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Capítulo III. Estágio Final no Infantário Rainha Santa Isabel

3.5. Intervenção Pedagógica na Sala Laranja: Dinâmicas e Atividades Desenvolvidas e

3.5.2. Atividades Orientadas e as Áreas de Conteúdo das OCEPE

3.5.2.6. Halloween

Na última semana de outubro é culturalmente festejado o Pão-Por-Deus, porém cada vez mais ao Pão-Por-Deus junta-se a comemoração do Halloween, uma tradição inglesa.

Por essa razão, na sala laranja a semana de 28 a 30 de outubro foi dedicada à consolidação da temática do Pão-Por-Deus e abordagem Halloween, uma temática com sentido para as salas laranja e arco-íris do infantário, por já estarem em contato com a língua inglesa. Assim, criou-se uma parceria entre as estagiárias das respetivas salas, concretizando-se uma dramatização de fantoches intitulada “Halloween, como tudo começou?”.

Para esta dramatização foi criado um guião com duas personagens, o gato Orange e a bruxa Rainbow, em homenagem às salas, contudo sem significação e impacto para os grupos, pelo guião extenso e com algum vocabulário complexo e em inglês.

Além disso, a inexistência de um cenário representativo do teatro, a utilização de um fantocheiro pequeno e uma técnica pouco dinâmica sem contato visual face à extensão do discurso, traduziu-se num reconto onde apenas foi reconhecido a existência de duas personagens, um gato e uma bruxa. Tal situação representou falhas a nível da gestão dos recursos fundamentais para uma atividade do domínio da expressão dramática e na organização de uma atividade motivadora, propiciadora do bem-estar, implicação e interação entre os grupos com os quais trabalhámos, rejeitando a suscitação de um ambiente favorável à aprendizagem, desafiante e potencial no desenvolvimento de competências, destacado por Hohmann, Banet e Weikart (1987).

No reconto da história compreendi que a simbologia do Haloween não estava representada adequadamente na peça de fantoches para as faixas etárias destinadas, pois a linguagem, chave fundamental da interação, não era objetiva, clara e acessível ao seu desenvolvimento cognitivo e linguístico, tornando-a audível, mas não concreta na transmissão de uma ideia decifrável para o grupo. Dada essa situação, o grupo estava agitado conseguindo apenas a sua atenção num curto momento de diálogo, com a utilização de um desdobrável por mim construído com imagens representativas deste marco simbólico inglês (tradição da lanterna Jack, os disfarces e o jogo da doçura ou travessura), concedendo-lhes uma ideia sobre o mesmo, optando por dar início a uma atividade de expressão plástica e ornamentação da sala, em detrimento da exploração da temática, o móbile dos fantasmas.

Com a compreensão de que o primeiro dia de abordagem ao Halloween tinha sido um fracasso foi necessário repensar a minha forma de atuação, sendo que a educadora cooperante esteve sempre disponível, ao longo das oito semanas, para o debate de ideias, reformulação de dinâmica de atividades, sugestões e opiniões críticas construtivas e fundamentais para uma reflexão e conscientização racional sobre a práxis.

Nesse sentido, esta primeira falha na compreensão de uma mensagem e tradição cultural fez-me questionar e procurar novos recursos dinâmicos e representativos, de encontro aos interesses, necessidades e gostos do grupo da sala laranja, que não tornasse esta temática confusa, incoerente e insignificante, mas que promovesse a sua compreensão com a utilização de competências de identificação de objetos, pessoas e interpretação de imagens, sugerida primeiramente com o desdobrável, todavia insuficiente.

Como podemos visualizar seguidamente na Figura 38, o fracasso do primeiro dia de abordagem ao Halloween com a dramatização e a curta exploração do desdobrável, representadas nas primeiras cinco fotografias, teria de ser corrigido e a atividade do móbile ganhar sentido naquela semana. Por isso, dado o sucesso do power point na exploração da origem dos frutos do Pão-Por-Deus optei pela utilização das novas tecnologias para a abordagem, motivação e compreensão dos hábitos e evolução do Halloween na atualidade, concretamente o computador para a visualização de um pequeno vídeo retirado do youtube, “Pikaboo – A festa do Halloween”, direcionado para crianças. Tal instrumento e vídeo repercutiu-se na atenção do grupo e compreensão do Halloween como um dia marcado pela ação de se disfarçar para obter doces, apoiado pelo diálogo na interpretação do vídeo, onde cada um aguardou a sua vez e associou cada disfarce, recorrendo espontaneamente ao desdobrável visualizado no dia anterior, apontando para ele.

Figura 38. As atividades desenvolvidas na temática do Halloween: dramatização, exploração de um desdobrável gráfico, visualização de um pequeno vídeo animado e criação de um móbile de fantasmas

Este recurso não está presente e determinado na planificação desta semana, pois surgiu após refletir sobre a prática e o insucesso do teatro dos fantoches na compreensão da simbologia do Halloween já referenciado, comprovando que realmente a planificação como instrumento orientador do educador é flexível face ao foco central da sua ação, a criança e o seu crescimento, sustentada numa intencionalidade educativa refletida e respeitadora dos seus interesses, sentimentos, necessidades e curiosidade face ao mundo.

No que toca à atividade de expressão plástica, um móbile de fantasmas, criado através da pintura de folhas secas de árvore, desenvolvido em dois dias, surgiu com o intuito de ornamentação para criar um clima fantasmagórico para o baile do Halloween das salas laranja e arco-íris. Assim, dando nova utilidade às folha secas caídas das árvores pela chegada do outono, o grupo de uma forma prazerosa pintou-as, utilizando excesso de tinta branca, em movimentos corretos de cima-baixo/baixo-cima, vendo nesta atividade uma oportunidade espontânea de experienciar a textura da tinta nas mãos e nas folhas de jornal, utilizadas como suporte para a mesma. Esta exploração espontânea dá-se inconscientemente por traduzir a ação que leva a criança a aprender o mundo, que na perspetiva de Hohmann e Weikart (2004) é um ímpeto proveniente do seu interior, interesses, necessidades, questionamentos e invenções, resolvido com a exploração e experimentação, dando origem a novas aprendizagens, conhecimentos e compreensão da vida.