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Síndrome de Down

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Academic year: 2022

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DO DESENVOLVIMENTO

KAMILA SANTOS RESSURREIÇÃO

SÍNDROME DE DOWN: PERFIL ANTROPOMÉTRICO E DE APTIDÃO FÍSICA NO ENVELHECIMENTO

SÃO PAULO 2020

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SÍNDROME DE DOWN: PERFIL ANTROPOMÉTRICO E DE APTIDÃO FÍSICA NO ENVELHECIMENTO

Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie como exigência parcial para obtenção do título de Doutora.

Orientadora: Profa. Dra. Silvana Maria Blascovi de Assis

SÃO PAULO 2020

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Bibliotecária Responsável: Aline Amarante Pereira CRB8/9549 R435s Ressurreição, Kamila Santos.

Síndrome de Down: Perfil antropométrico e de aptidão física no envelhecimento / Kamila Santos Ressurreição.

97f. : il. ; 30 cm

Tese (Doutorado em Distúrbios do Desenvolvimento) Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2020.

Orientadora: Silvana Maria Blascovi de Assis.

Referências bibliográficas: f. 69-83.

1. Síndrome de Down. 2. Envelhecimento. 3. Antropometria. 4.

Aptidão física. I. Assis, Silvana Maria Blascovi de, orientadora. II. Título.

CDD 616.858842

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Autor: Kamila Santos Ressurreição

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Distúrbios do Desenvolvimento

Título do Trabalho: Sindrome de Down: Perfil antropométrico e de aptidão física no envelhecimento

O presente trabalho foi realizado com o apoio de 1:

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

Instituto Presbiteriano Mackenzie/Isenção integral de Mensalidades e Taxas MACKPESQUISA - Fundo Mackenzie de Pesquisa

Empresa/Indústria:

Outro:

1 Observação: caso tenha usufruído mais de um apoio ou benefício, selecione-os.

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Só pra você

Só o amor faz do sacrifício, um presente Só o amor faz da noite o dia Só o amor faz do tempo uma oração Só o amor garante que para você vale a pena correr, procurar, sem parar

Só o amor abre o coração à sabedoria Só o amor torna livres e seguros Só o amor enxuga o rosto de quem chora Só o amor dá um rosto à bondade Partilha o pão sem pedir para si Só para você, só com você, só em você, que é o amor!

Ernesto Olivero (Canção original italiana Solo per te – SERMIG Laboratório del Suono)

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teu amparo, com teu apoio e me fez chegar até aqui e a nossa senhora Aparecida, por me cobrir com seu manto e interceder por mim.

Agradeço e dedico esse Doutorado aos meus avós Maria Lúcia e José e aos meus pais Antonio e Graça e a Karine minha irmã, por todo carinho, oração, testemunho, confiança e existência.

Agradeço a Profa. Dra. Silvana Maria Blascovi de Assis, minha orientadora, pela companhia, aprendizado, bom humor, parcerias e desabafos. A “mantinha”, o café e o frio da salinha também serão inesquecíveis.

Aos mais que amigos, aqueles que “fizeram o caminho, caminhando” comigo:

Alan Sousa, Raissa Hitomi, Ariana Sousa, Carina Sousa, Marco Vitale, Simone Bernardi, Étria Rodrigues, Érico Caperuto e Susi Fernandes. Minha eterna gratidão por terem contribuído nesse trabalho, na minha vida, na minha história de alguma forma. Pelas orações, pela inspiração contínua, pelas broncas, pela compania nas madrugas frias de escrita, pelas lágrimas enxugadas trazendo o sorriso de volta quando tudo parecia perdido, pela alimentação quentinha deixada na portaria com tanto carinho e amor, pelas orientações seja da vida, seja neste trabalho, pelas músicas de incentivo enviadas, pela tradução e correção de textos, pelos áudios motivacionais ou aqueles que eram pra decorar um determinado texto, pela correção do texto final, enfim, que Deus os de saúde e nunca os afaste de mim. #tamujunto

Agradeço também ao querido George Silva pela originalidade das ilustrações contidas neste trabalho, a amiga Ana Paula Xavier pela aula de estatística e as queridas alunas Kamila, Heloísa, Lais, Larissa e Aline que me auxiliaram com muito carinho na coleta de dados.

Menciono também com carinho todos meus alunos e colegas de profissão da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Faculdade Estácio de Carapicuíba, meus alunos de personal, aos amigos do Arsenal da Esperança, Paróquia Nossa Senhora de Fátima, amigos que estão na Itália, Espanha, Peru e Porto Rico que me encorajaram a cada passo e que tiveram paciência de aguentar meu cansaço, stress e falta de tempo.

A todos minha sincera gratidão e o registro nessa tese!

Obrigada! Grazie! Gracias!

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S.Tereza D’Ávila

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RESUMO

Introdução: A Síndrome de Down (SD) é uma condição genética caracterizada por uma alteração cromossômica numérica com maior prevalência no mundo, cuja principal característica é o desenvolvimento atípico que compromete o desenvolvimento global. O envelhecimento precoce é uma característica na SD que potencializa os efeitos deletérios da cromossomopatia. Objetivos: Descrever o perfil do envelhecimento de adultos com SD, observando-se aspectos antropométricos e de aptidão física. Método: Foi realizado um estudo descritivo, correlacional com corte transversal utilizando os seguintes testes: Índice de massa corporal (IMC), Imagem Corporal, Timed up and go (TUG), International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), Teste de Caminhada de seis Minutos, Manovacuômetria, Flexibilidade (TC6M) e Dinamometria. Participaram deste estudo 18 adultos com Síndrome de Down, 7 mulheres com idade média de 47±8,68 anos e 11 homens com idade média de 47±10,14 anos, frequentadores de uma instituição especializada em atendimento educacional/terapêutico na cidade de São Paulo.

Resultados e Discussão: A média do IMC para as mulheres foi de 33,41kg/m2 e para os homens 29,82kg/m2. Na avaliação pelo IPAQ, seis participantes foram classificados como irregularmente ativos A e 10 como irregularmente ativos B. A avaliação da imagem corporal das mulheres para silhueta real (SR) foi em média para a imagem 6±4,43, enquanto para os homens foi a imagem 5±3,39, avaliação do corpo observado (CO) foi para a figura 10±3,41 para as mulheres e de 7±3,2 para os homens. As correlações entre o IMC e a SR foram de magnitude baixa para o grupo (r=0,216). Para os homens foi moderada (r=0,366) enquanto para as mulheres, foi observada uma distorção da imagem corporal, com correlação negativa (r=-0,418). A correlação entre IMC e CO, que representa a observação do avaliador, foi como esperado, de grande magnitude para o grupo completo, n=18 (r=0,646, p= 0,004).

Entre os testes de manovacuometria e TC6M foram observadas correlações de grande ou moderada magnitude. Entre a dinamometria e o TUG as correlações foram moderadas para ambos os sexos e fracas para dinamometria e flexibilidade.

Conclusão: A pessoa com SD acima dos 35 anos, do ponto de vista antropométrico, apresentou-se acima dos percentuais médios para as curvas de IMC brasileiras, sendo caracterizadas como irregularmente ativas. Na aptidão física, o grupo avaliado apresentou variabilidade dos dados, com desempenho abaixo da média na força de preensão, na capacidade cardiorrespiratória, quanto a mobilidade

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específicos para pessoas com SD devam ser direcionados às práticas de atividade física para melhorar as condições físicas como sobrepeso, capacidades respiratórias e força muscular para que este público possa envelhecer com melhores chances de atingir a qualidade de vida esperada neste ciclo vital.

Palavras-chave: Síndrome de Down, envelhecimento, antropometria, aptidão física.

