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CAPÍTULO 3: PROCESSOS E PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES

3.4. ATIVIDADES CONSTRUÍDAS COM FOCO NO LUGAR E NO AMBIENTE

No trecho que segue serão apresentadas de forma sucinta as atividades que foram objeto de análise deste trabalho, por terem sido construídas com o olhar voltado para as questões da pesquisa, e que estão no Quadro 3.2. Nessas atividades exerci meu papel de coordenadora, com a participação da Vania, orientadora da pesquisa, abordando a introdução da noção de lugar, e o deslocamento da noção de ambiente com a intenção de incluir na mesma a relação com o lugar.

O trabalho tem uma característica colaborativa entre mim e os docentes, sendo que as orientações foram delineadas nesse processo. Não são, portanto, apenas atividades para os professores, mas com os professores. Estes não foram “aplicadores” de propostas já que a partir de alguns referenciais e atividades didático-pedagógicas sugeridas, e em consonância com os mesmos, trabalhamos/ (re) construímos, coletivamente, novos sentidos e práticas docentes.

3.4.1. PALESTRA DE 22-02-2013

Como primeiro momento de efetiva aproximação do grupo com as ideias deste trabalho aconteceu em vinte e dois de fevereiro numa reunião de ATPC a palestra da Profa. Dra Vânia, orientadora do trabalho. A fala não foi gravada, mas os tópicos principais anotados por mim e por alguns professores, sendo que a professora de geografia disse ter registrado boa parte do que foi dito.

Durante a exposição houve referência aos seguintes assuntos: escola e construção de saberes socioambientais locais; contribuição de trabalhos de campo e estudos do meio; importância da contextualização e interdisciplinaridade; mapeamento socioambiental como ferramenta didático-pedagógica para o (re) conhecimento do lugar/ambiente, promoção do diálogo e participação social; educação para a sustentabilidade. Após a palestra, alguns professores fizeram comentários relacionados aos temas tratados (não gravado).

Na reunião de ATPC que se deu em oito de março os tópicos apresentados na palestra realizada em vinte e dois de fevereiro foram lembrados por mim

professora coordenadora através de uma apresentação em PowerPoint no projetor de multimídia. Em seguida, com o intuito de analisar sentidos construídos pelos docentes sobre os assuntos abordados solicitei que respondessem individualmente numa folha de papel o seguinte: Acha que há conexão entre o que foi tratado na palestra e as temáticas que você trabalha na escola? Explique, por favor. Respostas noANEXO 3.

3.4.2. EXERCÍCIOS DE COMPOSIÇÃO DE QUESTÕES DE PROVA COM O ASSUNTO “LUGAR”

Pautas de reuniões com a inclusão de tópicos relacionados aos questionamentos desta pesquisa voltaram a aparecer no mês de setembro, próximo da data marcada para o Mapeamento Socioambiental. No dia treze de setembro fiz uma breve explanação lembrando a proposta de doutorado, referindo-me à saída a campo no final do mês, conforme havia comentado em momentos anteriores. Coloquei como objetivos gerais do trabalho contribuir para a formação continuada docente tendo como fonte de pesquisa o entorno da escola, facilitar a compreensão de problemas locais/globais e incentivar a participação social de professores e alunos na discussão desses problemas.

Visando então desenvolver atividades com um olhar para o ambiente e o lugar e de forma atrelada ao que teria de ser construído pelos docentes em função de orientações oficiais, organizei uma atividade sobre um encontro que ocorreu em São Paulo específico para os CEEJAs, e que tratou da elaboração de questões de provas finais pelas disciplinas. Após ter discutido com os professores as informações recebidas solicitei que fizessem um exercício de escrita de duas questões com base no modelo proposto. Aproveitando o momento e visando analisar como são produzidos os significados sobre as temáticas que nos motivam em função da pesquisa, sugeri que as “questões ambientais” e a “relação local/global” aparecessem nas perguntas elaboradas. Na atividade proposta recomendei a consulta de materiais (livros, apostilas, etc.) e fontes diversas (internet) para a elaboração de uma questão objetiva e outra dissertativa. Deveria se levar em conta o que foi conversado e o “ambiente” e o “local” poderiam ser o entorno da escola, da moradia, trabalho, etc. Segue no ANEXO 4B a atividade e

as respostas enviadas pelas disciplinas de português, inglês, química, ciências, matemática, filosofia, física, biologia, geografia e história.

3.4.3. PRÁTICA DO MAPEAMENTO SOCIOAMBIENTAL

Pensando na atividade de campo prevista para 27 de setembro e tendo a intenção de fundamentá-la com base em referenciais teóricos que podem trazer contribuições para a prática docente planejei para 20 de setembro, ou seja, uma semana antes do Mapeamento Socioambiental, a realização da leitura e discussão do texto “Mapeamento socioambiental para aprendizagem social” (SANTOS E BACCI, 2011). No entanto, ocorreram circunstâncias que impossibilitaram o previsto.

