• Nenhum resultado encontrado

4.4 Assentamentos de reforma agrária

5.1.3 Atividades de campo

Inicialmente, por indicação do orientador, os primeiros a serem entrevistados foram os líderes sindicais e também os especialistas no assunto de migrações. Os sindicalistas, representantes dos trabalhadores rurais, que atuam diretamente com os trabalhadores do corte da cana-de-açúcar poderiam fornecer um panorama geral da situação desses personagens, bem como as negociações realizadas e desejadas pela categoria dos trabalhadores rurais, seus problemas e necessidades, assim como os estudiosos do assunto. Este contato possibilitou delinear o modo como a entrevista seria realizada, mais tarde, com os trabalhadores.

Guariba

69 Todas as mortes ocorreram no interior do estado de São Paulo, conforme a Pastoral dos Migrantes (2010). 70 Últimos dados obtidos pela Pastoral dos Migrantes (2008).

150 A primeira cidade visitada foi a cidade de Guariba, por dois motivos julgados essenciais. Primeiro devido à facilidade que a Pastoral do Migrante, que ali é sediada, proporciona na obtenção de dados e na mediação para o contato do pesquisador com os trabalhadores. E em segundo lugar, por guardar uma história bastante rica em relação aos direitos trabalhistas conquistados a partir da famosa greve de Guariba de 1984. Nesta época, os trabalhadores do setor sucroalcooleiro se revoltaram contra as precárias condições de vida a que eram submetidos, tendo entre outras, a principal causa da greve a alteração do sistema de colheita da cana, que passou de cinco para sete ruas, o que tornaria o trabalho diário ainda mais penoso.

O primeiro contato em Guariba aconteceu no dia 30/10/2007, terça-feira, com o presidente do Sindicato dos Empregados Rurais da cidade, o sindicalista Wilson, sobre a temática da presente pesquisa.

Neste mesmo dia, uma segunda visita julgou-se necessária, a entrevista, também previamente agendada, com a irmã Inês Facione. Nesta primeira visita foram explicadas à pesquisadora as condições de vida e trabalho dos migrantes temporários e suas condições na região de origem, além do agendamento de uma posterior visita, em que a irmã reuniria alguns maranhenses cortadores de cana e residentes em Guariba.

No total foram seis visitas a Guariba, a segunda ocorreu no dia 26 de junho de 2008 num encontro organizado pela Pastoral dos Migrantes chamado “Jovens Pesquisadores” em que discutíamos a temática migrações.

A quarta visita ocorreu no dia 27 de junho de 2008, num sábado, em que foi lançado o DVD “Migrantes”, de Roberto Novaes e Francisco Alves, no salão de eventos do Sindicato dos Empregados Rurais de Guariba. O lançamento reuniu várias pessoas ligadas ao tema migrações além de diversos migrantes, que no final da apresentação sentiam-se bastante à vontade para falarem de suas experiências de vida a respeito dessa condição, enriquecendo posteriormente a análise dos dados.

A quinta visita ocorreu em 17 de novembro de 2008, terça-feira, com dois trabalhadores migrantes maranhenses escolhidos pela irmã Inês. A sexta visita a Guariba ocorreu no dia 22 de março de 2009 num domingo em entrevista com trabalhadores maranhenses.

Neste mesmo dia também foi feita a entrevista com dois líderes de turma, Paulo e José. O discurso dos “feitores” era diferente dos depoimentos dos trabalhadores; eles reconheciam a penosa atividade de trabalho, pois já haviam sido cortadores de cana, mas

151 acreditavam que o que a usina fazia era sempre para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. Paulo foi assassinado em maio, na porta de sua casa saindo para o trabalho, dois meses após a entrevista. Ninguém prendeu os assassinos, há especulações de que tenha sido em razão do trabalho que ele realizava.

Barrinha e Jaboticabal

As visitas a Barrinha e a Jaboticabal foram feitas no dia 07/11/07 quarta-feira. Em Barrinha, a entrevista foi realizada com Cidinho que era presidente do sindicato dos trabalhadores rurais, mas naquele momento estava exercendo o cargo de Secretário de Promoção Social na prefeitura da cidade.