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ABSTRACT

Introduction: Down Syndrome (DS) is the most prevalent genetic condition in the world, it is characterized by chromosomal disorders of numerical alteration. The main characteristic of DS is the atypical development that compromises global development. Early aging is a characteristic of DS that enhances the deleterious effects of the chromosomal disease. Objectives: To describe the aging profile of adults with DS, observing anthropometric and physical fitness aspects. Method: A descriptive, correlational cross-sectional study was carried out using the following tests: Body mass index, Body image, Timed Up and Go (TUG), International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), Six-minute walk test (6MWT), Manovacuometry, Flexibility and Dynamometry. Eighteen adults with Down Syndrome participated in this study, seven women with an average age of 47 ± 8.68 years and 11 men with an average age of 47 ± 10.14 years, they were attending an institution specialized in educational and therapeutic care in the city of São Paulo. Results and Discussion:

The average BMI for women was 33.41 kg/m2 and for men, 29.82 kg/m2. In the evaluation by IPAQ, six participants were classified as irregularly active A and 10 as irregularly active B. The evaluation of body image of women for real silhouette (RS) was on average for image 6 ± 4.43, while for men it was image 5 ± 3.39; assessment of the observed body (OB) was for figure 10 ± 3.41 for women and 7 ± 3.2 for men.

The correlations between BMI and RS were of low magnitude for the group (r = 0.216). For men it was moderate (r = 0.366) while for women, a distortion of body image was observed, with a negative correlation (r = -0.418). The correlation between BMI and OB, which represents the observer's observation, was as expected, of great magnitude for the complete group, n = 18 (r = 0.646 / p = 0.004).

Between the tests of manovacuometry and 6MWT, correlations of great or moderate magnitude were observed. Between dynamometry and TUG, the correlations were moderate for both sexes and weak for dynamometry and flexibility. Conclusion: The studied individual with DS over 35 years of age, from an anthropometric point of view, was above the average percentages for Brazilian BMI curves, being irregularly active. In physical fitness, the evaluated group showed data variability, with below- average performance in grip strength and cardiorespiratory capacity, as for mobility we observed some difficulties when rotating and sittingif, even if the test was performed within the expected run time. It is concluded that specific programs for

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that this population can age with better chances of achieving the quality of life expected in this life cycle.

Keywords: Down syndrome, aging, anthropometry, physical fitness.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Pirâmide populacional ... 21

Figura 2 Balança Antropométrica ... 42

Figura 3 Teste para avaliação da imagem corporal ... 43

Figura 4 Teste Timed up and go - TUG ... 44

Figura 5 Escala de Borg. ... 46

Figura 6 Teste de caminhada de seis minutos ... 47

Figura 7 Teste de Manovacuometria ... 48

Figura 8 Teste de Dinamometria ... 49

Figura 9 Teste de Flexibilidade ... 50

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Tabela 1 Valores de média e desvio padrão ... 55 Tabela 2 Teste de correlação ... 56

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Quadro 1 Testes e variáveis analisadas ... 40 Quadro 2 Índice de massa corporal OMS ... 42

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ACMS American College Sports Medicine ACR Aptidão cardiorrespiratória

ATP - CP Sistema anaeróbico alático AVDS Atividades de vida diária

CAEE Certificado de apresentação para apreciação ética CF Capacidade funcional

CM Centímetros

CMH2O Centímetros água

CO Corpo observado

DA Doença de Alzheimer

DI Deficiência intelectual

DTC6M Distância teste de caminhada seis minutos EPE Escala de percepção de esforço

EUA Estados Unidos da América FC Frequência cardíaca

FMR Força muscular respiratória

HDL Lipoproteína de alta densidade - Colesterol IMC Índice de massa corporal

IPAQ International physical activity questionnaire

Kg Quilograma

LDL Lipoproteínas de baixa densidade - Colesterol

O2 Oxigênio

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-Americana de Saúde PEmáx Pressão expiratória máxima

PImáx Pressão inspiratória máxima Pplatô Pressão platô

SD Síndrome de Down

SI Silhueta ideal

SMT Silhouette matching task SNC Sistema nervoso central

SpO2 Saturação periférica de oxigênio

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

SR Silhueta real

TC6M Teste de caminhada de seis minutos

TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido TS Teste de shuttle

TUG Timed up and go

VO2 Volume de oxigênio

WHO World Health Organization

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1 INTRODUÇÃO... 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 20

2.1 Envelhecimento Populacional ... 20

2.2 Síndrome de Down ... 23

2.3 Atividade física, envelhecimento e SD ... 29

3 OBJETIVOS ... 36

4 MÉTODO ... 37

4.1. Procedimentos ... 37

4.1.1 Seleção de participantes: ... 37

4.1.2 Critérios de inclusão e exclusão ... 37

4.1.3. Aspectos éticos:... 38

4.1.4 Local ... 39

4.1.5 Avaliações ... 39

4.2. Análise de dados ... 50

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 52

6 CONCLUSÃO ... 67

REFERÊNCIAS ... 69

ANEXOS ... 84

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1 INTRODUÇÃO

A Síndrome de Down (SD) vem sendo descrita na literatura a partir do século XIX, porém indicativos mostram que ela sempre esteve presente na espécie humana. Esses realces aparecem em objetos arqueológicos, esculturas ou pinturas encontradas em datas antecedentes, inclusive no período antes de Cristo (SCHWARTZMAN, 1999; STRATFORD, 1997).

Em um olhar amplo, a pessoa com SD apresenta algumas características peculiares em sua condição física e em seu desenvolvimento, tais como hipotonia muscular, hiper flexibilidade articular devido a frouxidão ligamentar, baixa estatura, deficiência mental, postura anteriorizada com antepulsão de ombro e semiflexão de tronco, base aumentada pela falta de equilíbrio, entre outras (SBROGGIO;

ROBINSON, 2002).

A literatura sobre a SD é vasta, porém, o foco da maioria dos trabalhos direciona-se ao desenvolvimento nos primeiros anos de vida e na fase escolar. O envelhecimento tem sido recentemente valorizado como tema de estudo para esta população, uma vez que os indicadores sociais que apontam para a inversão da pirâmide etária para a população brasileira vêm mostrando amplo alargamento das faixas cronológicas mais elevadas. Espera-se, portanto, que a população com SD acompanhe essa tendência.

A expectativa de vida para esse grupo aumentou consideravelmente, pois houve uma grande mudança nas estimativas de acordo com os dados de 1983- 2000, período em que a expectativa média de vida aumentou de 25 para 50 anos nos EUA e de 24 para 52 anos nos estudos europeus. Essa média foi projetada para 54 anos (média) e 58 anos (mediana) a partir de 2010 (GRAAF et al., 2016;

PRESSON et al., 2013).

Esse avanço refletiu no aumento da sobrevida e na necessidade de elaboração de diferentes programas educacionais (BRASIL, 2013). Contudo, à medida que a expectativa de vida dessas pessoas aumenta, paralelamente existem alterações diversas que acompanham o processo de envelhecimento, as quais muitas vezes provocam limitações nas atividades e restrições na participação dessa população em geral (BARNHART; CONOLLY, 2007).

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O envelhecimento se caracteriza como processo, enquanto a velhice se caracteriza como uma etapa do desenvolvimento (TORRES, 2015). Visto que tal processo envolve mudanças físicas, culturais, fisiológicas e sociais, é de extrema importância que a pessoa idosa preze por hábitos e estilo de vida que promovam um envelhecimento saudável, não relacionado direta e exclusivamente à ausência de doenças, mas também à manutenção das condições de autonomia e de funcionalidade (JACINTO; CITERO, 2013).

Ferreira et al. (2012) afirma que estudos têm colocado em evidência que características do envelhecimento têm se mostrado de maneira precoce para a população com SD, todavia poucos estudos são relacionados ao desempenho físico a partir da terceira década de vida, pois atualmente o foco das pesquisas associa o conceito negativo do envelhecer com a falta de autonomia e o aumento dos níveis de dependência.

