• Nenhum resultado encontrado

OS APARENTES LIMITANTES DA ATENÇÃO Temos percebido nos parágrafos prévios que os Campos de

CAMPOS FECHADOS

Portanto, afirmamos que os Campos de Informação se fecham devido a fronteira que o «eu» estabelece. No entanto, é possível tratar também as fronteiras que aparentemente limitam a Consciência de outra maneira que não seja simplesmente a egóica. Para isto analisamos a informação e buscamos identificar as leis intrínsecas em sua natureza. Ou seja, podemos apresentar a mente como informação que delimita informação graças a presença egóica.

Limitantes da Informação

• Limitante de Causalidade: A informação adimensional pode expressar-se de maneira causal ou não causal, ou seja, que um Campo de Informação qualquer possa existir como resultado de informações prévias, tal como acontece nos processos evolutivos, onde certamente tudo provêm de um passado devido a que a flecha do tempo vai em direção exclusiva para o futuro.

Isto é, existirão Campos de Informação fechados cuja natureza é necessariamente causal, razão pela qual a informação está sujeita a evoluir exclusivamente em direção do tempo. Como o caso de todos os eventos externos que conhecemos enquanto estamos despertos e os internos associados a memória. Mas também podem existir Campos de Informação fechados cuja natureza é acausal, ou seja, que permitem formar entidades que não tem razão nem origem no passado. São universos e entidades onde o tempo não está obrigatoriamente regido por uma flecha de tempo para o futuro.

Tal é o caso de todos os eventos associados aos estados de Sonho, Observação, Concentração e Meditação. Então, nestes estados não existe o sentido de causalidade, razão pela qual não se estabelece karma entre o ator e a ação realizada.

• Limitante de Espacialidade: A informação adimensional que forma um Campo Fechado se expressa alternativamente como todo e parte.

O sentido de percepção espacial nasce da fratura constante das fronteiras dos Campos de Informação. Observamos uma mesa e passamos rapidamente a detectar frações dela. Constantemente Incluímos e descartamos informação no Campo. Assim a mente adverte constantemente mudanças no Campo de Informação. Um Campo de Informação qualquer nunca é estável enquanto possuir fronteiras, pois estas se modificam continuamente. Um Campo de informação passa de ser um todo a ser uma parte e cada parte se converte novamente em um todo cognitivo.

Quando observamos um evento qualquer, um Campo de Informação fechado, somos obrigados pela própria inércia da mente a incluir ou descartar a informação proveniente dos sentidos. Este arrebatamento constante que ocorre na mente, que leva a integrar ou erradicar as informações, gera campos que tendem a serem identificados com aqueles que possuem um «nome» ou «forma» já previamente existente na memória. Os Campos de Informação geralmente são parecidos com as imagens já existentes na mente, isto nos permite dialeticamente defini-los com facilidade; assim, associamos a percepção realizada a uma pré-existente na memória. Isto ocorre a todo o momento, exceto nos processos de aprendizagem.

• Limitante de Fronteira: A informação adimensional que forma um Campo Fechado pode incluir fronteiras interiores e sempre criar a fronteira final que inclui a todas as parciais internas.

A fronteira mínima que se apresenta em um Campo de Informação fechado é aquela que diferencia o sujeito e o objeto. O sujeito se experimenta diferente do que conhece e além,

o sujeito experimenta limitação em sua percepção devido a fronteira final que envolve a cognição.

Normalmente, quando se fala do sentido de «eu», como sendo o elemento diversificador e diferenciador da cognição, nos referimos a este tipo de limitante de fronteira. Devido a este limitante nos percebemos encapsulados cognitivamente em um mundo dual que depende sempre dos sentidos e da memória para ser construído.

As fronteiras internas podem ser descartadas, como é o caso do estado de Observação, mas não a fronteira final. A fronteira final do campo pode fratura-se, diluir-se para dar lugar ao estado de Meditação, ou seja, a um estado de cognição não- diferente associado a um Campo Aberto.

• Limitante de Aparente Realidade: Nenhum ser humano tem acesso voluntário as extensas regiões e níveis do inconsciente, razão pela qual sempre existe um sentido de incerteza em nossa própria conduta e reações psicológicas. Existe como base, a fronteira de um universo completamente desconhecido, uma barreira que poderíamos comparar ao instante de dormir e o notaremos como um suave véu que oculta o mundo onírico. Em resumo, em nossa cognição existe uma nuance que está arraigada aos nossos mais primários instintos de sobrevivência e que tem se convertido na semente da própria individualidade.

