• Nenhum resultado encontrado

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.5 Atividades das peçonhas de serpentes

3.6.5 Atividade sobre plaquetas e coagulação

A peçonha produzida pelas serpentes do gênero Bothrops apresentam a capacidade de ativar fatores de coagulação sanguínea, acarretando em um consumo de fibrinogênio e formação de fibrina intravascular, podendo induzir frequentemente uma incoagulabilidade sanguínea e podendo levar a fibrinogenemia (KAMIGUTI; CARDOSO, 1989; KAMIGUTI; SANO-MARTINS, 1995).Grande parte dessas peçonhas possui isolada ou simultaneamente substancias capazes de ativar fibrinogênio, protrombina e fator X, sendo também descritos fatores com atividade dobre a agregação e aglutinação plaquetária. Os fatores ativadores da cascata de coagulação presentes nas víboras sul americanas agem em três diferentes pontos:

Fator I (atividade thrombin-like), protrombina e Fator X (atividade pró-coagulante) (NAHAS et al.,1979).

3.6.6 Atividade cardiovascular

A atividade cardiovascular das peçonhas é causada pela liberação de substâncias farmacologicamente ativas (bradicinina, histamina, 5-hidroxitriptamina e prostaglandinas) dos tecidos e estas podem contribuir para o choque circulatório produzido por peçonhas de viperídeos e elapídeos. É importante lembrar que algumas peçonhas contem enzimas coagulantes ou pró-coagulantes, podendo produzir coagulação intravascular e contribuir para as modificações cardiovasculares observadas (LEE; LEE,1979). O efeito hemodinâmico mais visível produzido pela peçonha que detém essa atividade, em geral, é uma imediata e profunda queda da pressão sanguínea sistêmica, seguida pelo choque secundário. Sendo já descritos esses efeitos hipotensivos para algumas peçonhas de Micrurus (RAMSEY et al., 1972; FRANCIS et al., 1993).

3.6.7 Atividade neurotóxica

A atividade neurotóxica é causada por neurotoxinas pré-sinápticas que atuam em terminações nervosas motoras, inibindo dessa maneira a liberação de acetilcolina pelos impulsos nervosos, sendo essa inibição a principal responsável pelo bloqueio neuromuscular e consequentemente pelas paralisias respiratórias e motoras observadas nos animais.

As neurotoxinas pós-sinápticas acarretam no bloqueio do impulso nervoso devido a ligação da peçonha aos receptores colinérgicos presentes na membrana pós-juncional da placa mioneural, causando uma síndrome semelhante a myasthenia gravis. Essas neurotoxinas pós-sinápticas são encontradas em venenos de Micrurus frontalis e Micrurus leminiscatus (BRAZIL, 1987).

3.6.8 Atividade nefrotóxica

A insuficiência renal aguda (IRA) e diversas alterações renais são descritas após o envenenamento ofídico, sendo elas a glomerulonefrite, glomerulite, nefrite intersticial, artrite, necrose tubular, necrose cortical e insuficiência renal. Vários fatores são implicados na patogênese da IRA induzida pelo envenenamento botrópico, como vasoconstrição renal e consequentemente isquemia renal, hemólise, deposição de fibrina glomerular, lesão vascular, liberação de substâncias vasoativas, deposição de complexos imunes e ação nefrotóxica direta pela atividade proteolítica da peçonha (SITPRIJA, 2006).Histaminas, cininas, eicosanoides, fator de ativação plaquetária (PAF), catecolaminas e endotelina, são alguns dos mediadores envolvidos dentre as alterações cardiovasculares e renais (MORAIS, 2011). O envenenamento por serpentes do gênero Bothrops induziram elevações significativas de TNF-α, IL-1, IL-6, IL-10, IFN-γ e NO (SITPRIJA, 2006). A atividade fosfolipásica pode produzir diversas prostaglandinas, vasodilatadoras renais responsáveis pelo aumento do fluxo sanguíneo e consequentemente diurese, natriurese e caliurese ou por outro lado liberação de PGF2α, que apresenta ação vasoconstritora. Através da cicloxigenase e PLA2 pode ativar o tromboxano A2 que também tem ação vasoconstritora, promovendo assim a redução do fluxo sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular (BARBOSA et al., 2002).

