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CAPÍTULO 4: ANÁLISES

4.1. ATIVIDADE DE 08-03-2013: QUESTÕES SOBRE A PALESTRA DE 22-02-13

Em fevereiro de 2013 aconteceu numa reunião de ATPC (aula de trabalho pedagógico coletivo) uma palestra da professora Vania, orientadora desta pesquisa, que tratou da introdução da noção de “lugar”, e o deslocamento da noção de ambiente com a intenção de incluir na mesma a relação com o lugar.

Visando-se analisar relações entre o trabalho dos professores na escola e temas tratados naquela palestra, foi colocada na ATPC de oito de março do mesmo ano, uma questão aos professores (ANEXO 3) a ser respondida por escrito, conforme o combinado com o grupo: Acha que há conexão entre o que foi tratado na palestra e as temáticas que você trabalha na escola? Explique, por favor.

Entre outros aspectos, buscou-se perceber nos discursos possíveis aproximações às concepções de meio ambiente de Sauvé (1997) citadas no início deste trabalho. Apesar de saber-se que a autora se refere ao “meio ambiente” e que em alguns momentos os docentes falam de “ambiente”, considera-se que não há uma distinção marcante em relação ao uso dos termos “ambiente” e “meio ambiente”, e que as concepções sobre meio ambiente podem ser dessa forma

consideradas como relativas ao ambiente. Um olhar em busca de uma visão socioambiental (CARVALHO, 2008) também foi lançado.

Com o apoio da análise de discurso buscou-se entender as colocações dos docentes em estreita relação com a memória discursiva, que são as formulações “esquecidas” que determinam nossos dizeres. Isto ocorre pois os nossos dizeres ganham contornos a partir do que já faz sentido. Esse processo pode ser entendido como um efeito do interdiscurso, pois é necessário que o que foi dito num determinado momento por outra pessoa numa determinada circunstância se apague na memória, tornando-se “anônima” para que possa assim ser incorporada como minhas palavras (ORLANDI, 1996). Dessa forma os sujeitos (professores) em seus discursos tomaram como “suas as palavras da voz anônima produzida pelo interdiscurso (a memória discursiva)60. O que se almeja é então perceber e explicitar os seus gestos de interpretação, as filiações de sentidos e processos de identificação dos sujeitos, descrevendo como este está se relacionando com a sua memória.

Com esse intuito, segue a questão colocada, as respostas e algumas análises.

“Acha que há conexão entre o que foi tratado na palestra e as temáticas que você trabalha na escola? Explique, por favor”.

Professora de Geografia (G1) “A temática socioambiental faz parte do ensino de Geografia. Para a Geografia o espaço é o resultado da interação do homem com o meio natural. O espaço é produzido segundo necessidades e interesses que mudam no decorrer do tempo. O entendimento de como o espaço é organizado permite também entender em como as sociedades se organizam. A paisagem é a escala espacial que serve como ponto de partida para o “olhar geográfico”, pois ela é a porção do espaço que nossa vista alcança. O lugar é um conjunto de paisagens e é onde vivemos e interagimos. A temática socioambiental é melhor compreendida quando partimos do lugar. O

ensino de geografia para alunos jovens e adultos tem como “vantagem” as vivencias adquiridas e transmitidas pelo diálogo aluno-professor permitindo um entendimento entre teoria e prática”.

G1 associa o que foi tratado na palestra ao termo temática socioambiental. Quando diz que essa faz parte do ensino da disciplina que leciona, o faz com base no conhecimento dos conteúdos abordados na mesma e que estão presentes no Plano de Ensino da professora, no Currículo oficial e em sua prática. Percebe-se que além de citar conteúdos, busca explicá-los (O espaço é [...], a paisagem é [...], o lugar é [...]) de maneira didática. Fala do lugar de professora (“A temática socioambiental faz parte do ensino de Geografia”) e de geógrafa (“Para a Geografia [...]”). Deixa implícito a sua vivência na escola, sem, no entanto, citá- la (“O ensino de geografia para alunos jovens e adultos tem como vantagem [...]”). Nota-se isso também quando aspectos da metodologia adotada no CEEJA, e que é facilitada pelo ensino individualizado aparece em seu discurso (“as vivencias adquiridas e transmitidas pelo diálogo aluno-professor permitindo [...]”). A partir do papel de professora conceitua e define o lugar por meio do saber disciplinar da Geografia (“um conjunto de paisagens e é onde vivemos e interagimos”), endossando e valorizando assim esse saber, e defende, possivelmente a partir de sua experiência profissional, o uso didático do lugar (“A temática socioambiental é melhor compreendida quando partimos do lugar”).

