• Nenhum resultado encontrado

Quando se fala em exportações das máquinas e equipamentos brasileiros é preciso lembrar que as máquinas com maior intensidade tecnológica, também são as mais procuradas internacionalmente. Nesse contexto, é possível notar um crescimento que se inicia em meados da década de 70 e se estende até meados dos anos 2000. Em meio a altos e baixos, a carteira de exportações mantém uma média próxima às duas mil unidades por ano e se intensifica no início de 2002. Mais uma vez, o produto que se destaca nessa série é o trator de rodas.

7 Cotação realizada no dia 16/04/15 com as seguintes instituições (ITAÚ, BANCO DO BRASIL, COOPERATIVA SICREDI E COOPERATIVA SICOOB) através do Sistema de Atendimento ao Cliente.

Gráfico 9: Exportações de máquinas agrícolas do Brasil (unidades exportadas), 1964-2014.

Fonte: Adaptado de ANFAVEA (2015).

Os tratores de rodas iniciam as séries do Gráfico 9 em 1964 com exportações modestas, com pequenos lotes e, logo em seguida, aumenta o volume de exportações para a casa das 500 unidades comercializadas internacionalmente em 1976. Esse número varia um pouco pelos anos, mas mantém uma média de 4.500 unidades/ano até 2002. Em seguida, assume uma tendência de crescimento em altos patamares (53%) em 10 anos. O maior número registrado é de 23.968 unidades em 2005.

Nesse mesmo ano, outros produtos também apresentaram uma alta significativa na pauta de exportações, como é o caso das Colheitadeiras, dos Tratores de esteiras e Retroescavadeiras. As fabricantes exportam Colheitadeiras desde 1976 e mantiveram uma média de 670 unidades/ano até 2001. Dessa data em diante, as fabricantes aumentaram as suas exportações em 339% até 2005 logo depois de atingir o topo da série das colheitadeiras com 4.533 unidades em 2004. No caso dos Tratores de esteiras há uma média anual de 414 unidades exportadas (1973-96), apresentando um crescimento de 130% entre 1996 e 2012. Finalmente, as exportações de Retroescavadeiras se iniciam em 1976 com poucas unidades (6), mantendo uma média anual de 236 unidades exportadas até 2003. Em seguida há um crescimento potencial até 2007 de 153% e uma subsequente queda no número de exportações de –37%

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 1964 1967 1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1991 1994 1997 2000 2003 2006 2009 2012

Cultivadores Motorizados Tratores de Rodas

Tratores de Esteiras Colheitadeiras

até 2011. Em 2012 as montadoras reagiram e retomaram as exportações nos mesmos níveis de 2004 com 1206 unidades.

Desde o início dos anos 2000, as empresas que atuam no cenário nacional costumam realizar exportações de tratores com rodas, como pode ser acompanhado no Gráfico 10. A empresa que se destaca é a AGCO com a participação da Massey Ferguson no Brasil, com uma média de 9.361 tratores exportados ao longo da série. Em seguida, a CNH Industrial com a participação da Case e New Holland, performando uma média de 2.928 tratores, seguida pela John Deere, 1.791, Valtra, 1572 e Agrale, 102 tratores. As exportações brasileiras se mostraram, ao longo da série, vulneráveis às taxas de câmbio praticadas no mercado, influenciando a quantidade negociada com outros países.

Gráfico 10: Exportações de tratores (eixo primário com unidades exportadas) a partir das empresas individualmente e taxa de câmbio (eixo secundário R$/U$), 2000-2014. Fonte: ANFAVEA (2015). 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

AGCO (Massey Ferguson) AGRALE

CNH INDUSTRIAL (Case e New Holland) JOHN DEERE

VALTRA Taxa de Câmbio

De forma complementar, o destino das exportações brasileiras a partir dos continentes, pode ser visualizado no Gráfico 11, onde os dados de 2012 foram compilados para uma melhor aproximação com a realidade experimentada. Com o gráfico, é possível observar uma grande concentração da pauta exportadora para os países da América do Sul, com cerca de 50,3% dos produtos. Atrelado a esse grande contingente, aparecem os países da Ásia com 20,9% e África com 15,1%.

Gráfico 11: Exportações brasileiras a partir dos continentes de destino, 2012.

Fonte: Adaptado de ANFAVEA (2013b).

Nesse sentido, a concentração das fábricas ao Sul e Sudeste do Brasil para atender os maiores consumidores internos, também pode ser utilizada para explicar a maior concentração de vendas externas para os países mais próximos. Cerca de 60,6% de todas as máquinas vendidas para o mercado externo em 2012 fazem parte do continente Americano (América do Norte, Central e Sul), mantendo proximidade geográfica com os grandes centros de produção agrícola.