3.7 O sistema muscular

O sistema muscular é um sistema de células contráteis que envolvem um elevado grau de interação entra as proteínas de actina e miosina. Nos mamíferos é composto por quatro células especializadas, sendo elas: células do músculo esquelético, células do músculo cardíaco, células do músculo liso e células mioepiteliais, diferenciadas entre si em estrutura e função (ALVES, 2010).

Os músculos estriados esqueléticos, de uma maneira genérica, podem ser classificados em músculos de contração rápida e músculos de contração lenta. Os músculos estriados são compostos por fibras, que se desenvolvem durante a embriogênese por fusão de mioblastos mononucleados, formando dessa forma células multinucleadas. As células do músculo estriado esquelético geram forças contráteis por meio de sistemas de filamentos organizados, actina e miosina, e no ser humano apresentam tamanho aproximado de 2 e 3 cm de comprimento e 100mm de diâmetro, sendo dessa forma frequentemente referidas como fibras musculares, devido a sua forma alongada (ALVES, 2010).

De acordo com Carlson (1986) a capacidade de regeneração do músculo esquelético é limitada e se a lesão sofrida for grande a regeneração pode não ocorrer e o músculo perdido será substituído por tecido conjuntivo. A lesão no músculo esquelético pode ter regeneração após lesão parcial ou total da fibra muscular e está regeneração está associada a três fatores: população de células satélites, reinervação e revascularização.

3.7.1 Regeneração muscular

Acreditou-se por muitos anos que a regeneração muscular não era possível, no entanto, Mauro (1961) relatou em seus estudos a existência da célula satélite na periferia das miofibrilas de sapos e desde então se sabe que a fibra muscular certamente se regenera. Dessa forma, a fibra muscular pode responder a uma lesão tanto com a regeneração, quanto com a formação de fibrose na área lesada, porém a fibrose pode levar a inibição completa da regeneração (FERRARI et al., 2005).

O sucesso da regeneração muscular é um processo que irá depender da extensão e da natureza da lesão, mas que em todas as situações envolve as etapas de revascularização, infiltração celular, fagocitose das células ou fragmentos danificados, proliferação e fusão das células precursoras do músculo, que

representam as células satélites e finalmente a reinervação. Embora a literatura existente mostre uma determinada semelhança no processo de regeneração muscular, independente da causa da lesão, o tempo e a eficácia desse processo podem variar de acordo com determinados fatores, como por exemplo: a) vascularização tecidual: havendo comprometimento vascular local, observa-se um retardo no processo de regeneração; b) idade: uma vez que animais idosos tem um processo de regeneração mais lento que os jovens; c) sexo: em machos a fagocitose celular ocorre de maneira mais lenta do que em fêmeas, devido à presença do hormônio testosterona; d) espécie: em algumas espécies animais a regeneração ocorre deforma mais rápida; e) tipo de músculo submetido ao trauma:

foi observado nos estudos de Bassaglia e Gautron (1995) que um músculo glicolítico é mais resistente a lesão mecânica que um músculo oxidativo; f) reincidência da lesão: onde músculos submetidos a contusões periódicas possuem processo regenerativo mais lento que músculos lesados uma única vez (FERRARI et al., 2005).

Uma população de células indispensáveis para a regeneração muscular são as células quiescentes miogênicas, ativadas após a lesão muscular ou nervosa e também após o estímulo de hipertrofia. Essas células são conhecidas como células satélites e estão presentes entre a lâmina basal e a membrana plasmática da fibra muscular. Essas células são moduladas por fatores de crescimento especifico e hormônios, sendo que alguns componentes importantes da matriz extracelular, como a laminina, a fibronectina e o próprio colágeno, desempenham papel importante na manutenção dessas células satélites no estado quiescente, na regulação da proliferação e fusão dessas células (FERRARI et al., 2005).

Logo após a ruptura do sarcolema e consequente necrose da fibra muscular, as células satélites são ativadas, ocorrendo dessa forma à proliferação e transformação delas em mioblastos, fusão em miotubos, produção de proteínas musculares especifica e finalmente diferenciação da fibra muscular, com seus núcleos localizados na periferia. Com isso, a regeneração do músculo esquelético é comparada estrutural e funcionalmente com o seu desenvolvimento embriônico ou miogênese (FERRARI et al., 2005).

