• Nenhum resultado encontrado

Contextualização do projeto Nós Propomos e análise das percepções

No documento Geografia, Educação e Cidadania (páginas 34-42)

urbano: os estudantes do Ensino Médio como produtores de

4 Contextualização do projeto Nós Propomos e análise das percepções

O projeto Nós Propomos3 foi implantado no Centro de Ensino Médio Integrado UPF em 2017. O objetivo principal do projeto é inserir os estudantes do ensino médio na comunidade escolar onde os mesmos estão inseridos, a fim de transformar uma dada realidade e formar um conhecimento calcado na solução de problemas, dificuldades e anseios regionais.

No ano exposto, os estudantes da então 2ª série foram desafiados a escolher uma área do município de Passo Fundo e, a partir da mesma, pensar em possíveis problemas que a sociedade local enfrenta. A turma foi dividida em quatro grupos e os temas escolhidos para pesquisa foram: no Bairro José Alexandre Zachia - problema do lixo, animais abandonados, alimentação saudável; no Parque da Gare - problema com a iluminação pública.

Após a divisão, os estudantes criaram os objetivos da pesquisa, formularam hipóteses e foram dialogar com coordenadores de cursos de graduação da Universidade de Passo Fundo. A aproximação da educação básica com o ensino superior objetivou estreitar os laços entre estes dois níveis de ensino e fazer com que os estudantes tirassem possíveis dúvidas referente aos seus projetos.

Na sequência, cada grupo criou o seu questionário e todos realizaram a coleta de informações em campo. No retorno, os estudantes organizaram um seminário para apresentação dos dados coletados e as possíveis soluções para os impasses visualizados.

3

O projeto foi criado no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa no ano letivo de 2011/12. Posteriormente, alargou-se a escolas de praticamente todo o território português, também às Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. O fato de se dirigir diretamente à resolução de problemas comunitários, com enfoque a cidadania territorial local, ajuda a explicar a sua expansão internacional (Brasil, Colômbia, Espanha, México, Moçambique e Peru). No território brasileiro, várias universidades adotaram e ressignificaram o projeto de acordo com seus contextos.

35

Somente após concluir todas as etapas do projeto Nós Propomos é que o presente trabalho se efetivou. Para verificar uma possível (re)significação da ideia de urbano pelos estudantes do ensino médio que fizeram parte do projeto, foi elaborado um questionário. Este requeria informações sobre o município em que o estudante reside, a idade do mesmo, e continha mais seis questões, sendo três fechadas e três abertas. No dia 10 de agosto de 2018, foi realizada a pesquisa com os discentes. Neste momento do texto, serão analisadas as respostas obtidas pelos questionários, procurando observar, especialmente, como a percepção dos alunos sobre o espaço urbano, o qual conceituamos e discutimos na primeira seção, pode ter sido reconstruída após as atividades do projeto supracitado.

Os 32 estudantes que responderam o questionário estudam na 3ª série do ensino médio e fizeram parte do Nós Propomos em 2017. A faixa etária dos mesmos varia entre 16 e 18 anos (5 alunos com 16 anos; 23 com 17 anos; 4 com 18 anos de idade). O estudantes residem em quatro municípios diferentes, sendo: Passo Fundo/RS (residência de 28 alunos), Marau/RS (residência de 2 alunos), Erechim/RS (residência de 1 aluno) e Tapejara/RS (residência de 1 aluno). Dessa forma, observa-se que a maior parte dos estudantes vive no mesmo município onde foi desenvolvido o projeto. No que concerne a realização das tarefas desempenhadas questionou-se qual foi considerada mais importante, sendo elas: 1) criação do projeto em sala de aula durante as aulas de geografia; 2) criação das perguntas que compuseram a pesquisa; 3) aplicação dos questionários; 4) apresentação dos resultados obtidos. A partir destas possibilidades, os alunos enumeraram em ordem de importância as atividades, sendo que 1 representava a mais relevante e a 4 como menos relevante.

Os resultados mostraram que a aplicação dos questionários foi julgada por 20 alunos como a tarefa mais significativa, enquanto a que menos agradou foi a criação das perguntas (13 alunos). Observa-se, assim, que mesmo todas as atividades sendo relevantes e necessárias para o andamento das atividades, os estudantes gostam da prática fora da sala de aula. Nesse sentido, o trabalho de campo torna-se imprescindível e relevante para o projeto.

Quando questionados se foi possível conhecer, pelo menos, uma área do urbano do município de Passo Fundo, a maior parte dos discentes afirmou que sim. Em números, 22 alunos assinalaram que foi possível conhecer uma parte do espaço urbano passo- fundense a partir do desenvolvimento do projeto, 10 alunos declararam que parcialmente foi possível conhecer o espaço urbano e nenhum aluno respondeu que

36

não foi possível. Sobre tais dados cabe ressaltar, preliminarmente, a pertinência do projeto para que os educandos possam, minimamente, conhecer o urbano e, portanto, se apropriar das suas informações expressas nas paisagens antropizadas, construindo aprendizagens sobre o espaço em questão.