No período da tarde a viagem continuou até Jaboticabal. Neste dia a entrevista foi realizada com o presidente do sindicato dos trabalhadores rurais da cidade, Miguel.

São Carlos

Em 05/12/2007 foi realizada a entrevista com a professora Maria Aparecida de Moraes Silva em seu escritório na cidade de São Carlos. Nesta primeira entrevista, a pesquisadora relatou sua impressão sobre a migração de maranhenses e também piauienses para o interior de São Paulo. Para Moraes, a situação desses trabalhadores foi a mesma verificada em seu livro Errantes do Fim do Século, em que os mineiros do Vale do Jequitinhonha foram expulsos de suas terras pelas empresas de celulose. O objetivo desta entrevista foi aprender com a pesquisadora sobre a problemática a ser pesquisada e reunir o maior número de informações possíveis, além de procedimentos de como desenvolver a pesquisa.

Em uma segunda etapa da entrevista com a professora Maria Moraes, realizada em março de 2009, foi fornecido material para a pesquisa, como filmes, livros e textos que pudessem efetivamente contribuir para o andamento da Tese.

Ainda em São Carlos, também foram feitas algumas visitas às plantações de cana-de- açúcar com a intenção de visualizar o trabalho efetuado pelos cortadores, já que não foi autorizada a visita a campo por nenhuma das usinas buscadas (Bonfim, Santa Elisa, Moreno, São Martinho).

Em apenas uma visita pudemos ter o acesso ao processo de trabalho, mas não do corte da cana. Esta visita ocorreu em janeiro de 2009, mas como trabalhadores estavam na entressafra, foi apenas possível vê-los capinarem.

152

Araraquara e Ibaté

Outras duas tentativas de entrevistas foram com o presidente do sindicato dos trabalhadores rurais de Araraquara, em que não obtivemos sucesso, e também com o presidente do sindicato de Ibaté, também sem êxito. Os dois representantes não quiseram participar das entrevistas. Não foi possível em nenhuma tentativa estabelecer qualquer contato, e qualquer tentativa de proximidade se dava apenas com as secretárias e somente por telefone.

Pradópolis

Na cidade de Pradópolis foram feitas três visitas sempre com a intermediação de Francisco da cidade de Codó no Maranhão. O contato com Francisco foi casual. Fui a Pradópolis sabendo que naquela cidade também havia maranhenses e indo aos bares perguntava às pessoas que lá estavam se alguém sabia de algum alojamento onde residiam esses trabalhadores. E assim, de bar em bar é que foi possível encontrar a casa de Francisco.

Depois de apresentar-me a Francisco e explicar o motivo da visita, ele estabeleceu a maioria dos contatos, os endereços e as possíveis casas a serem visitadas. Ao todo foram três as visitas à Pradópolis. A primeira, casualmente, ocorreu num domingo 19 de outubro de 2008, em que Francisco foi entrevistado.

A segunda aconteceu no dia 25 de outubro, e neste dia Francisco reuniu vários trabalhadores maranhenses com quem pude conversar. E a terceira ocorreu já no início do ano de 2009, no dia 8 de fevereiro, num domingo.

Guatapará

Em Guatapará foram feitas duas visitas. A primeira foi feita numa segunda-feira (2 de março de 2009), pois a informação era de que muitos trabalhadores maranhenses trabalhavam em uma usina que praticava o esquema cinco por um, ou seja, a cada cinco dias de trabalho há um de folga. A procura por migrantes foi feita como em algumas vezes, perguntando nos bares e mercearias das cidades. Nessas paradas eram indicados onde, possivelmente, muitos migrantes residiam.

Como não foi uma visita previamente agendada, havia o risco de não conseguir nenhuma informação, porém, foram encontradas as esposas dos migrantes. O primeiro contato

153 foi feito com as mulheres pernambucanas. Após breve “entrevista”, foi-me indicado a casa onde viviam os maranhenses.

Após encontrar as maranhenses expliquei o motivo da visita e elas abriram a casa para essa “conversa”. Disseram que os maridos só estariam no domingo e que se pudesse voltar na próxima semana todos os homens estariam em casa.

Dois finais de semana depois, no dia 15 de março num domingo, depois de ter combinado com as mulheres, voltei para entrevistar os homens.