3.8 Reação inflamatória

O processo de reação inflamatória é tido como uma reposta protetora dos organismos vivos em decorrência a uma agressão, que pode ter sua origem tanto exógena (origem externa) como endógena (origem interna). Caracteriza-se como sendo a primeira linha de defesa do organismo, buscando restabelecer a hemostasia e a integridade do tecido, e inicialmente apresentando-se essencialmente benéfico, no entanto tornando-se muitas vezes prejudicial ao organismo quando não ocorre de maneira adequada (BARBOSA, 2003; SOUTO, 2009; FERNANDES, 2012).

São observados vários eventos no decorrer do processo inflamatório (Figura 8), sendo eles a vasodilatação local, aumentando o fluxo sanguíneo, aumento da permeabilidade dos capilares provocando o extravasamento e coagulação de liquido nos espaços intersticiais, a migração de células de defesa para o local lesionado, intumescência das células, liberação de mediadores, sensibilização e também a ativação de receptores, entre outros eventos (GUYTON; HALL, 2006, BARBOSA, 2003).

Fonte:

A resposta inflamatória manifesta-se obedecendo a um padrão, onde é possível observar sinais clássicos desse processo já na primeira fase da inflamação, denominada de fase aguda, e essa fase é evidenciada por rubor, calor, edema e dor.

Figura 8: Esquema simplificado dos eventos que ocorrem durante o processo inflamatório.

Esses sinais originam-se da ação de produtos biologicamente ativos, denominados de mediadores químicos, liberados no local da agressão (SOUTO, 2009). Grande parte dos eventos inflamatórios decorrem da atuação de mediadores inflamatórios pré-formados, que estão armazenados, ou recém sintetizados, que são liberados no transcorrer da reposta inflamatória (GARCIA-LEME; FARSKY, 1993).

Os mediadores inflamatórios, produzidos durante o processo inflamatório, são variados e podem apresentar origem plasmática, como as cininas e fatores do sistema complemento, ou origem celular como as histaminas, serotonina, óxido nítrico, fator ativados de plaquetas, citocinas e derivados do ácido araquidônico (CRUVINEL et al., 2010).

3.8.1 Migração leucocitária

O recrutamento de leucócitos para os locais de infecção é um processo que apresenta várias etapas envolvendo a ligação dos leucócitos circulantes as células endoteliais e também sua migração através do endotélio. Esse processo é regulado pela ligação de moléculas de adesão complementares no leucócitos e na superfície das células endoteliais e também pelos mediadores químicos, denominados quimiocinas (BRAIN, 1994).

Os eventos iniciais englobam a indução de moléculas de adesão nas células endoteliais por meio de vários mecanismos. O endotélio responde aos agentes nocivos através da secreção das citocinas TNF, IL-1 e quimiocinas. O TNF e a IL-1 irão atuar nas células endoteliais de vênulas pós-capilares adjacentes ao local da infecção induzindo-as a expressarem várias moléculas de adesão. Após um ou duas horas o endotélio então passa a expessar E-selectina e os leucócitos, devido à redução da velocidade do fluxo sanguíneo, começam a marginar a superfície endotelial e a expressar carboidratos que irão se ligar a essas selectinas endoteliais, no entanto com uma baixa afinidade, sendo esta ligação facilmente interrompida pelo fluxo sanguíneo. Em decorrência disso, os leucócitos ligados ao endotélio se soltam e se ligam novamente, rolando sobre uma superfície endotelial, movimento denominado de rolling (BRAIN, 1994; EBNET; VESTWEBBER,1999; ABBAS &

LICHTMAN, 2005).

O TNF e a IL-1 também são responsáveis por induzirem a expressão endotelial de ligantes para integrinas e os leucócitos, normalmente, expressam

essas integrinas num estado de baixa afinidade. No entanto, as quimiocinas que são produzidas no local da lesão adentram no vaso sanguíneo, ligando-se as células endoteliais e agindo nos leucócitos, fazendo com que sejam ativados e convertam suas integrinas para um estado de alta afinidade, resultando assim numa firme ligação dos leucócitos ao endotélio. Esse processo conhecido como a adesão (BRAIN, 1994; EBNET & VESTWEBBER,1999; ABBAS; LICHTMAN, 2005).

