• Nenhum resultado encontrado

VANTAGENS E LIMITAÇÕES DO MÉTODO

RSO DO REFEITÓRIO ADMINISTRATIVO RA

4.3. INVENTÁRIO DAS TECNOLOGIAS

4.3.1. Aterro Sanitário

Esta forma de tratamento corresponde à condição atual (status-quo) na qual o RSO dos restaurantes universitários da UNICAMP é submetido, ou seja, destinação para aterro sanitário sem recuperação energética. O RSO gerado após o término das atividades dos restaurantes é armazenados em contentores plásticos e recolhido pelo sistema de coleta convencional de RSU existente na universidade, desta forma há a mistura da MO com os inorgânicos. Esta coleta ocorre em dois períodos: após o almoço e o jantar, mas o transporte ao aterro é feito uma vez ao dia. Embora o RSU seja coletado em diversos pontos dentro da universidade, para efeitos de cálculo, considerou-se a rua lateral do RU como ponto inicial do transporte, totalizando 44,4 km percorridos pelo caminhão de coleta até o aterro sanitário localizado em Paulínia diariamente (ida e volta do veículo, coleta uma vez ao dia do RSU nos restaurantes), conforme pode ser visto na Figura 4.2. O aterro sanitário é administrado pela empresa Estre Ambiental, constituindo um Centro de Gerenciamento de Resíduos com 705.000 m² e recebe

resíduo sólido classe IIA e IIB. Conta com impermeabilização do solo, drenagem e tratamento de lixiviado, capitação de águas pluviais e sistema de remoção e queima do gás de aterro em flares (ESTRE AMBIENTAL, 2016).

Figura 4.2 - Rota entre Unicamp e o aterro Estre em Paulínia. Fonte: Google Maps® (2016)

Nota-se que a atribuição de todas as emissões para o ambiente produzido no aterro sanitário apenas à fração orgânica seria inadequada. Portanto, para o cálculo das emissões para ar, água e solo decorrentes das atividades do aterro sanitário é utilizada apenas a fração correspondente ao RSO. Desta forma, a unidade funcional é igual ao tratamento da fração orgânica contida em 1 kg de RSU (veja item 3.2). O relatório sobre o panorama do RSU no estado de São Paulo elaborado pela CETESB e Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo apresenta a composição gravimétrica do RSU gerados na unidade hidrográfica de gerenciamento de recursos hídricos a qual o município de Campinas pertence (UGRHI 5 - PCJ). A MO corresponde a 73,28%, já para o município de São Paulo, este valor é de 62,90% (CETESB; SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2014). Como não foram encontrados dados específicos da composição gravimétrica do município de Campinas, adotou-se o valor de 62,90% de RSO, pois se admite que o município possua características urbanas mais próximas a São Paulo do que as demais

cidades que compõem a região metropolitana de Campinas. Assim, os cálculos do inventário contabilizam 0,63 kg de RSO para cada 1 kg de RSU.

As fronteiras do sistema para esta tecnologia são mostradas na

Figura 4.3. O processo se inicia na coleta dos 1100 kg de RSO produzidos diariamente pelos restaurantes universitários (veja item 4.1) e transporte até o aterro sanitário Estre em Paulínia. As etapas seguintes ocorrem dentro do aterro sanitário (disposição do RSU e compactação feita por maquinário). O lixiviado é enviado para um sistema de tratamento específico e o lodo resultante é incinerado, já o gás de aterro é coletado e liberado diretamente na atmosfera, ou seja, não há queima do mesmo em flares. O detalhamento do ICV para cada atividade mostrada na mesma é explicado em seguida.

