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Quanto aos atores transicionais, eles esboçam o perfil ideal de um actante territorial. De uma parte, porque sua adesão parcial aos lugares aumenta sua sensibilidade e sua solidariedade frente aos interesses do lugar. De outra parte, porque seu distanciamento do fato, sua participação na vida de outras escalas ou de outras ilhas do arquipélago territorial global, distância-os do envolvimento com os problemas locais. Estão numa situação intermediária, podem agir como um habitante dos lugares de que tomou distância, instalam-se e trabalham em outros lugares, mas geram normalmente propriedades ou questões localizadas em seu território de origem.

2.3.1 Veranistas

Veranista é a pessoa que usufrui do espaço, principalmente, durante o verão, de preferência na praia, mas pode ser no campo ou na montanha. Neste estudo, considero o grupo de veranisatas atores coletivos, pois são portadores de um discurso. Trata-se de um processo de construção social em que as práticas de lazer, anteriormente controladas por códigos culturais com imposição de determinado

PRIORE, 2000), passam a ser cooptadas pelo capitalismo.

O capitalismo, entre o final do século XIX e primeiras décadas do século XX, estava criando uma nova estratégia de reprodução, a necessidade imateiral de atribuir valor aos espaços de amenidades e a necessidade material de consumir nesses espaços, incluindo eles mesmos. Conforme salienta Lefebvre (1991, p. 91):

Para que a usura moral e a obsolência das coisas trabalhem rapidamente, é preciso também que as necessidades envelheçam, que jovens necessidades as substituam. É a estratégia do desejo! Em segundo lugar, a capacidade produtora tornaria desde agora uma extrema mobilidade da vida, dos objetos, das casas, das cidades, do habitar. A vida real poderia deixar de estacionar na cotidianidade. A obsolescência, ideologia e prática encara o efêmero apenas como método para tornar o cotidiano rentável (LEFEBVRE, 1991, p. 91).

O encontro de culturas que substancia a modernidade, possibilta a propagação da retórica da natureza como

natureza intocada, para onde a população das cidades insalubres poderia ir para recarregar as energias gastas na vida estressante e no trabalho monótono.

e da intimidade, da , p. 26), constituindo para

O espaço público passa a ser privatizado e vendido pela propaganda, como o refúgio seguro, próximo á natureza.

Em Pelotas, esse movimento é dado pela incorporação do espaço-praia à cidade, como pode ser visto na matéria jornalistica dois anos antes da inauguração do Balneário Santo Antônio:

Visite o pitoresco e encantador recanto à margem da Lagoa dos Patos, onde se está iniciando a construção de uma cidade em miniatura. Visitando- o, conhecerá a ousada e já vitoriosa iniciativa que é a vila residencial balneária Santo Antônio. Sob o encanto de uma paisagem magnífica, onde as cores variegadas da vegetação contrastam com as plácidas águas da lagoa e com as límpidas areias de uma belíssima praia, sem dúvida sentirá que descansar ante tal cenário constitui uma forma todo particular de aproveitar as horas de lazer, retemperando as forças para o trabalho diário e caminhar menos depressa para a velhice. E tudo isso está a apenas quinze minutos de automóvel da cidade. Ante tais circunstâncias, estamos certos de que lhe ocorrerá a ideia de adquirir um terreno na praia do Laranjal (DIÁRIO POPULAR,17 dez.1950).

A cultura de massa foi responsável pela grande ênfase dada à natureza como produto a ser consumido. As pessoas deveriam procurar a praia, a montanha, ou o campo para se reconcicliarem com a natureza.

No entanto, cabe lembrar que a adaptação à natureza é uma característica intrínseca do ser humano. Ao buscar suprir suas necessidades, ele altera a natureza. Assim, a questão chave foi compreender como os veranistas do Balneário dos Prazeres e demais atores sociais se relacionam entre si e com o espaço físico da praia. A cultura e a natureza se relacionam e se criam mutuamente, como será apresentado mais adiante.