Subsequentemente a adesão, o próximo passo no processo de migração de leucócitos no endotélio é a transmigração ou diapedese. As quimiocinas atuam agindo nos leucócitos aderidos e estimulam as células a migrar através dos espaços endoteliais na direção do gradiente quimiotático, ou seja, a migrarem na direção do local da lesão ou infecção. Uma vez no tecido extravascular, os leucócitos se aderem à matriz extracelular e são retidos nos locais onde são necessários (BRAIN, 1994; EBNET; VESTWEBBER,1999).

3.9 Citocinas

As citocinas são polipeptídeos ou glicoproteínas extracelulares, hidrossolúveis e que são produzidas por diversos tipos de células no local da lesão e também por células do sistema imunológico (Figura 9), por meio da ativação de proteinoquinases ativadas por mitógenos. As citocinas não são armazenadas como moléculas pré-formadas e sua atuação vai ocorrer especialmente por mecanismo parácrino (em células vizinhas) e autócrino (nas próprias células produtoras) (LIN; CALVANO;

LOWRY, 2000; SOMMER; WHITE, 2010).

Diferentes tipos de células podem secretar a mesma citocina e uma única citocina pode agir em diversos tipos celulares, um fenômeno denominado pleiotropia. As citocinas apresentam uma redundância em suas atividades, uma vez que ações semelhantes podem ser desencadeadas por diferentes citocinas. São frequentemente formadas em cascata, onde uma citocina irá estimular sua célula-alvo a produzir mais citocinas (ZHANG; AN, 2007). Ao sei ligar a receptores específicos, as citocinas ativam mensageiros intercelulares que regulam a transcrição gênica, influenciando dessa maneira a atividade, a diferenciação, a proliferação e também a sobrevida da célula imunológica, bem como a produção e a atividade de outras citocinas, que poderão aumentar (pró-inflamatória) ou atenuar (anti-inflamatória) a resposta inflamatória. De acordo com o microambiente em que

algumas citocinas estão localizadas elas podem exercer ações pró (Th1) ou anti-inflamatórias (Th2), dentre as consideradas pró-anti-inflamatórias temos as interleucinas (IL) 1, 2, 6, 7 e TNF (fator de necrose tumoral) e dentre as anti-inflamatórias estão a IL-4, IL-10, IL-13 e FTCβ (fator transformador de crescimento β) (SOMMER; WHITE, 2010; OLIVEIRA et al.,2011).

As citocinas são de extrema importância durante o processo inflamatório, uma vez que são mediadores necessários para conduzir a resposta inflamatória aos locais de infecção e lesão, favorecendo dessa forma a cicatrização apropriada da ferida em questão. Todavia a produção exacerbada de citocinas consideradas pró-inflamatórias a partir da lesão pode vir a manifestar-se sistemicamente com instabilidade hemodinâmica ou mesmo com distúrbios metabólicos, uma vez que uma resposta exacerbada e persistente de citocinas Th1, após lesões e infecções graves, pode contribuir para lesões em órgãos alvo, resultando em insuficiência de múltiplos órgãos e a morte. As citocinas Th2, consideradas anti-inflamatórias, podem minimizar alguns desses efeitos indesejáveis (LIN; CALVANO; LOWRY, 2000;

SOMMER; WHITE, 2010; OLIVEIRA et al.,2011).

Uma vez que as citocinas não podem ser classificadas quanto a célula de origem ou quanto a sua função biológicas, elas foram agrupadas em interleucinas (IL, numerada sequencialmente de IL-1 a IL-35), fatores de necrose tumoral (TNF), quimiocinas (citocinas quimiotáticas), interferons (IFN) e fatores de crescimento mesenquimal (SOMMER; WHITE, 2010; OLIVEIRA et al.,2011).

3.9.1 Interleucina- 1 (IL-1)

Os monócitos e macrófagos são a principal fonte de IL-1, produzindo principalmente IL-1β, já os queratinócitos produzem IL-1α. Células endoteliais, fibroblastos, miócitos, células de Langerhans e linfócitos B e T, também podem produzir IL-1. A síntese de IL-1 pode ser induzida por TNF-α, IFN-α, β e γ, LPS, vírus e antígenos (VARELLA; FORTE, 2001).