Figura 4.3 - Fronteiras do sistema - Aterro sanitário sem recuperação energética As emissões decorrentes da etapa de coleta são baseadas na distância percorrida entre a UNICAMP e o aterro sanitário Estre igual a 44,4 km/dia. O inventário nacional de emissões atmosféricas por veículos automotores rodoviários com ano-base em 2012 (BRASIL, 2014) foi utilizado para contabilizar as emissões advindas do uso do diesel como combustível para o caminhão coletor. O modelo de caminhão adotado é o habitualmente utilizado na coleta de RSU em Campinas pelo consórcio Renova Ambiental (volume = 15 m³), enquadrando-se na categoria caminhão semipesado (15 t < peso bruto total <40 t). As emissões de escapamento para este modelo de caminhão (ano/modelo 2012) correspondem a 0,275 g/km de CO, 2,603 kg de CO2 por litro de diesel,

0,032 g de hidrocarbonetos não-metano (NMHC) por km; 0,016 g de material particulado por km; 0,060 g/km de CH4; 1,645 g/km de NOx e 0,03 g de N2O por

km. O consumo específico de diesel é igual a 29,9 litros a cada 100 km, o que resulta em 13,06 litros diários para um caminhão. A densidade aparente do RSU recém-coletado é igual a 231 kg/m³ (SILVA; SANTOS, 2010), de modo que em um caminhão é possível transportar 3195 kg de RSU.

As demais fases que ocorrem dentro do aterro sanitário, conforme dito anteriormente, compreendem a disposição do RSU nas células, operações de

maquinário para cobertura do aterro (uso de diesel e solo), coleta e tratamento do lixiviado e geração de gás de aterro. Este estudo seguiu a metodologia assumida por Leme (2010), o qual contabilizou os impactos ambientais do aterro sanitário de Betim-MG para quatro cenários (incineração, sem aproveitamento do gás de aterro, geração de energia por MCI e por turbinas). Os dados correspondentes ao aterro sanitário sem aproveitamento energético e sem a queima do gás de aterro em flares foram usados neste trabalho. Destaca-se que esta condição não condiz exatamente com a situação real do aterro sanitário da empresa Estre em Paulínia, pois este faz a queima do gás em flares. No entanto, por falta de dados locais sobre as emissões deste aterro e como o objetivo desta pesquisa não é criar metodologia para geração de inventário de aterro sanitário, assumiu-se o inventário produzido por Leme (2010), de modo que foi salientada aos decisores que esta é uma condição um pouco mais pessimista do que a que realmente ocorre na UNICAMP.

As emissões primárias correspondem aos gases oriundos da decomposição do RSU no aterro (emissões não controladas), à queima do diesel pelo maquinário, e do lixiviado percolado para os corpos aquáticos; já as emissões secundárias advêm do uso de diesel, do lodo resultante da estação de tratamento do lixiviado, o qual é levado a um incinerador. Leme (2010) calculou um período de curto termo de 100 anos para emissões para o ar e lixiviado para corpos de águas superficiais e um período de longo termo de 60.000 anos para emissões da lixívia em água subterrânea, considerando que a quebra do sistema de impermeabilização deva ocorrer neste tempo. Quanto às emissões da queima e uso do diesel considerou-se o período de funcionamento do aterro de 20 anos, com dados retirados de MCT (2006). Como não existem inventários brasileiros para as emissões de curto e longo termo, utilizaram-se as emissões resultantes da incineração da lama residual da estação de tratamento de chorume na base de dados Ecoinvent®, assim como as emissões para água e solo (DOKA, 2003). A incineração da lama ocorre durante 100 anos. As emissões de curto termo (100 anos) têm como compartimento as águas fluviais, as de longo prazo vão para as águas subterrâneas (considerando a falha do sistema de impermeabilização). A composição do inventário exclui os materiais usados na infraestrutura, pois estes

são pequenos se comparados aos aspectos primários. O gás de aterro considerado possui 64% de CH4 em volume. Leme (2010) calculou as emissões

não controladas pelo software Landgem 3.02. Emissões provenientes da queima do diesel no maquinário para compactação do RSU foram retiradas de MCT (2006) e as decorrentes da incineração de lama na estação de tratamento do lixiviado e emissões deste para água e solo vieram da base de dados Ecoinvent® (DOKA, 2003).

De posse de todas estas informações, calculou-se o ICV para o caso da UNICAMP. As Tabelas 4.7 a 4.10 mostram o inventário para as emissões decorrentes de todas as etapas exibidas na para a UF estabelecida na metodologia.

Tabela 4.7 - Inventário das Tecnologias – Emissões para o ambiente - Aterro sanitário sem recuperação energética (Processo 1).

Tabela 4.8 - Inventário das Tecnologias – Emissões para o ambiente - Aterro sanitário sem recuperação energética (Processo 2).

Documentos relacionados