As entrevistas com os veranistas usuários da praia para o lazer foram mais superficiais. Não consegui com estes a mesma densidade das informações que com os demais atores, suas respostas eram simplificadas. Esses sujeitos transitórios, não investem no espaço como atores, embora interfiram no espaço com suas práticas. Por isso, são agentes do espaço, que costumavam acampar tanto na praia do Balneário dos Prazeres, quanto no ecocamping, no trecho de orla chamado praia do Totó. Ambos os espaços para camping foram fechados, o ecocamping municipal passará a ter a função de parque sede da primeira Unidade de Conservação de Pelotas. Essa decisão da municipalidade foi contestada pelo vereador Marcus Ferreira em reunião:

Lamentamos a decisão da Prefeitura, pois acreditávamos ser possível construir uma solução mais conciliadora na qual se pudesse manter área de camping e de preservação no mesmo espaço, mas este não é o entendimento da administração (DIÁRIO DA MANHÃ 20 DE DEZ. 2018, CAPA)56.

Assim, os veranistas populares da cidade de Pelotas estão perdendo espaços de lazer na praia, tendo que se adaptar a outras opções de lazer de verão. A caracterização dos sujeitos entrevistados desse grupo pode ser vista no (Quadro 7).

56Disponível em: <http://diariodamanhapelotas.com.br/site/prefeitura-decide-fechar-ecocamping>. Acesso em: 20 dez. 2018.

Transicionais Depoentes Tipos de vínculos com o Balneário dos Prazeres. Projeção de apropriação, usos Representação da paisagem Construção social do espaço Veranistas (grupos populares) Praticantes de lazer nos finais

Marilia-32 anos, frequentadora há 10 anos. Lenir-34 anos, frequentadora há mais de 10 anos Visitas sazonais, usos para o lazer e sociabilidade; Busca pelo contato com a natureza, paz e Paisagem contemplação da lagoa; A paisagem é apreendida em seus aspectos estéticos; Descanso, lazer, Promovem impactos ambientais no lugar (acarretam mais investimentos em infraestrutura urbana e de praia) Também promovem

Quadro 7 - Caracterização dos agentes sociais territorializados transitórios veranistas Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Figura 10 Daniela. Fonte: foto da autora, 2017.

Figura 11 Marilia.

Fonte: Foto da autora, 2017.

de semana Daniela-23 anos,

Frequentadora há 23 anos.

sossego, recreação. encontros de

socialização no espaço público,

consomem no

espaço, formam territorialidade.

Figura 12 - Lenir.

Fonte: Foto da autora, 2017.

2.3.2 Praticantes de religiões de matriz africana

A praia, e, em especial, as matas no trecho de orla do Balneário dos Prazeres, constituem um espaço atrelado ao sagrado, para o povo de religiões de matrizes africanas da cidade de Pelotas e do seu entorno. A praia contempla todos os elementos da natureza essenciais aos rituais da tradição das crenças da religião de matriz africana. A apropriação simbólica do espaço por essa coletividade produz o território e a identidade. Os afro-religiosos realizam rituais e promovem o evento da Festa de Iemanjá. Através da festa, esses atores também promovem uma ponte (OLIVEIRA e CALVENT 2012). O olhar frente à festa de Iemanjá investe toda a carga de experiência de uma vida e da existência humana, e essa paisagem reafirma a historicidade.

Esse grupo de atores estabelece alianças estratégicas com os representantes governo Irajá57 foi o maior colaborador para a constituição dos espaços da Federação, [...] há

57 Irajá Andara Rodrigues foi prefeito do município de Pelotas por duas ocasiões (1977-1982 e 1992- 1996) e deputado federal constituinte. O político é umbandista e tem perfil popular, é carismático e foi o idealizador de projetos arrojados, como a (re)espacialização da malha viária urbana criando grandes avenidas perimetrais que desafogaram as ruas do centro. Enquanto proprietário de amplas áreas no Pontal da Barra, incluindo uma RPPN, foi o idealizador de loteamentos urbanos e de um resort e complexo turístico no Pontal da Barra, embargados pelo Ministério Público, por tratar-se de uma APP e patrimônio cultural, pela presença de sambaquis. Para a comunidade umbandista e africanista, ele foi o responsável pela construção do calçadão em frente à gruta de Iemanjá no Balneário dos Prazeres e pela construção da Sede da Federação Sul Riograndense de Umbanda e

uma troca de favores e obrigações, onde cada instituição deve cumprir, seja porque

papel social e político desenvolvido pelos filhos e filhas de religião frequentadores dos centros afro-religiosos e militantes do movimento negro, estudado por Carla Ávila (2011). A partir da noção de encruzilhada, a autora identificou:

[...] pontos e estratégias de ação política que vão para além das lutas contra a discriminação étnico-racial ou pelo combate ao racismo, [...] percebe-se uma filosofia política particular que permeia setores da sociedade, principalmente no que tange à saúde e ao meio ambiente (ÁVILA, 2011, p. 7).

