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Considerações sobre o assunto

CAPÍTULO V – CONTAS AMBIENTAIS

6.5 Considerações sobre o assunto

Este capítulo confirma os pressupostos levantados na Introdução deste trabalho, quais sejam: 1) os impactos ambientais e as medidas mitigadoras alteram o patrimônio das empresas, sendo, portanto, fatos contábeis passíveis de registros e evidenciações; 2) os eventos ambientais representam fatos contábeis, devendo ser registrados através de lançamentos, por meio de contas específicas; 3) se os registros dos fatos contábeis ambientais ocorrerem em contas específicas, os demonstrativos de que dispõe a ciência são bastantes e suficientes para mostrar, com transparência, a relação entre a empresa e o meio ambiente; e 4) os relatórios contábeis publicados pelas sociedades anônimas que desenvolvem atividades impactantes ao meio ambiente no Piauí não refletem a totalidade de suas relações ambientais.

Os gráficos apresentados neste capítulo mostram, em termos contábeis, que a maioria dos impactos ambientais negativos (92%) são representados por contas de passivo ambiental, sendo poucos (8%) representados por conta de reserva para contingência ambiental, do patrimônio líquido. Com relação às medidas mitigadoras, é possível observar uma maior diversidade de contas evidenciando interações entre empresa e meio ambiente, como: passivo ambiental (não por ser elemento negativo propriamente dito, mas por representar ações que visam reduzir os danos já causados ao meio ambiente), investimento ambiental, diferido ambiental, imobilizado ambiental, patrimônio líquido (representados por reservas para contingências ambientais) e, em menor escala, por alguns eventos representados somente por contas de resultado (custos, despesas ou receitas), aparecendo na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

Através dos quadros comparativos entre as informações constantes nos demonstrativos ambientais (EIA/RIMA) e nos demonstrativos contábeis (BP/DRE) das empresas pesquisadas, pode-se constatar que estas empresas declararam formalmente que iriam realizar diversos eventos para implementação e realização de suas atividades. Todos esses eventos declarados devem e podem, com base nos princípios e normas contábeis, ser registrados na contabilidade por meio de lançamentos conforme apresentado nas 41 propostas de lançamento (Quadros 7 a 49).

É possível também que a empresa realize adaptações em seu plano de contas através do acréscimo de contas com títulos específicos, visando dar transparência às informações ambientais na escrituração e nos demonstrativos contábeis.

Embora os princípios e as normas contábeis já existentes sejam bastante para orientar o registro de fatos contábeis ambientais, uma norma com orientações específicas sobre o registro de fatos contábeis ambientais poderia ser elaborada, principalmente por ser este um assunto ainda pouco estudado e discutido.

Finalmente, é interessante sugerir que na composição da equipe responsável pela elaboração dos estudos necessários ao processo de licenciamento (art. 11, Resolução CONAMA nº 237/97) seja obrigatória a presença de um profissional de contabilidade, devidamente habilitado. Esse profissional seria responsável pela elaboração de relatório contábil sobre os custos, despesas e investimentos previstos para a efetivação das atividades constantes no EIA/RIMA, de modo que nos balanços anuais seja possível averiguar sobre os gastos realizados pelas empresas, facilitando assim a fiscalização quanto ao cumprimento de suas obrigações. Este procedimento facilitaria o planejamento das atividades da empresa nesta seara e permitiria aos clientes, órgãos ambientais, Ministério Público e comunidade em geral avaliar sobre o cumprimento de sua responsabilidade ambiental.

CONCLUSÕES

Os impactos ambientais e as medidas mitigadoras apresentados nos EIA e RIMA, quando implementados, trazem repercussões no patrimônio das empresas em conseqüência das alterações produzidas em seus bens, direitos e obrigações, bem como em despesas/custos e receitas, alterando não somente o meio ambiente, como também os resultados da entidade; sendo, portanto, considerados fatos contábeis e passíveis de escrituração e evidenciação nos termos dos Princípios e normas contábeis.