Pessoas com SD podem apresentar maior ocorrência de quadros relacionados à demência, em especial a doença de Alzheimer (DA). Observam-se na SD sinais de senilidade precoce, fato este de grande interesse dos pesquisadores atuais. Após os 50 anos ocorre rapidamente a perda de habilidades cognitivas e funcionais, predispondo a um quadro de possível demência (QUINTO;

MELO; SOUZA, 2016; ABRISQUETA-GOMEZ, 2013).

A atenção com a saúde do adulto e do idoso com SD deve estar ligada à gerência de um estilo de vida saudável nos seus aspectos biopsicossociais, no desenvolvimento da autonomia para as atividades de vida diária instrumental, no autocuidado, socialização, inclusão social e vida econômica (BRASIL, 2013).

Manter um estilo de vida saudável, com os devidos cuidados com a alimentação, higiene, sono e exercícios físicos, auxilia no aumento da autonomia do adulto e do idoso com SD para execução das atividades de vida diária, inclusões econômicas e sociais, assim como planejamento familiar, pois discutir e auxiliar o indivíduo nas atividades diárias faz com que este prolongue seu tempo de vida útil (BRASIL, 2013).

Estudos como o da American College Of Sports Medicine, ACSM (2014), referem que o exercício físico proporciona benefícios visíveis a esse público, como qualidade de vida, além do aumento da capacidade da atenção, força muscular e diminuição da hipotonia, trazendo um benefício visível às variáveis de aptidão física e a antropometria.

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Essas evidências estimulam cada vez mais a comunidade científica a levantar preocupações e investigar as necessidades de acompanhamento e intervenção junto aos grupos de pessoas com SD em idade cronológica mais avançada, no intuito de conhecer o processo de envelhecimento e preservar a funcionalidade e qualidade de vida dessa população.

Entre as preocupações mais frequentes nesta fase da vida estão, além do risco aumentado para demência, o declínio das funções de atividades de vida diária (AVDs) e do quadro de funcionalidade global. Alguns estudos discutem as percepções acerca do envelhecimento pelo próprio indivíduo com SD e por seus familiares, que almejam por ações alicerçadas pelas políticas públicas (FIAMENGHI;

MESSA, 2007).

Essas famílias lidam com as peculiaridades da deficiência e vivenciam preocupações durante toda a vida, do nascimento do bebê até a velhice, sofrendo com a inexistência de programas que atendam às necessidades de seus filhos à medida que eles envelhecem (FIAMENGHI; MESSA, 2007). No Brasil, poucos estudos discutem esse tema no contexto da realidade nacional.

Considerando a literatura e o contexto do envelhecimento atual da população no Brasil, o objetivo deste estudo foi descrever o perfil do envelhecimento de adultos com SD referente aos aspectos antropométricos e de aptidão física, verificar diferenças entre sexos e estabelecer correlações entre as variáveis analisadas.

A relevância deste estudo está na escassez de produção científica voltada ao conhecimento das características da saúde e qualidade de vida da população com SD no período de envelhecimento. Dados sobre este ciclo da vida podem favorecer o convívio com familiares e sociedade, bem como o planejamento educacional e terapêutico de professores e terapeutas na identificação das necessidades peculiares deste ciclo da vida.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Envelhecimento Populacional

O envelhecimento refere-se a um conjunto de causas, como deterioração da homeostase e redução da capacidade de reparação biológica, que acontece em organismos vivos, e com o tempo gera deficiência funcional e perda de adaptabilidade. É um processo contínuo, que não pode ser revertido, promovendo maior vulnerabilidade do organismo às alterações externas e internas (SILVA et al., 2006; SPIRDUSO, 2005).

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o envelhecimento ativo se define em três pontos: qualidade de vida, autonomia e independência. Estes possuem um desempenho gradual e adequado quando relacionados a prática regular de atividade física, pois de modo geral estudos mostram que pessoas fisicamente ativas apresentam baixo risco de morte quando comparadas aos inativos fisicamente (BRASIL, 2006).

A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) define o envelhecimento como:

“Um processo sequencial, individual, cumulativo, irreversível, universal, não patológico de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente” (BRASIL, 2006, p.8).

Estudos revelam que o envelhecimento é de cunho multifatorial vinculado a programação genética e as mudanças celulares e moleculares logo, acarretam a perda da capacidade funcional das áreas envolvidas e o aumento da função dos mecanismos de controle homeostático, auxiliando como substrato fisiológico no qual a idade influencia diretamente na apresentação da doença e na resposta ao possível tratamento e complicações que possam surgir (SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008).

É sabido que a expectativa de vida no Brasil para a população típica subiu de 45,5 anos em 1945 (42,9 para homens e 48,3 para mulheres) para 75,5 anos (71,9 para homens e 75,1 para mulheres) em 2018, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019). Esse é um fenômeno que acontece na maioria dos países. Ao mesmo tempo em que a expectativa de vida aumenta a cada ano,

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cresce a preocupação das pessoas com a velhice e o temor de que nos dias vindouros não se tenha qualidade de vida (Figura 1).

Figura 1 - Pirâmide populacional

Fonte: IBGE, 2019.

De acordo com Schneider; Irigaray (2008) a idade cronológica abrange os anos a partir do nascimento. A senescência e os sinais característicos da deficiência funcional se manifestam ao longo da vida sem interferir necessariamente na autonomia, sendo assim, deixa de se caracterizar como doença.

Aspectos biopsicossociais do envelhecimento são relevantes para compreender este ciclo da vida. A literatura ressalta que envelhecer de modo saudável, na perspectiva do idoso, está intimamente relacionado às relações sociais.

Relacionar-se socialmente com a família, com os amigos ou com um companheiro pode tornar este momento da vida mais feliz e caracterizar o envelhecimento saudável.

Moraes et al. (2010) referem que a literatura sobre o envelhecimento destaca que o sistema nervoso central (SNC) deve ser considerado durante esse processo,

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pois os neurônios possuem estabilidade de estrutura, atributo este que é pré- requisito para a cognição, tornando-o capaz de acumular informações atuais, recordações do passado e a elaboração de novas ideias. Porém, este sistema não realiza reestruturações nas alterações morfológicas alcançadas com o envelhecimento, deste modo, o envelhecimento cerebral normal, evidência um certo atraso, aproximadamente depois dos 20 anos de maneira morosa e gradual, que acarreta a redução do volume celular.

Hoyer e Roodin (2003) e Neri (2008) afirmam que a idade psicológica resulta da afinidade existente entre a idade cronológica e a capacidade de se adaptar para as exigências diversas da vida com aprendizagem, memória, inteligência, controle emocional e estratégias de enfrentamento.

Deste modo, autonomia e independência são consequências do equilíbrio entre o envelhecimento psíquico e biológico. A expressão idoso define três fases desse envelhecimento: a) os idosos jovens, entre 65 a 74 anos, dispostos e autônomos; b) os idosos velhos de 75 a 84 anos e c) os idosos mais velhos, de 85 anos ou mais, que tendem a serem mais frágeis e doentes e por vezes não autônomos em suas atividades cotidianas (PAPALIA et al., 2006; BEE; UCHOA, 2003).

Costa, Nakatani e Bachion (2006) asseguram que, para que a autonomia de fato ocorra, o sistema de saúde necessita garantir o acesso de todas as pessoas aos cuidados com a saúde por intermédio das políticas públicas, com ênfase na promoção da saúde e na prevenção de doenças. Para isso, o idoso deveria ser avaliado de forma holística com o objetivo básico de manutenção da capacidade funcional.