Professora de Geografia (G2) “Sim, pois a questão ambiental é sempre vista, comentada, difundida na área de geografia. É uma questão atual, e de importante conhecimento e participações. O mapeamento é de fundamental importância no contexto geográfico, é uma ferramenta para interagir com a temática tratada. Mas lembrar que o uso de mapas na maioria das vezes é de difícil interpretação, mas que o mapa (mapeamento de determinada área) é peça fundamental, no uso dos estudos”.

G2 traz o ambiente como assunto que já é tratado e como algo incorporado à geografia (“Sim, pois a questão ambiental é sempre vista, comentada, difundida na área de geografia”). Fala da Geografia enquanto área, o

que possivelmente tem relação com o acionamento da memória discursiva que a remete às “várias” geografias como a física, a política, a humana, a urbana, a social, etc.

O “mapeamento”, citado na palestra é valorizado e colocado como estratégia de ensino (“[...] é de fundamental importância no [...] é uma ferramenta para [...]”), sendo que isso se dá a partir do lugar de professora que conhece as dificuldades dos alunos (“o uso de mapas na maioria das vezes é de difícil interpretação”).

Professora de História (H1): “Sim, o material utilizado na área de história é temático, portanto é possível trabalhar temas ligados a questão socioambiental, embora o trabalho com mapeamento não possa ser contemplado uma vez que envolveria trabalho de campo, atividade que nem sempre pode ser realizada pelo aluno trabalhador que dispõe de pouco tempo para frequentar uma escola de presença flexível”.

H1 fala em questão socioambiental. A vivência como professora produz sentidos em sua fala quando aponta dificuldades dos estudantes como fator que impossibilita o mapeamento (“embora o trabalho com mapeamento não possa ser contemplado uma vez que envolveria trabalho de campo, atividade que nem sempre pode ser realizada pelo aluno trabalhador”).

Seu discurso refere-se às ações (“mapeamento”; “trabalho de campo”), mas estas não são colocadas com relação às especificidades da disciplina, mas das condições de trabalho docente na escola, relacionadas ao perfil do aluno, na maioria trabalhadores. Ao mesmo tempo, há indicações de que H1 entendeu que a pergunta “Acha que há conexão entre o que foi tratado na palestra e as temáticas que você trabalha na escola? Explique, por favor,” questiona não apenas os temas, mas também as ações desenvolvidas pelos professores.

A docente de história, H1, aponta possibilidades que contemplam a abordagem do ambiente, mas através de outras estratégias didáticas (“o material utilizado na área de história é temático, portanto é possível trabalhar temas ligados a questão socioambiental”).

Professor de Física (F1): “Existe sim uma relação entre os conteúdos trabalhados na minha disciplina com a temática da palestra. Durante a apresentação/discussão de um conteúdo com o aluno, “aparecem” situações em que na contextualização daquele conteúdo se relacionam com o ambiente e suas relações sociais. Exemplo: Na discussão da 1a Lei de Newton (Inércia); um exemplo do uso obrigatório do cinto de segurança; as aplicações das Leis da Física; bem como suas implicações sociais qdo não respeitados; acidente causa dano ao próprio, a terceiros...”.

A pergunta colocada foi a seguinte: “Acha que há conexão entre o que foi tratado na palestra e as temáticas que você trabalha na escola? Explique, por favor”. Nota-se que F1 responde sobre os “conteúdos trabalhados” (Existe sim uma relação entre os conteúdos trabalhados na minha disciplina com a temática da palestra) e que a “temática” presente na questão é deslocada para o final da resposta e de maneira associada à palestra. Estabelece-se assim uma repetição formal, ou seja, quando se diz o mesmo, de outra forma (ORLANDI, 1999). “Conteúdos” é uma palavra muito utilizada em Planos de Ensino, no Currículo oficial, e no cotidiano, e que foi acessada por F1 na composição de sua resposta a partir da memória discursiva.

