• Nenhum resultado encontrado

2.1 SCHUMPETER E OS NEO-SCHUMPETERIANOS:

2.1.2 Neo-Schumpeterianos: abordagem hodierna sobre

2.1.2.1 O processo da inovação e seus elementos dinâmicos

Para exemplificar essas limitações dos modelos tradicionais, Nelson e Winter (2005) relembram que os lucros obtidos de inovações bem-sucedidas são tidos como um desequilíbrio do sistema. Isso porque se originam em boa parte da liderança sobre os concorrentes no momento em que identificam uma janela de oportunidade no mercado. Os modelos ortodoxos, por assim dizer, excluem a incerteza, os ganhos e perdas transitórios, o caráter irregular e hesitante das estratégias empresariais. Assim, retiram da análise a principal característica da dinâmica capitalista.

A partir do incremento desses elementos dinâmicos na análise evolucionária, exclui-se a possibilidade de pressupor um comportamento maximizador dos agentes no mercado. Soma-se a essa exclusão os três componentes do modelo maximizador que instituem as (1) funcionalidades de objetivos globais, (2) conjunto ex-ante de escolhas e (3) a racionalização da escolha maximizadora das atitudes da firma. Nesse contexto, o sentido da tecnologia se ressalta na teoria por ser capaz de influenciar diretamente o comportamento dos agentes no mercado.

Nesse sentido, Dosi (2006) considera que a tecnologia é um conjunto de parcelas de conhecimento, tanto diretamente prático, como teórico – de Know How, métodos, procedimentos, entre outros métodos de trabalho. Assim, mantendo a tecnologia caracterizada como um processo construído ao longo dos anos é possível identificar novas combinações teóricas para elucidar o posicionamento das tecnologias como determinantes da inovação.

Nesse sentido, Cario e Pereira (2002) salientam que os autores Neo-Schumpeterianos chegaram a um embate teórico para tentar explicar o processo inovativo a partir das teorias demand pull e technology push, justamente por apresentarem um conceito passivo e reativo para com as novas técnicas e condições de mercado, se tornando incapaz de abordar

as descontinuidades e complexidade típicas das relações capitalistas. No entanto, como a ciência caminha com novas soluções para novos problemas, Dosi (1982) sinaliza uma aproximação entre a ciência e a tecnologia, englobando o conceito de tecnologia a novos aspectos práticos e teóricos, de forma que a tecnologia inclui a percepção de um conjunto limitado de alternativas tecnológicas e de desenvolvimento causadores de assimetrias.

Usualmente, as atividades inventivas que caracterizam esse posicionamento têm sido avaliadas sob dois prismas distintos. A primeira indica as forças de mercado como as principais determinantes da mudança técnica (indução pela demanda [demand-pull]), e a segunda, considera a tecnologia como fator autônomo (impulso pela tecnologia [technology-

push]). O ponto básico das duas abordagens está na identificação da

mudança técnica que ocorre no processo de desenvolvimento, em que os paradigmas tecnológicos e as trajetórias tecnológicas são elucidados para o esclarecimento do caminho percorrido pelas instituições.

A teoria da indução pela demanda parte do pressuposto de que existe a possibilidade de se saber, a priori, a direção na qual o mercado irá conduzir as atividades inventivas, necessitando mobilizar esforços para atender a essa suposta demanda. A partir desse entendimento, é preciso aceitar a ideia de que as empresas teriam meios para reconhecer, imediatamente, as necessidades dos consumidores, passando a ofertar produtos e serviços específicos para aquela nova demanda de mercado. A dúvida se instaura nessa delimitação das atividades, criadas para atender a uma demanda conhecida que, por vezes, irão condicionar as demais rotinas da empresa.

Ao aprofundar a abordagem da indução pela demanda, Dosi (2006), defende que essa teoria apresenta três limitações: i) a teoria geral dos preços não seria determinada por funções de oferta e demanda; ii) não é viável determinar a função de demanda através do conceito de utilidade e a própria viabilidade do conceito de utilidade; e iii) as dificuldades de se interpretar as inovações através desse processo. Verifica-se, portanto, que essa teoria não explica o que ocorre entre a constatação das necessidades e a oferta de um bem e ou serviço que supriria essa demanda. Além disso, não é encontrada uma explicação das razões que determinam as escolhas da tecnologia A e não a B para suprir essa necessidade e que nem toda inovação tem relação direta com o mercado, sendo assim, essa teoria é inválida para explicar todo o processo de mudança.