Bee e Uchôa (2003) relatam que o conceito de deterioração e perda não é universal, de acordo com os estudos realizados em comunidade não ocidentais, que acreditam que envelhecer é positivo. Conforme esse fenômeno é descrito por diferentes povos é demonstrado o quanto o envelhecimento é influenciado por sua cultura.

O convívio social e familiar favorece e proporciona o envelhecimento saudável, uma vez que suporta as perdas decorrentes dos atos biopsicossociais e econômicos, demonstrando assim, que a velhice nem sempre está relacionada à doença (CIOSAK et al., 2011).

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O envelhecimento pode potencializar um quadro definido na literatura como a síndrome da fragilidade do idoso. Este quadro é definido pelo fenótipo da fragilidade, que se constitui em um método de identificação e mensuração da fragilidade nos idosos (LANA; SCHNEIDER, 2014).

Silva et al. (2016) definem fragilidade como declínio da reserva e resistência a estressores do organismo, induzindo a redução da capacidade de retorno à homeostase e sendo componentes físicos da fragilidade a sarcopenia, a desregulação neuroendócrina e as alterações imunológicas.

Os níveis de fragilidade são analisados a partir dos seguintes fatores: a) perda de peso não intencional (pelo menos 5Kg no último ano); b) exaustão avaliada por auto relato de fadiga; c) diminuição da força de preensão da mão dominante; d) baixo nível de atividade física; e) baixa velocidade ao caminhar (lentidão). Neste estudo os autores afirmam que a exaustão por relato de fadiga é o fator que mais interfere negativamente na qualidade de vida dos idosos (FRIED et al. 2001).

No caso das pessoas com SD, Lopes et al. (2014) em estudo de revisão sobre o envelhecimento nessa população, ressaltam o aumento na expectativa de vida, chegando a ultrapassar a sexta década, destacando a ocorrência de fenômenos fisiológicos associados a problemas com a memória e a aprendizagem, sugerindo a relação desses fenômenos com o envelhecimento precoce. Além disso, a tendência ao sobrepeso surge como fato relacionado a comportamentos sedentários ou incapacidades funcionais.

2.2 Síndrome de Down

A SD é uma condição genética cuja trissomia do cromossomo 21 é a alteração mais presente em cerca de 95% dos casos. Os outros 5% incluem translocação, mosaicismo ou duplicação cromossômica. Trata-se da cromossomopatia de alteração numérica de maior prevalência no mundo.

Atualmente no Brasil, a incidência é em torno de 1:600 a 1:800 para cada nascidos vivos. No Brasil, estima-se que existam cerca de 310 mil pessoas portadoras da SD de acordo com um levantamento do último censo (MOREIRA et al., 2019). Dados também demonstram que aproximadamente um entre 800 nascimentos em todo o mundo apresente uma pessoa com a SD. Nos Estados Unidos, a SD é responsável por aproximadamente 500 nascidos vivos anualmente e mais de 200.000 pessoas

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atualmente vivem com a deficiência tendo diferenças na incidência e na apresentação da SD de acordo com origem étnica e região geográfica (BULL, 2020;

BRASIL, 2013).

Para o Ministério da Saúde (2014) o cuidado com a saúde da criança com SD de 2 a 10 anos deve estar focado na manutenção de um estilo de vida saudável (alimentação, higiene do sono e prática de exercícios), no desenvolvimento de autonomia para as atividades de vida diárias, autocuidado, socialização, aquisição de habilidades sociais, escolaridade e acompanhamento pôndero-estatural.

De acordo com Bull (2020), existe uma variação fenotípica considerável entre os pacientes, e a incapacidade intelectual é geralmente moderada, mas pode variar de leve a grave, enquanto a função social é frequentemente alta em relação ao comprometimento cognitivo.

Segundo Moreira et al., (2000) essa síndrome traz como características principais o comprometimento intelectual com graus variáveis de dificuldades físicas e cognitivas. Estudos sobre a SD demonstram diferentes fenótipos, que vão muito além das características intelectuais e dismórficas.

Alterações importantes podem estar presentes e incluem as cardiopatias congênitas (50%), hipotonia (100%), problemas de audição (50-70%), de visão (15- 50%), alterações na coluna cervical (1-10%), distúrbios da tireoide (15%), problemas neurológicos (5-10%), além do sobrepeso ou obesidade e do envelhecimento precoce (CASTELÃO et al., 2003; COOLEY; GRAHAM, 1991).

Segundo Grieco et al., (2015), os indivíduos com SD possuem perfis neuro cognitivos e neuro comportamentais únicos, que surgem dentro de períodos específicos de desenvolvimento e são diferentes em relação a outros indivíduos com deficiência intelectual. Os déficits na atenção e funções executivas estão presentes na infância e se tornam mais pronunciados com a idade. As alterações no funcionamento emocional / comportamental na idade adulta estão tipicamente associadas à neuro degeneração.

No entanto, não há um padrão estereotipado e previsível de como a criança se apresentará no que se refere ao comportamento e padrão de desenvolvimento, uma vez que ambos, assim como o desenvolvimento intelectual não dependem exclusivamente da alteração cromossômica, mas também do restante do potencial genético, associado às influências do meio. O comprometimento das habilidades é

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diretamente influenciada pelas condições intrínsecas da criança, associado às tarefas específicas propostas e características ambientais (PAZIN, 2007).

Os principais déficits motores descritos nos indivíduos com SD são causados por características específicas, além da hipotonia fisiológica, como frouxidão ligamentar generalizada e hipermobilidade articular (FELÍCIO et al., 2008). Tais características interferem diretamente na coordenação dos movimentos, e nas reações posturais (DE SOUZA et al., 2015).

Quando comparadas a grupos controle, as pessoas com SD apresentam menor velocidade da marcha, menor cadência e menor dorsiflexão do tornozelo durante toque do calcanhar e menos força muscular, com alteração de equilíbrio e risco de quedas. A deficiência do sistema imunológico também está associada à senescência precoce na SD.

Recursos e tratamentos terapêuticos, em especial a estimulação precoce com fisioterapia e fonoterapia, contribuem para o melhor desenvolvimento e desempenho social de crianças e jovens com SD (COVELLI et al., 2016). A evolução no campo da ciência e a medicina, principalmente no campo das intervenções cirúrgicas cardíacas, somam-se como fatores que contribuem para o aumento da sobrevida da pessoa com SD (STEINGASS et al., 2011; DAY et al., 2005).

Contudo, Santos e Andrade (2009) relatam que o fato de viver mais não significa, basicamente, que esses indivíduos estejam vivendo melhor.

O desenvolvimento atípico desta população é foco de interesse crescente por parte da comunidade científica em diversas áreas do conhecimento, a fim de compreender as habilidades intelectuais, motoras, pessoais, sociais e fatores relacionados, desmistificando alguns equívocos da deficiência e incapacidade na SD (REZENDE et al., 2016).

Bull (2020) relata que o envolvimento na vida comunitária se tornou cada vez mais importante para as pessoas com SD, pois elas sobrevivem por mais tempo e alcançam maiores graus de independência. Um fator importante para essa autonomia é a educação envolvendo inclusão na sala de aula ao lado de alunos típicos da mesma idade e ensino focado nos pontos fortes da criança /adolescente melhorando a progressão para idade adulta e fornecendo a esse público a chance de atingir todo o seu potencial

Estudos atuais revelam que os peptídeos β-amilóide depositam-se progressivamente nas regiões encefálicas de pessoas com SD, havendo um

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acúmulo de placas já aos 30 anos de idade. Com o passar dos anos, ocorre um aumento de peptídeos β-amilóide no plasma, similar a pacientes com DA. Sabe-se também que a proteína Gelsolina tem importante papel na regulação da fibrilogênese de peptídeos β-amilóides e influencia a gravidade das manifestações de demência, como a DA, em cérebros de indivíduos adultos (43-69 anos) com SD (QUINTO, MELO E SOUZA, 2016; LOTT, 2012).

