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ATIVIDADES NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

leituras independentes, entre outras fontes.

Pensando nisso, reconhecer que existam profissionais que não obtiveram embasamento necessário para desenvolver atividades físicas para pessoas com deficiência, torna- se uma preocupação imediata, pois alunos com deficiência estão sendo incluídos nas escolas da rede regular.

Portanto, desenvolver atividades físicas para pessoas com deficiência é possível. Se o professor de Educação Física conhecer sobre a pessoa, suas possibilidades, suas características motoras, limitações, as diferentes situações existentes diante das diversas lesões cerebrais e demais estruturas do sistema nervoso, pode auxiliar a compreender a situação e utilizar as ferramentas da Educação Física para facilitar a participação da pessoa com deficiência nas aulas.

O desconhecimento sobre estes assuntos pode gerar sentimentos no professor de medo, ansiedade, incapacidade e conseqüente preconceito, estigma, resultando no impedimento e exclusão destas pessoas nas aulas de Educação Física ou nas atividades esportivas.

Em lesões cerebrais, deve-se levar a criança e/ou adolescente a tornar-se o mais independente possível, tendo sempre em mente as dificuldades e potencialidades de cada um.

Desta forma, não existe só a necessidade de um planejamento de atividades, mas também a maneira de ver as possibilidades de cada criança e avaliá-las. Se não soubermos avaliar porque a criança e/ou adolescente não executa certos movimentos e suas interferências, não existe a possibilidade de êxito nas atividades sugeridas. Somente após uma adequada avaliação é que determinamos as atividades mais convenientes para o quadro apresentado.

No material confeccionado por Penafort (200x) para o curso de capacitação para práticas de Educação Física para Pessoas com Deficiências promovido pelas Secretaria Espe- cial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida e Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação da Prefeitura de São Paulo é citado que:

Uma das maiores dificuldades é detectar um problema o mais cedo possível, para que se possa, através dos mais variados recursos, criar condições de uma criança poder desenvolver-se em todos os aspectos dentro de um quadro tido como esperado. Sabemos também que há diferença baseada no quão cedo o problema foi identificado e tratado, a qualidade do tratamento oferecido, bem como a influência de sua aceitação familiar e do seu meio social, entre outros pontos. Devemos procurar até identificar problemas que percebermos numa criança para informar a família, e possivelmente indicar a visita a um médico. Porém para chegar a esse ponto, devemos procurar nos certificar do que estamos percebendo, trocar observações com colegas que trabalham com o mesmo aluno, buscar a troca de idéias com outro profissional que seja preferencialmente da área observada e falar-lhe confidencialmente a respeito do caso, pois uma suspeita infundada de qualquer natureza poderia causar constrangimento e até danos morais sérios.

Neste sentido, este trabalho tem o propósito de apresentar os aspectos motores da paralisia cerebral como parâmetro ao desenvolver atividades na Educação Física buscando divulgar o conhecimento nesta temática para assim, contribuir com a formação de estudantes e profissionais de Educação Física.

METODOLOGIA

Foi realizado estudo teórico a partir de revisão bibliográfica visando adquirir conhecimentos sobre a paralisia cerebral e formas de atividades físicas que podem ser desenvolvidas com a pessoa que possui este tipo de deficiência.

O levantamento bibliográfico realizado foi não-sistemático, foram selecionados livros e artigos científicos, além de páginas da Internet em sites relacionados com o tema.

Os temas consultados e combinados foram aspectos motores de pessoas com deficiência, educação física adaptada, educação física escolar para pessoas com deficiência, aspectos motores da paralisia cerebral, paralisia cerebral e atividade física, jogos e treinamento desportivo adaptado.

RESULTADOS

Este estudo possibilitou adquirir o embasamento necessário sobre a paralisia ce- rebral, conhecendo seus aspectos motores o que favorecerá no desenvolvimento de atividades físicas pelo professor de Educação Física. Sendo assim, a seguir os resultados sobre a questão da definição sobre paralisia cerebral e seus aspectos motores são apresentados da seguinte forma. A definição de paralisia cerebral por Adams (1985) é de:

Uma perturbação da função muscular que surge após uma destruição ou uma ausência congênita dos neurônios motores superiores. Essa alteração frequentemente é complicada pela ocorrência de convulsões, alterações do comportamento ou retardo mental (p. 80).

A REDE SARAH (1) de hospitais de reabilitação afirma que:

O termo paralisia cerebral (PC) é usado para definir qualquer desordem caracterizada por alteração do movimento secundária a uma lesão não progressiva do cérebro em desenvolvimento.

No livro da Associação Brasileira de Paralisia Cerebral (ABPC), o conceito apresentado por Souza (1998) refere-se:

Termo usado para designar um grupo de desordens motoras não progressivas, porém sujeita a mudanças, resultante de uma lesão no cérebro nos primeiros estágios do seu desenvolvimento (p. 33).

