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Atividade física, envelhecimento e SD

No documento Síndrome de Down (páginas 30-37)

Seguindo as diretrizes da promoção da saúde, as atividades físicas apresentam-se como um dos componentes mais importantes para a adoção de um estilo de vida saudável e uma melhor qualidade de vida das pessoas (OMS, 2006). E com o fato de a população mundial estar envelhecendo a um ritmo sem precedentes, vem aumentando a busca por diminuir o impacto negativo da idade nas funções cognitivas, e principalmente a busca por identificar fatores no estilo de vida e programas de intervenção que mantenham as funções cognitivas e até melhoram o desempenho cognitivo em idosos.

Matsudo (2001) relata três conceitos significativos para este estudo: a atividade física, citada como qualquer movimento corporal produzido em decorrência da contração muscular que reverta em gasto calórico; exercício físico: definido como uma atividade física planejada, estruturada e repetitiva, resultando na melhora ou manutenção de uma ou mais variáveis da aptidão física e a própria aptidão física que é considerada como uma característica que o indivíduo possui ou atinge, como

a potência aeróbica, endurance muscular, força muscular, composição corporal e

flexibilidade.

Benedetti et al., (2003) e Nahas (2001) afirmam que o prejuízo funcional e de qualidade de vida do idoso podem ser relacionadas ao envelhecimento natural,

inatividade e doenças, e que para que ocorra uma melhora fisiológica, psicológica e social é necessária a prática regular de exercícios físicos.

Variáveis biológicas como controle de glicose, melhora na qualidade do sono, melhoras no quadro de osteopenias e osteoporose, desvios posturais gerais e doenças que são comuns no envelhecimento podem ser beneficiadas pela prática regular de exercícios físicos. Essa prática pode também resultar na prevenção de doenças cardíacas, aumentando os níveis de HDL, e diminuindo os níveis de LDL e auxiliar no equilíbrio do humor devido à liberação de endorfina, hormônio do bem-estar (BENEDETTI et al., 2003; NAHAS, 2001).

De acordo com o estudo realizado por Bherer (2015) a prática de exercícios e atividade física pode melhorar o desempenho cognitivo em idosos, além de ter efeito protetor no cérebro e reduz em 38% as chances de déficit cognitivo. Os resultados de estudos em pacientes em risco de declínio cognitivo também sugerem que o treinamento cognitivo e as intervenções de exercícios são ferramentas não farmacêuticas promissoras para ajudar a melhorar a cognição em idosos em risco.

Os níveis de ansiedade e stress podem ser melhor controlados, assim como podem ocorrer melhoras cognitivas para a aprendizagem, atenção, memória, linguagem, e, não menos importante a convivência social, gerando segurança de estar com pessoas em comunidade, ampliação do olhar cultural e estabelecimento de relações fora do contexto familiar saudáveis (BENEDETTI et al., 2003; NAHAS, 2001).

Montoro et al., (2015) relatam uma diminuição no nível de atividade física com o aumento da idade, sugerindo que quanto maior a idade, menor o nível de atividade física no idoso. Estudos referem que a prática regular de atividades físicas pode ser benéfica durante o envelhecimento e que idosos fisicamente ativos podem manter suas funções cognitivas durante o processo desta fase da vida (OLIVEIRA et al.,

2018). Tavares et al., (2017) descrevem que as atividades de lazer contribuem

também para a relação social entre membros da família, crianças, parceiros, amigos, vizinhos, colegas.

Segundo Jacob Filho (2006) a aterogênese, capacidade ventilatória, captação de oxigênio pelos tecidos, coagulação do sangue, estabilidade articular e a obesidade são efeitos prejudiciais causados pelo sedentarismo.

Para Negrão et al., (2000) os motivos mais evidentes do sedentarismo entre os idosos são orgânicos, culturais e ambientais, onde justifica-se sua ausência numa

vida mais ativa devido a lesões, o excesso de cuidados que por vezes impedem que sejam autônomos, e o local em que habitam por serem perigosos devido à ausência de segurança como faixa de pedestre corrimões calçadas íngremes e com buracos fazendo com que o idoso recue e fique em casa.

Maciel (2010) cita que diversas modificações estruturais e fisiológicas ocorrem no envelhecimento e elas influenciam diretamente na autonomia e

independência do indivíduo. Matsudo et al., (2001) relatam que os efeitos

patogênicos do envelhecimento possuem diversas características entre elas, na característica antropométrica onde o aumento do peso corporal redução da estatura, da massa muscular e da densidade óssea. A nível muscular encontra-se a redução da força muscular logo uma fadiga muscular mais severa, dificuldades para adquirir hipertrofia; e a redução da atividade oxidativa, do armazenamento de fontes energéticas (ATP-CP/glicogênio) e da capacidade de regeneração.

