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2 A CONSTRUÇÃO METODOLÓGICA DO SABER HISTÓRICO ESCOLAR POR

3.3 AS ATIVIDADES REALIZADAS

O produto desta dissertação, está estruturado, no modelo aula-oficina, aplicada aos alunos do 6º e 9º ano da Escola Estadual Rui Barbosa. A aula oficina é um modelo de aula em que “o aluno é efetivamente visto como um dos agentes de seu próprio conhecimento, as atividades das aulas, diversificadas e intelectualmente desafiadora, são realizadas por estes e os produtos daí resultantes são integrados na avaliação (BARCA, 2004, p. 131) em consonância com o PPP da Escola Rui Barbosa, ao estabelecer que a avaliação como qualquer atividade ligada ao processo de ensino aprendizagem, necessita de planejamento, acompanhamento e constante averiguação para que realmente seja possível alcançar os objetivos previstos. Portanto, é fundamental que todos os envolvidos se empenhem em planejar, vivenciar e administrar a avaliação do processo ensino aprendizagem. Esse processo coletivo deve ser contínuo, sistemático e qualitativo, por isso precisa e ser constante e planejado, fornecendo respostas que permitam a recuperação e posterior acerto de todos os envolvidos.

Outro aspecto importante, levado em consideração no PPP da escola Rui Barbosa, é a organização curricular, que tem o propósito de expressar o potencial de integração de campos do saber, permitindo e ampliando um frequente diálogo entre cada componente curricular e seus respectivos professores. Essa organização pretende-se perceptível por cada um dos sujeitos envolvidos no processo de ensino aprendizagem e tem como princípio básico a interdisciplinaridade. Portanto essa construção não se limita ao processo interno restrito somente às respectivas áreas, mas se propõe a um entrelaçamento com os componentes curriculares de outras áreas, cujo principal recurso é a contextualização do conteúdo compartilhado, posto que cada uma dessas áreas evoca âmbitos de dimensões presentes na vida pessoal e social, da produção material e cultural da vida humana.

Com o propósito supra descrito o currículo da escola segue um padrão de composição que prima pela intersecção de saberes, que dessa maneira expostos possibilitam a construção de um ser humano integral. Para tanto as disciplinas foram agregadas em torno de um eixo que se desenvolverá bimestralmente até a sua efetiva conclusão no final do ano letivo.

Assim, a proposta de aula-oficina, atende as orientações previstas no PPP da escola e está estruturada em três momentos, subdivido em seis fases, o primeiro momento desenvolvido em sala de aula com três atividades, o segundo momento fora do ambiente escolar com duas atividades e o terceiro momento realizado no espaço escolar com objetivo de acompanhar o

97 desenvolvimento conceitual dos alunos, através de atividades avaliativas em que o aluno deve explicitar como realizou seu trabalho de interpretação da fonte, o que observou e que compreensão obteve com o estudo da fonte selecionada. (Quando 2).

FIGURA 8: QUADRO 2- CRONOGRAMA DE ATIVIDADES REALIZADAS

1º Momento: atividades em sala de aula

Atividade Recursos Objetivos

Atividade 1 – Aplicação de um questionário Prévio.

Questionário semiestruturado

1) Você conhece o Centro Histórico de Belém?

2) O que você sabe sobre o CHB? 3) Você já recebeu alguma informação sobre este lugar?

4) Que lugar do CHB você gostaria de visitar?

5)Você sabe o que é patrimônio? Justifique

6) Em sua opinião, o que é memória?

- Identificar o que os alunos sabem sobre Centro Histórico de Belém, patrimônio e memória.

Atividade 2 - explorando o tema a partir dos dados obtidos no

questionário prévio.

Dados do questionário prévio organizado em tabela

discutir as ideias tácitas sobre patrimônio Histórico, memória e identidade apresentados no questionário prévio.

Atividade 3 – Escrita de narrativas históricas

Dados do questionário prévio Caderno

Caneta

Produzir narrativas históricas, para justificar a escolha do patrimônio histórico escolhido,

2º Momento: atividades realizadas fora do espaço escolar

Atividade Recursos Objetivos

Atividade 4 – Pesquisa no laboratório de informática

Computadores ligados à Internet Fazer downloads do mapa do CHB e traçar no mapa o percurso que será realizado na caminhada pelo centro histórico de Belém, mapeando os lugares da pesquisa.

Atividade 5- Visita ao Forte do Castelo e Praça Frei Caetano Brandão.

Fichas para anotações. Canetas

Celular com câmera e gravador de voz

- Ler fontes históricas diversas, apresentadas nos objetos e monumentos visitados

. 3º Momento: atividades realizada em sala de aula

Atividade Recursos Objetivos

Atividade 6 – Avaliação das aprendizagens e da evolução das ideias tácitas dos alunos.

Conversa com os alunos. Produção de narrativas históricas Confecção de maquete

Painel fotográfico.

Expressar a sua interpretação e compreensão das experiências humanas ao longo do tempo.

