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2.2 QUADRO EVOLUTIVO DO TRATAMENTO TEÓRICO

2.2.2 A Nova Economia Institucional

2.2.2.1 Economia dos Custos de Transação

2.2.2.1.3 Atributos de transação

Os atributos de transação são caracterizados por Williamson (1985) e estão relacionados aos arranjos institucionais que podem variar de acordo com as características dos atributos de transação. Na visão de

Williamson, existem três atributos que influenciam a escolha da estrutura de governança: frequência, incerteza e especificidade dos ativos. Embora os três atributos sejam de fundamental importância para compreender as estruturas, Williamson (1985) foca seu trabalho nesse último atributo, a especificidade dos ativos, como o principal determinante da estrutura.

Como o próprio nome diz, a frequência está relacionada com o número de vezes que os agentes da transação se encontram para realizar trocas. Assim, Williamson (1985) diz que quanto maior a frequência, menores os custos de coletar informações e consequentemente menores os custos de elaborar contratos. A diminuição dos custos na elaboração dos contratos ocorre devido à formação da reputação capaz de limitar o comportamento oportunista.

A reputação abordada por Barzel e Suen (1992) ao introduzir a ideia de Moral Hazard3 em que as escolhas contratuais geram trade-offs.

O contrato, nesse sentido, é um instrumento que regra o relacionamento para não desviar os comportamentos, por intermédio de incentivos. Dessa forma, os contratos mostram os custos marginais de abandono que um agente pode ter ao ferir sua reputação no jogo econômico.

Por outro lado, quando as relações se intensificam, pode haver interesse mútuo por realizar as transações a um custo mais baixo. Nesse caso, Farina et al. (1997) defende a ideia de que seja viável a construção de um mecanismo complexo de governo das transações quando as trocas entre os agentes se intensificam. O segundo atributo de transação, incerteza, é para Williamson (1985) a mudança oriunda do ambiente econômico. Tais mudanças deixam o ambiente incerto e dificulta a tomada de decisões. Assim, quanto maior a incerteza, mais complexos serão os contratos e, portanto, mais custoso será garantir os direitos de propriedade de cada participante. A incerteza em uma transação está, dessa forma, associada à impossibilidade de previsão do futuro.

Para Farina et al. (1997), o surgimento da incerteza está no fato das partes envolvidas na transação não conhecer o parâmetro de avaliação e monitoramento, impedindo a construção de esquemas de incentivos adequados nos moldes ortodoxos. No entanto, mesmo que uma informação seja observada, a montagem do contrato ainda contará com a limitação da racionalidade limitada (pressuposto comportamental), aumentando ainda mais a incerteza da transação. Assim, embora a incerteza exista na formulação dos contratos, a ordem da ECT seria

3 Para Barzel e Suen (1992) Moral Hazard ou risco moral está relacionado à continuidade das transações, considerando a frequência, incerteza e reputação dos agentes.

minimizar ao máximo os efeitos da incerteza para diminuir os custos contratuais e consequentemente os custos de transação.

Finalmente, a especificidade dos ativos, diz respeito àqueles ativos que ao serem empregados em outra atividade que não aquela inicialmente programada, geram perdas de valor. Assim, quanto maior a especificidade do ativo, maior serão os custos de transação. Williamson (1985) faz três considerações: (1); ativos específicos são investimentos duráveis realizados em uma transação específica (2) a continuidade do relacionamento ou utilização do ativo para sua atividade principal é valorizada; (3) as salvaguardas contratuais e organizacionais surgem para evitar que os participantes tentem realizar outra atividade que não a contratada previamente, na tentativa de lucro monopolista.

A importância desse atributo é evidente no trabalho de Zylbersztajn (1995) em que propõe que a especificidade dos ativos se constitui o indutor mais importante no momento da escolha da governança. Isso porque a dependência bilateral está relacionada com uma maior concentração de ativos específicos, necessitando de formas específicas de estruturar as transações.

Da mesma forma que a incerteza está relacionada ao pressuposto da racionalidade limitada, a existência de ativos específicos está diretamente associada ao pressuposto de ação oportunista dos agentes econômicos. Podem ocorrer casos em que a utilização dos ativos específicos deva ser feita para outros fins, diminuindo o valor agregado da transação. Para Klein et al. (1978), quando há um aumento da especificidade dos ativos, deve-se considerar os atos oportunistas e consequentemente a criação da quase-renda4, aumentando os gastos para

salvaguardar os interesses das partes.

Assim, Williamson (1985) distingue a especificidade de ativos em seis modalidades organizacionais, que são: locacional; ativos físicos; ativos humanos, dedicados, temporal e de marca. A especificidade local diz respeito à eficiência no deslocamento, gerando eficiência e redução dos custos de transação. Em continuidade, a especificidade de ativos físicos está relacionada com os ativos dos agentes, sendo específicos para a atividade desempenhada pelos dois. A especificidade de ativos humanos ocorre quando há necessidade de pessoas especificamente para o exercício da atividade. Os ativos dedicados são aqueles produtos cujo investimento foi realizado para atender um único comprador. Os ativos temporais estão relacionados aos produtos que necessitam de

4 Para Klein et al. (1978) a quase-renda é o excesso de valor do ativo com relação ao seu uso de oportunidade ou do valor residual.

investimentos elevados, mas que não alcançam o retorno esperado se o produto não for comercializado no espaço de tempo programado. E finalmente como o próprio nome diz, os ativos específicos relacionados com a marca dizem respeito aos produtos que necessitam de investimentos para serem fabricados.

Conforme se observa, a definição da estrutura de governança adequada para redução de custos de transação pode ser escolhida, considerando-se os pressupostos comportamentais (racionalidade limitada e oportunismo), os atributos da transação (frequência, incerteza e especificidade dos ativos), os fatores ambientais e os contratos envolvidos nas transações. Dessa forma, tais variáveis devem ser ponderadas para que seja escolhida uma das formas de governança inseridas na teoria da ECT, que podem ser o mercado, a integração vertical ou estruturas híbridas, discutidas a seguir.