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CAPÍTULO V – CONTAS AMBIENTAIS

5.1 Ativos ambientais

Ativos ambientais são considerados todos os bens e direitos da entidade, relacionados com a proteção, preservação e recuperação ambiental, e que estejam aptos a gerar benefícios econômicos futuros para entidade. Estes ativos podem estar nos seguintes subgrupos de contas:

a) ATIVO CIRCULANTE

ESTOQUES AMBIENTAIS – devem ser classificados nesta conta os estoques de materiais, produtos em processo ou produtos acabados, relacionados com o objetivo de proteção, preservação ou recuperação ambiental. Como exemplo, podem ser citados o estoque de produtos reciclados, os bens fruto do processo produtivo normal, anteriormente descartado, e que a empresa está reciclando para serem vendidos ou utilizados como matéria-prima pela própria entidade ou por outras empresas. (Ver Quadro 7).

b) ATIVO PERMANENTE

Este subgrupo está divido em: Investimentos ambientais, Imobilizado ambiental e Diferido ambiental.

INVESTIMENTO AMBIENTAL – classificam-se como investimento ambiental os gastos com reflorestamento ou aquisições de florestas com o objetivo de recuperar o meio ambiente ou mantê-lo preservado. (Ver Quadros 8, 9 e 10).

IMOBILIZADO AMBIENTAL – são classificadas como imobilizado ambiental as contas referentes a máquinas, equipamentos e instalações adquiridas com o propósito de proteger, preservar ou recuperar o meio ambiente, bem como reflorestamentos realizados pela entidade. São exemplos de imobilizado ambiental a aquisição de filtros para tratamento de efluentes ou motores que emitem menos, ou não emitem, gases tóxicos no ambiente. O imobilizado ambiental está sujeito à depreciação ou exaustão, conforme o caso, nos termos e percentuais estabelecidos pela legislação em vigor. (Ver Quadros 11, 12, 13 e 14).

O reflorestamento, quando considerado imobilizado ambiental, causa impactos ambientais negativos, ligados ao esgotamento do solo e do lençol freático, que devem ser valorados e evidenciados através de registros contábeis. Esses impactos ambientais negativos devem ser minimizados através de ações decorrentes de

gestão ambiental e, conseqüentemente, os registros contábeis desses fatos devem ocorrer em virtude desses gastos, obedecendo ao Princípio da Oportunidade.

A exploração de jazidas, também considerada Imobilizado Ambiental, causa impactos ambientes negativos que devem ser valorados e evidenciados através de registros contábeis, como exemplificados na parte referente a passivos ambientais. Esses impactos ambientais negativos também deveriam ser minimizados através de ações decorrentes de gestão ambiental com os conseqüentes registros contábeis próprios.

As contas do ativo imobilizado, com exceção daquelas que vão se valorizando com o passar do tempo, como a conta de terrenos, sofrem desgastes ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência (art. 183, § 2º, “a”, da Lei 6.404/76), chamados de depreciação. Pode ocorrer também uma perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial (art. 183, § 2º, “b”, da Lei 6.404/76), chamados de amortização, aplicável também às contas do ativo diferido ou ainda, perda do valor, decorrente da exploração, de direitos cujo objeto seja recursos minerais ou florestais ou bens aplicados na sua exploração (art. 183, § 2º, “c”, da Lei 6.404/76), chamados de exaustão.

Essas perdas são registradas e aparecem demonstradas deduzindo as contas do ativo imobilizado, motivo pelo qual são chamadas de contas redutoras.

DEPRECIAÇÃO ACUMULADA AMBIENTAL – conta utilizada para registro de perda de valor de direitos que tem por objeto bens físicos relacionados à preservação ou recuperação ambiental, em decorrência de uso, ação da natureza ou obsolescência. (Ver Quadro 18).