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A atividade 1 inicia com a aplicação de questionário prévio para verificar o conhecimento que os alunos já possuem sobre o tema (ilustrado no Quadro 1). A partir da leitura das respostas dos alunos, observamos que a maioria dos estudantes do 6º ano responderam que não conheciam o CHB, os alunos do 9º ano100% responderam que conheciam. Na questão 2 – O que você sabe sobre o CHB? Poucos alunos conseguiram responder de maneira coerente, relacionando a memória as lembranças associadas ao que é veiculado como narrativa histórica na cidade. Quanto à questão 3 – Você já recebeu alguma informação sobre este lugar? Podemos observar que os alunos sabiam alguma coisa sobre o CHB, mas, tinham dificuldades em transpor este conhecimento para a escrita, pois muitos ao invés de falar o que sabiam, citaram alguns patrimônios do CHB. Na questão 4) que lugar do CHB você gostaria de visitar? O Forte do Castelo e a Praça Frei Caetano Brandão foram os lugares mais indicados pelas duas turmas. 5) você sabe o que é patrimônio? Justifique. Os alunos do 6º ano responderam não sabiam, entre os alunos do 9º ano 80% responderam sim, citaram como exemplo de patrimônio casa, carro, prédios. 6) em sua opinião, o que é memória? 20% dos alunos disseram não saber, 80% referiram-se à memória como lembranças do passado.

Após a análise dos conhecimentos prévios, elaboramos uma sequência de aulas- oficinas partindo do pressuposto de que os alunos são detentores do seu próprio conhecimento (BARCA, 2004). Assim, na segunda aula foi realizado o estudo dos conceitos de patrimônio, sob a perspectiva de François Hartog (2006), Sandra Pelegrini (2009) e Paolli (1992). Utilizamos também as reflexões Maurice Halbwachs, e Stuart Hall para a discussão e debate dos conceitos de memória e identidade em suas várias concepções, apresentando o centro histórico de Belém como lugar em que se desenvolve a memória. Neste momento, discutimos juntamente com os alunos os conceitos aplicados no questionário demonstrando que o Centro Histórico é um lugar constituído de memórias que formam as identidades. Na terceira aula, foi realizado a escolha do lugar onde se desenvolveria a pesquisa e exercício da escrita de narrativas, para justificar a escolha de um determinado lugar em detrimento de outros.

No segundo momento, quarta atividades, realizada foi a pesquisa no laboratório de informática, com objetivo de construir um Circuito histórico cultural traçado a partir da Escola Estadual Rui Barbosa, com parada na frente da Igreja de São João, Igreja de Santo Alexandre, Forte do Castelo, Casa das Onze Janelas e a Praça Frei Caetano Brandão.

A quinta atividade realizou-se no Forte do Castelo e na Praça Frei Caetano Brandão. No Forte do Castelo a visita foi acompanhada por monitores do referido espaço que explicaram para os alunos os procedimentos e cuidados que os mesmos deveriam ter dentro do museu,

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também deram informações sobre os objetos e peças de cerâmica expostos; sobre a história da antiga construção denominada “Forte do Presépio” e os usos e significados do espaço no período da colonização, no período da cabanagem e no contexto atual. Em seguida os alunos organizados em pequenos grupos iniciaram a atividade de interpretação de fontes históricas, explorando os espaços, para identificar vestígios do passado e construir suas narrativas históricas. Prosseguindo o Circuito Histórico, visitamos o monumento da Praça Frei Caetano Brandão, apresentado para os alunos um pouco da história da praça como lugar considerado o ponto de partida do encontro entre colonos e indígenas, no processo de colonização de Belém e interior da região. Considerada marco inicial da ocupação portuguesa na Amazônia.

Durante o percurso, os alunos foram colocados em contato direto com as construções históricas, localizadas no entorno da Praça Frei Caetano Brandão, neste momento os alunos tiveram a oportunidade de observar a parte externa do Forte do Castelo e da Casa das Onze Janelas, visitamos o Museu de Arte Sacra da Igreja de Santo Alexandre e a Igreja da Sé, retornando para a escola por volta das 12 horas.

A sexta atividade destinada a avaliação, realizada em sala de aula, com as cadeiras organizadas em círculo, organizamos uma roda de conversa, para que os estudantes manifestassem espontaneamente suas impressões sobre a aula oficina relatando o que aprenderam com a atividade desenvolvida.

Ressalto aqui a importância da valorização do trabalho dos alunos, como uma forma de incentivá-los cada vez mais na produção de novas narrativas aperfeiçoando cada vez mais o conhecimento que está sendo construído.

Selecionamos alguns trabalhos para compor esta dissertação, afim de evidenciar os resultados obtidos. A turma do 6º ano, optou por produzir trabalho de colagem, desenho e pinturas. Na turma do 9ª ano, foram produzidos seis textos, dos quais três compõe esta dissertação, para mostrar o resultado obtido com o uso das fontes patrimoniais, os textos apontam a possibilidade de outras investigações, a partir dos fatos históricos mencionados e dos questionamentos levantados. Os grifos nos textos produzidos pelos alunos indicam os novos temas que serão trabalhados nas disciplinas História, Estudos Amazônicos e Geografia.

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