As diversas intervenções precoces, com técnicas avançadas na área médica, abordam as necessidades das pessoas com SD e, consequentemente, contribuem para o aumento na expectativa de vida dessa população. O declínio cognitivo na idade adulta média a tardia, associado a uma demência do tipo Alzheimer, está associado às alterações neurodegenerativas que podem ocorrer mesmo na ausência de sinais clínicos da demência (GRIECO et al., 2015).

Algumas variáveis são identificadas como preditores para o desenvolvimento da demência, tais como a idade, a gravidade da DI e a presença de distúrbio de sono. Observa-se perda de volume acelerada nos lobos frontal, temporal e parietal, com consequente diminuição da capacidade de integrar informações. A média de idade de diagnóstico de demência é estimada em 55 anos, com média de sobrevida de aproximadamente 7 anos após o diagnóstico (GRIECO et al., 2015).

Sendo assim, torna-se essencial o planejamento de uma intervenção direcionada aos fatores potencialmente alteráveis de ordem socioambiental, a fim de expandir as oportunidades relacionadas às adaptações funcionais e à percepção da qualidade de vida do público com SD. O potencial para o desenvolvimento e a socialização de pessoas com SD tem sido cada vez mais percebido, e o apoio precoce às crianças afetadas e suas famílias é amplamente implementado, embora ainda exista disparidade no acesso aos cuidados de saúde e outros recursos de apoio (BULL, 2020).

Estudos afirmam que a maioria dos idosos busca uma forma saudável de manter uma vida ativa, encontrando nas atividades físicas a possibilidade para precaver e adiar os males causados pela velhice, facilitando a autonomia funcional em atividades de vida diária (SANTOS; ANDRADE, 2009).

Segundo Rosa et al., (2014) quando se fala do cuidado à pessoa com SD vários aspectos devem ser considerados, como a sua estrutura familiar, o possível suporte profissional e social no intuito de contribuir para a formação, a socialização e a qualidade de vida ao longo dos ciclos de vida. Quando a presença da síndrome é

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associada aos problemas ou barreiras como, por exemplo, os preconceitos e estereótipos formados, somados aos problemas da velhice, se fazem necessárias medidas conjuntas. Ações políticas, sociais e familiares auxiliam ao combate da exclusão social, da qualidade de vida menor, das frustrações e de comprometimento da saúde mental.

A literatura considera que, para este grupo, o envelhecimento tem início aos 35 anos, baseado em avaliações médicas e descrições das deficiências físicas em pessoas com SD (COVELLI et al., 2016).

Sendo assim, com o avanço da idade nesta população é observado um envelhecimento precoce, que leva à senescência de órgãos, da imunidade, embranquecimento ou perda de cabelos, dificuldades de audição, redução da acuidade da visão, catarata, perda da força e capacidade funcional mais rapidamente que na população típica, além da maior frequência para as manifestações da DA (MOREIRA et al., 2019; LOPES et al., 2014).

Essa condição potencializa os efeitos advindos da trissomia; causando dependência ainda maior de terceiros para a realização de atividades diárias (ROSA, 2014).

É previsto que ocorra uma inversão na pirâmide de projeção da distribuição das faixas etária na população brasileira nas próximas décadas, devido ao aumento da expectativa de vida. Espera-se que o mesmo ocorra para a população com SD, o que justifica a preocupação com o envelhecimento deste grupo, o estudo do perfil nesse ciclo da vida e o oferecimento de programas bem fundamentados que possam trazer benefícios para a saúde e bem-estar social desses indivíduos.

Para indivíduos típicos, a incapacidade é considerada uma consequência e não uma causa de fragilidade. Para populações com déficits intelectuais acredita-se que esse resultado pode ser diferente, o que teria consequências para validade de medidas de fragilidade. Desta forma, a fragilidade é definida tanto pelo fenótipo quanto pelo déficit e pode ser mais grave em pessoas com deficiência intelectual do que na população idosa em geral, considerando-se ainda o fato do envelhecimento precoce (EVENHUIS; SCHOUFOUR; ECHTELD, 2013).

Alterações de comportamento são mais comuns na vida adulta de uma pessoa com SD e merecem atenção especial, pois podem significar depressão ou deterioração mental pelo risco aumentado de Alzheimer e envelhecimento precoce.

Todavia, poucos estudos trazem propostas de intervenção direcionadas para esses

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grupos. O foco dos estudos permanece, muitas vezes, nos aspectos médicos do envelhecimento e poucos recursos são destinados à preocupação com a melhora da qualidade de vida (BRASIL, 2013). É relevante lembrar que as características de comportamento também podem estar ligadas às formas de se relacionar com o outro, incluindo problemas emocionais e de conduta.

Na revisão realizada por Grieco et al., (2015) sobre a função executiva reguladora do comportamento e cognição em indivíduos com SD foram observados déficits em tarefas de atenção, velocidade perceptiva, tempo de reação e controle motor.

Profissionais e familiares podem ter maiores chances de amparar o envelhecimento das pessoas com SD com a compreensão aprimorada das áreas de pontos fortes e fracos destes indivíduos. Assim, a estimulação e preservação do melhor nível de independência pode ser otimizada, garantindo maior funcionalidade e melhor qualidade de vida.

Capacidade Funcional (CF) é uma medida da funcionalidade global que resulta da interação de todas as capacidades físicas e mentais desenvolvidas durante o período de vida. O grau de independência de uma pessoa pode variar desde a autonomia completa de decisões, para um grau de dependência total nas atividades diárias e perda completa de autonomia de decisão (RAMOS, 2009).

A CF está entre as dimensões mais estudadas na gerontologia e pode ser conceituada como a capacidade que a pessoa tem de manter as funções físicas e mentais necessárias para conservar sua autonomia e independência (BERLEZI et al., 2016).

O envelhecimento é acompanhado da diminuição gradual da CF, a qual é progressiva e aumenta com a idade, levando a diferentes graus de dependência, com restrições ou perdas de habilidades para executar funções e atividades de vida diária. As limitações físicas e cognitivas podem ser determinantes na capacidade de realizar essas atividades de modo independente e autônomo. Dentre o declínio das capacidades funcionais no envelhecimento típico, destaca-se a capacidade e aptidão cardiorrespiratória (ACR) podendo afetar as atividades da vida diária, comprometendo ainda mais a independência funcional (FERREIRA et al., 2012).

Crianças e adolescentes com SD apresentam níveis mais baixos de ACR em comparação com seus pares sem SD, com reduzida capacidade ventilatória associada ao comportamento sedentário. Esta baixa ACR tende a persistir na idade

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adulta, devendo ser preocupação de programas de atividade física neste ciclo da vida (SERUN et al., 2017).

Para avaliar a ACR, um dos testes mais utilizados no meio científico é o teste de caminhada de seis minutos (TC6M), usado para avaliar a resposta de um indivíduo ao exercício com análise global dos sistemas respiratório, cardíaco e metabólico (MORALES-BLANHIR et al., 2011; SOARES; PEREIRA, 2011).

Nunciato et al., (2012) relatam em seu estudo sobre métodos de avaliação no idoso alguns testes que são importantes para a análise da capacidade cardiorrespiratória desses indivíduos, entre elas o Timed Up and Go (TUG) que avalia a mobilidade, teste de Shuttle (TS) onde o indivíduo caminhada com velocidade progressiva correlacionando com VO2 pico, o convencional TC6M e os testes ergométricos convencionais.

2.3 Atividade física, envelhecimento e SD

Seguindo as diretrizes da promoção da saúde, as atividades físicas apresentam-se como um dos componentes mais importantes para a adoção de um estilo de vida saudável e uma melhor qualidade de vida das pessoas (OMS, 2006). E com o fato de a população mundial estar envelhecendo a um ritmo sem precedentes, vem aumentando a busca por diminuir o impacto negativo da idade nas funções cognitivas, e principalmente a busca por identificar fatores no estilo de vida e programas de intervenção que mantenham as funções cognitivas e até melhoram o desempenho cognitivo em idosos.