Quando analisado a condição pulmonar no envelhecimento Matsudo et al.,

(2000) também descrevem a redução da capacidade vital e de difusão pulmonar e uma parede torácica mais rígida, cita também o aumento do volume residual e da ventilação durante o exercício. Quanto aos aspectos neurais há uma notável diminuição no fluxo sanguíneo cerebral tendo como consequência um número e tamanho dos neurônios reduzidos, isso também gera uma redução na velocidade da condução nervosa e um tempo de reação mais precário causando assim um movimento mais moroso. Ainda nesse estudo as variáveis cardiovasculares também foram evidenciadas no envelhecimento destacando-se pela diminuição da frequência

cardíaca, do volume sistólico e do aproveitamento de O2 pelos tecidos.

Com isso consequentemente haverá uma diminuição da agilidade, coordenação motora, equilíbrio, flexibilidade, mobilidade articular e aumento da rigidez da cartilagem, tendões e ligamentos nos indivíduos no envelhecer. (MATSUDO et al., 2000).

A OMS (2006) afirma que a prática da atividade física auxilia positivamente e diretamente no retardamento desses efeitos. Matsudo (2006) afirma que um bom caminho para envelhecer é a prática de um programa de atividade física que contemple exercícios de equilíbrio, flexibilidade, aeróbicos e de força. Ao realizar um programa de exercícios com 80% da carga máxima, exercícios estes que estimulam grupos musculares, realizados aproximadamente em duas séries de oito a 10 repetições, duas vezes por semana, durante o envelhecer entre a quarta e oitava

semana de treinamento, serão observados benefícios significantes na massa e força muscular e no controle de variáveis notáveis de doenças crônicas não transmissíveis.

O estudo que demonstra os benefícios da realização de exercícios regulares realizado por Hotting et al., (2013) onde um grupo realizava atividade aeróbica em bicicleta ergométrica, e outro exercícios de alongamento e coordenação durante 18 meses, o grupo da bicicleta teve maiores benefícios não apenas na capacidade cardiovascular como nos efeitos cognitivos e recuperação de memória foram maiores.

No envelhecer modificações fisiológicas podem ser evidentes como a redução de massa muscular e força devido a sarcopenia (CRUZ-JENTOFT et al., 2019). Com essa mudança no perfil das fibras musculares, o idoso possui uma redução do volume e quantidade das fibras do tipo II, encarregadas potência muscular e sua força, gerando então em alguns casos um maior risco de quedas (MILJKOVIC et al., 2015).

Dados da WHO (2007) relatam que cerca de 28% a 35% das pessoas com mais de 65 anos sofrem uma queda por ano, e quando a idade é igual ou superior a 70 anos, esse percentual chega a 40%, as quedas são a segunda causa de morte por lesão não intencional no mundo fato segundo os estudos preocupante e de recorrente investigação. Machado (2020) afirma que a inserção dos programas de exercícios físicos tendo como propósito o treino de força e equilíbrio, deveriam ser preferenciais para que haja um declínio da taxa de quedas lesivas entre os idosos.

Evidentes declínios na saúde física podem ser observados por ocasião do início da senescência. Desafios de preservação da saúde fazem parte do papel dos profissionais que atuam nessa área, como fisioterapeutas, profissionais de educação física, nutricionistas e psicólogos; para que possa haver redução de fatores de risco para limitações motoras, cognitivas e quadros de doenças crônicas. No caso da SD, em especial, a literatura aponta maior incidência de casos de diabetes, alterações de personalidade, deterioração do autocuidado, declínio cognitivo, apatia e perda de vocabulário, entre outras condições (CONCEIÇÃO, CARVALHO; SILVA, 2013).

Um estilo de vida saudável poderia auxiliar na redução e prevenção dessas doenças e seus impactos na vida cotidiana da pessoa com SD mesmo considerando-se alguns problemas de saúde mais característicos da síndrome. Sendo assim, acredita-se que determinar um modelo de atividades físicas pode ser

de suma importância para o bem-estar físico e mental desta população (MONTORO et al., 2015).

Neste contexto, estudos evidenciam que em pessoas com SD, a participação em um programa de atividade física gera melhoras significativas no sistema cardiovascular, força muscular, equilíbrio, redução de resistência à insulina e obesidade abdominal. Destaca-se a carência de programas que beneficiem esse público, assim como as restrições nas instalações esportivas, a dificuldade no transporte e acessibilidade nos locais de prática que são obstáculos para a prática de atividade física. Enfatiza-se também que na SD acontece perda da capacidade funcional relacionada a baixa condição física recomendadas para uma vida ativa, agravando o desempenho de diversas tarefas cotidianas e de trabalho (COWLEY et al., 2010; MENEAR, 2007; CARMELI et al., 2004).