As práticas sociais criam uma comunicação, mas também uma mediação interindividual e autorizam a fabricação de representações comuns. Elas desencadeiam um processo ontológico e evolutivo. Ontológico, pois é no quadro das práticas que se constroem as identidades e territorialidades, a escala da história individual e coletiva. Evolutiva, visto que é em função dessas práticas sociais que se modificam essas mesmas identidades e territorialidades. Cabe lembrar que as identidades são plurais. Uma pessoa pode ter mais de uma identidade, ocupar várias posições ao mesmo tempo. Então um ator/agente social ocupa várias posições ao mesmo tempo.

O principal caráter identitário presente no Balneário dos Prazeres/Barro Duro está na presença e na relação com a orla e resquício de vegetação nativa. Importante fator geográfico natural, cujo reconhecimento histórico e ambiental deveria remeter ao respeito pelo patrimônio ambiental e cultural. Na relação tempo/espaço, ocorrem as sociabilidades humanas, através das quais a natureza tem sido transformada, por meio da produção da cultura, da história e do espaço. Os vestígios dos símbolos religiosos nessa praia são produto da relação tempo/espaço. A partir desse entendimento, é possível avançar para a compreensão das espacialidades na praia atrelada ao campo devocional.

Cultos Afro-brasileiros, em 1978. Instituiu, em 24 de novembro de 1995 a Semana de Umbanda e das Religiões Afro-

da Umbanda e das Religiões Afro-

última festa de Iemanjá, Irajá foi homenageado pelos serviços prestados à comunidade umbandista pela Federação.

Por natureza, as práticas se repetem. Elas provocam, materializam a interação social e espacial. Reformulam, reconstroem permanentemente as heranças. Elas criam também a novidade.

Figura 13 - Joab Bohns. Fonte: Facebook58.

Joab Bohns, vem de uma família umbandista, a mãe era descendente de alemães e o pai, afrodescendente. Segundo Joab, sua mãe possui um centro de umbanda na rua Xavier Ferreira com General Telles. Joab é umbandista desde criança, hoje, com 65 anos, é o atual presidente da Federação Sul Riograndese de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros, estando no mesmo cargo há mais de 10 anos. Durante sua formação, participou da igreja católica, sem ter abandonado a umbanda. Joab possui um terreiro em sua residência há 52 anos: o Centro Espírita de Umbanda Pai Miguel de Aruanda, situado na Rua São José, nº 115 - Três vendas. A Federação Sul Riograndense de Umbanda foi criada a partir da união de duas Federações: a Confederação Pelotense de Umbanda e a Associação Pelotense de Umbanda. O lado afro foi criado dentro da Umbanda em 1984.

58 Disponível em:

<https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2029264377181134&set=pob.100002927742252&type=3 &theater>. Acesso em: 18 jul. 2018.

A Federação tem filiados em todo o território nacional, e tem, também, em países vizinhos, como o Uruguai a Argentina. Possui, em média 200 centros associados, ainda que 70% sejam inadimplentes, não comparecem com o pagamento de 20 reais por mês. No Balneário dos Prazeres, aproximadamente 30 casas de religião são filiadas à Federação. A Federação Sul Riograndense de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros não é conjugada à residência de seu representante, fato que, segundo Joab dá um grau de superioridade desta frente às outras. A figura abaixo mostra a sede da Federação, situada na rua Lobo da Costa.

Figura 14 - Sede da Federação Sul Riograndense de Umbanda e Cultos Afro Brasileiros. Fonte: Foto da autora, 2017.

Joab Bohns está há mais de 10 anos na presidência da federação. Ele não estabelece diálogos com as demais federações e associações e não reconhece sua