AMORTIZAÇÃO ACUMULADA AMBIENTAL – o art. 183, § 2°, “b” da Lei 6.404/76, estabelece que se caracteriza Amortização Acumulada “quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado”. É válido ressaltar que o mesmo dispositivo se aplica a uma situação considerada ambiental. As despesas diferidas sofrem amortização periodicamente e a taxa a ser utilizada para determinação do valor a ser amortizado será estabelecida de acordo com o período de duração do contrato, não podendo ser em prazo superior a 10 (dez) anos, a partir do início da operação normal ou do exercício em que passem a ser usufruídos os benefícios deles decorrentes, de acordo com § 3°, art. 183 da Lei 6.404/76. (Ver Quadro 19).

EXAUSTÃO ACUMULADA AMBIENTAL – conta utilizada para registro da perda do valor de recursos minerais ou florestais, ou mesmo de bens aplicados na sua exploração, em decorrência de exploração.40 (Ver Quadro 20).

DIFERIDO AMBIENTAL – deverão ser registradas nesta conta as despesas relacionadas com pesquisas ou estudos para desenvolvimento de tecnologia ou produtos, visando reduzir ou acabar com impactos ambientais negativos e que contribuirão para geração de receitas em exercícios futuros específicos. (Ver Quadros 15, 16 e 17).

Destaca-se neste subgrupo do Ativo Permanente o tratamento dado às ações de florestamento e reflorestamento por parte da entidade, conforme segue:

Se o gasto for realizado com o objetivo de reflorestar o ambiente natural degradado, sem que haja a pretensão de continuar degradando, ou seja, a entidade realiza o gasto com o objetivo de recuperar o meio ambiente, devem ser registrados como Investimento ambiental. Para Ferreira (2003, p. 98), “[…]

refere-se ao investimento em área de reflorestamento com o objetivo de realizar o seqüestro de carbono.[…]”. Esta conta não se sujeita à exaustão, nos termos do art. 183, § 2°, da Lei 6.404/76, que estabelece que a diminuição de elementos do ativo imobilizado será registrada periodicamente como exaustão quando: “[…]

corresponder à perda do valor, decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.”

(grifo nosso). Logo, como este ativo não está classificado no imobilizado e nem sofrerá exploração, não há o que se falar em exaustão. Pela ótica de Ribeiro (2005, p. 62), não seria possível a existência de Investimentos Ambientais, isto é, “[..]

não cabe no Ativo Permanente a figura do Investimento Ambiental, mas sim do Imobilizado Ambiental e do Diferido Ambiental”. Contudo, não é possível a concordância com o posicionamento da autora em questão, pelos motivos expostos neste item.

Se o gasto for realizado com o objetivo de aplicação da madeira desses florestamento ou reflorestamento no processo produtivo, a classificação será como Imobilizado ambiental. Este ativo será formado por todos os gastos necessários à viabilização do imobilizado e sofrerá exaustão ambiental, pelo método de

40 Lei 6.404/76, art. 183, § 2°, a.

unidades produzidas (extraídas). Conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p.

197), “o método de cálculo da exaustão, que deve ser utilizado para fins contábeis, é o método de unidades produzidas (extraídas)”. O valor decorrente dessa exploração deverá compor o custo de produção da empresa, conforme o bem produzido e o fim a que se destina a madeira. Se a destinação for matéria-prima, a contrapartida da exaustão ambiental acumulada será o custo com matéria-prima direta, neste caso, tem-se como exemplo a madeira utilizada no processo de fabricação de móveis ou na fabricação de papel; caso a madeira seja utilizada como lenha no processo produtivo, a classificação será como custos indiretos de produção.

Se a empresa adquire uma área de floresta, deverá classificá-la de acordo com a destinação pretendida: a) se o objetivo for mantê-la intocada, a classificação será como Investimento Ambiental, pois o objetivo do ativo não é ser usado no processo produtivo, e também não sofrerá exaustão, pois não será extraída; b) se o objetivo for explorá-la para aplicação na atividade produtiva da empresa, a classificação será como Imobilizado Ambiental, conforme exposto no item 6.3 deste trabalho.