A análise do comércio exterior também deve conter os movimentos que a indústria realizou nas importações. No caso brasileiro, é possível observar um movimento particular, onde a existência de importações foi identificada logo no início da industrialização, mas como uma alternativa de utilização de equipamentos que ainda não eram fabricados internamente. Dessa forma, a importação de máquinas e equipamentos acontecia, nos primórdios da industrialização, mediante as grandes montadoras que traziam peças de maquinários e as montavam em solo brasileiro. 50,30% 4,10% 6,20% 3% 15,10% 20,90% 0,40%

Exportações por continente de

destino

América do Sul América Central América do Norte Europa África Ásia

Com o passar dos anos, foram ocorrendo as adesões, desenvolvimentos e fixação de novas empresas no Brasil, dessa vez, pequenas empresas que se formaram ao redor das grandes, no intuito de garantir o fornecimento de peças e implementos. A substituição das importações de máquinas e peças do setor passou a ocorrer de acordo com as especificidades técnicas dos produtos fabricados, sendo que na medida em que as empresas de autopeças supriam a necessidade imediata das montadoras, essas passavam a comprar peças de suas parceiras no Brasil.

Gráfico 12: Importação de máquinas agrícolas para a fabricação das máquinas automotrizes, 2000-2014.

Fonte: ANFAVEA (2015).

Na série de 2000-2014 não há registros de importação de Cultivadores motorizados, tecnologia que o Brasil domina, fortemente concentrada na Agrale, demonstrando grande comercialização externa, conforme observado no Gráfico 9. Em complemento, no Gráfico 12, é possível notar que algumas máquinas e equipamentos continuam sendo importadas para o Brasil, ganhando destaque os Tratores de rodas,

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Cultivadores Motorizados Tratores de Rodas

Tratores de Esteiras Colheitadeiras

Retroescavadeiras e Tratores de esteira. Os Tratores de rodas iniciam uma trajetória de crescimento no início da série e, logo em seguida, em 1997, ocorre um salto quantitativo de 1.414,29%, retornando aos mesmos patamares de produção em 2002 e, logo em seguida, aumentando a produção nos anos 2000.

A importação de Retroescavadeiras não apresenta uma tendência única de aumento ou decréscimo de importações, há momentos em que não existe a incidência de eventos (2003-07) e outros de grande atividade, como é o caso do período recente (2009-12) em que há uma intensa desaceleração de importações chegando a tocar o ponto zero do eixo em 2012. De forma similar, a importação de Tratores de esteiras passa por momentos alternados de importação, ganhando destaque os anos entre 2003-06 que não apresentam atividades, e o período recente (2007-12) que apresenta um crescimento gradativo, porém intenso, 1.530%.

Ao filtrar os resultados dessas informações, é possível encontrar todas as importações realizadas pela indústria de máquinas e equipamentos automotrizes no que se refere aos tratores com rodas. Dessa forma, ao filtrar os dados no MDIC com os códigos de NCM 8701.90.90 (Tratores com Rodas), encontram-se as quantidades de peças e equipamentos que a referida indústria importou para o desenvolvimento e solidificação da indústria nacional. Os valores, bem como os principais países envolvidos na operação podem ser consultados na Tabela 10.

Tabela 10: Principais origens das importações brasileiras de peças e unidades de tratores com rodas, 2000-2014.

Países US$ Peso Líquido (Kg) Quantidade

Estados Unidos $ 396.021.780,00 49.393.656 31.722 México $ 62.244.748,00 8.895.230 2.294 Finlândia $ 60.502.013,00 5.154.758 231 China $ 58.535.939,00 15.689.166 65.026 França $ 51.990.101,00 5.797.720 419 Reino Unido $ 47.898.630,00 6.821.494 963 Índia $ 46.905.531,00 9.250.943 3.396 Itália $ 17.526.299,00 1.946.261 580 Suécia $ 17.451.495,00 1.586.120 91 Coreia do Sul $ 14.559.102,00 2.044.934 935 Fonte: MDIC/SECEX (2015b).

Observa-se que, mesmo com a diminuição de importações de tratores completos, ainda assim é fundamental que se estabeleçam relacionamentos de importação com outros países, pois as indústrias estabelecidas no Brasil continuam importando peças e componentes de produção de outros países. Ao aproximar os dados do Gráfico 12 com a Tabela 10, observa-se que foram importados, entre 2000 e 2014, 10.104 tratores completos. No mesmo período, foram importados 105.657 peças, componentes e tratores completos para o Brasil (ANFAVEA, 2015; MDIC/SECEX, 2015).

Os países que possuem uma grande quantidade de produtos importados, como é o caso dos Estados Unidos e China, exportam para o Brasil, dentre outros produtos, pequenos componentes. Em contrapartida, os países com uma pequena quantidade de produtos, mas com alto valor agregado, como é o caso do México e Finlândia, exportam produtos com uma intensidade tecnológica maior ou, ainda, produtos acabados para o Brasil. Mesmo com essas importações, observa-se uma tendência em diminuir a dependência de outros países na fabricação de tratores com rodas, produzindo-os internamente e mantendo uma vantagem competitiva.

Isso porque ao assumir a existência de capacidade produtiva doméstica dos bens, o país diminui a propensão de importar e, ainda, associa uma taxa de investimento interno, gerando uma folga no balanço de pagamentos. A importância dessa relação positiva na balança é melhor percebida em tempos de forte concorrência, onde os países de maior capacidade produtiva, a exemplo da China, ofertam produtos de alto valor agregado e com preços competitivos no mercado nacional. Dessa forma, a vantagem de manter uma indústria, eminentemente brasileira, em plena atividade é atrelar os seus benefícios com a possibilidade de adequação imediata às necessidades e padrões da indústria nacional.

3.6 CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DA ESTRUTURA E