Na pergunta seguinte os estudantes foram indagados se após as suas intervenções com a realização da coleta de informações, houve mudança na ideia que eles haviam construído sobre o espaço urbano. Dos 32 estudantes, 18 disseram ter mudado sua ideia de forma parcial, 12 alegaram que houve uma mudança de ideia sobre o espaço em questão em termos totais e, 2 alunos expuseram que não houve mudança alguma. Para compreender melhor esta indagação, o quarto questionamento buscou verificar como o aluno enxergava o local onde realizou a coleta de informações antes e como enxerga depois de ter feito parte das ações. Para expor tais visões elaborou-se o Figura 1, o qual demonstra paralelamente como os alunos viam e como vêem hoje o local de realização de suas tarefas no Nós Propomos. Nesta Figura foram sintetizadas as respostas dos educandos e expostas em forma de itens.

Observando a Figura 1 nota-se uma mudança na percepção sobre o local onde se realizou o projeto. Tanto no Bairro José Alexandre Zachia, quanto no Parque da Gare, a maior parte dos alunos reconstruiu sua visão sobre um espaço intraurbano. Tal mudança se deu para alguns de forma parcial e para outros de forma absoluta, como verifica-se em respostas como: “local humilde, porém não da forma como se pensava”, “conheci a realidade como ela é” e “realidade melhor do que imaginava”.

Como indicado anteriormente, o espaço urbano da cidade capitalista manifesta disparidades e como aponta Sobarzo (2010) Passo Fundo possui acentuadas desigualdades socioespaciais. Os espaços intraurbanos, os quais foram campo para o desenvolvimento das atividades do Nós Propomos, são localizados em situações diferentes, cada um com suas especificidades. O Parque da Gare é localizado no setor urbano que compreende a área central da cidade. Já o Bairro José Alexandre Zachia é um bairro periférico, bastante afastado do centro da cidade (Silva, Spinelli & Fioreze, 2009).

Esses espaços refletem as diferenças sociais do urbano do município e precisam ser conhecidos para além do que o senso comum difunde. Ao observar o Figura 1, é possível observar, que a primeira visão dos estudantes sobre o Bairro José Alexandre Zachia era de um lugar essencialmente pobre, com condições precárias, além de um local marcado por preconceito sobre seus habitantes. Porém, as visões após a

37

realização do projeto mostram uma evolução. Este espaço visto antes de maneira estática e com certa hostilidade passou a ser percebido de outra forma. Essas visões secundárias apontam que, no entanto, o bairro possui problemas e dificuldades, porém a busca por mudança existe, os moradores são pessoas diferentes do que os discentes imaginavam e que muitos olhares ditos anteriormente não correspondem à realidade.

Figura 1 - Comparativo entre as visões que os educandos anteriores a realização do projeto e as visões posteriores a tal sobre os dois locais onde foram efetivadas as pesquisas

Local da atividade

Visão do antes da realização do projeto

Visão do local depois da realização do projeto

Bairro José Alexandre Zachia

-Conhecia o local, apenas por boatos; -Não conhecia o local;

-Local isolado e de difícil acesso; -Violento;

-Extremamente pobre;

-Habitado por uma população que não se preocupava com problemas sociais; -Habitado por pessoas que não estariam abertas ao diálogo;

-Habitado por uma população com carência de alimentos;

-Muitos animais abandonados;

-Habitado por pessoas com pouca instrução;

-Pensou que seria alvo de preconceito ou estranhamento no bairro;

-Bairro sem pavimentação; -Local bagunçado; -Lixo espalhado nas ruas;

-Presença de pessoas envolvidas com a criminalidade;

-Ambientes precários e desorganizados; -Preconceito acerca do local e das pessoas que o habitam;

-Sem estabelecimentos comerciais; -Habitado por pessoas que não se alimentam de maneira saudável;

- Sem potencial de melhorar suas condições de vida;

-Ambiente com problemas sociais; -Bairro muito grande;

-Local com poucas casas, pouco comércio e interatividade;

-Vizinhança agradável e pessoas simpáticas; - Pessoas que têm consciência dos problemas de sua comunidade;

- Pessoas que buscam melhorar de condições de vida;

-Bairro com dificuldades; -Pessoas abertas ao diálogo; -Lugar de fácil acesso;

-Alimentação não é um problema tão expressivo;

-Muitos animais abandonados;

-Passou a ter um melhor conhecimento dos bairros da cidade e das condições de vida dos habitantes;