As formas αe β da IL-1 apresentam atividades semelhantes, porém, uma terceira forma descrita, a IL-1γ, também chamada antagonista de receptor de IL-1, é um inibidor competitivo, que bloqueia os efeitos da IL-1. Uso de IL-1γ pode prevenir efeitos maléficos da IL-1. As ações da IL-1 (αe β) podem ocorrer de forma direta ou através de mediadores, como PGE2, CSF’s, IL-6 e IL-8 (VARELLA; FORTE, 2001).

As principais atividades biológicas da IL-1 incluem a estimulação de células CD4+ que secretam IL-2 e produzem receptores para a IL-2; proliferação e ativação de linfócitos B, neutrófilos, monócitos/macrófagos, aumentando assim as atividades quimiotáticas e fagocitárias. Também estimula a adesão de leucócitos, aumenta a expressão das moléculas de adesão pelas células endoteliais, inibe a proliferação das células endoteliais, aumenta a atividade de coagulação, participando na gênese da coagulação intravascular disseminada. A IL-1 também age estimulando hepatócitos a produzirem proteínas de fase aguda de inflamação. Ainda estimula a hematopoese, atuando na própria célula primordial e também a liberação de CSF’s, tendo ação sinérgica a estes (VARELLA; FORTE, 2001).

A IL-1β atua no hipotálamo, exercendo função de pirógeno endógeno;

originando ainda uma alça de inibição da sua própria produção, uma vez que estimula a liberação de CRH pela hipófise posterior. CRH atua na hipófise anterior fazendo com que aconteça a liberação de ACTH, o qual estimula a região fasciculada do córtex da adrenal, aumentando a produção de corticosteróides, que irão inibir a síntese primária de IL-1 e são responsáveis pela hiperglicemia em pacientes diabéticos com processo infeccioso. Também atua aumentando a atividade de osteoclastos e adipócitos, sendo grande responsável pelo emagrecimento e tendência a fraturas de pacientes com processos infecciosos crônicos (VARELLA; FORTE, 2001).

3.9.2 Interleucina-6 (IL-6)

A IL-6 é uma glicoproteína, variando de 22 a 27 kDa, é secretada por vários tipos de células, como macrófagos, monócitos, eosinófilos, hepatócitos e da glia. O TNF-α e IL-1 são potentes indutores dessa interleucina. Utilizando os receptores α (IL-6Rα) e a subunidade gp130 (glicoproteína 130, membros da superfamília de receptor de citocina de classe I), essa interleucina causa febre e ativa o eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal (SOMMER; WHITE, 2010; OLIVEIRA et al.,2011). É uma citocina pró-inflamatória que promove a maturação e também a ativação de neutrófilos, a maturação de macrófagos e a diferenciação/manutenção de linfócitos-T citotóxicos e células matadoras naturais. linfócitos-Também ativa os astrócitos e micróglia, regula a expressão de neuropeptídios após uma lesão neuronal, contribuindo assim

com a sua regeneração. Todavia a IL-6 também exerce propriedades anti-inflamatórias durante a lesão, uma vez que libera receptores solúveis de TNF (sFNTRs) e IL-1AR) (LIN; CALVANO; LOWRY, 2000; OLIVEIRA et al.,2011).

Após uma lesão, as concentrações de plasmáticas de IL-6 são detectáveis em 60 minutos, com pico entre 4 e 6 horas, podendo persistir por 10 dias, sendo considerada um dos mais precoces e importantes mediadores de indução e controle da síntese e liberação de proteínas de fase aguda pelos hepatócitos durante estímulos dolorosos (OLIVEIRA et al.,2011).

3.9.3 Interleucina-10 (IL-10)

A IL-10 é um polipeptídeo não glicosilado, com cerca de 18 kDa, e sintetizado em células imunológicas, tecidos neuroendócrinos e neural, onde seu receptor (IL-10R) pertence à família de receptores de citocina de classe I (semelhante aos receptores para interferons). A sua produção é prejudicada por muitas citocinas, como IL-4, IL-13 e IFN-γ, e também pela sua própria autorregulação (LIN;

CALVANO; LOWRY, 2000; SOMMER; WHITE, 2010; OLIVEIRA et al.,2011).

Essa interleucina também inibe as citocinas pró-inflamatória, principalmente TNF, IL-1 e IL-6, que são produzidas por macrófagos e monócitos ativados, estimulando a produção endógena de citocinas anti-inflamatórias. Aumenta também a proliferação de mastócitos e impede a produção de IFN-γ pelas células matadoras naturais (ZHANG; AN, 2007; OLIVEIRA et al.,2011).

