• Nenhum resultado encontrado

VANTAGENS E LIMITAÇÕES DO MÉTODO

Alternativa 4 DA com geração exclusiva de energia elétrica: Compreende a

coleta do RSO e destinação a uma planta de DA localizada próxima ao RS. Esta localização está baseada na oportunidade de aproveitamento do biogás, que neste caso é utilizado exclusivamente para geração de energia elétrica a ser disponibilizada diretamente na rede ou adaptada para suprir a demanda do RS e/ou de edificações do entorno. Além disso, próximo ao restaurante há área disponível que poderia abrigar a infraestrutura necessária para o processo de DA.

Alternativa 5 – DA com geração de energia elétrica e substituição do GLP no RS: Esta alternativa é semelhante à alternativa 4, pois a planta de DA também se

localiza próxima ao RS, no entanto se difere quanto ao aproveitamento energético do biogás, que neste caso é utilizado nos equipamentos da cozinha do restaurante como também fornecimento de energia elétrica com o biogás excedente.

Tradicionalmente, a ACV avalia o ciclo de vida de um produto ou serviço, ou seja, do “berço ao túmulo” ou “berço ao berço”, sendo que o escopo, as fronteiras e o nível de detalhamento dependem do assunto e do uso pretendido. Neste trabalho é feita a análise do “portão ao túmulo”, ou seja, da entrada do resíduo para tratamento até sua disposição final. As fronteiras do sistema consideradas neste estudo abrangem a coleta, o tratamento e a disposição final de RSU de cada alternativa.

As etapas de produção de equipamentos e de insumos estão fora do escopo do trabalho, no entanto, quando a substituição de algum coproduto do sistema implicou em “emissões evitadas”, ou seja, em emissões deixadas de serem lançados ao ambiente devido à utilização de outro produto que cause menor impacto, seus valores foram computados como negativos (deixou-se de emitir poluentes). A UF adotada para o processo de escolha da tecnologia de DA é o tratamento de 1 kg de RSO proveniente dos restaurantes universitário da Unicamp. Já para a avaliação das alternativas disponíveis foram adotadas as unidades conforme Tabela 3.1.

Quadro 3.1 - Unidade funcional das alternativas analisadas

Alternativa Unidade Funcional

1 e 2

Tratamento de 1 kg de RSU coletado no campus Campinas. As emissões são contabilizadas considerando apenas a fração orgânica correspondente igual a

62,90%.

3

Tratamento de 1 kg de resíduo compostável composto por RSO e resíduo de poda e capina. As emissões são contabilizadas apenas para a fração

correspondente ao RSO (64,3%).

4 e 5 Tratamento de 1 kg de RSO proveniente dos restaurantes universitários do campus Campinas.

Para a elaboração do inventário se procurou utilizar dados que refletissem o mais próximo possível a realidade local da cidade de Campinas. Como este estudo compreende a aplicação de alternativas num cenário futuro (com exceção da alternativa 1), não há a possiblidade de mensurar as emissões diretamente, desta forma, estas foram estimadas com base em pesquisas semelhantes já realizadas, informações a partir da literatura, dados da base Ecoinvent v. 3.0. (ECOINVENT CENTRE, 2016; WEIDEMA et al, 2013), do Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores (BRASIL, 2013) e Inventário Nacional dos Gases de Efeito Estufa do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IGES, 2006). No item 4.3 as fontes de dados são detalhadas conforme o processo em questão, bem como a apresentação do ICV. Para a AICV, utilizou-se a análise atribuicional, a fim de descrever os impactos potenciais que podem ser conferidos a um sistema ao longo do seu ciclo de vida.

Neste trabalho, a categorização caminhou até o nível midpoint. O método escolhido foi o CML-IA (versão 4.7), desenvolvido no Instituto de Ciências Ambientais da Universidade de Leiden, Holanda (GUINEÉ et al, 2002). Todos os cálculos foram efetuados através do software Microsoft Excel® considerando a versão dos fatores de caracterização atualizados em janeiro de 2016 (OERS, 2016). As categorias de impacto selecionadas foram acidificação, eutrofização, mudanças climáticas e potencial de toxicidade humana (baseline do método CML). Seus principais impactos no ambiente são descritas de acordo com McDougall et al (2001):

• Acidificação: causa a perda de vida aquática na medida em que o pH do corpo hídrico que recebe o contaminante diminui. Unidade = kg SO2 eq.

