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As atividades para a comunidade

Capítulo III. Estágio Final no Infantário Rainha Santa Isabel

3.5. Intervenção Pedagógica na Sala Laranja: Dinâmicas e Atividades Desenvolvidas e

3.5.3. Os Projetos Desenvolvidos Individualmente e em Grupo Direcionados Para o

3.5.3.2. As atividades para a comunidade

Como já foi mencionado, ao longo do estágio no Infantário Rainha Santa Isabel as estagiárias presentes no mesmo proporcionaram à comunidade educativa três atividades, pois um educador não trabalha sozinho mas em equipa, procurando conceder às suas crianças um ambiente educativo e experiências de aprendizagem de qualidade.

As atividades de e em comunidade inserem-se na promoção dessa qualidade, já que a partir delas é fomentado o desenvolvimento da união e laços entre toda a comunidade educativa, fornecendo a todas as crianças um espaço acolhedor, de empatia, solidariedade, cooperação e bem-estar.

A primeira das atividades decorreu na comemoração do Pão-Por-Deus, por sugestão da equipa da instituição que anualmente promove uma dramatização, concedendo-nos a oportunidade de dinamizar algo sobre a temática.

Figura 49. Dramatização “À descoberta do Pão-Por-Deus”

Como podemos visualizar na Figura 49, a dramatização intitulou-se “À descoberta do Pão-Por-Deus”, pois queríamos desvendar os frutos do Pão-Por-Deus quanto às suas características, bem como promover valores de cooperação, amizade e trabalho em equipa

para o sucesso na vida, com o guião da dramatização. Este guião poderá ser visualizado no Apêndice 8 e teve como personagens a castanha, a noz, a romã, o figo, a banana e a laranja, sendo a minha personagem a banana. Esta atividade fez e teve sentido para as crianças que estavam a assistir, constatado pela concentração durante a peça e pelo reconto feito nas várias salas, com associação de música à época festiva em causa.

No que concerne ao trabalho em equipa entre as alunas estagiárias para esta primeira atividade esteve patente o espírito de equipa, a interação, a cooperação, o contato e a promoção da interação entre os diferentes grupos e faixas etárias, porém houve falhas na organização de elementos de bastidor da dramatização e do começo da peça a horas. Isto é, não foi pensado nem solicitado atempadamente pessoas para tarefas, como a passagem do power point, filmagem e fotografias, limitando a assistência da dramatização para as intervenientes nessas tarefas, tal como o início da peça teve um atraso de 30 minutos, começando às 10 horas e 30 minutos, condicionando as rotinas e atividades nas salas.

Estas falhas não deverão acontecer, porque a existência do trabalho de grupo tem como vantagem encontrar os meios apropriados e articulados para uma atividade, como é destacado nas OCEPE (1997) “O trabalho em equipa torna-se fundamental para reflectir sobre a melhor forma de organizar o tempo e os recursos humanos, no sentido de uma acção articulada e concertada” (p. 42).

Por essa razão, é crucial na organização de atividades ter em conta todos os fatores, quer internos, quer externos, para a concretização das atividades, definindo e solicitando recursos materiais e humanos antecipadamente, determinantes para o seu sucesso e significação para o grupo.

A segunda atividade em cooperação entre todas as estagiárias deu-se por iniciativa nossa, para a abordagem da lenda de São Martinho, pelo seu carácter ligado à formação pessoal e social do indivíduo e pela transmissão de uma mensagem de partilha e solidariedade.

Entre todas as alunas estagiárias presentes na instituição foi promovida uma dramatização de São Martinho, onde foi dada vida a elementos da natureza como o sol, a chuva e a trovoada, para que todas tivéssemos e interpretássemos uma personagem, onde fui o sol, como podemos visualizar na Figura 50. Pressuponha-se com esta dramatização que todas as crianças desta instituição assistissem, compreendessem e depreendessem a mensagem da lenda de São Martinho: a partilha, a solidariedade e a amizade. Com o reconto da história no próprio espaço as crianças presentes participaram, sobretudo as crianças a partir dos dois anos, dando a entender que tiveram diferentes focos de concentração, tendo em conta a sua idade e os seus interesses, dando maior atenção aos adereços, ou aos sons, ou às personagens, ou à história e simbologia patente.

Além do grupo de crianças, esta atividade permitiu o desenvolvimento de competências das alunas estagiárias no que concerne ao espírito de equipa, a cooperação e a empatia, deduzindo-se numa grande preocupação das mesmas face à organização do espaço, ausentando-se da sala, não acompanhando as rotinas da tarde, de despertar e higiene. Houve desta vez, em relação à outra dramatização, a gestão dos recursos materiais e humanos necessários, porém falhou em relação ao horário de organização de todo o cenário e materiais fora do período de estágio, tal como a finalização da peça em que nem todas conseguiram acompanhar a letra da música utilizada para terminar a dramatização “Lenda de São Martinho – Canta o galo gordo”.

