alunos:

“alguns alunos estão num nível superior e para estarem motivados para as aulas foi necessário criar desafios específicos para acrescentar valor motor à sua prática.” (RA n.º 66).

No que respeita à tipologia de modalidades, verifiquei que os níveis de motivação dos alunos são, habitualmente, menores nas modalidades individuais, nomeadamente na Ginástica. Estes foram, efetivamente, os momentos em que senti maior dificuldade em motivar os alunos:

“Assim que os alunos perceberam que íamos começar com ginástica de aparelhos, reparei que grande parte deles não gosta da modalidade” (RA n.º

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Uma das estratégias utilizadas para melhorar os índices de motivação nesta modalidade foi a utilização de música. Inicialmente, tive receio que este método originasse comportamentos fora da tarefa, mas revelou-se bastante benéfico, particularmente na minha turma, pelo que continuei a utilizar ao longo de várias aulas:

“Em relação às aulas, uma vez que é uma modalidade individual e com baixo empenhamento motor, tenho tentado tornar as aulas mais dinâmicas e divertidas. Para tal, recorri à música como fonte de motivação.”(RA n.º 83 e

84).

Outra das estratégias que se revelou fundamental na motivação da turma, foi a implementação do MED que seguidamente irei apresentar.