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Gráfico V - Respostas dos alunos à questão 11

Nessa pergunta, o trabalho por nós realizado não aparece explicitamente, contudo, a referência de um aluno ao trabalho com biografias e a referência de quatro alunos aos trabalhos orais e seminários pode estar relacionado à nossa proposta, ou aos seminários apresentados no 1º bimestre do terceiro ano (drogas, álcool, alimentos, etc) conforme relatos da atual professora.

Alunos mais tímidos e com dificuldade de se expressarem em grupos maiores podem apresentar dificuldades na apresentação de seminários. Contudo, essa é uma dificuldade que pode ser superada em tais oportunidades. Além disso, em nossa proposta, outras oportunidades de aprendizado foram oferecidas, pois consideramos a necessidade de um

pluralismo metodológico que atenda aos diferentes perfis cognitivos dos diferentes alunos em uma classe.

Quanto ao estudo de biografias no ensino de Ciências, consideramos que o mesmo é importante desde que realizado de forma contextualizada e coerente com os objetivos de ensino, para favorecer a construção de uma visão de Ciência como construção humana. Apesar disso, tal prática não é comum no ensino atual, o que pode contribuir para que alguns alunos não percebam sua importância, já que tal prática não costuma fazer parte de sua vivência escolar.

De todos os dados apresentados, talvez o mais expressivo seja a importância atribuída pelos alunos ao trabalho desenvolvido tanto no sentido de terem gostado de realizá-lo quanto no sentido de considerarem ter sido o trabalho que mais contribuiu para o seu aprendizado em Química. Tais dados foram obtidos a partir do questionário aplicado aos alunos do 3º ano. O fato de não haver nenhum vínculo aparente entre a professora autora da proposta e o questionário em questão reforça a idéia de que não houve qualquer tipo de direcionamento nas respostas dos alunos. Logo, poderia se esperar que os alunos fizessem maior alusão às atividades desenvolvidas na série em curso tanto pela presença da professora quanto por serem as atividades mais recentes. Contudo, não foi o que se verificou em suas respostas.

4.8 Outras considerações

A rotina da escola é extremamente dinâmica. Por isso, os planejamentos são flexíveis, já que precisam se adaptar ao dinamismo escolar. Contudo, na escola pública, em especial, alguns fatores são verdadeiros inimigos de um bom trabalho. Por inúmeras vezes, ao longo da execução de nossa proposta, fatores alheios à nossa capacidade de gerenciamento vieram ameaçar a realização das atividades. Não nos referimos apenas aos dias de paralisações – e

que fique claro que não estamos defendendo o fim dos direitos trabalhistas, mas relatando as dificuldades existentes no desenvolvimento das atividades escolares –, que quebram a seqüência das atividades, nem aos horários reduzidos por motivos de reuniões ou comemorações diversas e nem à necessidade de atendimento de mais de uma turma ao mesmo tempo pela falta de substitutos para professores ausentes por motivos de saúde, etc.

Não que tais problemas já não sejam extremamente prejudiciais à qualidade do ensino que se pretende oferecer. Mas outros vêm ainda se somar a estes. Alguns são falta de funcionário responsável pelos equipamentos áudio-visuais, o que faz com que o professor perca um tempo precioso procurando o cabo do vídeo, o controle remoto ou, ainda, a chave da sala de vídeo; falta de condições de arcar com o deslocamento do palestrante e até mesmo de organizar cadeiras no auditório para as palestras; ocorrência de jogos nos horários de aulas; choques de atividades escolares, que fazem com que o aluno se veja obrigado a decidir de qual das atividades deixará de participar, sendo penalizado por isso, etc.

Soma-se também a dificuldade em efetivamente planejar, juntamente com os demais professores, as atividades a serem desenvolvidas, uma vez que, nos horários destinados a isso, discute-se questões administrativas ou digita-se material, pois não há profissional para realizar tal tarefa, restando, muitas vezes, o tempo de intervalo para o planejamento, ou nem isso.

Enfim, inúmeras são as questões que contribuem para o insucesso de propostas de ensino que vão além da sala de aula, livro, quadro e giz. A partir disso surge a nossa intenção de desenvolver um trabalho nesse programa de pós-graduação dentro da escola, nas condições reais da instituição, com todas as turmas que um professor tem, com o elevado número de alunos nessas turmas, com a falta de setores de apoio que efetivamente funcionem, enfim, com todas as dificuldades inerentes à escola, em especial à escola pública.

No entanto, é preciso relatar que, com a demanda de trabalho extra que tais dificuldades nos impuseram, ainda que as questões a resolver tenham sido inúmeras e, na

maioria das vezes, tenham sido questões que não deveriam sequer existir, ainda assim, consideramos que o esforço dispensado não foi em vão, mas trouxe resultados positivos. Não apenas resultados referentes aos dados já discutidos, mas também uma mudança significativa no que se refere à forma como o professor vê seus alunos e como os alunos vêem seu professor.

O salto na qualidade do relacionamento entre nós e os alunos é um dado que não pode deixar de ser considerado. Estabeleceu-se uma relação de maior cumplicidade e respeito. Aqueles alunos que costumam passar despercebidos ao longo do ano passaram a ser percebidos pelo professor, pois se estabelece necessariamente uma maior interação.

Ao se interessarem pelo tema tratado e pelas atividades propostas, os estudantes começaram a estabelecer um maior canal de diálogo com o professor. Surgiram conversas no corredor, dúvidas ao fim das aulas e intervalos que começamos a passar juntos, discutindo questões ligadas aos temas abordados ou ainda outras, de diversas naturezas, estabelecendo- se, assim, um vínculo de amizade que pode, inclusive, contribuir com o processo de aprendizagem do aluno, além de motivar o professor.