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A ATENÇÃO, OS CAMPOS DE INFORMAÇÃO E OS CAMPOS DE COGNIÇÃO

CAMPO DE INFORMAÇÃO

No labirinto da cognição geralmente são estabelecidos dois tipos de entidades, os objetos materiais e os objetos ideais. As entidades materiais são aquelas que existem por si mesmas, independentes do sujeito que as conhece. As entidades ideais, ao contrário, dependem do próprio sujeito, ele as cria e ele as destrói.

Conhecer implica em um encadeamento consciente que o cérebro-mente faz dos objetos percebidos. Conhecer implica detectar o objeto material ou ideal a se conhecer, tomar a sua imagem e compará-la com as que estão na memória. A cognição é a atividade mais complexa que realizamos como seres humanos, ainda não conhecemos todas as suas variáveis constitutivas; na verdade é impossível converter a cognição em algoritmos que possamos transmitir as máquinas.

A razão pela qual as máquinas não conseguem produzir o pensamento, é que não adquirem consciência de si mesmas e do mundo. Podem responder e solucionar eventos enquanto programarmos corretamente as vias de decisão que implantarmos nelas e que respondem exclusivamente aos algoritmos, a sequências lógicas.

As máquinas não podem integrar a informação sempre como um todo, e a qualquer fração deste todo como um novo todo; tampouco podem converter qualquer todo e qualquer fração em eventos formados por infinitas informações.

Para esclarecer a afirmação anterior, permita-me o leitor oferecer-lhe um exemplo muito simples. Pegamos qualquer câmera fotográfica. Direcionamos a lente para uma grande paisagem de outono, abundante em matizes de formas e cores. A

foto, dependendo da resolução da câmara, oferecerá uma maior nitidez. Podemos agora tomar a imagem digitalizada e buscar ampliá-la para o dobro de seu tamanho original. As câmeras mais potentes, que possuem altas resoluções, ainda mostram certo nível de nitidez da paisagem. No entanto, se fazemos um zoom ainda maior, e ampliarmos quatro ou mais vezes o tamanho original da paisagem, notaremos que a imagem se pixela, isto é, a resolução é completamente perdida e emerge pequenos quadrados sem relação um com o outro.

O leitor deve perceber que aumentando a imagem esta se pixela. A câmera não é capaz de converter uma fração da imagem inicial em infinitas informações que permitam manter a nitidez original. Se ampliarmos quatro ou mais vezes a foto original, a máquina não pode introduzir infinitas informações para manter a nitidez na pequena fração escolhida. Ou seja, a máquina fotográfica não pode introduzir infinitas informações em uma fração qualquer de um todo. A Consciência ao contrário consegue fazer, pois a Consciência sempre trabalha fazendo com que qualquer percepção tenha infinitas informações. Nós podemos conscientemente indagar o mundo e qualquer todo ou qualquer de suas frações possuem infinitas informações constituintes.

A Atenção é um maravilhoso agente sobre o qual se desencadeia a cognição. A Atenção converte a qualquer evento conhecido em um evento com infinitas informações. A Atenção é o catalizador da cognição, é quem realmente a produz. As máquinas não possuem atenção, não respondem como a mente impregnada de Atenção, pois não podem converter repetidamente uma pequena fração, ou uma fração de uma fração, em uma entidade constituída de infinitas informações.

Qualquer evento que possa ser conhecido está constituído de infinitas informações, e qualquer fração do evento inicial também está constituído da mesma forma. Nossa mente é

prodigiosa, pois sempre navega no oceano do infinito. Nenhuma máquina possui consciência, pois não pode introduzir o infinito em seu processamento; apenas a mente impregnada de atenção é capaz de fazê-lo.

Estudante- O que é um «todo»?

Sesha- É a construção completa de qualquer percepção. E.– É o resultado da percepção?

S.- O termo percepção é usado como sendo o conjunto de atividades que levam ao conhecimento. A instrumentalidade da percepção leva a cognição. A compreensão é a atividade cognitiva final que revela o saber.

E.- Então, um «todo» é qualquer coisa que conhecemos?

S.- Assim é, um «todo» é um conjunto completo que a mente pode advertir e conhecer mediante uma percepção qualquer. E.- E uma «parte», o que é então?