A segunda perspectiva apresenta a mudança a partir da invenção sendo, desta maneira, ocasionada pela oferta (technology push) de determinado bem tecnologicamente modificado e não pela demanda

(demand pull). Mesmo alterando o princípio da mudança, Dosi (2006) questiona a abordagem e apresenta suas limitações na medida em que verifica apenas a mudança como um evento aleatório, sem levar em consideração os elementos econômicos que estão envolvidos no processo. Para o autor, fica evidente que os fatores econômicos são importantes no direcionamento do processo de inovação.

O conjunto das análises teóricas elucidadas pelos dois prismas expostos apresentam limitações quando observadas de forma unilateral. Por exemplo, Dosi (2006) descreve três fragilidades encontradas quando se explora essa visão massiva e unidirecional do processo: (1) apresenta um conceito passivo e mecânico de reatividade para com as mudanças de mercado; (2) incapacidade de definir posicionamentos da firma em relação às mudanças; e (3) desvinculação das mudanças ao longo do tempo com o condicionamento de mercado. Especialmente, a abordagem do impulso pela tecnologia traz à tona a complexidade que se revela nos processos de posicionamento, pois envolve a lapidação de novas formas de se encarar o mercado mutante.

Dessa forma, na configuração dos arranjos competitivos, as empresas se diferenciam constantemente, seja pelo condicionamento sofrido no passado, seja pelas decisões presentes que terão impacto no futuro. No ponto de vista de Dosi (2006), ainda existe mais um elemento gerador de assimetria, que é o impacto das mudanças técnicas. Mesmo que elas ocorram em momentos e níveis distintos, todas as empresas do segmento sentem a mudança técnica. Dessa forma, a origem da diferenciação interempresas está nas atitudes e interpretações tomadas pelas empresas participantes do jogo de mercado, escolhendo pela posição estática ou dinâmica.

Dosi (2006, p. 25) explica as distinções entre estática e dinâmica. A estática, diz respeito às forças gravitacionais dentro de um dado sistema que serve de referência, ou seja, por uma aproximação ou distanciamento da fronteira tecnológica. Por sua vez, a posição dinâmica "focaliza o caso dos variáveis sistemas de referência, representados em nosso caso pela mudança técnica". A escolha por trabalhar na fronteira ou manter um distanciamento dela fundamenta o dever da teoria em propiciar condições gerais de se estudar os determinantes que afetam e são afetados pelo progresso técnico endógeno e exógeno. Sendo que "as mudanças exógenas se relacionam à emergência de novos paradigmas tecnológicos, enquanto a mudança endógena refere-se ao progresso técnico ao longo das trajetórias definidas por esses paradigmas".

Dessa forma, é possível identificar a importância da ciência e da mudança técnica no estudo do desenvolvimento econômico, haja vista a

crescente necessidade de se manter um posicionamento competitivo e voltado para o crescimento econômico impulsionado pela mudança. Em meio a mudanças de cunho paradigmático, os teóricos sinalizam um meio de se avaliar as evoluções técnicas, sociais e econômicas, condicionando o resultado das empresas à sua sobrevivência, de forma que a sua

expertise, bem como a sua capacidade dinâmica em atuar num ambiente

competitivo gere traços evolutivos ligados diretamente com a sua capacidade de se adaptar às novas realidades organizacionais e ambientais.

A ideologia por traz das evoluções acarretam o tratamento de uma nova performance organizacional que é a trajetória da dinâmica industrial. Dosi (1988) acredita que a performance industrial emerge endogenamente, o que de fato, expõe os padrões existentes de mudanças da empresa e que podem induzir novos rumos para a trajetória tecnológica em determinado paradigma. Dessa forma, o paradigma tecnológico pode ser definido, como proposto por Tavares, Kretzer e Medeiros (2005), como sendo um conjunto de procedimentos que servem de base para nortear pesquisas tecnológicas, onde poderão ser identificados os problemas, além de serem especificados os objetivos que podem ser perseguidos. Arend (2009) complementa dizendo que o paradigma também se refere a um conjunto de compreensões, auferidos por uma comunidade, a respeito de uma tecnologia, sugerindo o tratamento de ideias compartilhadas sobre artefatos que estão à disposição para serem aprimorados.

