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O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

No documento O ensino de Física para estudantes surdos (páginas 43-47)

Os alunos com necessidades especiais devem ser matriculados em classes comuns. O atendimento educacional especializado, mais conhecido como AEE, deve acontecer em um turno oposto ao do ensino regular. Esse atendimento acontece na sala de recursos multifuncionais.

Esse atendimento visa diminuir/eliminar as barreiras que impedem os alunos com necessidades especiais de gozar dos seus direitos como cidadãos, além de ajudar no desenvolvimento das suas potencialidades, ajudando na autonomia e na independência desses alunos, quando possível.

Para atuar na sala de recursos multifuncionais, o professor deve ter uma formação que o habilite para o exercício da docência com esses alunos, ou seja, habilitado em educação especial. Sua função é realizar o atendimento como uma

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complementação/suplementação à escolarização, sempre considerando as necessidades específicas de cada aluno, bem como suas habilidades.

Em algumas escolas, é possível encontrar salas de recursos multifuncionais fechadas por falta de profissionais para atuarem nesses espaços. Também não é difícil achar alunos surdos no Ensino Médio que não são alfabetizados em Português ou LIBRAS, justamente porque, na sua formação inicial, não havia profissionais adequados para acompanhá-los. Em algumas escolas, esses alunos também não possuem intérpretes nas salas de aulas para auxiliá-los.

4.9 O INTÉRPRETE DE LIBRAS

Relato dos Intérpretes

Durante o desenvolvimento deste trabalho, alguns intérpretes contribuíram com seus relatos de experiência. Profissionais nas cidades de Currais Novos, Parelhas, Caicó e Natal, localizadas no estado do Rio Grande do Norte, falaram sobre suas práticas, desafios enfrentados, e vivências exitosas.

Qual a função do Intérprete de Libras?

O intérprete de Libras tem como função fazer uma ponte entre o aluno e o professor. O que acontece.

Quais os maiores desafios?

Os intérpretes relataram diversos desafios, que acabam enfrentando no dia a dia da sala de aula. Dentre esses desafios está, em primeiro lugar, a aceitação do aluno surdo. No interior do estado, esses profissionais estão chegando agora. Muitos alunos chegaram ao Ensino Médio sem um acompanhamento, logo, terminaram os estudos sem conhecer a língua Portuguesa, ou até mesmo a Libras. Com a chegada desses profissionais, os alunos que foram promovidos através dos anos, nem sempre tem receptividade positiva para eles.

Um dos casos mais interessantes foi de uma aluna que estava aprendendo os primeiros sinais em Libras, mas que seu desenvolvimento não estava ocorrendo de forma satisfatória porque ela não aceitava sua condição de surda. Muitas vezes

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quando a intérprete tentava se aproximar da aluna a mesma ficava chateada e pedia para ela se retirar, pois ela alegava escutar e não precisar da sua ajuda. Uma das estratégias utilizadas pela intérprete foi contar com o apoio da turma. Alguns alunos quiseram aprender os sinais de Libras para tentar se comunicar com ela e auxiliar a intérprete a conquistar a aluna surda.

Outro caso que chamou a atenção dentre os demais relatos, foi quando o diretor teria tirado a aluna surda da sala de aula e a levado para a sala de atendimento educacional especializado (AEE), enquanto os demais alunos ouvintes realizavam uma atividade em sala. Ou seja, excluindo a aluna do processo de ensino e aprendizagem pelo fato de ser surda.

Para finalizar, uma terceira e grande dificuldade relatada pelos profissionais é que quando eles chegam à escola é como se os professores achassem que sua responsabilidade para com os alunos inclusos tenha acabado. Muitas vezes os conteúdos a serem ministrados acabam caindo na responsabilidade dos intérpretes, o que com certeza prejudicará e desnivelará o aluno incluso dos demais da sua sala. Uma prova de que isso realmente acontece é que durante as sondagens para coletar dados para este trabalho, mais de um professor não soube responder se seu aluno surdo era sequer alfabetizado. Um detalhe que chamou atenção para isso, é que alguns já estavam a mais de 2 bimestres com os mesmos em sala de aula. E aí ficam os questionamentos: esse professor acompanha de perto esse aluno incluso? Há um interesse de como adaptar a aula para ele? Existe no planejamento das aulas preocupação com os alunos inclusos? O aluno incluso está aprendendo como deveria? Como está sendo a aprendizagem desses alunos?

Vale deixar claro que esses profissionais (os intérpretes) são como uma ponte entre o professor e o aluno. Não é de sua responsabilidade o ensino, por exemplo, da disciplina de Física. A responsabilidade de ministrar o conteúdo é daquele que se formou para tal, o intérprete é um auxiliar para estabelecer o elo, a comunicação entre eles.

O que na sua visão contribui para um ensino de qualidade?

Para esses profissionais é necessário que haja uma parceria e engajamento de toda a equipe escolar para que o ensino inclusivo que tanto se fala e se almeja seja

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alcançado. Não é jogar a responsabilidade de um lado para o outro, mas todos darem as mãos para que o ensino de qualidade para esses meninos e meninas aconteça.

5 METODOLOGIA

O primeiro passo foi aplicar um questionário junto aos professores da disciplina de Física que lecionam na região da 9ª Direc – Diretoria Regional de Educação e Cultura, e que possuem ou possuíram alunos surdos em suas classes: ao todo foram 22 entrevistados, no ano de 2017.

Entrando em contato com as escolas, verificou-se a quantidade de seis alunos surdos, de acordo com a tabela abaixo:

Cidade Escola Quantidade Série

Currais Novos/RN E. E. Dr. Sílvio Bezerra de Melo

1 1ª

Cerro Corá/RN E. E. Querumbina Silveira

2 1ª e 2ª

São Vicente/RN E. E. Aristófanes Fernandes 1 1ª Parelhas/RN E. E. Monsenhor Amâncio Ramalho 1 9º ano Ensino Fundamental Parelhas/RN E. E. Dr. Mauro Medeiros 1 1ª

O intuito da sondagem foi coletar dados, através do questionário disponível no Anexo I, tais como as principais dificuldades enfrentadas na sala de aula, seja a comunicação entre o professor e o aluno, o ensino do conteúdo da disciplina, a falta de capacitação dos professores, as dificuldades dos mesmos em lidar com os alunos surdos, e o déficit de profissionais qualificados na escola.

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No documento O ensino de Física para estudantes surdos (páginas 43-47)

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