Sugere-se que na composição da equipe responsável pela elaboração dos estudos necessários ao processo de licenciamento (art. 11, Resolução CONAMA nº 237/97) seja obrigatória a presença de um profissional de contabilidade, devidamente habilitado. Esse profissional seria responsável pela elaboração de relatório contábil sobre os custos, despesas e investimentos necessários para a efetivação das atividades constantes no EIA/RIMA, de modo que nos balanços anuais seja possível averiguar sobre os gastos realizados pelas empresas, facilitando assim a fiscalização quanto ao cumprimento de suas obrigações. Este procedimento facilitaria o planejamento das atividades da empresa nesta seara e permitiria aos clientes, órgãos ambientais, Ministério Público e comunidade em geral avaliar sobre o cumprimento de sua responsabilidade ambiental.

Da análise dos Demonstrativos Contábeis das empresas pesquisadas pôde-se constatar que as mesmas não evidenciaram informações ambientais decorrentes do desenvolvimento de suas atividades declaradas através dos seus relatórios ambientais (EIA/RIMA), embora tenham sido registrados entre seis e 22 impactos ambientais e entre nove e trinta medidas mitigadoras em cada um dos diferentes EIA/RIMAs, permitindo concluir que: a) ou as empresas não estão respondendo às suas obrigações de fazer constantes nos EIA/RIMAs, colocando-se em uma posição de vulnerabilidade perante o

ordenamento jurídico vigente (passíveis de embargos, multas e outros) ou b) as empresas estão respondendo suas obrigações de fazer mas não estão contabilizando esses fatos, ferindo os Princípios Contábeis, além de perder a oportunidade de manter uma boa imagem perante clientes e investidores.

A simulação dos registros contábeis, decorrentes das informações constantes nos EIA/RIMAs das empresas sob estudo, indicou que 92% dos impactos ambientais negativos apresentaram relação com contas de passivo ambiental, enquanto apenas 8% se relacionaram com contas de Reserva para Contingências Ambientais (Patrimônio Líquido).

A mesma simulação possibilitou observar que a maior quantidade de medidas mitigadoras observadas nos EIA/RIMAs analisados são destinadas à flora (manutenção de florestas nativas ou reflorestamento de áreas degradadas), seguidas de medidas relacionadas a programas de controle e monitoramento dos recursos hídricos, assim como construção de obras de drenagem superficial.

São poucas as situações em que se necessita a utilização de métodos de valoração ambiental para estimativa dos valores a serem lançados, sendo basicamente nos casos de passivo ambiental: provisão, degradação, indenizações e contingências. Para o registro de reserva para contingências ambientais, no patrimônio líquido, não se utiliza métodos de valoração ambiental, pois o lançamento terá como valor um montante definido pela administração que será destacado dos lucros da empresa, embora, para estimativa desse montante seja necessária a utilização de um dos métodos. Nas demais situações, os registros devem ser feitos pelos valores efetivamente pagos, auferidos ou dependidos para realização do fato contábil ambiental, não sendo, portanto, a dificuldade de valoração o motivo real de omissão de registros ambientais na contabilidade.

Estes mesmos dados permitiram registrar que os impactos ambientais negativos são representados basicamente por contas de passivos ambientais, enquanto as medidas mitigadoras, por sua vez, são representadas por uma diversidade de contas ambientais (investimento ambiental, imobilizado ambiental, diferido ambiental, passivo ambiental, patrimônio líquido e contas de resultado).

Quando, mesmo ferindo os Princípios contábeis, a entidade opta por não informar, nem nos demonstrativos nem em notas explicativas, os fatos contábeis ambientais realizados, ela fornece informações distorcidas e equivocadas de seu patrimônio. Isto compromete não somente suas ações, como também as de terceiros

interessados na entidade, e toda a sociedade, na medida em que esta prescindirá de informações para a tomada de decisões que são de interesse de todos.

Em termos contábeis, há uma carência de normas para orientar o registro e a demonstração de fatos contábeis, relacionados ao meio ambiente, que considerem os efeitos decorrentes da atividade da empresa na natureza, como algo que traz repercussões em seu patrimônio. Deste modo, é fundamental que estes sejam escriturados e evidenciados como os demais fatos contábeis da entidade.

