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2. DA TEORIA À PRÁTICA

2.2. Estágio no quadro do 1.º Ciclo do Ensino Básico

2.3.1. A que sabe a lua?, de Miguel Grejniek

2.3.1.1. Atividades realizadas em contexto pré-escolar

O meu estágio curricular em contexto de educação pré-escolar foi efetuado entre fevereiro e maio de 2012. A esta altura ainda não tinha totalmente definido o tema deste relatório e, como consequência disso, não realizei atividades que poderia ter realizado se já soubesse que seria este o tema que viria a desenvolver.

Assim sendo, às atividades que realizei presidiu outro objetivo, que, ainda assim, vai ao encontro do que está a ser trabalhado neste relatório.

Relembro que realizei o meu estágio no Infantário de Vila Real (Instituição Particular de Solidariedade Social), com um grupo de 20 crianças de 4 anos.

Conforme está explicado na minha planificação (cf. Anexo D), as atividades que desenvolvi com o grupo centradas na obra A que sabe a lua? foram as seguintes:

 leitura da história;

 reconto da história;

 desenho alusivo à história;

 registo escrito da história.

Aquando da realização da primeira atividade, as crianças estavam sentadas numa roda, bastante atentas à minha leitura e às imagens do livro que eu ia mostrando à medida que lia a história.

Depois da leitura, pedi aos meninos que me recontassem a história. Apesar de esta ser direcionada para os 6 anos, estes meninos de 4, a meu ver, compreenderam-na perfeitamente.

O grupo recontou a história com uma sequência lógica, explicando algumas das reações das personagens e, indiretamente, a mensagem da história.

De seguida, pedi que fizessem um desenho alusivo à história e, de uma maneira ou outra, todos cumpriram a atividade com sucesso.

Por fim, efetuei o registo escrito por tópicos, isto é, um resumo da história apresentado pelas crianças, que foi afixado na sala.

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2.3.1.1.1. Resultados

Tendo em conta o que nos dizem as OCEPE (1997:65), e ao contrário do que se possa pensar, a abordagem à escrita, sem qualquer margem para dúvidas, faz parte da educação pré-escolar. Antes, estava conceptualizada a ideia de que a leitura e a escrita só deveriam ter o seu espaço no 1.º Ciclo do Ensino Básico.

Assim sendo, há que planificar e fomentar atividades que desenvolvam este domínio. Já que estas duas componentes são parte integrante da vida quotidiana de bastantes crianças, a todas elas deverá ser dada a oportunidade de ter estas experiências em contexto de educação pré-escolar (cf. ME, 1997:69).

O educador tem um papel fundamental neste âmbito:

«A atitude do educador e o ambiente que é criado devem ser facilitadores de uma familiarização com o código escrito. Neste sentido, as tentativas de escrita, mesmo que não conseguidas, deverão ser valorizadas e incentivadas» (ME, 1997:69).

O educador, ao fazer registos escritos, colocando as crianças a observar, faz com que estas compreendam melhor como e para que se escreve (cf. ME, 1997:71).

Quanto às novas tecnologias, estas são formas de linguagem com as quais muitas crianças contactam diariamente e, desta forma, têm cada vez mais relevo na educação pré-escolar (cf. ME, 1997:72).

Tendo em conta o que está acima descrito e relacionado com o tema deste relatório, como já mencionei, quando efetuei o estágio ainda não tinha esse tema bem definido; ainda assim, indiretamente, desenvolvi uma atividade relacionada com ele, mas mais direcionada para o desenvolvimento do chamado domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita.

Assim, a leitura que fiz, às crianças, da história A que sabe a lua? foi realizada através de suporte digital, com recurso a um powerpoint animado (cf. Anexo C). Desta maneira, não recorri ao tradicional livro, mas, sim, a um suporte diferente, permitindo à criança contactar com as novas tecnologias, que têm cada vez mais impacto na nossa sociedade. Na minha opinião, é importante que a criança vá tendo contacto com este tipo de tecnologias, de modo a acompanhar a sociedade em que está inserida e a adaptar-se à mesma.

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Mostrava sempre às crianças cada slide que lia da história, de modo a elas acompanharem a leitura por via do código escrito e das imagens.

O término desta atividade deu-se com um novo registo escrito da história. As crianças disseram-me o que eu tinha de escrever no papel para a história ficar registada e, apesar de ter sido eu a escrever, a turma esteve sempre presente e viu tudo, observando, assim, como se escreve e percebendo, aos poucos, para que se escreve. Aliás, antes deste registo escrito, foi efetuado, pelas crianças, o registo da história em forma de desenho, em que, além de fazer o desenho, tiveram de escrever os seus nomes e a data, e copiar o título da história.

Ilustração 4 – Registo sob a forma de desenho

Ilustração 5 – Registo escrito

Como indicado no ponto 1.5 deste relatório, confirma-se que, como diz Sprintall (apud Silva, 2012:23), «no primeiro estádio […], pré-operatório, o pensamento [da criança entre os 2 e os 7 anos] é alvo de uma transformação qualitativa. […] a sua capacidade de armazenamento de imagens […] aumenta tremendamente […]».

Quando acabei de contar a história, pedi às crianças que ma recontassem. Fizeram-no corretamente e, sem ter pedido mais nada, elas próprias, indiretamente, disseram qual era a mensagem da história:

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«A lua enganou-se bem quando pensou que o rato, só por ser pequenino, não lhe conseguia tocar».

«O peixe não estava a perceber que a lua que via na água não era a verdadeira». Aqui, na minha opinião, está uma das provas em como através da Língua, neste caso, Portuguesa se pode formar a personalidade de uma criança. Sem esquecer que a mensagem transmitida pela história terá de ser interpretada pela criança tendo em conta a sua vivência, as respostas acima mostram que as crianças perceberam a mensagem da história e os principais valores morais que dela se depreendem (cf. ponto 1.7).

Como salientado no ponto 1.7, ao ler/ouvir histórias, «o mundo [da criança] não terá mudado, mas a leitura que ela fará do mundo é que nunca mais será a mesma» (Rigolet, 1997:109). Assim, na minha opinião, quanto mais criativa for a maneira de fomentar esta “arte”, melhor será interiorizado pela criança este ideal. Neste caso, o facto de a história ter sido contada num registo diferente daquele a que a criança estava habituada foi o ponto fulcral da atividade. E, ainda na minha opinião (tendo por base a minha fundamentação teórica), tudo o que uma criança retém de uma história é refletido nas suas ações diárias.

Para concluir, apesar de esta atividade não ter estado direcionada para o tema deste relatório, consegui tirar algum “proveito” dela. O conteúdo da história está relacionado com o quotidiano das crianças, ou seja, tudo na história lhes é familiar, é do seu conhecimento, o que ajuda bastante para que compreendam melhor a mensagem da mesma. Tive o cuidado de contar a história com uma entoação motivadora, para que as crianças “entrassem” na história o mais possível.

Através de uma simples história sobre alguns animais que queriam saber a que sabia a lua, as crianças, por si mesmas, aprenderam o sentido de cooperação,

persistência, ingenuidade, inocência, motivação, força de vontade e união:

«o próprio da pedagogia é introduzir nos processos de expressão das crianças o elemento afetivo» (Freinet, apud Rigolet, 1997:124, conforme citado no ponto 1.7).

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