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ATITUDES E REAÇÕES FAMILIARES E SOCIAIS PERANTE A GRAVIDEZ PRECOCE NA PERCEPÇÃO DE

No documento CATEGORIA PROFISSlONAL - ORAL (páginas 101-103)

MÃES ADOLESCENTES

Suzanny dos Santos Sales Edimara Oliveira Menezes Thatiana Araújo Maranhão

INTRODUÇÃO: A palavra adolescência deriva do latim adolescere, tendo como significado “crescer”(GURGEL, 2008). Os

limites cronológicos desta fase vão dos 10 aos 19 anos de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) (CONCEIÇÃO, 2012). O receio de expressar para família a vontade de iniciar a vida sexual leva a uma falta de planejamento do ato, fazendo com que o preservativo e os demais anticoncepcionais não sejam utilizados, expondo os adolescentes ao risco de uma gravidez indesejada ou de adquirir Infecções Sexualmente Transmitidas (ISTs)(ROCHA, 2009). A gravidez na adolescência tornou-se um grave problema de saúde pública, uma vez que traz sérias repercussões negativas para a vida da jovem e da sua família. Assim, a adolescente pode acabar se tornando alvo de preconceito da sociedade, podendo resultar em seu afastamento das atividades educativas e de lazer e no abandono e rejeição da família, levando-a a isolar-se do convívio social (MARANHÃO; VIEIRA; MONTEIRO, 2012).

OBJETIVOS: Analisar as reações e atitudes da família e da sociedade diante da descoberta da gravidez da adolescente. MÉTODOS: Pesquisa de natureza qualitativa, realizada com 21 mães adolescentes, com idade de 14 a 19 anos, residentes na

zona urbana e rural do município de Parnaíba-PI. A coleta de dados foi realizada em 11 Unidades Básicas de Saúde, utilizando- se como critérios de inclusão: serem mulheres de 10 a 19 anos de idade cujo parto tivesse ocorrido há, no máximo, um ano e, no mínimo, três meses antes da entrevista, visto ser este o tempo mínimo necessário para a observação de mudanças nos relacionamentos da adolescente após a gestação. Além disso, a gravidez precisava obrigatoriamente ter resultado em feto vivo e as jovens que aceitassem participar da pesquisa deveriam assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ou Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) caso fossem menor de 18 anos. Após a transcrição dos relatos, os seus conteúdos foram analisados à luz da obra de Bardin (BANDIN, 2009) e depois separados em três categorias temáticas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em “Reações e atitudes diante da gravidez na adolescência”, as jovens referiram sentimentos

iniciais de surpresa dos familiares, no entanto emergiram progressivamente sentimentos de apoio e compreensão na medida em que a gestação da jovem era aceita. Os relatos das depoentes demonstram que a família delas sabe das repercussões negativas que uma gravidez nessa etapa evolutiva da vida acarreta, sendo o principal deles a interrupção dos estudos e a consequente dificuldade da sua retomada após o nascimento da criança. A maioria das participantes referiu que a notícia chocou o pai da criança, sendo aceita posteriormente. A imposição do aborto em alguns casos foi vista como solução pelos familiares e cônjuges. Parcela expressiva das entrevistadas referiu que os amigos ficaram felizes com a notícia, mas ressaltaram que a gravidez da jovem mudaria seu estilo de vida de forma significativa. Todavia, algumas jovens mães desta pesquisa chegaram a ser excluídas do círculo de amizades que possuía antes da gestação. Em “Discriminação social e de profissionais da saúde vivenciada pelas adolescentes”, constatou-se relatos de atitudes preconceituosas durante o pré-natal e na maternidade por ocasião do trabalho de parto. Segundo um terço das participantes alguns profissionais da saúde apresentaram atitudes antiéticas sobre a imaturidade da jovem para ser mãe comparando-a com outras que não engravidaram na adolescência, o que gerou constrangimentos. Em “Modificações ocorridas nos relacionamentos familiares, conjugais e sociais após a resolução da gravidez”, evidenciou-se relacionamentos intrafamiliares predominantemente positivos após o nascimento da criança, uma vez que o suporte familiar foi relatado pela maioria das adolescentes, principalmente no que concerne à ajuda recebida nos cuidados com a criança, apoio

1 - GRADUADA PELA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ- UESPI - 2 - GRADUADA PELA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ- UESPI - 3 - PROFESSORA ASSISTENTE I DO CURSO DE ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ- UESPI.

financeiro e suporte emocional. Quanto aos relacionamentos conjugais, a minoria das jovens se separou ou o parceiro optou por não assumir o filho. Entretanto, as modificações ocorridas nos relacionamentos sociais foram predominantemente negativas, tendo em vista que os amigos se distanciaram devido ao fato de as jovens terem desistido de estudar para se dedicar somente ao filho, parceiro e atividades domésticas, limitando, dessa forma, sua rede de contatos sociais.

CONCLUSÃO: As modificações na vida da adolescente a partir da descoberta da gravidez trouxeram grande impacto na sua

rotina, na forma como passaram a ser vistas pela sociedade e no modo de se relacionar com aqueles que a cercam. A revelação da gravidez, a princípio, gerou sentimentos de surpresa para os familiares e cônjuges da maioria das participantes, entretanto apoio e compreensão surgiram gradativamente. Foi observado, ainda, que parcela expressiva dos amigos ficou feliz com a gravidez, contudo houve os que reagiram mal à nova adaptação da adolescente. Constatou-se também que algumas adolescentes relataram descriminação social e por parte de profissionais da saúde, sendo a descriminação um fator que gerou isolamento e constrangimentos. Neste sentido, torna-se fundamental que sejam programadas estratégias no intuito de intensificar os vínculos e aumentar o suporte oferecido pela família e sociedade a partir da descoberta da gravidez, além de estimular a reinserção da jovem na vida escolar.

REFERÊNCIAS:

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2009;

CONCEIÇÃO, A.L. Gravidez na Adolescência: análise de dados do município de Pato Branco/PR, 2012. Disponível em: Acesso em: 02.11.14;

GURGEL, M. G. I. et al. Gravidez na adolescência: Tendência na produção científica de enfermagem. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, v.12, n.4, p.799-805, 2008;

MARANHÃO, T.A.; VIEIRA, T.S.; MONTEIRO, C.F.S. Violência contra adolescentes grávidas: uma revisão integrativa. Universitas: Ciências da Saúde, v.10, n.1, p.41-49, 2012;

ROCHA, R.M.N. Percepção da gravidez em grupo de adolescentes grávidas de Paracatu-MG. Dissertação de Mestrado – Universidade de Franca, 2009.

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S A N A R E, Suplemento 3, ISSN:2447-5815, V.15 - 2016 - V COPISP

A ESTRATÉGIA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE

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