A partir dessa caracterização do paradigma, Dosi (1988) insere o contexto tecnológico pela vertente das necessidades e a partir dos princípios científicos necessários para executar uma determinada tarefa. Para Dosi (2006, p.42) esses princípios se relacionam com a ciência, pois assim como o paradigma científico determina o campo de inquirição, os problemas, os procedimentos, as tarefas e a tecnologia também participam desses procedimentos. O autor reforça que a ciência normal constitui a efetivação de uma promessa contida num paradigma científico, já o progresso técnico é definido por meio de um paradigma tecnológico. Daí a necessidade de definir a trajetória tecnológica como "o padrão da atividade normal de resolução do problema (isto é, do progresso), com base num paradigma tecnológico". Cabe salientar que o paradigma tecnológico possui um poderoso efeito de exclusão, a contar pelos esforços empreendidos pelas organizações em direcionar atividades para um determinado ponto, mas ficam vulneráveis quando o escopo de análise se volta para as demais possibilidades tecnológicas.

De forma concomitante, as trajetórias tecnológicas foram definidas por Nelson e Winter (2005) como um padrão de progresso através da solução incremental dos trade-offs explicitados por um paradigma tecnológico. Os autores acreditam que após imergirem em uma determinada trajetória tecnológica a empresa gera um impulso próprio para direcionar as suas atividades a fim de buscar soluções aos problemas rotineiros. Sendo que esses problemas são resolvidos mediante o desenvolvimento e sedimentação do progresso técnico.

Nesse sentido, Arend (2009) defende que, no paradigma tecnológico, uma constituição é criada para o aprimoramento de certa tecnologia. Nesses termos, a trajetória tecnológica contribui no balizamento dessas atividades, fornecendo um caminho onde existem oportunidades e mecanismos de aprimoramentos a serem avaliadas e utilizadas pelos participantes na tentativa de romper com a fronteira tecnológica – mais alto nível alcançado em relação a uma trajetória tecnológica – e iniciar novos processos de busca e seleção.

Na esfera global, Pérez (1992) explora os efeitos que o paradigma tecnológico exerce sobre os países no decorrer de sua história. Para ela, quanto maior o número e maior a complexidade das tecnologias específicas instaladas, maiores são as ligações entre eles, mais abundante é o estoque de recursos humanos qualificados, maior a possibilidade de aplicar com sucesso o novo paradigma para renovar a base produtiva e dar um salto em frente. Como existe um desnivelamento no desempenho dos agentes no mercado, um grande contingente que não conseguiu atingir uma massa crítica para explorar o paradigma anterior, sofrerá grandes limitações para aproveitar os benefícios do novo contexto inovativo, diminuindo demasiadamente a janela de oportunidades.

Perez (2004) também avalia o paradigma a partir desse prisma, encarando-o como um instrumento difusor de tecnologia. Apesar de sua configuração demandar certo tempo das empresas, o paradigma gera um modelo que pode ser seguido pelos demais agentes, mobilizando-os para participarem das novas atualizações e caminhadas rumo aos melhoramentos. A autora chama a atenção para essa mobilização, onde o aprendizado conquistado gera forças para retirar as empresas da inércia produzida pelo êxito (sobrevivência) do paradigma anterior. Isso porque as trajetórias não são eternas. O potencial de um paradigma, independentemente de seu poder revolucionário, se esgota. Com isso, ao se observar uma trajetória natural de desenvolvimento, todos os envolvidos podem sugerir e proporcionar melhorias no produto e, com o passar do tempo, um novo ciclo de vida surge para o aproveitamento de outra revolução.

