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A noção de ator provém das ciências sociais e se refere à lideranças, partidos políticos, orga- nizações sindicais, associações de classe, entidades religiosas, organizações comunitárias e quaisquer outras formas de organização e representação de interesses que se apresentem na cena política, seja no âmbito político mais geral seja no âmbito mais específico, como é o caso do cenário político em saúde. Para Testa (1992, 1995), um ator político é aquele capaz de in- troduzir temas na agenda do Estado, ou seja, um ator individual ou coletivo, uma organização capaz de inserir determinado problema no debate político em torno da elaboração de pro- postas de intervenção sobre determinados problemas. Na análise política em saúde pode-se, portanto, identificar os “atores-chave”, envolvidos diretamente na formulação e implemen- tação de propostas de ação com relação a determinado problema. São os atores setoriais, isto

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GLOSSÁRIO DE ANÁLISE POLÍTICA EM SAÚDE

é, os atores políticos identificados no âmbito do setor saúde, como por exemplo, os gestores do sistema, prestadores de serviços, trabalhadores e os usuários do sistema, geralmente re- presentados por suas entidades e organizações específicas e ainda os atores extra setoriais, atores políticos identificados em outros setores, distintos do setor saúde e que podem ter importância, quer pela possibilidade de se tornarem aliados em um processo de articulação de ações conjuntas de caráter intersetorial, quer por se constituírem em adversários políticos no debate e tomada de decisões em relação à questões de interesse para a saúde. (TEIXEIRA, 2010) Na perspectiva neo-institucionalista (KINGDON, 2011) é possível distinguir os atores governamentais dos não governamentais, bem como identificar os atores visíveis e os invi- síveis, como o nome indica, aqueles que aparecem na cena e os que atuam nos bastidores do processo de tomada de decisões.

Referências

KINGDON, J. W. Agendas, alternatives, and Public Policies. 2. ed. Washington, USA: LONGMAN, 2011. TESTA, M. Pensar em Saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

TESTA, M. Pensamento estratégico e lógica da programação: o caso da saude. São Paulo: HUCITEC, 1995. TEIXEIRA, C. F. Glossário. In: TEIXEIRA, C. F. (Org.). Planejamento em saúde: conceitos, métodos e experiências. Salvador: EDUFBA, 2010. p. 122.

Auditoria em saúde

O termo auditoria foi incorporado à saúde inicialmente como uma forma de avaliação da aten- ção com base na observação direta, nos registros e na história clínica do paciente, sendo enten- dida como “auditoria médica”, desenvolvida especialmente no ambiente hospitalar. A partir do final dos anos 1980, o campo de ação da auditoria na saúde se ampliou, passando a incluir a avaliação do uso dos recursos e dos resultados obtidos no tratamento. Mais recentemente passou a abarcar, além do monitoramento das práticas clínicas, a avaliação da organização dos serviços e as funções gerenciais.

Referência

TEIXEIRA, C. F. Glossário. In: TEIXEIRA, C. F. (Org.). Planejamento em saúde: conceitos, métodos e experiências. Salvador: EDUFBA, 2010. p. 123.

Autarquias

Autarquias são pessoas jurídicas de direito público, executoras exclusivamente de ativida- des administrativas públicas típicas e que pertencem aos modelos de Administração Pública Indireta. A autarquia exerce atividades estatais privativas, que não são passíveis de serem executadas por particulares, tais como regulação, regulamentação, fiscalização, tutela, fomen- to, dentre outras, e podem intervir na ordem econômica ou na área social, na forma esta- belecida em sua lei de criação. Suas características principais são possuir orçamento público próprio, autonomia administrativo-financeira (respeitando limites legais) e do patrimônio próprio que são indisponíveis, gozo dos mesmos privilégios e vantagens tributárias que a Administração Pública Direta (inclusive imunidade tributária), mas são sujeitas aos ditames da Lei de Responsabilidade Fiscal e de licitação. Cada autarquia é dirigida por um Conselho de Administração, composto conforme sua respectiva lei, com órgão de direção superior, controle

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e fiscalização. Cabe à diretoria geral ou superintendência a operacionalização das deliberações do Conselho de Administração. Como integra a administração pública, as autarquias estão su- jeitas aos princípios e regras do serviço público (concurso público, estabilidade, regime jurídi- co único, plano de cargos e carreiras e salário/vencimento etc). São controladas e fiscalizadas pelo Poder Legislativo, Tribunal de Contas, Conselho de Saúde e sistema nacional de auditoria do Sistema Único de Saúde (SUS).

Referências

ANDREWS, C.W; BARIANI, E. (Coord.). Administração pública no Brasil: breve história política. São Paulo: Ed. Unifesp, 2010.

PINTO, I. C. de M. et al. Organização do SUS e diferentes modalidades de gestão e gerenciamento dos serviços e recursos públicos de saúde. In: PAIM, J. S.; ALMEIDA FILHO, N. de. Saúde coletiva: teoria e prática. Rio de Janeiro: MedBook, 2014. p. 231-244.

SALGADO, V. A. B. Manual de Administração pública democrática: conceitos e formas de organização. Campinas, SP: Saberes Ed., 2012.

Avaliabilidade

A análise exploratória de avaliabilidade corresponde ao exame sistemático e preliminar de um programa, em sua teoria e em sua prática, para determinar se há justificativa para uma avaliação extensa e para melhor delimitar os objetivos do programa, bem como identificar áreas críticas a serem priorizadas na avaliação. Os objetivos do estudo de avaliabilidade são: a) identificar se os objetivos do programa estão claramente formulados; 2) analisar as relações entre os problemas, objetivos e atividades; 3) identificar se há concordância entre os diversos profissionais acerca dos objetivos, metas e população-alvo do programa; 4) verificar se há da- dos disponíveis para avaliação ou se estes podem ser obtidos a um custo razoável; 5) averiguar se os formuladores de políticas ou gestores estão aptos ou dispostos a usar as informações da avaliação para mudar o programa.

Referência

VIEIRA-DA-SILVA, L. M. Avaliação de políticas e programas de saúde. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2014.

No documento Glossário de Análise Política em Saúde (páginas 47-49)