Riograndense de Umbanda e Cultos afro-brasileiros, o resto é interesse político, veja

do Conselho dos Povos de terreiro) em resposta ao convite para a posse do Conselho do Povo de Terreiro de Pelotas. Sobre esse fato faço a seguinte reflexão: os sujeitos e grupos que se identificam com Conselho do Povo de Terreiro não possuem uma identidade fixa, essencial ou permanente. Já o presidente da Federação não se identifica com o Conselho e não dá o apoio institucional, que o movimento negro e afro-religioso esperava receber da Federação Sul Riograndense de Umbanda e Cultos afro-brasileiros. Seja por ele não estar em um corpo negro,

seja pela falta de entendimento do papel do Conselho Municipal. Todavia, não está no propósito da tese aprofundar essa discussão, que por si só daria outra tese, mas sim tecer algumas observações sobre o status desse ator considerando que este é responsável pela gruta e pela festa de Iemanjá no Balneário dos Prazeres, e que é comum ocorrerem disputas entre os atores do campo religioso pelos espaços das homenagens. Tal fato contribui para a fragmentação das religiões de matrizes africanas e gera impactos sobre as próprias forças que se pretendem transformadoras - as lutas sociais dos negros e afro-religiosos nas suas diferentes materializações enquanto constituição de atores coletivos. Stuart Hall nos diria que esta situação representaria a transição da identidade cultural na modernidade tardia.

Figura 15 - Carlos Alberto da Costa e Silva Pereira. Fonte: Foto a autora, 2017.

Carlos Alberto da Costa e Silva Pereira, possui 52 anos, é conhecido no meio religioso como Filho de Irineu Viana, o qual foi membro da diretoria da Federação Sul Riograndese de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros por diversos anos e presidiu essa instituição por 16 anos. Sua inserção na umbanda foi no Centro Espirita de Umbanda Ogum da Mogiana, fundado por seu pai, Irineu Viana, em 23 de abril de 1969, localizado na rua Jerônimo Coelho, nº 107, no bairro Simões Lopes. Carlos Alberto foi membro do Conselho Deliberativo da Federação Sul Riograndese de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros. Com a morte de seu pai, foi eleito presidente desse conselho, da mesma forma que Marcos de Oxalá, por conflitos internos

abdicou do cargo e se desfiliou. Posteriormente, em novembro de 2008, junto com Santos Laureci Martins e outros Irmãos, criou a União Rio-Grandense de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros (URUCAB). Essa teve mais de 50 casas de religião filiadas. Dentre suas metas constavam: cursos de tamboreiros, criação de Ongs para realizar oficinas de corte e costura, grupo de dança, curso de tradições gaúchas, organização da Semana da Umbanda e cultos afro-brasileiros. O lema da URUCAB,

59.

Hoje Carlos Alberto possui um programa ao vivo, na Rádio Criativa FM, 103.3 chamado: Filhos de Umbanda, no ar todas as quintas feiras, das 20h até meia-noite. Carlos Alberto, tem uma história de superação de dependência química com o álcool, o que lhe motivou a criar o Programa Dependência Química em Debate, no ar, nas noites de terça-feira, das 20h até às 22h, na Rádio Princesa FM 98,5 e, posteriormente na Rádio Criativa FM 103,1 Pelotas. Conforme Carlos Alberto, no momento esse programa está suspenso por falta de apoio para a sua continuidade. Tem fé que Oxalá, em breve irá permitir o retorno do programa.

Figura 16 - Marcos Abreu. Fonte: Facebook60.

59 URUCAB, Programação de eventos, Pelotas, S/D. 60 Disponível em:

Marcos Abreu é conhecido, na comunidade afro-religiosa, por Marcos de Oxalá, possui 60 anos, é aposentado como auxiliar de enfermagem, possui 45 anos de vida religiosa no batuque, ou nação, umbanda e quimbanda. É o atual presidente da Federação dos Cultos Afro-brasileiros Umbanda e Quimbanda (FECAB). Marcos é natural de Pelotas, recebeu influência religiosa de seus pais, que tinham casa de religião de nação cabinda, na cidade de Porto Alegre. Marcos, quando abriu a sua casa de religião em 1988, filiou-se à Federação Sul Riograndese de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros, mas por desentendimento com esta, acabou se desfiliando e abrindo a FECAB, há 15 anos sediada no Balneário dos Prazeres. A figura abaixo mostra a sede dessa entidade, onde é a casa da família de Marcos, situada na rua Ijuí entre a Av. Adolfo Fetter e a Rua Torres.

Figura 17 - Sede da Federação de Cultos Afro-Brasileiro Fonte: Foto da autora, 2018.