Dosi (2006) reforça a ideia salientando que na abordagem de trajetórias o avanço tecnológico é internalizado, diferenciando-se a partir das tendências tecnológicas desenvolvidas pelas empresas. Assim, a existência de uma alternativa credível de ação fortalece o caráter dominante e interno da dinâmica tecnológica Neo-Schumpeteriana, aproveitando as oportunidades oriundas do tramite mercadológico ao qual os agentes estão inseridos. O interessante desses movimentos é que eles estabelecem uma dinâmica singular no que diz respeito à atuação e enquadramento das respostas ao meio ambiente, gerando rotinas que podem induzir a mudança no processo inovativo.

A grande problemática contida no discurso de Pérez (1992) se volta para a compreensão de que a maioria dos países em desenvolvimento apresenta grandes dificuldades de explorar essas novas possibilidades que a mudança do processo inovativo propicia. Muito embora os agentes devam assumir uma parcela substancial da culpa, o governo também é responsável pela dificuldade apresentada no ambiente institucional. A intervenção governamental para subsidiar, controlar, proteger e impor condições aos participantes do mercado faz com que o regramento seja imposto e compactuado por todos que estão transacionando no mercado. A autora salienta a importância de estimular a criação de processos mais coerentes de desenvolvimento para esses territórios que não obtiveram êxito na exploração de uma determinada oportunidade, acionando instituições adequadas, observando países que obtiveram êxito em seus processos de crescimento e desenvolvimento, entre outras ações.

A desmistificação dessas oportunidades tecnológicas faz com que as empresas e organizações governamentais ajustem o passo para trilhar os caminhos almejados, considerando a competitividade, bem como os contextos gerados ao longo das trajetórias. O interessante é que, mesmo naquelas situações em que a trajetória não contribui com o desenvolvimento institucional, é possível mobilizar os recursos disponíveis para buscar um novo caminho. Autores como Nelson e Winter (2005) e Dosi (2006) são retomados como referência para a interpretação dessas situações, como é o caso das rotinas geradas e aprimoradas pelas empresas.

A mobilização das empresas em busca de um melhor posicionamento faz com que a vantagem competitiva se torne alvo das ações no campo. Os agentes utilizam as suas capacidades dinâmicas para interpretar e redirecionar os esforços em prol dessa diferenciação. Teece e Pisano (1994) lembram que essa estratégia pode ser estimulada pela habilitação de rotinas internas de alta performance das firmas e em distintos processos de aprendizagem ao longo do tempo. Aprendizagem

essa que está fortemente baseada em seus processos e condicionamentos que se formaram pela trajetória histórica.

Além dos processos de rotina, isso acontece também nos processos de seleção dos paradigmas tecnológicos, pois no campo da tecnologia, as ações são demasiadamente orientadas para gerar progresso técnico e, assim como na ciência, a atividade de resolução do problema através de linhas definidas no paradigma está presente nas atividades rotineiras. De forma similar, assim que selecionada e estabelecida uma trajetória, esta irá apresentar um impulso próprio. Existem nessa perspectiva, as trajetórias naturais do progresso que Nelson e Winter (2005) consideraram e podem ser representadas pelos movimentos multidimensionais que as empresas executam como forma de aperfeiçoamento.

O autor, com isso, desmembra o conceito e orienta a investigação para a resolução de um determinado problema que aguarda por solução. Para Dosi (2006) existem características das trajetórias definidas em forma de paradigmas, tais como: a existência de trajetórias genéricas; o desenvolvimento capaz de incentivar ou coibir o desenvolvimento de novas tecnologias; as trajetórias tecnológicas sustentam algumas características cumulativas, dessa forma, os avanços inovativos associam- se com o posicionamento da firma diante da fronteira tecnológica; a complexidade em trocar de uma trajetória para outra está associada ao quanto a trajetória andante tem valor quando comparada às demais tecnologias.

O envolvimento e correlação com as demais tecnologias derivam das mudanças no paradigma técnico-econômico, que abrange inovações não apenas na tecnologia, mas também no tecido social e econômico no qual estão inseridas (TIGRE, 2006). A interdependência que o conjunto de tecnologias cria para a solidificação de um paradigma está respaldada pela personificação do termo que consagra a teoria evolucionária da mudança econômica, a Rotina. Ao retomar Freeman e Perez (1988) apreende-se que o conceito de paradigma tecno-econômico, na medida em que incorpora as esferas das empresas e do trabalho, assume um caráter econômico e institucional.