3.9.4 Interleucina-13 (IL-13)

A IL-13 é uma citocina anti-inflamatória, produzida principalmente por células T-CD4, atuando em linfócitos-B e monócitos, inibindo dessa maneira a produção de oxido nítrico e de várias outras citocinas, como IL-1α, IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10, IL-12, proteína inflamatória de macrófago-1α, IFN-α e TNF-α, e aumenta a síntese de IL -1AR. A IL-13 apresenta características estruturais e funcionais semelhantes a IL-4, diferenciando-se por não estimular a proliferação de blastos induzidos por mitógeno ou clones de linfócitos-T e também por não promover a expressão de CD8α em clones de linfócitos T CD4. (LIN; CALVANO; LOWRY, 2000; OLIVEIRA et al.,2011).

3.9.5 Interleucina-17 (IL-17)

Essa interleucina, atualmente chamada de 17A, é o protótipo da família IL-17. É uma glicoproteína homodimérica de 155 aminoácidos ligada a um radical dissulfeto. É pró-inflamatória, levando a formação de IL-6 e IL-8 (quimiocinas) e da molécula de adesão intercelular em fibroblastos humanos. A IL-17 é predominantemente produzida por linfócitos-T-CD4 e atua como um homodímero de 35kDa em linfócitos T (SOMMER; WHITE, 2010; OLIVEIRA et al.,2011).

3.9.6 Fator de necrose tumoral (TNF)

A principal atividade biológica do TNF é uma acentuada citólise e citoestase em diferentes linhagens neoplásicas, apresentando uma ação antitumoral importantíssima, sendo o principal mediador na caquexia das neoplasias malignas (VARELLA; FORTE, 2001).

O TNF é sintetizado principalmente por macrófagos, podendo também ser sintetizado por monócitos, neutrófilos, células T e NK, após estimulação por LPS. A produção é estimulada por IFN, IL-1, IL-2, GM-CSF, substância P, bradicinina, imunocomplexos, inibidores da cicloxigenase e PAF. A sua produção é inibida por ciclosporina, dexametasona, PGE2, IL-6 e antagonistas do PAF. Tanto o TNF-α quanto o TNF-β ligam-se aos mesmos receptores no início, mas intracelularmente, após a endocitose deste complexo, exercem atividades distintas (VARELLA;

FORTE, 2001).

As alterações endoteliais, principalmente a perda da função de diminuição de coagulação, a atividade quimiotática e estímulo ao metabolismo oxidativo de fagócitos são ações do TNF compartilhadas com a IL-1. Apresenta também atividade de pirógeno endógeno, aumentando a reabsorção óssea, a atividade de adipócitos e a expressão de MHC-I e II. Porém, diferentemente da IL-1, o TNF não tem ação em córtex da adrenal. O TNF estimula a produção de IL-6 fazendo com que os hepatócitos produzam proteínas da fase aguda da inflamação (VARELLA;

FORTE, 2001).

3.9.7 Interferon gama (IFN-γ)

Anteriormente denominado como interferon imune, o IFN-γ é produzido principalmente por células T, B e NK. É sinérgico ao IFN-α e IFN-β na atividade antiviral e antiparasitária, mas sua principal atividade é imunomoduladora. Entre as principais atividades do IFN-γ encontram-se a inibição da proliferação de células que sintetizam IL-4, IL-5, IL-6, IL-10, IL-13 e também a diminuição da produção de algumas imunoglobulinas em situações especiais, como IgG1, IgG4 e IgE. Em monócitos e macrófagos estimula a produção de receptores de alta afinidade para IgG (FcgRI), além de também ser o responsável por induzir a síntese de TNF-α por estas células (VARELLA; FORTE, 2001).

As células T auxiliares em repouso (Th0) podem se diferenciar em Th1 ou Th2 conforme as citocinas produzidas. Th1 são responsáveis pela síntese de IL-2, IFN-γ, IL-12, IL-16, IL-18, todas participando no aumento do quadro de resposta

As células T auxiliares em repouso (Th0) podem se diferenciar em Th1 ou Th2 conforme as citocinas produzidas. Th1 são responsáveis pela síntese de IL-2, IFN-γ, IL-12, IL-16, IL-18, todas participando no aumento do quadro de resposta

Documentos relacionados