Ao lembrar o grupo sobre a realização do Mapeamento duas professoras questionaram se o mesmo seria obrigatório. Argumentaram que a temperatura se encontrava elevada em todos os dias daquela semana e havendo continuidade de tais condições poderiam ocorrer desconfortos físicos por parte de alguns professores que dificultariam ou impediriam a presença em atividades ao ar livre. Segundo (THIOLLENT, 2011, p.24) “[...] Seja como for, a atitude dos pesquisadores é sempre uma atitude de “escuta” e de elucidação dos vários aspectos da situação, sem imposição unilateral de suas concepções próprias”. Também Barbier (2007) fala em escuta sensível que “reconhece a aceitação incondicional do outro. Ela não julga, não mede, não compara. Ela compreende sem, entretanto, [...]” (p.94). Disse ao grupo que quem não quisesse ou pudesse participar ficaria na escola durante a atividade. Logo em seguida alguns professores colocaram que precisavam com urgência de um período para trabalharem no espaço de suas disciplinas e no horário daquela reunião, pois havia assuntos pendentes e urgentes a serem resolvidos com os colegas relacionados a materiais didáticos, projetos, etc.

Partindo-se do princípio que o pesquisador assume papel ativo frente aos problemas percebidos e que a relação entre este e as pessoas da situação em investigação deve ser do tipo participativo entende-se que o contexto precisa ser entendido para que haja reconsiderações e adaptações na pesquisa quando necessário (THIOLLENT, 2011). Considerando então que o momento não era adequado para a leitura do texto, pois os professores precisavam conversar com os

colegas de disciplinas ou áreas do conhecimento e após ter falado com o diretor da unidade escolar, sugeri que os docentes se reunissem para o trabalho em suas salas. No entanto, a necessidade e a relevância do estudo de teoria sobre o mapeamento socioambiental que nos levasse a ampliar os modos de se observar o entorno da escola continuava presente. Desta forma, sugeri que a leitura fosse feita no decorrer da semana e de maneira individual, e disse que enviaria por e- mail quatro questões sobre o estudo do texto. As disciplinas de geografia, história, filosofia, português, matemática, química, física, biologia e ciências, enviaram as respostas.

Uma semana após, ou seja, em vinte e sete de setembro de dois mil e treze e no horário da ATPC realizou-se o Mapeamento Socioambiental considerando-se que “o estudo do ambiente com enfoque no lugar e seu entorno, favorece a compreensão da natureza como um sistema integrado, em seu contexto social (SANTOS e BACCI, 2011)”. Todos os professores presentes na ATPC participaram.

A saída a campo foi coordenada pela professora Vânia, orientadora desta pesquisa. Inicialmente aconteceu uma apresentação de slides sobre atividades semelhantes realizadas por ela, estabelecendo-se uma conversa que será analisada posteriormente. As duplas de docentes receberam uma folha em A3 com margem e os dizeres “Mapeamento Socioambiental da Vila Costa e Silva”. Foi entregue um mapa impresso numa folha de A4 e uma imagem de satélite da região da escola (ANEXO 4E), que já haviam sido expostas na apresentação, e que foram extraídos do Google Maps pela pesquisadora, com a colaboração de docentes.

Também foi entregue uma folha com orientações onde se pedia que os participantes colocassem no mapa desenhos com os elementos socioambientais observados no ambiente, criassem uma legenda e problematizassem. Além disso, uma questão referia-se à descrição textual da área mapeada com destaque para o observado e o sentido, e uma problematização. Questões para reflexão disciplinar (Como a minha disciplina pode abordar o que eu vi e registrei em campo? Que conteúdos curriculares estão relacionados? “Que atividades eu posso desenvolver) e para reflexão interdisciplinar (Como o tema “ambiente local” pode ser trabalhado de forma transversal na minha escola?), também estavam

presentes, partindo-se do entendimento de que chamar a atenção para o entorno da escola e do lugar onde o aluno vive pode colaborar para uma maior participação social dos estudantes, fato esse que faz parte de uma educação que busca formar para a cidadania.

Os docentes se dirigiram para fora da escola e realizaram observação, coleta e registro de informações do entorno. A professora coordenadora, uma das professoras de história e outra de geografia tiraram fotos e/ou filmaram trechos da reunião de ATPC e do campo. Ao retornarem para a escola, os professores continuaram a preencher o mapa. Para finalizar a atividade a professora Vânia, fez outras colocações.

O texto com as falas do pré e do pós-campo se encontram transcritos (ANEXO 4A). Foi combinado com os docentes que estes terminariam os esquemas e desenhos (ANEXO 4C), e as questões, que seriam respondidas por disciplinas ou junção de disciplinas (ANEXO 4B), e enviadas para a professora coordenadora/pesquisadora, que se comprometeu a apresentar as respostas ao grupo. Fotos da atividade se encontram no ANEXO 4D. O mapa da região e a imagem de satélite no ANEXO 4E.

No dia onze de outubro de dois mil e trezes expus as respostas sobre o mapeamento que haviam sido enviadas até aquele momento (ciências, filosofia, física e português/arte) e que foram apresentadas para o grupo no projetor de multimídia, não havendo registro em áudio ou vídeo. A última atividade sobre o mapeamento ocorreu em na reunião de 29 de novembro onde foram apresentados os relatórios das disciplinas de geografia, história, matemática, inglês e biologia sobre o campo ocorrido no mês de setembro acontecendo em seguida a discussão pelo grupo (ANEXO 5). As falas foram gravadas e transcritas.