Matsudo (2001) relata três conceitos significativos para este estudo: a atividade física, citada como qualquer movimento corporal produzido em decorrência da contração muscular que reverta em gasto calórico; exercício físico: definido como uma atividade física planejada, estruturada e repetitiva, resultando na melhora ou manutenção de uma ou mais variáveis da aptidão física e a própria aptidão física que é considerada como uma característica que o indivíduo possui ou atinge, como a potência aeróbica, endurance muscular, força muscular, composição corporal e flexibilidade.

Benedetti et al., (2003) e Nahas (2001) afirmam que o prejuízo funcional e de qualidade de vida do idoso podem ser relacionadas ao envelhecimento natural,

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inatividade e doenças, e que para que ocorra uma melhora fisiológica, psicológica e social é necessária a prática regular de exercícios físicos.

Variáveis biológicas como controle de glicose, melhora na qualidade do sono, melhoras no quadro de osteopenias e osteoporose, desvios posturais gerais e doenças que são comuns no envelhecimento podem ser beneficiadas pela prática regular de exercícios físicos. Essa prática pode também resultar na prevenção de doenças cardíacas, aumentando os níveis de HDL, e diminuindo os níveis de LDL e auxiliar no equilíbrio do humor devido à liberação de endorfina, hormônio do bem-estar (BENEDETTI et al., 2003; NAHAS, 2001).

De acordo com o estudo realizado por Bherer (2015) a prática de exercícios e atividade física pode melhorar o desempenho cognitivo em idosos, além de ter efeito protetor no cérebro e reduz em 38% as chances de déficit cognitivo. Os resultados de estudos em pacientes em risco de declínio cognitivo também sugerem que o treinamento cognitivo e as intervenções de exercícios são ferramentas não farmacêuticas promissoras para ajudar a melhorar a cognição em idosos em risco.

Os níveis de ansiedade e stress podem ser melhor controlados, assim como podem ocorrer melhoras cognitivas para a aprendizagem, atenção, memória, linguagem, e, não menos importante a convivência social, gerando segurança de estar com pessoas em comunidade, ampliação do olhar cultural e estabelecimento de relações fora do contexto familiar saudáveis (BENEDETTI et al., 2003; NAHAS, 2001).

Montoro et al., (2015) relatam uma diminuição no nível de atividade física com o aumento da idade, sugerindo que quanto maior a idade, menor o nível de atividade física no idoso. Estudos referem que a prática regular de atividades físicas pode ser benéfica durante o envelhecimento e que idosos fisicamente ativos podem manter suas funções cognitivas durante o processo desta fase da vida (OLIVEIRA et al., 2018). Tavares et al., (2017) descrevem que as atividades de lazer contribuem também para a relação social entre membros da família, crianças, parceiros, amigos, vizinhos, colegas.

Segundo Jacob Filho (2006) a aterogênese, capacidade ventilatória, captação de oxigênio pelos tecidos, coagulação do sangue, estabilidade articular e a obesidade são efeitos prejudiciais causados pelo sedentarismo.

Para Negrão et al., (2000) os motivos mais evidentes do sedentarismo entre os idosos são orgânicos, culturais e ambientais, onde justifica-se sua ausência numa

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vida mais ativa devido a lesões, o excesso de cuidados que por vezes impedem que sejam autônomos, e o local em que habitam por serem perigosos devido à ausência de segurança como faixa de pedestre corrimões calçadas íngremes e com buracos fazendo com que o idoso recue e fique em casa.

Maciel (2010) cita que diversas modificações estruturais e fisiológicas ocorrem no envelhecimento e elas influenciam diretamente na autonomia e independência do indivíduo. Matsudo et al., (2001) relatam que os efeitos patogênicos do envelhecimento possuem diversas características entre elas, na característica antropométrica onde o aumento do peso corporal redução da estatura, da massa muscular e da densidade óssea. A nível muscular encontra-se a redução da força muscular logo uma fadiga muscular mais severa, dificuldades para adquirir hipertrofia; e a redução da atividade oxidativa, do armazenamento de fontes energéticas (ATP-CP/glicogênio) e da capacidade de regeneração.

Quando analisado a condição pulmonar no envelhecimento Matsudo et al., (2000) também descrevem a redução da capacidade vital e de difusão pulmonar e uma parede torácica mais rígida, cita também o aumento do volume residual e da ventilação durante o exercício. Quanto aos aspectos neurais há uma notável diminuição no fluxo sanguíneo cerebral tendo como consequência um número e tamanho dos neurônios reduzidos, isso também gera uma redução na velocidade da condução nervosa e um tempo de reação mais precário causando assim um movimento mais moroso. Ainda nesse estudo as variáveis cardiovasculares também foram evidenciadas no envelhecimento destacando-se pela diminuição da frequência cardíaca, do volume sistólico e do aproveitamento de O2 pelos tecidos.

Com isso consequentemente haverá uma diminuição da agilidade, coordenação motora, equilíbrio, flexibilidade, mobilidade articular e aumento da rigidez da cartilagem, tendões e ligamentos nos indivíduos no envelhecer.

(MATSUDO et al., 2000).

A OMS (2006) afirma que a prática da atividade física auxilia positivamente e diretamente no retardamento desses efeitos. Matsudo (2006) afirma que um bom caminho para envelhecer é a prática de um programa de atividade física que contemple exercícios de equilíbrio, flexibilidade, aeróbicos e de força. Ao realizar um programa de exercícios com 80% da carga máxima, exercícios estes que estimulam grupos musculares, realizados aproximadamente em duas séries de oito a 10 repetições, duas vezes por semana, durante o envelhecer entre a quarta e oitava

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semana de treinamento, serão observados benefícios significantes na massa e força muscular e no controle de variáveis notáveis de doenças crônicas não transmissíveis.

O estudo que demonstra os benefícios da realização de exercícios regulares realizado por Hotting et al., (2013) onde um grupo realizava atividade aeróbica em bicicleta ergométrica, e outro exercícios de alongamento e coordenação durante 18 meses, o grupo da bicicleta teve maiores benefícios não apenas na capacidade cardiovascular como nos efeitos cognitivos e recuperação de memória foram maiores.

No envelhecer modificações fisiológicas podem ser evidentes como a redução de massa muscular e força devido a sarcopenia (CRUZ-JENTOFT et al., 2019). Com essa mudança no perfil das fibras musculares, o idoso possui uma redução do volume e quantidade das fibras do tipo II, encarregadas potência muscular e sua força, gerando então em alguns casos um maior risco de quedas (MILJKOVIC et al., 2015).

Dados da WHO (2007) relatam que cerca de 28% a 35% das pessoas com mais de 65 anos sofrem uma queda por ano, e quando a idade é igual ou superior a 70 anos, esse percentual chega a 40%, as quedas são a segunda causa de morte por lesão não intencional no mundo fato segundo os estudos preocupante e de recorrente investigação. Machado (2020) afirma que a inserção dos programas de exercícios físicos tendo como propósito o treino de força e equilíbrio, deveriam ser preferenciais para que haja um declínio da taxa de quedas lesivas entre os idosos.

Evidentes declínios na saúde física podem ser observados por ocasião do início da senescência. Desafios de preservação da saúde fazem parte do papel dos profissionais que atuam nessa área, como fisioterapeutas, profissionais de educação física, nutricionistas e psicólogos; para que possa haver redução de fatores de risco para limitações motoras, cognitivas e quadros de doenças crônicas. No caso da SD, em especial, a literatura aponta maior incidência de casos de diabetes, alterações de personalidade, deterioração do autocuidado, declínio cognitivo, apatia e perda de vocabulário, entre outras condições (CONCEIÇÃO, CARVALHO; SILVA, 2013).