• Eutrofização: causa a perda de vida aquática na medida em que o nível de oxigênio nos corpos hídricos que recebem o contaminante diminui. Unidade = kg PO4- eq.

• Mudanças Climáticas: aumento da temperatura média global. Unidade = kg CO2 eq. (GPW100)

• Potencial de Toxicidade Humana: efeitos adversos na saúde humana, desde a irritação de olhos e pele até ocorrência de câncer. Unidade = kg 1,4-diclorobenzeno eq.

A seleção das categorias de impacto para este estudo teve por base as categorias mais recorrentes em estudos de ACV relacionadas a tratamento de RSO e que possuem impactos significativos (Quadro 3.2). A opção pela inclusão do potencial de toxicidade humana se justifica na necessidade de se evidenciar os impactos negativos da disposição do RSO em aterros sanitários (LEE et al, 2007) e compará-los com o tratamento destes pela DA e compostagem.

Quadro 3.2 – Estudos que balizaram a determinação das categorias de impacto utilizadas neste estudo de Avaliação do Ciclo de Vida

Autores Categorias de Impacto

Bernstad e Jansen (2012) Avaliação de 25 estudos: presença da MC em todos os estudos, seguido de AC e EU. Chevalier e Meunier (2005) AC, DRA, EU, MC.

Dressler, Loewen e Nelles (2012) AC, DRA, EU, MC. Grosso et al (2012) AC, PTH, FOF, MC. Khoo, Lim e Tan (2010) AC, EU, FOF, MC, UE Lee et al (2007) AC, EU, MC, PEA, PTH

Lundie e Peters (2005) AC, EU, MC, PEA, PET, PTH, UA, UE Rehl e Muller (2011) AC, DPE, MC.

Rehl, Lansche e Muller (2012) AC, DPE, EU, FOF, MC.

Venkat (2011) MC

Vu et al (2015) DRA, EUM, MC.

AC = acidificação, DPE = demanda primária de energia, DRA = depleção de recursos abióticos, EU = eutrofização, EUM = eutrofização marinha, FOF = Formação de oxidantes fotoquímicos, MC = mudanças climáticas, PEA = potencial de eco toxicidade aquática, PET= potencial de eco toxicidade terrestre, PTH = potencial de toxicidade humana, UA = uso da água, UE = uso de energia.

A ACV foi utilizada como o critério ambiental dentro da abordagem MCDA, ou seja, cada categoria de impacto se tornou um subcritério ambiental e os seus valores finais foram transformados em prioridades (normalização dos valores por comparação direta). Esta incorporação das categorias de impacto já foi feita por diversos pesquisadores como visto no trabalho de Herva e Roca (2012), no qual analisaram estudos publicados entre 2000 e 2012 em periódicos indexados que combinaram ferramentas complementares de avaliação ambiental, como pegada ecológica, ACV e avaliação de riscos ambientais. Citam alguns casos de aplicação da ACV ou pegada ecológica para gerar critérios empregados posteriormente como entradas na MCDA. Dentro da abordagem do RSU, Antonopoulous et al (2014), Mir et al (2015) e Soltani, Sadiq e Hewage (2015) utilizaram a ACV como critério nos métodos TOPSIS e AHP. Neste trabalho as quatro categorias de impacto selecionadas foram os subcritérios e seus resultados foram avaliados pelos tomadores de decisão através do método AHP.

3.4. O PROCESSO ANALÍTICO-HIERÁRQUICO

A MCDA é segunda fase da metodologia, na qual foi aplicado o AHP, pertencente à família de métodos baseados nas teorias do valor e da utilidade multiatributo. A metodologia foi executada seguindo os procedimentos de cálculos expostos no item 2.5.

Documentos relacionados