O inconsciente é por sua vez uma realidade e um absurdo. Ao mesmo tempo é ilusão e realidade. A contraposição incompreensível que reúne os extremos de coisas indetectáveis como o vazio e o infinito é o aroma essencial de maya, a ignorância primordial e, portanto do inconsciente como a força geradora da individualidade.

Este limitante de «aparente realidade» é o gérmen que leva o fechamento de toda a informação não-dual que constitui

o Campo Fechado da Concentração. Quando maya é descartada e diluída, o campo finalmente se abre, permitindo a experiência total de simultaneidade em todos os campos. A isto denominamos de Meditação.

Estudante- Porque você usa o termo Campo de Informação?

Sesha- Tratar os eventos como entidades materiais ou ideais, nos leva a criar uma luta que não é necessária e também a falsas crenças a respeito dos constitutivos do universo, é muito mais coerente tratar o mundo como um punhado de infinitas informações delimitadas por fronteiras que as aprisionam, o que nos faz ver um campo diferente de outro. E.- A mente também é um campo fechado de informação?

S.- A mente é um campo fechado que registra, processa e conhece informação.

E.- O que são as fronteiras?

S.- Elas são possíveis modalidades de agrupamento de informação que podem ser detectadas pela mente humana. A própria informação é adimensional, mas se associa com base em certas leis em si mesma. Assim, todo o campo fechado possui infinitas informações; a informação é adimensional e existe um princípio de equivalência entre Consciência e Informação.

E.- É possível aparecer ou desaparecer algumas fronteiras na cognição? S. - Com certeza. Esta é a causa de que apareçam alternativamente

os diversos estados de consciência, como o Sonho, Pensamento, Observação, Concentração e Meditação.

E.- Não entendo muito bem que apareçam diferentes Estados de Consciência.

S.- A água apresenta três diferentes fazes nas quais fisicamente se apresentam: sólida, líquida e gasosa. Basta que as condições

de temperatura ou pressão se modifiquem para que se modifique alternativamente o seu estado.

Também pode notar um objeto qualquer e advertir a sua composição física, química, o desenho com o qual foi criado e milhares de características mais que possa possuir. Basta que a sua própria ótica de investigação se modifique para notar como pode descobrir novas facetas e diferentes categorias de cada coisa que conhece. Da mesma forma passa com a cognição. Basta com que você estabeleça diferentes modalidades de cognição e os limitantes com os quais se agrupa a informação passam a tomar outra ordem e, portanto a sua percepção se encontra sob uma nova ótica cognitiva.

E.- Então, meditar é retirar todo o limitante da cognição? S.- Isto mesmo. É uma forma inteligente de expressá-lo.

E.- O que delimita que a informação se agrupa de uma forma ou de outra em um Campo?

S.- A mente! Ela é a causa do alvoroço. A mente e todo nosso sistema nervoso estão desenhados para ver o mundo sob condições diferenciadas. Os animais têm desenvolvido em sua evolução algumas qualidades físicas e diversas cognitivas que atualmente os humanos não possuem; mas nós, como humanos, temos fortalecido de maneira evidente o sentido de individualidade, somos capazes de reconhecer- nos claramente como indivíduos, não tanto como espécie. E.- Uma mente e um sistema nervoso diferente processariam o mundo

de outra maneira?

S.- Exato. Atualmente estamos submetidos aos sentidos que definem: o tempo, o espaço e o sentido de «eu». Sob estes pressupostos nós evoluímos criando uma matrix que responde a estas fundamentais variáveis.

Quando você retirar a tendência da mente de agrupar a informação sob estes condicionamentos, então poderá advertir o universo como uma realidade não-dual associada a um campo aberto, ou seja, compreenderá o universo como sendo um contínuo de Consciência onde a informação é não-diferente. Finalmente perceberá que o universo e quem o conhece são não-diferentes.

E.- É como retirar as camadas de uma cebola para que no final termine em nada!

S.- No final o que fica é tudo! E.- Fica tudo?

S.- Sempre houve, sempre existiu tudo em todas as partes, para onde pode ir o que sempre existiu?

E.- Existem outros limitantes além dos quatro que você descreveu? S.- Com estes quatro limitantes já é possível criar um modelo

suficientemente completo para não ser preciso de novas variáveis a mais.

Estamos submetidos a que a informação seja causal ou acausal, seja parte ou todo, possua fronteiras internas e externas que delimitem a quem conhece do conhecido e uma ignorância ancestral que nos faz advertir que tudo parece ser uma Realidade. Quando retirar pouco a pouco cada um dos condicionantes no qual a informação se estratifica, então você possibilitará uma informação não-diferente associada ao Campo Aberto.