Um estilo de vida saudável poderia auxiliar na redução e prevenção dessas doenças e seus impactos na vida cotidiana da pessoa com SD mesmo considerando-se alguns problemas de saúde mais característicos da síndrome.

Sendo assim, acredita-se que determinar um modelo de atividades físicas pode ser

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de suma importância para o bem-estar físico e mental desta população (MONTORO et al., 2015).

Neste contexto, estudos evidenciam que em pessoas com SD, a participação em um programa de atividade física gera melhoras significativas no sistema cardiovascular, força muscular, equilíbrio, redução de resistência à insulina e obesidade abdominal. Destaca-se a carência de programas que beneficiem esse público, assim como as restrições nas instalações esportivas, a dificuldade no transporte e acessibilidade nos locais de prática que são obstáculos para a prática de atividade física. Enfatiza-se também que na SD acontece perda da capacidade funcional relacionada a baixa condição física recomendadas para uma vida ativa, agravando o desempenho de diversas tarefas cotidianas e de trabalho (COWLEY et al., 2010; MENEAR, 2007; CARMELI et al., 2004).

Montoro et al., (2015) declaram em seus escritos que pessoas com SD, à medida em que a idade avança, o nível de atividade física diminui, porém verificou- se um baixo número de pesquisas nessa área e recomenda-se novos estudos com a intenção de avaliar o nível de atividade física nesta população específica.

Para que esse modelo de programa, com propósito de intervenção, possa surtir o efeito esperado no período de envelhecimento das pessoas com SD, tornam- se relevantes os estudos que possam traçar o perfil dessa população na idade adulta para que a identificação de objetivos possam ser mais esclarecidas, considerando-se as peculiaridades da síndrome.

O excesso de massa gorda corporal e a sua distribuição centralizada salienta o surgimento de doenças cardiovasculares e doenças crônicas não transmissíveis.

Logo, a avaliação da composição corporal tem ganhado um realce cada vez maior devido ao papel dos componentes corporais na saúde humana (NATALINO et al., 2013).

Para Vieira (2004), avaliar a composição corporal tem como objetivo determinar as quantidades de massa magra (músculos, ossos, água) e massa gorda (gordura) do organismo, tornando-se então de suma importância para caracterizar a condição física mediante ao início ou participação em um programa de emagrecimento e também no tratamento e tratamento de doenças crónicas como diabetes, hipertensão arterial, dislipidemias, cardiopatias, nefropatias, relacionando- se ao estado de saúde atual do indivíduo, pois torna-se inquestionável que tanto o excesso de gordura corporal como o déficit de massa magra, mostram relação direta

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com diversos fatores de risco que favorecem o surgimento ou piora da condição de saúde.

Esta avaliação se torna fundamental quando relacionamos dois indivíduos que possuem o mesmo peso e estatura, porém composições corporais diferentes sendo um sedentário e outro fisicamente ativo, devido às porcentagens de gordura corporal e desenvolvimento muscular. Portanto o fator quantidade total de peso não é o mais relevante quando falamos de saúde, mas sim a proporção de gordura para a de músculos e ossos. Pessoas com músculos muito desenvolvidos ou ainda uma ossatura pesada, se tornam pesadas, mas não são gordas. Em contrapartida, muitas estão no "peso ideal", mas apresentam quantidade de gordura maior sendo assim classificadas como obesas (VIEIRA, 2004; BARBANTI, 1990).

Barbanti (1990) relata que a porcentagem do peso corporal total que é peso de gordura, é o índice selecionado para avaliar a composição corporal de uma pessoa. Nos homens quando a gordura estiver abaixo de 15%, está excelente e quando esta porcentagem estiver acima de 25% são considerados obesos. Para as mulheres, o nível de gordura estando abaixo de 20% é o ideal, e acima de 33% é visto como obesidade.

Quando um indivíduo realiza suas atividades com menor esforço e bem-estar ele possui aptidão física, pois o conjunto de qualidades físicas é o que nos faz executar diferentes movimentos cotidianos como amarrar o cordão do tênis sem maiores dificuldades, pois é necessário o mínimo de equilíbrio e flexibilidade para abaixar amarrar e se levantar. Entretanto está cada dia mais em evidência no envelhecimento observarmos pessoas com dificuldades em ações simples, as vezes por doenças que os impedem ou por não praticar atividades físicas (BARBANTI, 1990).

Guedes (2000) define a aptidão física como a habilidade de adaptação do corpo perante as necessidades físicas exigidas para a realização das atividades, sem resultar na completa exaustão, sejam essas atividades de níveis moderados ou vigoroso.

Neste sentido estudos sugerem que a aptidão física seria a realização de esforços físicos sem fadiga excessiva, mantendo as boas condições da vida diária, abrangendo diferentes dimensões enaltecendo a potência aeróbica máxima, força e flexibilidade, variáveis fisiológicas como em habilidades desportivas a qual as variáveis, como por exemplo: agilidade, equilíbrio, coordenação motora, potência e

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velocidade, são mais reconhecidas quando tratamos do desempenho desportivo (GUEDES, 2000; SHEPHARD, BALADY, 1999; GAERTNER; FIROR; EDOUARD, 1991).

Em idosos com 65 anos a capacidade aeróbica apresenta cerca de 30%

menor que o indivíduo jovem, sugerindo que a prática regular de atividades como caminhada e corrida podem prevenir o declínio no consumo máximo de oxigênio em 0,5-1% ao ano, tornando assim indispensável a prática de atividades físicas e manutenção de níveis de força para uma marcha segura e provavelmente ideal de capacidade aeróbica (PRETO et al., 2016; MILANOVIC et al., 2013).

(37)

3 OBJETIVOS Geral

• Descrever o perfil do envelhecimento de adultos de ambos os sexos com síndrome de Down, observando aspectos antropométricos e de aptidão física.

Específicos

• Estabelecer correlações entre as variáveis investigadas: antropométricas e de aptidão física;

• Analisar a diferença entre os sexos em relação às variáveis analisadas.

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4 MÉTODO

O presente estudo se caracteriza como pesquisa de caráter transversal, descritiva e correlacional, com base em amostra não probabilística, intencional, selecionada pelo pesquisador a partir do problema de pesquisa e levando em consideração condições temporais, técnicas e de acesso às instituições educacionais (THOMAS; NELSON, 2002; LAVILLE; DIONNE, 1999).

4.1. Procedimentos

4.1.1 Seleção de participantes:

Os participantes foram convidados em uma instituição especializada no atendimento a pessoas com deficiência na região metropolitana de São Paulo.

Inicialmente o contato foi feito com os representantes da instituição coparticipante, que divulgou o convite no setor de responsável pelos frequentadores adultos com SD. A participação foi voluntária e ocorreu durante o horário em que eles estavam em atividade de rotina no local.

Como todos eram maiores de 18 anos, eles próprios assinaram ou rubricaram os termos de consentimento livre e esclarecido, após leitura e explicação das atividades que seriam realizadas. A assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos adultos com SD foi uma sugestão dos representantes da instituição colaboradora, considerando o trabalho realizado para autonomia e independência deste público.

A instituição forneceu uma lista que atendia ao perfil dos critérios de inclusão com 25 nomes para contato. Todos os indicados foram convidados a participar voluntariamente do estudo. Entre eles, aceitaram o convite e participaram 18 adultos, sendo sete mulheres e 11 homens.

4.1.2 Critérios de inclusão e exclusão Critérios de inclusão:

- Diagnóstico médico de SD;

- Idade cronológica acima dos 35 anos;

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- Concordar voluntariamente com a participação.