Seguiu-se a esta dramatização um convívio e o magusto no infantário com a presença dos pais que pudessem ir e no contexto de sala laranja um desenho livre sobre o que cada criança gostou da dramatização, sendo passíveis de visualizar no Apêndice 16. O desenho livre é uma forma da criança registar a sua visão do mundo e dos acontecimentos que vivencia, repercutindo as suas aprendizagens e o seu desenvolvimento motor, sendo apontado por Coquet (2003) como um processo tão importante na interação como o desenvolvimento da língua, por representar uma linguagem de registo, contagem e comunicação gráfica.

Pelas conversas com as crianças e observação dos desenhos livres do grupo, os elementos representados e do seu agrado foram elementos da natureza (sol, chuva e trovoada), havendo em segundo plano o São Martinho e o mendigo. Num dos desenhos a enfâse recaiu sobre as letras, representativas do livro (narrador) que falou durante a peça, compreendendo que o interesse da criança estava na representação de imagens e letras que interiormente construi,

procurando imitar a escrita, progredindo e desenvolvendo a sua motricidade e abordagem à escrita autonomamente.

Nestas diferentes perspetivas e focos de atenção podemos compreender que a expressão plástica é o meio de representação dos interesses da criança e a propensão para o seu desenvolvimento sobre uma determinada área, seja a linguagem ou a representação do mundo, complementando com a ideia de Godinho e Brito (2010) como o reflexo do lado figurativo de significados pessoais e concretos, partilháveis com o outro, e acrescentando a enfâse de Hohmann e Weikart (2004) no desenho como a forma da criança dar a conhecer a sua noção e perceção do mundo.

Figura 51. Dinamização da conferência Comportamentos, regras, limites e hábitos alimentares infantis

Para finalizar a nossa ação na instituição decidimos promover uma conferência, como podemos visualizar na Figura 51, que abarcasse duas temáticas importantes, a alimentação e os limites e gestão do comportamento das crianças, importantes na fase de excessos de consumismo e tradições alimentares natalícias. A mesma deu-se com a presença da psicóloga Dra. Cheila Martins e da nutricionista Dra. Gonçalina Góis, no dia 3 de dezembro, pelas 18 horas, na capela da instituição com um público reduzido. O número de pais presentes na instituição deveu-se nesse dia às condições meteorológicas não serem favoráveis e segundo alguns pais pelo horário tardio.

Esta última situação fugiu do nosso controlo, porque quisemos que todos os pais que trabalhavam durante o dia tivessem a hipótese de aceder e estar presente nesta conferência, todavia não conhecíamos as prioridades e responsabilidades parentais após o período laboral, o que no futuro ao trabalhar institucionalmente deverá ser pensado e analisado, para que a componente de apoio à família seja favorável e adequada.

3.5.3.2.1. A cooperação entre as alunas estagiárias na formação pessoal e profissional do educador.

O trabalho desenvolvido entre as estagiárias presentes no infantário foi uma forma de trabalhar em equipa e viver ativamente o seu papel enquanto educador e transmissor de valores de cooperação e partilha. Como educadores somos os primeiros a dar o exemplo nesse sentido, pelo meio de pensar, organizar e adequar os recursos necessários à intervenção pedagógica consistente e a uma educação harmoniosa para as crianças com o qual trabalhamos. Segundo o ME (1997) o trabalho em equipa é uma peça fundamental de reflexão “ (…) sobre a melhor forma de organizar o tempo e os recursos humanos, no sentido de uma acção articulada e concertada que responda às necessidades das crianças e dos pais.” (p. 42).

Por essa razão, o trabalho em equipa é um trabalho que traz à educação, quer de infância, quer aos restantes níveis, qualidade como referi no primeiro capítulo, uma qualidade a nível de interações, de ideias diversificadas e a obtenção de meios diversificados e polivalentes, para o bem-estar da criança. Para apoiar esta minha ideia, Zabalza (1998) refere “ (…) a Educação Infantil é uma ação complexa e polivalente que melhora muito quando possui uma continuidade e é realizada em equipe” (p. 57), ao qual Morgado (2004) acrescenta ser promotor de desenvolvimento profissional pela consecução de uma “ (…) partilha dos sucessos e de reflexão largada sobre a fortíssima fonte de conhecimento que a vida de uma comunidade educativa constitui.” (p. 50).

É assim, em iniciativas em cooperação como as que foram descritas que a formação profissional é enriquecida e com ela a formação pessoal, dando o nosso contributo no desenvolvimento das crianças e sobretudo, no crescimento da instituição como o demonstra Alarcão (2009):

(…) o desenvolvimento institucional parece assentar em pessoas e,

fundamentalmente, na forma como estas interagem e se organizam para trabalharem umas com as outras no lugar de trabalho perspetivado como lugar de construção do sentido das práticas profissionais e das suas eventuais transformações. (Alarcão, 2009, p. 26).