Ainda segundo F1 “aparecem situações em que na contextualização daquele conteúdo se relacionam com o ambiente e suas relações sociais”. Percebe-se um sentido de ambiente como espaço em que se vive (SAUVÉ, 1997), pois este foi associado por F1 à contextualização. Ambiente também enquanto lugar de mobilidade (“[...] ambiente [...] um exemplo do uso obrigatório do cinto de segurança [...]”) e como algo regido por leis científicas (“[...] ambiente [...] Exemplo [...] Leis da Física [...]”). O mesmo também é associado pelo docente à cidadania, enquanto espaço coletivo que remete à necessidade de cumprimento dos deveres (“bem como suas implicações sociais qdo não respeitados; acidente causa dano ao próprio, a terceiros...”).

Conforme foi colocado, F1 cita um termo frequentemente citado no meio educacional (contextualização). Nota-se a possível influência dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), na produção de sentidos, já que este documento

foi um dos responsáveis pela divulgação e discussão da contextualização no meio escolar. Outros aspectos também valorizados pelos PCNs estão sendo colocados de forma indireta por F1, como a criação de elos entre a teoria e a prática (lei de Newton; cinto de segurança), e a abordagem da ciência, no caso, a física, como elaboração do homem que permite a compreensão do mundo.

Professora de Biologia (B1): “Sim, pq os assuntos tratados na disciplina de Biologia tem conexão direta com a realidade do aluno. Faz-se associações com a realidade do mundo atual e dos conteúdos apresentados durante o curso, isso o possibilita a reflexão e atuação nos fatos do nosso cotidiano, a elaboração de conceitos próprios que são complementados pelo debate com o professor”.

B1 buscou associar o que foi tratado na palestra como algo próximo ao aluno e presente em sua disciplina, sem, no entanto, explicitar os temas em que percebeu as conexões e os respectivos conteúdos. A maior parte de sua fala aborda a questão do papel e da ação docente na contextualização do ensino (“Faz- se associações com a realidade do mundo atual e dos conteúdos apresentados durante o curso, isso o possibilita a reflexão e atuação nos fatos do nosso cotidiano, a elaboração de conceitos próprios que são complementados pelo debate com o professor”).

Professora de Ciências (C1): “Sim. Os assuntos trabalhados sobre meio ambiente remetem o aluno a fazer uma comparação com seu cotidiano”.

C1 responde de forma sucinta, associando o que foi tratado na palestra como sendo sobre o “meio ambiente”, e este enquanto algo que é comum, habitual (“comparação com seu cotidiano”). Dessa forma aponta potencialidades do “meio ambiente” e possivelmente vivências de mediação ou de expectativas quanto à aprendizagem dos alunos (“remete o aluno a fazer uma comparação”).

Professora de Química (Q1): “Sim, o tema, ou a temática ambiental é largamente tratada em minha disciplina em seu contexto ou dimensão social, político e econômico. A ciência química (ou Química) é uma construção humana e traz uma visão de ambiente, muitas vezes mais focada utilitarista do ambiente, aquele que serve para exploração e construção de um modelo de sociedade. Mostrar para o aluno que podemos utilizar os conhecimentos dessa ciência de modo a valorizar modos de crescimento do ser humano de forma mais ampla e sustentável tem sido um enfoque utilizado por mim para tratar a Química na sociedade. O interesse pelo contexto social, cultural, político e econômico em que o nosso aluno se insere, poder aprofundar-nos nessa temática, como formação e transformação pessoal e coletiva, pode trazer-nos crescimento”.

Q1 se refere à forma como já trabalha, situando-a como algo semelhante ao que foi defendido na palestra (“Sim, o tema, ou a temática ambiental é largamente tratada em minha disciplina em seu contexto ou dimensão social, político e econômico”). Coloca a Química enquanto ciência e atividade humana que dissemina concepções sobre o ambiente que ela não parece endossar (“ciência química (ou Química) é uma construção humana e traz uma visão de ambiente, muitas vezes mais focada utilitarista do ambiente”). Também constrói sua fala defendendo formas de se trabalhar os conteúdos químicos (“O interesse pelo contexto social, cultural, político e econômico em que o nosso aluno se insere [...]”).