Critérios de exclusão:

-Apresentar diagnóstico de comorbidades associadas à SD que contraindique a prática de atividade física, tais como cardiopatia não corrigida, alterações ortopédicas ou neurológicas, convulsões não controladas ou outro quadro que comprometa sua segurança. Os dados para certificação dos critérios de exclusão foram checados em parceria com os profissionais que acompanhavam o grupo nas atividades físicas realizadas na própria instituição.

4.1.3. Aspectos éticos:

Este trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie e do Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação da instituição participante sob o CAAE 10285019.1.0000.0084. Após aprovação, foram entregues para assinatura o TCLE à instituição (Anexo I) e aos participantes (Anexo II).

Riscos:

Foi esclarecido a todos que aceitaram fazer parte do estudo que os riscos na participação poderiam ser o cansaço ou desinteresse ao realizar as atividades propostas, além da possibilidade de ferimentos ou lesões devido a quedas, mas foi garantido socorro imediato, pela pesquisadora principal, presente em todas as sessões, com capacitação e certificação para prestar os primeiros socorros pelo Corpo de Bombeiros. A proposta inicial que previa um programa de atividades físicas, foi alterada em virtude da pandemia do COVID-19 e determinação de quarentena no país com isolamento social, sendo os dados do presente estudo coletados até março de 2020.

(40)

Benefícios:

Os benefícios da pesquisa consistem em ampliar o conhecimento sobre aspectos físicos no período de envelhecimento de pessoas com SD e identificar suas necessidades peculiares.

4.1.4 Local

A instituição participante está situada na cidade de São Paulo sendo uma organização da Sociedade Civil, sem fins lucrativos e tem como objetivo trabalhar com a prevenção e promoção de saúde de pessoas com deficiência intelectual do nascimento ao envelhecimento incentivando a inclusão social (escolaridade e empregabilidade), além de oferecer assessoria jurídica às famílias acerca dos direitos das pessoas com deficiência intelectual.

Participam das atividades no departamento de envelhecimento pessoas com idade mínima ou acima de 35 anos, com sinais significativos de envelhecimento.

São oferecidas oficinas de inclusão digital, condicionamento físico, dança, jogos, artes marciais, hidroginástica, artes e música tendo como objetivo à manutenção da funcionalidade por meio de ações de promoção de saúde acompanhados por uma equipe interdisciplinar especializada em gerontologia (IJC, 2020).

4.1.5 Avaliações

- Ficha de identificação dos participantes:

Esta ficha foi elaborada para aquisição de dados como idade, sexo, registro dos dados antropométricos e dados detalhados das avaliações realizadas para controle do pesquisador durante o período de coleta e para preservar o participante de algum dano fisco ou psíquico proveniente do mau procedimento de pesquisa.

No segundo momento, foram realizadas as avaliações antropométricas e de aptidão física como descritas no quadro abaixo (Quadro 1). Os instrumentos estão descritos com detalhamento em seguida.

(41)

Quadro 1 - Testes e variáveis analisadas.

TESTE O QUE AVALIA TEMPO MÉDIO

DE APLICAÇÃO International Physical

Activity Questionnaire IPAQ

Nível de atividade física 7 min Medidas

Antropométricas (massa corporal e

Altura)

IMC - índice de massa

corporal 2 min

Imagem Corporal Satisfação / insatisfação

com a imagem corporal 5 min Timed up and go –

TUG Risco de queda 2 min

Teste de Caminhada 6 Min -TC6M

Capacidade funcional /

nível de atividade física 8 min Manovacuômetria Força muscular

respiratória 15 min

Dinamometria Força manual 5 min

Flexibilidade Flexibilidade 3 min

Fonte: próprio Autor.

• Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) – versão curta:

Este instrumento, IPAQ (International physical activity questionnaire) em sua versão reduzida, traduzida e validada para o Brasil é constituído de duas versões: a longa e a curta que possuem fácil aplicação e baixo custo. Em ambas as versões, o IPAQ (Anexo III), avalia o nível de atividade física realizada no trabalho, no lazer e em atividades domésticas, além do tempo em que o indivíduo permanece sentado em um dia típico de semana e em um dia típico de fim de semana, classificando assim as atividades de cada domínio de moderadas a vigorosas (NUNES et al., 2015; POLISSENI, 2014).

O IPAQ possui questões relacionadas à frequência (dias por semana) e à duração (tempo por dia) das atividades físicas realizadas pelo participante da pesquisa na semana que antecedeu a entrevista, considerando sempre atividades que foram executadas por pelo menos 10 minutos (min) contínuos de cada vez, integrando: caminhada (em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um lugar para o outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício); (b)

(42)

atividades moderadas (como pedalar leve na bicicleta; nadar; dançar; fazer ginástica aeróbica leve; jogar vôlei recreativo; carregar pesos leves; fazer serviços domésticos na casa, no quintal ou no jardim, como varrer, aspirar, cuidar do jardim etc., mas sem incluir caminhada); e (c) atividades vigorosas (como correr; fazer ginástica aeróbica; jogar futebol; pedalar rápido na bicicleta; jogar basquete; carregar pesos;

fazer serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou cavoucar no jardim etc.).

O conjunto dessas respostas gera o tempo total de prática de atividades físicas na semana, levando em conta também o tempo em atividades vigorosas.

É definido como inativo ou sedentário o participante que não realizou nenhuma atividade física por pelo menos 10 min contínuos durante a semana.

Determina-se como irregularmente ativo A, quando o participante atinge a frequência de 5 dias/semana ou realiza atividades que cercam a duração de 150 min/semana.

E como irregularmente ativo B quando o participante não atingiu nenhum dos critérios de frequência ou quanto à duração. Quando classificamos o participante como ativo ele cumpriu as recomendações de realização de atividade vigorosa com a pratica por 3 dias/sem e 20 min por sessão ou realizou atividade moderada ou caminhada em 5 dias/sem e aproximadamente 30 min por sessão ou ainda podem ser contabilizadas qualquer atividade desde que somadas cheguem a 5 dias/sem e 150 min/sem. e por fim o perfil de muito ativo segundo o IPAQ se dá quando o participante cumpriu as recomendações de: vigorosa: 5 dias/sem e 30 min por sessão ou moderada ou caminhada ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 min por sessão; ou qualquer atividade somada ≥ 5 dias/sem e ≥ 150 min/sem (caminhada + moderada + vigorosa). Esses critérios são conforme recomendações da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2010).

Estudos constataram que essa ferramenta possui coeficientes de validade e reprodutibilidade parecidas a de outros instrumentos, possibilitando o levantamento de grandes grupos populacionais tanto na forma curta, como na forma longa, representando uma ótima alternativa para comparações internacionais (MATSUDO, 2001).

(43)

• Antropometria:

O índice de massa corporal (IMC) da amostra foi calculado pelo quociente massa corporal/estatura2, sendo o peso corporal expresso em quilogramas (kg) e a estatura em centímetros (cm). Para a medida de estatura foi utilizado balança antropométrica mecânica 150Kg – da marca Welmy (Figura 2).

Figura 2 - Balança Antropométrica

Fonte: https://www.centermedical.com.br/balanca-medica-antropometrica-mecanica- 150kg-welmy-110-ch/p

Para análise dos dados foram utilizados os valores de pessoas típicas definidas pela OMS, definida a partir do valor bruto de IMC. Nos idosos são estipulados dois pontos de corte diferentes dos adultos para o indicador de IMC (valores de IMC de 22,0 e 27,0), sugerindo então a seguinte classificação:

Quadro 2 - Índice de massa corporal OMS.

MEDIDA CLASSIFICAÇÃO

≤ 22,0 baixo peso.

> 22,0 e < 27,0 idoso com peso adequado (eutrófico).

≥27,0 e <30 sobrepeso

>30 obesidade

Fonte: BRASIL, 2020.

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