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Atividade Física e o Processo do Envelhecimento

2.2 2 Envelhecimento e Políticas Públicas no Brasil

3.6 Atividade Física e o Processo do Envelhecimento

A (in)dependência/autonomia da pessoa idosa para as atividades da vida diária é possível de ser avaliada, por meio de atividades tais como: tomar banho, vestir-se, locomover-se, ir ao banheiro, possuir condição de (in)continência, alimentar-se; e, para as atividades instrumentais da vida diária, tais como, usar telefone, transportes, preparar a comida, realizar atividades domésticas, ocupar-se das finanças e manusear moeda, usar corretamente medicamentos prescritos e realizar compras. Tais informações devem ser obtidas, prioritariamente, com a pessoa idosa, constituindo parâmetro para a realização do planejamento de cuidados, com vistas a maximizar a participação e

47 autonomia na satisfação das suas necessidades e determinar o grau de (in)dependência em cada situação(126, 158, 159).

A análise dos efeitos do treinamento de força e flexibilidade nos idosos parte da constatação da ocorrência de um declínio gradativo (a partir da quinta década de vida) e significativo da força muscular e da flexibilidade.

A manutenção ou o treinamento para a aquisição de aptidão física no que concerne a parâmetros de força (muscular concêntrica, excêntrica e isométrica máxima, resistência de força, e potência muscular), bem como da flexibilidade (explorar o movimento das articulações no seu/ou perto do limite máximo), é componente fundamental para a execução das tarefas da vida diária que incluem as AVDs e as AIVDs. A aptidão, além de atuar como prevenção das transformações decorrentes da diminuição do número de fibras musculares e do tamanho muscular (sarcopenia) inerentes ao processo de envelhecimento, possui impacto na hipertrofia muscular e consequente melhoria e equilíbrio metabólico, morfológico, neuromuscular e da capacidade funcional.

O impacto das alterações fisiológicas do processo do envelhecimento propicia uma motricidade equilibrada que é responsável pelo realce do contorno corporal, fato que atua sobre a autoestima na medida em que possui efeito estético significativo sobre a aparência, a autoimagem e autoestima da pessoa em processo de envelhecimento. O efeito estético das alterações fisiológicas é um marcador a ser abordado quando se pretendem analisar os aspectos psicoemocionais decorrentes do processo de envelhecimento(160-165).

Concorrentes com a prática regular da atividade física, a inatividade e/ou sedentarismo(166),

o exercício físico executado com intensidade moderada quando é incorporado às atividades diárias atuam como um estilo de vida saudável, capaz de liberar hormônios. Os hormônios da felicidade, nomeadamente a endorfina, a serotonina e a noradrenalina, proporcionam benefícios reconhecidos cientificamente como: 1) melhoria da aptidão cardiopulmonar, da força, da massa muscular e da densidade óssea; 2) melhoria da qualidade de vida, da aptidão física e do humor; 3) alívio da depressão; 4) redução da ansiedade; 5) aumento da autoestima; 6) prevenção da doença coronariana, do câncer de colo de útero, do diabetes; 7) minimização da perda de peso e 8) prevenção da hipertensão arterial(120, 167-170).

O sedentarismo é um fator de risco que, quando associado a outros fatores de risco, tais como o uso do tabaco, álcool, e a alimentação inadequada, possui impacto para a ocorrência de um conjunto de doenças crônicas. Entre elas, podem-se citar: osteoporose, câncer (colo, pulmão e próstata), diabetes e, principalmente, doenças cardiovasculares. Pode se associar também a outro fator multifatorial importante, as quedas(9, 136, 171, 172).

48 A obesidade no século XXI apresenta-se como um desafio à saúde, principalmente nos países desenvolvidos, mas com incidência significativa nos países em desenvolvimento. Sua causa é multifatorial (componentes genéticos, biológicos, culturais e socioeconômicos). A fórmula matemática relacionada entre a energia ingerida e a energia gasta pelo organismo é o principal componente nesta ocorrência, havendo necessidade de se considerar, também, a fórmula matemática entre níveis satisfatórios de atividade física e lazer e sedentarismo(173-175).