As colocações de Q1 podem ser associadas ao imaginário sobre a abordagem educacional CTSA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente) e Educação Ambiental. Ou seja, os estudos desses referenciais por Q1 em disciplinas e textos tratados em seu mestrado e doutorado e a prática que tem buscado desenvolver produzem sentidos em seu discurso.

Professora de Química (Q2): “Sim, pois abordamos vários temas ambientais em nosso currículo como, por exemplo, os poluentes e os problemas que causam (chuva ácida, efeito estufa, camada de ozônio). Também abordamos os problemas do lixo e a reciclagem. Mas principalmente e o mais importante é fazer o aluno compreender que ele é parte integrante desses processos, e que suas ações podem contribuir para melhorar ou piorar as condições ambientais”.

Os temas colocados por Q2 como sendo ambientais (poluentes e seus problemas) estão presentes no Currículo oficial, que é endossado (“nosso currículo”), e aparecem também no Plano de Ensino e no Roteiro de estudo dos alunos.

Percebe-se uma referência ao ambiente enquanto local que sofre agressões (“os poluentes e os problemas que causam [...] lixo [...]”), e que arca com as consequências (“chuva ácida, efeito estufa, camada de ozônio”), aproximando-se desta forma de uma concepção de ambiente enquanto problema (SAUVÉ, 1997).

Questões de cidadania no que concerne à responsabilidade individual em relação ao ambiente são valorizadas (“aluno compreender [...] que suas ações podem contribuir para melhorar ou piorar as condições ambientais”) sem que as atitudes esperadas sejam descritas.

Professora de Português (P1): “Sim, a reflexão nos leva a avaliar o quanto a nossa escola deve levar em conta os princípios socioambientais. Se a escola está inserida no meio ambiente, ela deve ser a norteadora, a provocadora de adequações para que o conhecimento torne-se um fator de participação, de transformação e progresso no mundo do conhecimento. Nossa escola em particular, organiza sua trajetória ligada aos fatores socioambientais, culturais e intelectuais, visando capacitar o aluno para intervenções no meio em que estiver inserido. Hoje, não se admite uma escola alienada e passiva e cabe aos professores traçar os rumos dessa escola dinâmica”.

P1 usa os termos socioambientais e meio ambiente citados na palestra. Ao colocar a escola como parte do meio ambiente (“Se a escola está inserida no meio ambiente [...]”), traz um sentido de ambiente como lugar em que vive boa parte do seu dia (SAUVÉ, 1997). Busca pelo mecanismo de antecipação (ORLANDI, 1999) apresentar a escola de maneira positiva colocando que esta já trabalha em consonância com aspectos defendidos na palestra (“Nossa escola em particular, organiza sua trajetória ligada aos fatores socioambientais, culturais e intelectuais, visando capacitar o aluno para intervenções no meio em que estiver inserido”).

Professora de Português (P2): “Sem dúvida, o tema é amplo e gera discussões tanto entre nós, colegas, como no atendimento e no diálogo com o aluno. Todos nós estamos envolvidos no dia a dia com o meio ambiente e com os problemas que advém do uso inadequado do mesmo. Desta forma, cria-se um vínculo necessário e o tema é trazido para a sala de aula, seja por parte dos alunos, seja por parte dos professores, seja por parte dos funcionários... Esta escola está localizada de forma privilegiada: natureza e meio ambiente já modificado andam lado a lado. Este fato por si só gera discussão: é agradável? é violento? é perigoso? A mídia: jornais, revistas, internet alimentam o processo e servem de combustível para a elaboração de: avaliações, textos produzidos pelos alunos e projetos, onde as áreas se interagem, dialogam e confeccionam o produto, que, apesar de pronto, nem sempre será o final. O processo sempre requer aperfeiçoamento”.

P2 também fala em “meio ambiente” como P1 o que pode ter relação com o fato de ambas trabalharem alguns dias da semana no mesmo horário de trabalho e provavelmente terem conversado sobre as questões. Os sentidos sobre o ambiente relacionam-se a algo que faz parte do cotidiano e que é alvo de ações humanas inadequadas (“Todos nós estamos envolvidos no dia a dia com o meio ambiente e com os problemas que advém do uso inadequado do mesmo”).

Percebe-se o que Sauvé (1997) situa como concepção de ambiente enquanto “problema” e “lugar para se viver”.