Montoro et al., (2015) declaram em seus escritos que pessoas com SD, à medida em que a idade avança, o nível de atividade física diminui, porém verificou-se um baixo número de pesquisas nessa área e recomenda-verificou-se novos estudos com a intenção de avaliar o nível de atividade física nesta população específica.

Para que esse modelo de programa, com propósito de intervenção, possa surtir o efeito esperado no período de envelhecimento das pessoas com SD, tornam-se relevantes os estudos que possam traçar o perfil dessa população na idade adulta para que a identificação de objetivos possam ser mais esclarecidas, considerando-se as peculiaridades da síndrome.

O excesso de massa gorda corporal e a sua distribuição centralizada salienta o surgimento de doenças cardiovasculares e doenças crônicas não transmissíveis. Logo, a avaliação da composição corporal tem ganhado um realce cada vez maior

devido ao papel dos componentes corporais na saúde humana (NATALINO et al.,

2013).

Para Vieira (2004), avaliar a composição corporal tem como objetivo determinar as quantidades de massa magra (músculos, ossos, água) e massa gorda (gordura) do organismo, tornando-se então de suma importância para caracterizar a condição física mediante ao início ou participação em um programa de emagrecimento e também no tratamento e tratamento de doenças crónicas como diabetes, hipertensão arterial, dislipidemias, cardiopatias, nefropatias, relacionando-se ao estado de saúde atual do indivíduo, pois torna-relacionando-se inquestionável que tanto o excesso de gordura corporal como o déficit de massa magra, mostram relação direta

com diversos fatores de risco que favorecem o surgimento ou piora da condição de saúde.

Esta avaliação se torna fundamental quando relacionamos dois indivíduos que possuem o mesmo peso e estatura, porém composições corporais diferentes sendo um sedentário e outro fisicamente ativo, devido às porcentagens de gordura corporal e desenvolvimento muscular. Portanto o fator quantidade total de peso não é o mais relevante quando falamos de saúde, mas sim a proporção de gordura para a de músculos e ossos. Pessoas com músculos muito desenvolvidos ou ainda uma ossatura pesada, se tornam pesadas, mas não são gordas. Em contrapartida, muitas estão no "peso ideal", mas apresentam quantidade de gordura maior sendo assim classificadas como obesas (VIEIRA, 2004; BARBANTI, 1990).

Barbanti (1990) relata que a porcentagem do peso corporal total que é peso de gordura, é o índice selecionado para avaliar a composição corporal de uma pessoa. Nos homens quando a gordura estiver abaixo de 15%, está excelente e quando esta porcentagem estiver acima de 25% são considerados obesos. Para as mulheres, o nível de gordura estando abaixo de 20% é o ideal, e acima de 33% é visto como obesidade.

Quando um indivíduo realiza suas atividades com menor esforço e bem-estar ele possui aptidão física, pois o conjunto de qualidades físicas é o que nos faz executar diferentes movimentos cotidianos como amarrar o cordão do tênis sem maiores dificuldades, pois é necessário o mínimo de equilíbrio e flexibilidade para abaixar amarrar e se levantar. Entretanto está cada dia mais em evidência no envelhecimento observarmos pessoas com dificuldades em ações simples, as vezes por doenças que os impedem ou por não praticar atividades físicas (BARBANTI, 1990).

Guedes (2000) define a aptidão física como a habilidade de adaptação do corpo perante as necessidades físicas exigidas para a realização das atividades, sem resultar na completa exaustão, sejam essas atividades de níveis moderados ou vigoroso.

Neste sentido estudos sugerem que a aptidão física seria a realização de esforços físicos sem fadiga excessiva, mantendo as boas condições da vida diária, abrangendo diferentes dimensões enaltecendo a potência aeróbica máxima, força e flexibilidade, variáveis fisiológicas como em habilidades desportivas a qual as variáveis, como por exemplo: agilidade, equilíbrio, coordenação motora, potência e

velocidade, são mais reconhecidas quando tratamos do desempenho desportivo (GUEDES, 2000; SHEPHARD, BALADY, 1999; GAERTNER; FIROR; EDOUARD, 1991).

Em idosos com 65 anos a capacidade aeróbica apresenta cerca de 30% menor que o indivíduo jovem, sugerindo que a prática regular de atividades como caminhada e corrida podem prevenir o declínio no consumo máximo de oxigênio em 0,5-1% ao ano, tornando assim indispensável a prática de atividades físicas e manutenção de níveis de força para uma marcha segura e provavelmente ideal de capacidade aeróbica (PRETO et al., 2016; MILANOVIC et al., 2013).

No documento Síndrome de Down (páginas 30-37)

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