-Local humilde, porém não da forma como se pensava;

-Moradores receptivos; -Bairro pavimentado;

-Local, parcialmente organizado;

-Não é sujo da forma que imaginou que seria;

-Riqueza cultural;

-Confirmou em partes a ideia que tinha do bairro;

-Ambiente com seus problemas e com seus aspectos positivos;

-Realidade melhor do que imaginava; -Relativamente organizado;

-Mudança de conceito;

-Conheci a realidade como ela é; -Local menos violento do que pensava; -Bairro em desenvolvimento;

-Existência de comércios e serviços;

-Falta de investimento público no local (para coleta de lixo);

-Não é um local com condições tão precárias como se pensava;

-Este espaço demanda projetos;

-Aumentou a vontade de contribuir para a vida desses moradores;

-Potencial para melhorar suas condições; -Não mudou pois, o local era familiar; -Bairro menor do que imaginava;

-Simplicidade, porém com espírito de comunidade e de organização;

-Boas casas;

Parque da Gare – Área

-Inexistência de problemas de iluminação pública;

-Local bem preservado;

-Local com pouca segurança; -Problemas com iluminação pública;

38

central da cidade

-Local seguro;

- Desconhecia o intenso fluxo de pessoas no local;

-Ambiente bem iluminado e organizado;

noite;

-Ambiente desorganizado;

Ambiente com seus problemas e com seus aspectos positivos;

-Falta de investimento público no local;

Fonte: Organização dos autores a partir dos questionários analisados

Sobre o Parque da Gare, foi observado uma alteração de percepção oposta à que houve acerca do Bairro José Alexandre Zachia. Percebido, inicialmente, como um local preservado, seguro e com boas condições, típico da área central do urbano, depois do projeto passou a ser visto como um local que não desfruta de tal perfeição. Os alunos, conhecendo o local e entrevistando pessoas, narraram ter conhecido problemas que afetam este espaço, como a falta de segurança e de iluminação pública, passando, assim, a perceber o local considerando seus contrastes.

Essa mudança constatada, a qual foi possível a partir da prática realizada pelo projeto, pelo contato com a comunidade e pelo conhecimento da realidade espacial, revela a importância da criticidade. Só é possível mudar de percepção e refletir sobre o espaço se houver crítica. Os discentes ao desenvolverem as atividades, em especial a visita aos dois locais já mencionados, puderam ver as contradições do espaço. Notaram que um bairro periférico, segregado e com problemas sociais não se resume somente a isso. Nele existe busca por mudança, organização, coletividade e os preconceitos sobre este espaço foram questionados. Da mesma forma, em um espaço central que tem detém boas condições socioespaciais, também sofre com determinados problemas.

A seguinte questão, procurava saber, especificamente, a opinião de cada estudante sobre a contribuição do projeto para alteração da percepção sobre o urbano de Passo Fundo. Dos educandos, 27 afirmaram que o Nós Propomos contribuiu para alterar a visão sobre o urbano e Passo Fundo, 3 disseram que não contribuiu, 1 declarou que contribuiu em partes e 1 não respondeu. As justificativas, daqueles que consideraram que o projeto auxiliou na mudança de percepção do urbano foram variadas. Dentre elas, foi destacado o conhecimento das diferentes realidades da cidade, o conhecimento dos problemas urbanos e como resolvê-los, a construção de novas interpretações da cidade e a experiência junto dos lugares e das pessoas.

Por fim, foi pedido que os estudantes opinassem sobre a continuidade do Projeto Nós Propomos. Quase a totalidade dos estudantes pensa que o projeto deve ter continuidade, 31 alunos disseram que sim e 1 não respondeu. Dentre os argumentos para tal, foi exposto: os potenciais do projeto de conhecimento das realidades locais,

39

as propostas do projeto, as perspectivas de mudanças e de melhorias na cidade, a mudança de ideias e desconstrução de preconceitos que surge como consequência das ações do projeto, o conhecimento, a formação humana e o fato de o saída da comodidade que o projeto proporciona aos participantes. Por conseguinte, nota-se que os alunos percebem a relevância do projeto e suas ações. Um aluno escreveu como motivação para a continuidade do projeto: “[...] acredito ser fundamental conhecer as necessidade do local onde reside, bem como propor ideias que possam auxiliar na resolução de problemas existentes”, que é justamente o objetivo do projeto.

5 Conclusão

A busca por identificar a (re)significação da ideia de espaço urbano, a qual teve como base as percepções de alunos que participaram do Projeto Nós Propomos constituíram o propósito deste trabalho. Antes de propor as análises, foi necessário construir-se, no que tange a teoria, a ideia de urbano e algumas associações entre este e o ensino de Geografia. A partir das discussões, pode-se compreender que o espaço urbano e seus antagonismos devem ser ser tratados pelo ensino de geografia de forma que dê conta de sua complexidade.