Para P2 os distúrbios do ambiente têm relação com o homem, mas esta não especifica o fato (“problemas que advém do uso inadequado do mesmo”). A docente também constrói seu discurso por meio da admiração sobre o lugar onde a escola se insere, e que se relaciona à presença de uma área verde (“Esta escola está localizada de forma privilegiada: natureza e meio ambiente já modificado andam lado a lado”). Nota-se que o significado dado à mata é o de natureza e de algo que difere do meio ambiente alterado. É interessante como a presença do fragmento de mata produz o efeito de natureza intocada, apesar da degradação e da transformação que estes sofrem como, por exemplo, o efeito de borda61.

P2 traz para a produção de sentidos sobre a questão levantada a sua rotina profissional (“o tema é amplo e gera discussões tanto entre nós, colegas, como no atendimento e no diálogo com o aluno”). O meio ambiente que inclui o lugar da escola parece ter potencial didático que pode estar sendo explorado pela docente. (“natureza e meio ambiente já modificado andam lado a lado. Este fato por si só gera discussão: é agradável? é violento? é perigoso?”).

No final de sua fala indica tratar do ambiente com o apoio de textos divulgados pela mídia, indicando formas como isso ocorre, o que por sua vez, revelam parte das práticas docentes desenvolvidas na escola (“A mídia: jornais, revistas, internet alimentam o processo e servem de combustível para a elaboração de: avaliações, textos produzidos pelos alunos e projetos, onde as áreas se interagem, dialogam e confeccionam o produto [...]”).

Professora de Inglês (I2): “Creio que há muita conexão, pois língua estrangeira transmite a cultura de um povo e assim transmitimos a cultura do povo que pertence a esta língua e contrastamos com a nossa que é a língua Portuguesa, conscientizamos os alunos e os fazemos pensar o meio ambiente como um todo que reflete

61 A criação de fragmentos cria uma “borda” que seria a região que fica entre a matriz antrópica e a porção de mata. Nesse local de interface ocorrem diversas alterações de ordem física, química e biológica que afetam profundamente o fragmento como um todo segundo PRIMAK & RODRIGUES, no livro Biologia da Conservação, 2001, Editora Planta.

diretamente em nossas vidas e a de todo ser humano no planeta, levando-os a uma reflexão sobre nosso futuro”.

I2 traz em seu texto aspectos globais sobre o meio ambiente associando-os à influência sobre o local (“pensar o meio ambiente como um todo que reflete diretamente em nossas vidas e a de todo ser humano no planeta”). Percebe-se certa proximidade da concepção de ambiente enquanto biosfera (SAUVÉ, 1997) e sistema que possibilita análises para uma visão global (SAUVÉ, 2005).

Professora de Matemática (M1): A temática ambiental não é trabalhada, de forma sistemática, em nossa área. Atualmente o nosso material não favorece essa discussão. Isso não quer dizer que o assunto não seja trabalhado eventualmente com o aluno, na oralidade ou através de leitura de tabelas, dados numéricos.

Professora de Matemática (M2): A temática ambiental não é trabalhada na nossa área, atualmente o nosso material não favorece esta discussão. Isso não quer dizer que o assunto não seja trabalhado na oralidade com nossos alunos.

Pela similaridade das respostas acredita-se que foram escritas logo após uma conclusão tirada de forma consensual entre M1 e M2. Estabelece-se o processo de repetição empírica em alguns momentos e também de repetição formal (ORLANDI, 1999) em relação ao provável diálogo estabelecido na construção da resposta.

Fala-se em “temática ambiental” como o que foi exposto na palestra. O fato dessa não ser assunto frequente no atendimento ao aluno é “justificado” pela associação com as características do material didático adotado (“Atualmente o nosso material não favorece essa discussão”). No entanto, para ambas, o momento de orientação individual possibilita a abordagem do tema (“Isso não quer dizer que o assunto não seja trabalhado eventualmente com o aluno, na oralidade”). M1 inclui outras circunstâncias em que isso se concretiza (“na oralidade ou através de leitura de tabelas, dados numéricos”).

Professora de Matemática (M3): “Em alguns exemplos e problemas, em geral sempre que podemos colocamos ou referenciamos a boa conservação do meio ambiente. Fazendo, indiretamente, com que o aluno reflita na boa conservação e uso consciente do ambiente em