A escrituração de fatos contábeis ambientais pode ser realizada de acordo com as normas de escrituração estabelecidas através da NBC-T 2 – DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL.

O registro de fatos contábeis ambientais em contas específicas faz com que as interações empresa/meio ambiente sejam informadas com as características exigidas pela norma contábil que orienta informações contábeis (NBC-T 1 – DAS CARACTERÍSTICAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL), quais sejam: confiabilidade, tempestividade, compreensibilidade, no sentido de ser exposta na forma mais compreensível ao usuário e para comparabilidade.

Os fatos contábeis decorrentes da relação empresa/meio ambiente, escriturados na Contabilidade, por meio de contas específicas e evidenciadas nas atuais demonstrações contábeis estabelecidas através da Lei nº 6.404/76, são suficientes e imprimem confiabilidade às informações ambientais prestadas.

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ANEXO ÚNICO

ANEXO ÚNICO

RESOLUÇÃO CFC Nº 1.003/04 DE 19 DE AGOSTO DE 2004

APROVA A NBC T 15 - INFORMAÇÕES DE NATUREZA SOCIAL E AMBIENTAL.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

CONSIDERANDO que as Normas Brasileiras de Contabilidade e suas Interpretações Técnicas constituem corpo de doutrina contábil que estabelece regras de procedimentos técnicos a serem observadas quando da realização de trabalhos;

CONSIDERANDO que a forma adotada de fazer uso de trabalhos de instituições com as quais o Conselho Federal de Contabilidade mantém relações regulares e oficiais está de acordo com as diretrizes constantes dessas relações;

CONSIDERANDO que o Grupo de Trabalho das Normas Brasileiras de Contabilidade, instituído pelo Conselho Federal de Contabilidade, atendendo ao que está disposto no Art. 1º da Resolução CFC nº 751,de 29 de dezembro de 1993, elaborou a NBC T 15 – Informações de Natureza Social e Ambiental.

CONSIDERANDO que por se tratar de atribuição que, para o adequado desempenho, deve ser empreendida pelo Conselho Federal de Contabilidade em regime de franca, real e aberta cooperação com o Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários, o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, o Instituto Nacional de Seguro Social, o Ministério da Educação, a Secretaria Federal de Controle, a Secretaria da Receita Federal, a Secretaria do Tesouro Nacional e a Superintendência de Seguros Privados,

RESOLVE:

Art. 1º - Aprovar a NBC T 15 – INFORMAÇÕES DE NATUREZA SOCIAL E AMBIENTAL.

Art. 2º - Esta Resolução entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2006, sendo recomendada a sua adoção antecipada.

Brasília, 19 de agosto de 2004.

Contador JOSÉ MARTONIO ALVES COELHO Presidente

NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE

NBC T 15 – INFORMAÇÕES DE NATUREZA SOCIAL E AMBIENTAL

15.1 – CONCEITUAÇÃO E OBJETIVOS

15.1.1 – Esta norma estabelece procedimentos para evidenciação de informações de natureza social e ambiental, com o objetivo de demonstrar à sociedade a participação e a

responsabilidade social da entidade.

15.1.2 – Para fins desta norma, entende-se por informações de natureza social e ambiental:

a) a geração e a distribuição de riqueza;

b) os recursos humanos;

c) a interação da entidade com o ambiente externo;

d) a interação com o meio ambiente.

15.1.3 – A Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental, ora instituída, quando elaborada deve evidenciar os dados e as informações de natureza social e ambiental da entidade, extraídos ou não da contabilidade, de acordo com os procedimentos

determinados por esta norma.

15.1.4 – A demonstração referida no item anterior, quando divulgada, deve ser efetuada como informação complementar às demonstrações contábeis, não se confundindo com as notas explicativas.

15.1.5 – A Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental deve ser

apresentada, para efeito de comparação, com as informações do exercício atual e do exercício anterior.