De acordo com Prado e Leite (2004):

A incidência das moderadas e severas (2) estão entre 1,5 e 2,5 por 1000 nascidos vivos nos países desenvolvidos; mas há relatos de incidência geral, incluindo todas as formas de 7:1000. Nestes países, calcula-se que em relação à crianças em idade escolar freqüentando centros de reabilitação, a prevalência seja de 2/1000. Na Inglaterra admite-se a existência de 1,5/1000 pacientes. No Brasil não há estudos conclusivos a respeito e a incidência depende do critério diagnóstico de cada estudo, sendo assim, presume-se uma incidência elevada devido aos poucos cuidados com as gestantes. Nos EUA, admite-se a existência de 550 a 600 mil pacientes sendo que há um aumento de 20 mil novos casos a cada ano.

Outro fato importante a relatar é que a paralisia cerebral possui diferentes classificações com relação à alteração de movimentos existentes.

Sendo espástica, a lesão está localizada na área responsável pelo início dos movimentos voluntários, trato piramidal, o tônus muscular é aumentado e os reflexos tendinosos são exacerbados. Em lesões em estruturas ligadas ao trato extrapiramidal, a pessoa apresenta movimentos involuntários, fora de seu controle, sendo que os mesmos ficam prejudicados por serem estas estruturas responsáveis pelo controle e regulação destes movimentos. Esta pode se comportar como coréia, atetose ou distonia. O termo coreoatetose é usado para definir a associação de movimentos involuntários contínuos, uniformes e lentos (atetósicos) e rápidos, arrítmicos e de início súbito (coreicos).

A criança com PC tipo distônica apresenta movimentos intermitentes de torção devido à contração simultânea da musculatura agonista e antagonista, muitas vezes acometendo somente um lado do corpo. Outra situação é a paralisia cerebral atáxica, mais rara, que está relacionada a lesões cerebelares ou suas vias. Como a função principal do cerebelo é controlar o equilíbrio e coordenar os movimentos, os indivíduos com lesão cerebelar apresentam incoordenações tanto nos movimentos finos como nas atividades gerais, ou seja, marcha cambaleante, dificuldade para realizar movimentos alternados rápidos, ou mesmo atingir um alvo. Todas estas características podem estar reunidas em um indivíduo e, portanto, o mesmo é classificado como caso misto (Souza, 1998; Leite, Prado, 2004; REDE SARAH, 2007).

Num estudo realizado por Coletta (2005) na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Toledo/PR (APAE/PR), que teve como objetivo analisar os aspectos psicomotores de sujeitos com PC, os resultados obtidos comprovaram que o equilíbrio, a praxia global e a praxia fina foram os fatores que apontaram uma classificação mais baixa entre os mesmos.

Além disso, a paralisia cerebral ainda é classificada pela localização no corpo, ou seja, podem ser tetraparética ou tetraplégica – quatro membros envolvidos, diparética ou diplégica – dois membros envolvidos, normalmente os membros inferiores, hemiparética ou hemiplégica – um lado do corpo somente envolvido, ou o direito ou o esquerdo, e ainda em casos mais incomuns, monoparética ou monoplégica – apenas um membro do corpo. O sufixo plegia é associado à perda total de movimentos, enquanto o sufixo paresia é a perda parcial dos mesmos.

Ressalta-se aqui sobre o fato desta lesão ocorrer em alguma parte do encéfalo (SNC), sendo que as características apresentadas acima são acompanhadas por disfunções que envolvem a perda ou dificuldade de movimentos, a alteração no controle e no tônus muscular, a sensação ou percepção do corpo e suas ações no espaço dentre outros comprometimentos como o equilíbrio, a fala, a visão ou cognição.

Na reabilitação, tais aspectos devem ser considerados em sintonia com o desenvolvimento da pessoa. Nem sempre todas essas características estão presentes em todos os casos de paralisia cerebral e também tais situações podem ter diferentes graus de severidade, o que deve ser considerado, pois diferentes atividades podem ser adaptadas para estas diferentes situações.

Cabe ressaltar que se faz necessário conhecer a pessoa, pois mesmo em situações de grande comprometimento, a participação na atividade surpreende e muitas vezes, movimentos são ativados e “encontrados e descobertos” pela pessoa durante a aula de Educação Física.

Desta forma, compreender os aspectos motores não significa trabalhar nos limites deste corpo, mas entender os mecanismos neurofuncionais e a ampla possibilidade dos recursos corporais existentes na pessoa com paralisia cerebral.

CONCLUSÃO

A Educação Física bem orientada promove o desenvolvimento sensório-motor favorecendo o desempenho físico e muitos outros aspectos ligados à vida destas pessoas.