S.- Quando conhecer um «todo» advertirá que as suas fronteiras são impermanentes, o que faz com que a mente as amplie ou as reduza incessantemente, ou simplesmente se fracione e detecte uma nova informação no referido processo. Então poderá notar visualmente uma árvore e ver os seus ramos e advertir posteriormente a uma de suas folhas. Também pode simplesmente se aproximar a mão a casca e sentir a sua superfície rugosa. Qualquer fração de percepção conhecida é um «todo». Mas tenha em conta que somente a mente poderá conhecer «todos».

E.- Apenas posso reconhecer «todos»...? E o que passa com as «partes»? S.- Se detectar apenas «partes», a mente mantêm um processo de

dúvida cognitiva; quando detecta um «todo», a mente cessa a dúvida, cessa a dialética mental e conhece.

S.- Você está acostumado a conhecer pensando constantemente, pois desta forma define mediante «nome» e «forma» os eventos percebidos. Anseia por constantemente definir o mundo para não permanecer em dúvida cognitiva. No final, se acostuma tanto a pensar, a fracionar incessantemente a realidade a cada instante, que acaba pensando ou sentindo por hábito. Acaba finalmente criando construções mentais momentâneas e sequenciais.

E.- Então, passamos constantemente da dúvida ao conhecimento? S.- Assim é, mesmo que você chame de conhecer apenas a

definição do mundo no qual vive. Se desejar realmente conhecer o mundo tal como é, então mantenha a sua mente constantemente sem dúvida cognitiva enquanto perceber qualquer evento presencial. Você acredita que a realidade de uma árvore é sustentada por ter cor verde em suas folhas ou possuir a opção de ter uma casca áspera. Isto não é assim, pois verde e áspero são simplesmente acidentes momentâneos da cognição, são categorias momentâneas que a sua mente detecta. A essência do conhecimento é a não-dualidade entre cor e rugosidade, entre as infinitas categorias da percepção e seu conhecedor.

E.- E a cada percepção que leva ao conhecimento a denomina de Campo?

S.- Exatamente. Um campo de informação é um conjunto delimitado de infinitas informações.

E.- E como é possível delimitar o infinito?

S.- Ocorre a toda hora, em todo momento. Pode buscar um número qualquer e defini-lo através de uma série infinita de frações. Pode ter uma linha reta delimitada e saber que qualquer tamanho de linha que escolher tem infinitos pontos constituintes. O infinito está delimitado em cada evento simples ou complexo que você conhece.

CAMPO DE COGNIÇÃO

A Atenção não é uma categoria da cognição, é a base, é o catalizador da própria cognição. Por isto, nos Campos de Informação normalmente não colocamos a Atenção como parte da informação constituinte; no entanto, ela está ali implícita em todo o campo, semelhante a um número que leva implícito seu símbolo positivo, pois se supõe que enquanto não utilizarmos o sinal menos, o número será positivo. Ou seja, o número 5 é exatamente o +5.

De forma semelhante, na cognição, a Atenção está sempre presente, mas nunca como parte, pois ela é um contínuo. Quando apresentamos a cognição, e portanto a presença da Atenção, convertemos espontaneamente um «Campo de informação» em um «Campo de Cognição».

Um Campo de Cognição tem implícito a natureza consciente mediante a presença da Atenção. Neste caso, são idênticos os Campos de Informação e os de Cognição. O costume de perceber os objetos como entidades independentes do sujeito, faz com que seja mais simples tratá-los como informação. O Advaita trata todos os eventos como Campos de Cognição, pois considera que todo evento flutua essencialmente no oceano da Consciência. Estudante- Quais diferenças existem entre um Campo de Informação

e um Campo de Cognição?

Sesha- Os Campos de Informação possuem um tratamento que não leva implícito a consciência como parte constituinte do campo, razão pela qual serve para uma termologia mais próxima ao Ocidente.

Os Campos de Cognição são idênticos aos Campos de Informação, mas anexamos a base que sustenta a própria informação, ou seja, a Consciência.

S.- Quando você define a natureza da informação tal como temos realizado em outros textos, poderá dar-te conta graças a sua natureza adimensional, que o contínuo da Consciência se assemelha a natureza adimensional da informação, razão pela qual existe um Princípio de Equivalência entre informação e Consciência.

Na Teoria da Relatividade, um campo de gravidade produzido pela massa dos corpos é equivalente a um campo uniformemente acelerado, que nasce da variação da velocidade em relação ao tempo. Há equivalência entre gravitação e aceleração. Da mesma forma se propõe que há equivalência entre a Consciência como contínuo e a informação adimensional, razão pela qual ambos parecem ser idênticos.

OS APARENTES LIMITANTES DA ATENÇÃO