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Atividades desenvolvidas junto à Comunidade do Porto do Capim

No documento Geografia, Educação e Cidadania (páginas 178-183)

João Pessoa, Paraíba, Brasil

4. Efervecência Cultural do Porto do Capim

4.1. Atividades desenvolvidas junto à Comunidade do Porto do Capim

Durante a visita de estudos a comunidade do Porto do Capim realizada em 11 de maio de 2018, fomos recebidos por Rossana Holanda, moradora e a principal líder comunitária da comunidade, que realizou, juntamente com outras integrantes das Garças do Sanhauá, uma exposição sobre as condições socioambientais dessa comunidade ribeirinha e o histórico de lutas dos moradores junto ao poder público e colaboradores (figura 4) e, principalmente, a relação conflituosa com as grandes empresas instaladas no local. Posteriormente, foi realizado um tour guiado pelas ruas da comunidade, sendo possível perceber a infraestrutura precária, a falta de saneamento básico, coleta seletiva de lixo e não oferta de creches e posto de saúde na localidade, além da poluição oriunda do pó de madeira descartados de forma inadequada, podendo gerar doenças respiratórias tanto para os seus trabalhadores quanto para os moradores da região. As madeireiras também contribuem para a degradação da vegetação presentes nos manguezais. A falta de saneamento básico e a ineficiência na coleta de lixo na região contribui para acentuar a poluição do rio Sanhauá.

Figura 4 - Exposição sobre o histórico de Lutas do Porto do Capim

Fonte: Joazadaque Lucena de Souza

Dentre as várias atividades desenvolvidas no Ponto de Cultura Comunitário têm-se um destaque para o “Xote das Meninas” (figura 5), um grupo composto por mulheres adultas, adolescentes e crianças que cantam e dançam músicas típicas da região nordeste e outras composições musicais que se referem ao histórico da comunidade. O grupo também participou de uma apresentação (figura 6) na 3º FELIS (Feira

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Literária do Sesquicentenário), escola pública da rede estadual de ensino da Paraíba, organizada por estudantes e professores do Projeto Nós Propomos! Paraíba: revitalizando a cidadania através da educação.

Figura 5 – Apresentação do Xote das Meninas no Porto do Capim

Fonte: Vitória Cristina de Oliveira Trajano

Figura 6 – Apresentação do Xote das Meninas – Felis 2018

Fonte: Raquel Soares Pereira

Abaixo, temos o poema intitulado de “Um lugarzinho bem ali”, criado pela moradora e líder comunitária Rossana Marlene de Holanda, que retrata que o amor do moradores para com a comunidade do Porto do Capim é mais do que uma simples relação de habitante e espaço geográfico, é uma relação afetiva e de pertencimento. Todos os moradores sonham em um dia poder ter as condições necessárias para pode disfrutar, usufruir, do local onde mora, pois é um local histórico e ele deve ser tratado com respeito. O Capim Vive!

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Quadro 1 - Poema Um Lugarzinho bem ali – Rossana Holanda

Fonte: Silva (2016)

5 Conclusão

As manifestações culturais existentes na Comunidade do Porto do Capim evidenciam o quanto não é sabido sobre o potencial de produção cultural das comunidades consideradas periféricas nas metrópoles brasileiras. A tentativa de expulsão de comunidades tradiconais da área central das grandes cidades brasileiras remtem diretamenrte ao processo de Gentrificação, que devido aos anseios da especulação imobiliária e com vistas a atender a grande industria do turismo, lazer, consumo e promoção de grandes eventos, solicita a retirada de populações que tem vínculos simbólicos com o espaço ocupado há várias décadas com a justificativa de revitalizar a cultura local mas, por outro lado, finge não considerar a imensa produção dos artistas locais residentes nessa comunidades e, comumente, promovem a sua invisibilização, colocando essas populações à margem através de um discurso de modernização das atividades urbanas. A troca de experiências entre estudantes e professores do Projeto Nós Propomos Paraíba e as lideranças comunitárias do Porto do Capim durante o ano de 2018 foi muito produtivo, servindo tanto para aproximar os jovens estudantes do ensino médio a um caso concreto de gentrificação, direcionado a comunidade do Porto do Capim, quanto por poderem se engajar na divulgação das manifestações culturais existentes na comunidade do Porto do Capim pelas redes sociais e, sobretudo, fazer o convite para apresentação do Xote das Meninas na III Feira Literária do Sesquicentenário, organizada por alunos e professores do Projeto, evidenciando que atos de cidadania que contribuem para o estudo, divugação e massifcação da produção cultural de comunidades que estão inseridas num contexto de segregação

De todas ela é única Banhada pelo rio Sanhauá. E os moradores la afrimam “Que é nela que querem ficar”

Ao aproximar o fim do dia O por do Sol tem Papel de seduzir,

Nossa gente, nosso bairro. Comunidade do Porto do Capim.

Rossana de Holanda. Um Lugarzinho bem ali

Quando ouvem seu nome Nem se dá tanta importância assim.

Mas se forem mais além Saberás, que tudo começou aqui

Quem lá habita, É suspeito falar, pois tem tantas riquezas, Que nos dedos não se pode contar.

E se caso duvidas Vem conhecer esse cantinho.

Se vier com bondade Em troca, muito amor e carinho.

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espacial são muito importantes no âmbito do Projeto Nós Propomos. Outras facetas da comunidade porto do capim pode ser encontrada no capítulo intitulado “Processo de revitalização e histórico de lutas da comunidade Porto do Capim” de autoria de Raquel Soares Pereira, parte integrante deste mesmo livro.

Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer o empenho de Victor Silva Marques dos Santos, Thaís Soares de Araújo, Jefferson Nogueira Silva e Vinicius dos Santos Neves pela elaboração dos relatórios sobre a visita de estudos ao Porto do Capim, fundamentais para a construção desse capítulo de livro e as fografias de Vitória Vitória Cristina de Oliveira Trajano.

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