Após realizar uma abordagem inicial com o indivíduo que possua esta lesão e identificar suas possibilidades dentro dos aspectos motores já demonstrados, o professor de Educação Física poderá desenvolver atividades físicas que possam ser realizadas buscando oportunizar o uso do corpo em diferentes situações, o que possibilita a descoberta do movimento e o significado que o movimento traz para a vida desta pessoa.

Como Silva e Araújo (2005) resgatam as Diretrizes Curriculares dos cursos de Educação Física ressaltando que esta tem como objeto de estudo o movimento humano e utiliza diferentes formas e modalidades do exercício físico, do esporte, da promoção, proteção e reabilitação da saúde, da educação e reeducação motora, da prevenção do agravo à saúde, entre outros.

O enfoque deste trabalho trata de buscar a compreensão entre o que a paralisia cerebral resulta neste movimento e suas implicações no desenvolvimento das atividades na Educação Física.

Cabe ressaltar que a preocupação aqui é compartilhar conhecimento sobre as conseqüências de uma lesão cerebral, porém há que considerar que estes não podem ser desvinculados de outros aspectos da vida da pessoa.

A individualidade biológica, o significado do corpo, fatores psicológicos e afetivos, condições sociais e ambientais são perspectivas que necessitam ser consideradas e apreciadas pelo professor de Educação Física.

BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

ADAMS, R.C.; DANIEL, A. N.; MC CUBBIN, J. A. Jogos, Esportes e Exercícios para o Deficiente Físico. 3ª ed. São Paulo: Manole, 1985.

AGUIAR, J. S., DUARTE, E. Educação Inclusiva: um estudo na área da Educação Física. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v.11, n. 2, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?pid=S1413-65382005000200005&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 12. mai. 2007.

CIDADE, R. E.; FREITAS, P. S. Educação Física e Inclusão: considerações para a prática pedagógica na escola. São Paulo: Site da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, campus de Rio Claro, Instituto de Biociências, 2007. Pasta de arquivos da universidade para acesso dos alunos de graduação e pós-graduação. Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/ib/ efisica/sobama/sobamaorg/inclusao.pdf>. Acesso em: 12 mai. 2007.

COLETTA, D.D. et al. Avaliação psicomotora em pessoas portadoras de paralisia cerebral da APAE de Toledo/PR. Revista Digital EFDeportes, Buenos Aires, a. 10, n. 85, jun. 2005. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd85/apae.htm>. Acesso em: 12 mai. 2007.

DEFICIÊNCIA física. Paralisia Cerebral. São Paulo: 2006. Site do Entre Amigos, Rede de Informações sobre Deficiência. Disponível em: <http://www.entreamigos.com.br/textos/deffis/parcer.htm>. Acesso em: 5 mai. 2007.

LEITE, J. M. R. S., PRADO, G. F. Paralisia Cerebral aspectos fisioterapêuticos e clínicos. Revista Neurociências, São Paulo, v.12, n. 1, 2004. Disponível em: <http://www.unifesp.br/dneuro/ neurociencias/vol12_1/paralisia_cerebral.htm>. Acesso em: 5, mai. 2007.

PENAFORT, J. D. Estratégia de aulas para a inclusão da Pessoa com Deficiência: da recepção do aluno deficiente em núcleos que ofereçam Educação Física Adaptada à escolha de atividades/ turmas. São Paulo: PMSP, 2006. Apostila para o curso de estratégias de aulas e políticas de inclusão da pessoa com deficiência. Apresenta informações da Prefeitura da cidade de São Paulo. Disponível em: <http://portal.prefeitura.sp.gov.br/noticias/sec/deficiencia_mobilidade_reduzida/ 2006/08/0016>. Acesso em: 12 mai. 2007.

REDE SARAH de hospitais de reabilitação. Brasília, 2007. Apresenta informações sobre doenças tratadas. Disponível em: <http://www.sarah.br/paginas/doencas/po/p_01_paralisia_cerebral.htm>. Acesso em: 12 mai. 2007.

SILVA, R. F., ARAÚJO, P. F. A Educação Física Adaptada e o percurso para sua alocação enquanto disciplina na formação superior. Revista Conexões, São Paulo, v. 3, n. 2, 2005. Disponível em: <http://www.unicamp.br/fef/publicacoes/conexoes/v3n2/ArtigoRita.pdf>. Acesso em: 12 mai. 2007. SOUZA, A. M. C. Prognóstico Funcional da Paralisia Cerebral. IN: SOUZA, A. M. C., FERRARETTO, I. Paralisia Cerebral: aspectos práticos. São Paulo: Memnon, 1998.

NOTAS

(1) REDE SARAH de hospitais de reabilitação. Brasília: Site da rede de hospitais SARAH, 2007. Apresenta informações sobre doenças tratadas. Disponível em: <http://www.sarah.br/paginas/doencas/po/p_01_paralisia_cerebral.htm>. Acesso em: 12 mai. 2007.