Segundo Marcos, a FECAB possui 222 centros filiados na cidade de Pelotas, no Balneário dos Prazeres são 20 terreiros filiados. A FECAB possui entre seus filiados, tanto centro de umbanda, quimbanda e casas de nação, como também há pessoas (pertencentes à religião) que só faz atendimento com jogo de carta, jogo de búzios ou faz benzimentos (CAMPOS, 2015). Tal fato revela uma diversidade muito grande dentro daquilo que se convencionou chamar religiões de matriz africana, indo

<https://www.facebook.com/photo.php?fbid=650890971714517&set=a.176097079193911&type=3&th eater>. Acesso em: 20 jun. 2018.

desde o trabalho público, de caridade, sem fins lucrativos até aqueles privados e com fins lucrativos.

Marcos foi apresentador de um programa de rádio e, depois, de televisão,

ano no ar, ao vivo, através dos canais da Via Cabo ou NET.

Figura 18 - Juliano Silva. Fonte: Facebook61.

Juliano Silva da Silva ou Juliano D´Oxum Epandá, é pelotense, biólogo e especialista em Educação Ambiental por formação, atua como professor da rede municipal de educação. Juliano teve iniciação religiosa por herança de sua avó, responsável pelo Centro Espirita de Umbanda Africano São Cipriano e seguiu os ensinamentos no Batuque. Juliano não é associado a nenhuma das entidades citadas anteriormente e, no entanto, a sua participação política no campo religioso é

61 Disponível em:

<https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1562278133813685&set=a.759748067400033&type=3&t heater>. Acesso em: 22 jun. 2018.

reconhecida por todos os presidentes de associações. Hoje Juliano D Oxum é o presidente da Rede de Umbanda e Nações Africanas (REUNA), entidade que tem se empenhado em unificar o campo afro-religioso em Pelotas em promover maior politização do mesmo. Juliano esteve à frete de importantes movimentos políticos: fez-se presente nas audiências públicas que discutiram alterações na festa de Iemanjá no Balneário dos Prazeres, em diversos movimentos em defesa da liberdade religiosa e em repúdio aos atos de vandalismo e intolerância religiosa62 que resultaram no incêndio na gruta de Iemanjá63. Esteve junto à criação do projeto de lei para a Criação do Conselho do Povo de Terreiro do Município de Pelotas. Foi Juliano quem forneceu documentos do campo religioso para a presente análise, sem os quais a redação ficaria incompleta.

Transitórios Depoentes Tipos de vínculos com o Balneário dos Prazeres. Projeção de apropriação, usos Representação da paisagem Construção social do espaço Praticantes de religiões de matriz africana Carlos Alberto da Costa e Silva Pereira; Joab Bohns (presidente da Federação Sul Riograndense; presidente da FECAB: Marcos de Oxalá; presidente do Relação simbólica com o Balneário dos Prazeres e com a divindade Iemanjá, lazer e contato com a natureza a baixo custo., A paisagem contempla todos os elementos da natureza essenciais aos rituais religiosos (Mata do Totó) Usam o Balneário dos Prazeres para as práticas religiosas, promovem Festa de Iemanjá. Divulgam o litoral lagunar pelotense. E tensionam o poder público para ajuda de custo e infraestrutura para a festa.

62 conjunto de ideologias e atitudes ofensivas a diferentes

crenças e religiões. Em casos extremos, esse tipo de intolerância torna-se uma perseguição. Sendo definida como um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana, a perseguição religiosa é de extrema gravidade e costuma ser caracterizada principalmente pela di . Essa definição foi extraída do documento encaminhado à Secretaria de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana por Elisangela Couto Noguêz Franco à presidente da Casa de Nação Cabinda de Axé Pai Ogum e Mãe Oya C.E.U, Jurema das Matas, em resposta à notificação nº 32837-A, embasada na Lei n.º 5832/11, art. 58.£3º, inciso I (descrição de atividade comercial sem Alvará de localização). A proprietária do -fé do gestor público notificante ou um profundo despreparo, ao enquadrar a referida casa de religião, a qual presta há longos anos, nesta cidade, caridade, e orientação espiritual, se

Pelotas, 8 de abril de 2017.

63 Vândalos põem fogo na gruta de Iemanjá no Balneário dos Prazeres. Reportagem disponível em:

http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/videos/t/todos-os-videos/v/vandalos-poem-fogo-na-gruta-de- iemanja-no-balneario-dos-prazeres/4098303/. Acesso em: 23 de jan. 2020.

REUNA:

Juliano D´Oxum,

Quadro 8 - Caracterização dos atores transitórios praticantes de religiões de matriz africana.