A taxa de prevalência de atividade física insuficiente codificada a partir dos indicadores de morbidade e fatores de risco apresentados com dados do Distrito Federal e 17 capitais brasileiras, nos períodos de 2002-2003 e 2004-2005, abrange a população de 15 a 69 anos de idade (Tabela 10).

Tabela 10: Taxa de prevalência de indivíduos insuficientemente ativos na população segundo faixa

etária dos 50 aos 69 anos de idade em 17 capitais brasileiras e no Distrito Federal no período de 2002-2003 e 2004-2005.

Capital (**) % 50 a 69 anos Capital (**) % 50 a 69 anos

Manaus 46,1(*) Belo Horizonte 44,6

Belém 24,4(*) Vitória 32(*)

Palmas 39,2(*) Rio de Janeiro 45

São Luís 36,5 São Paulo 37,3

Fortaleza 50 Curitiba 44,9

Natal 34,6(*) Florianópolis 48,6

João Pessoa 55,9 Porto Alegre 36,6

Recife 53,3 Campo Grande 33,8(*)

Aracaju 30,6(*) Brasília 35,6

Fonte: Ministério da Saúde/SVS e Instituto Nacional do Câncer (INCA): Inquérito Domiciliar de Comportamentos de

Risco de Morbidade Referida de Doenças e Agravos Não Transmissíveis.

Nota dos autores (*): O número de entrevistados classificados como insuficientemente ativos nesta capital e neste

grupo é inferior a 50; portanto, recomenda-se cautela na interpretação dos resultados. (**) Faltam dados de nove capitais brasileiras.

Quando analisados os dados da faixa etária de 50 a 69 anos de idade, observa-se que 40,5% desta população está classificada como ininsuficientemente ativa. Cabe destacar que, em sete capitais, o número de entrevistados considerados insuficientemente ativos, ou seja, 38,8 %, é inferior a 50, o que gera a recomendação de uso parcimonioso dos dados(222). Ao analisar os dados excluindo estas

capitais, o índice de pessoas insuficientemente ativas na faixa etária de 50 a 69 anos de idade aumenta para 44,4% (Tabela 10).

São considerados insuficientemente ativos aqueles indivíduos classificados como irregularmente ativos e sedentários conforme as recomendações do International Physical Activity Questionnaire (IPAQ)(176). Tal fato possibilitou o alinhamento de linguagem com dados internacionais,

49 Em estudo sobre o nível de atividade física do Estado de São Paulo(177), quando analisados os

dados referentes ao nível de atividade física de acordo com a idade cronológica, especificamente em relação aos indivíduos com 70 anos ou mais, tem-se o valor de 52,56% somando-se os percentuais daqueles classificados como irregularmente ativos A, irregularmente ativos B e sedentários.

O mundo moderno cria condições para a inatividade física na medida em que melhorou os sistemas de transporte; aumentou a automação e robotizou os processos de industrialização; diminuiu as horas de trabalho e minimizou o custo dos aparelhos de televisão, possibilitando aos utilizadores aumentarem o número de horas diárias de televisão. Além disso, propiciou às pessoas apreciarem as atividades de lazer como espectadores; desenvolveu tecnologia de informática e eletroeletrônica de uso domiciliar; estimulou o consumo de dietas hipercalóricas com reflexos sobre os hábitos alimentares e disponibilizou alimentos industrializados ou semiprontos; facilidades cujos reflexos recaem sobre a Saúde Pública(178, 179).

Estimativas da OMS apontam que 1,9 milhão de pessoas morrem anualmente por causas relacionadas com o sedentarismo. Pesquisas brasileiras de base populacional têm apontado a integração entre comportamentos de risco para doenças crônicas não transmissíveis com a prevalência da inatividade física(180-182).

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