15.2 – INFORMAÇÕES A SEREM DIVULGADAS

15.2.1 – Geração e Distribuição de Riqueza

15.2.1.1 – A riqueza gerada e distribuída pela entidade deve ser apresentada conforme a Demonstração do Valor Adicionado, definida na NBC T 3.

15.2.2 – Recursos Humanos

15.2.2.1 – Devem constar dados referentes à remuneração, benefícios concedidos, composição do corpo funcional e as contingências e os passivos trabalhistas da entidade.

15.2.2.2 – Quanto à remuneração e benefícios concedidos aos empregados, administradores, terceirizados e autônomos, devem constar:

a) remuneração bruta segregada por empregados, administradores, terceirizados e autônomos;

b) relação entre a maior e a menor remuneração da entidade, considerando os empregados e os administradores;

c) gastos com encargos sociais;

d) gastos com alimentação;

e) gastos com transporte;

f) gastos com previdência privada;

g) gastos com saúde;

h) gastos com segurança e medicina do trabalho;

i) gastos com educação (excluídos os de educação ambiental);

j) gastos com cultura;

k) gastos com capacitação e desenvolvimento profissional;

l) gastos com creches ou auxílio-creches;

m) participações nos lucros ou resultados.

15.2.2.3 – Estas informações devem ser expressas monetariamente pelo valor total do gasto com cada item e a quantidade de empregados, autônomos, terceirizados e administradores beneficiados.

15.2.2.4 – Nas informações relativas à composição dos recursos humanos, devem ser evidenciados:

a) total de empregados no final do exercício;

b) total de admissões;

c) total de demissões;

d) total de estagiários no final do exercício;

e) total de empregados portadores de necessidades especiais no final do exercício;

f) total de prestadores de serviços terceirizados no final do exercício;

g) total de empregados por sexo;

h) total de empregados por faixa etária, nos seguintes intervalos:

menores de 18 anos de 18 a 35 anos de 36 a 60 anos acima de 60 anos

i) total de empregados por nível de escolaridade, segregados por:

analfabetos

com ensino fundamental com ensino médio com ensino técnico com ensino superior pós-graduados

j) percentual de ocupantes de cargos de chefia, por sexo.

15.2.2.5 – Nas informações relativas às ações trabalhistas movidas pelos empregados contra a entidade, devem ser evidenciados:

a) número de processos trabalhistas movidos contra a entidade;

b) número de processos trabalhistas julgados procedentes;

c) número de processos trabalhistas julgados improcedentes;

d) valor total de indenizações e multas pagas por determinação da justiça.

15.2.2.6 – Para o fim desta informação, os processos providos parcialmente ou encerrados por acordo devem ser considerados procedentes.

15.2.3 – Interação da Entidade com o Ambiente Externo

15.2.3.1 – Nas informações relativas à interação da entidade com o ambiente externo, devem constar dados sobre o relacionamento com a comunidade na qual a entidade está inserida, com os clientes e com os fornecedores, inclusive incentivos decorrentes dessa interação.

15.2.3.2 – Nas informações relativas à interação com a comunidade, devem ser evidenciados os totais dos investimentos em:

a) educação, exceto a de caráter ambiental;

b) cultura;

c) saúde e saneamento;

d) esporte e lazer, não considerados os patrocínios com finalidade publicitária;

e) alimentação.

15.2.3.3 – Nas informações relativas à interação com os clientes, devem ser evidenciados:

a) número de reclamações recebidas diretamente na entidade;

b) número de reclamações recebidas por meio dos órgãos de proteção e defesa do consumidor;

c) número de reclamações recebidas por meio da Justiça;

d) número das reclamações atendidas em cada instância arrolada;

e) montante de multas e indenizações a clientes, determinadas por órgãos de proteção e defesa do consumidor ou pela Justiça;

f) ações empreendidas pela entidade para sanar ou minimizar as causas das reclamações.

15.2.3.4 – Nas informações relativas aos fornecedores, a entidade deve informar se utiliza critérios de responsabilidade social para a seleção de seus fornecedores.