Diante disso, pode-se notar que o projeto está contribuindo para o entendimento desta realidade espacial complexa. Apesar das potencialidades, a proposta que é desenvolvida junto a comunidade possui algumas limitações, como o transporte para deslocamento até a mesma e o tempo desprendido para planejamento, criação dos instrumentos, aplicação, tabulação e análise. Porém, como foi comprovado pelas análises e números expostos, a maior parte dos discentes participantes do projeto reconheceu a importância do projeto para a mudança do olhar sobre o urbano e também reiteraram a necessidade de que o mesmo tenha continuidade.

A mudança de percepção do urbano foi verificada a partir das respostas e argumentações dos estudantes. Os alunos, em sua maior parte construíram novos significados ao espaços intraurbanos que foram âmbito de ação do projeto. Os mesmos afirmaram que de uma forma ou outra foi alterada a percepção. Assim, estes espaços dotados de diferentes características, que antes eram vistos de uma forma mais simplista ou mesmo preconceituosa, foram conhecidos de maneira problematizada com o contato direto com o ambiente e seus moradores. Foi com o processo de produção de conhecimentos e de propor soluções à problemática de cada

40

lugar que os educandos puderam romper com determinadas visões e, portanto, construir novas.

Como já colocado, a reflexão crítica do espaço construída na prática deu a base para tal (re)construção. Desta forma, o conhecimento puro da realidade aparece como um pilar estruturador do ensino crítico. Como assinalado, com a discussão sobre ensino- espaço urbano, a formação da cidadania é uma finalidade do ensino de geografia. Por isso, a formação cidadã é uma tarefa que pressupõe o entendimento daquilo que compõe o real. O espaço onde existem indivíduos, instituições e diversas funcionalidades deve ser apropriado cognitivamente pelo estudante e refletido. Dessa maneira transcendendo os limites do senso comum, alcançando a compreensão real do espaço geográfico que se poderá aspirar formar, de fato, um cidadão crítico. Ressalta-se, finalmente, que o Nós Propomos, fundamentando-se nas análises construídas, vem auxiliando nesta perspectiva.

Reconstruir, desconstruir, refletir e repensar a visão sobre a realidade urbana é fundamental. O ensino de Geografia necessita propiciar aos alunos a possibilidade real de compreender o espaço. Almeja-se, por fim, que mais ações, projetos e iniciativas possam se multiplicar e que os estudantes tenham a oportunidade de conhecer o espaço urbano de forma complexa e crítica.

Referências bibliográficas

Beaujeu-Garnier, J. (1997). Geografia Urbana. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Callai, H. C., Moraes, M. M. (2017). Educação geográfica, cidadania e cidade - ACTA Geográfica, Edição especial, 82-100. doi: http://dx.doi.org/10.5654/acta.v0i0.4771 Carlos, A. F. A. (2007). O lugar no/do mundo. São Paulo: FFLCH.

Cavalcanti, L. S. (2002). Geografia e práticas de ensino. Goiânia: Alternativa.

Cavalcanti, L. S. (2013). A cidade ensinada e a cidade vivida: encontros e reflexões no ensino de geografia. In L. S. Cavalcanti (Org.). Temas da Geografia na escola básica (pp. 65-93). Campinas, SP: Papirus.

Corrêa, R. L. (2003). O espaço urbano. São Paulo: Ática.

Damiani, A. L. (2000). A geografia e a construção da cidadania. In A. F. A. Carlos (Org.). A geografia em sala de aula (pp. 50-61). São Paulo: Editora Contexto.

41

Ribeiro, F. V. (2015). Produção contraditória do espaço urbano e resistências. In A. F. A. Carlos (Org.). Crise urbana (pp. 171-186). São Paulo: Editora Contexto.

Rolnik, R. (2004). O que é cidade. São Paulo: Brasiliense.

Santos, M. (2014a). Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.

Santos, M. (2014b). Da totalidade ao lugar. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.

Silva, A. M. R., Spinelli, J., Fioreze, Z. G. (Orgs.) (2009). Atlas geográfico de Passo

Fundo. Passo Fundo: Méritos; IMED.

Sobarzo, O. (2010). Passo Fundo: cidade média com funções comerciais de serviços e de apoio ao agronegócio. In M. E. B. SPOSITO, D., ELIAS, B. R. SOARES (Orgs.).

Passo Fundo e Mossoró (pp. 31-101). São Paulo: Expressão Popular.

World urbanization prospects. (2014). New York: United Nations, Dept. of International Economic and Social Affairs.

42

Ensinar e aprender Geografia por

No documento Geografia, Educação e Cidadania (páginas 34-42)