De acordo com Arend (2009), o aspecto central é que o surgimento de um paradigma tecno-econômico não pode ser entendido sem a presença do fator-chave (key-factor). A cada paradigma tecno-econômico, esse fator-chave é produzido por um conjunto de indústrias que se tornarão indústrias motrizes e se encadearão com outras indústrias. Como resultado, ocorre o rejuvenescimento gradual de toda a estrutura produtiva, de modo que as indústrias maduras podem usufruir,

novamente, do dinamismo, produtividade e rentabilidade que o novo ciclo promove. Aquelas empresas que habilitaram a rotina de sempre procurar por inovações, se beneficiam nesse momento, pois possuem um novo arcabouço para delinear as possibilidades.

Para Nelson e Winter (2005) a rotina, no contexto inovativo, deve ser compreendida como um conjunto de características persistentes e contundentes ao comportamento dos agentes, que hora executam atividades miméticas no ambiente, hora incorporam novos sentidos ao longo do tempo, manipulando o ambiente que a circunscreve. No entanto, é valido ressaltar que o estudo das rotinas visa alavancar fundamentos consistentes do presente para a lapidação do futuro, permitindo a existência de rotinas momentâneas, bem como aquelas que podem ser interpretadas com o passar do tempo. Contudo, mesmo as rotinas de caráter momentâneo, como é o caso dos comportamentos, podem servir de referência para a compreensão do processo evolucionário que as modelou.

No intuito de proporcionar uma visão mais detalhada dessas considerações, os autores separam, didaticamente, as rotinas em três classes. A primeira delas se relaciona com o que a firma faz a qualquer momento, dadas as condições de trabalho, trata-se das características operacionais de uma atividade. O segundo conjunto de rotinas derivam de condições operacionais similares, mas que agregam um número maior de variáveis na decisão. Finalmente, o terceiro agrupamento de rotinas contem àquelas rotinas que são capazes de modificar as características operacionais ao longo do tempo e, consequentemente, alterar os padrões de um empreendimento.

Busca-se com essa segmentação, demonstrar que as rotinas são um reflexo das condições competitivas que as delimitam. Além dos condicionamentos da trajetória passada, as rotinas são modeladas pelas incertezas e decisões tomadas para que as firmas permaneçam vivas. A modelagem sistemática dos eventos que ocorrem com as empresas diariamente tem sido foco recente de alguns economistas, mas Nelson e Winter (2005) reforçam que não é possível manter, de modo simultâneo, nenhuma quantidade substancial de elos causais com a realidade dentro de um foco lógico preciso, cabendo aos pesquisadores estreitar, temporariamente, o campo de visão para capturar a realidade objetivada. Cohen e Levinthal (1989) consideram que as rotinas são como genes das empresas capazes de determinar os possíveis comportamentos futuros. Nesse sentido, a rotina também pode ser escalonada como uma capacidade factível para um desempenho repetido em algum contexto que foi aprendido pela organização, muitas vezes, em resposta a pressões do

ambiente. Como o ambiente é muito dinâmico, as rotinas devem se adaptar às condições do cenário econômico que, nesses termos, ocorrem com baixa regularidade e previsibilidade.

Sabendo das limitações e influências das rotinas no trâmite diário das empresas, tem-se que o conhecimento, no contexto organizacional, também está sujeito a mudanças por escolha deliberada. Nesse sentido se sujeita a aumentar, quando os funcionários aprendem fazendo suas tarefas de forma mais eficiente, e a diminuir, quando esquecem detalhes das tarefas que não fizeram em tempos recentes. O estudo contempla os tipos de conhecimento devido ao impacto que a sua apropriação causa nas organizações, aprimorando habilidades e desenvolvendo novos recursos (NELSON; WINTER, 2005). A constituição de um conjunto de rotinas na empresa gera uma operacionalidade condizente com os afazeres imediatos.

Para os autores, habilidade pode ser entendida como “a capacidade de ter uma sequência regular de comportamento coordenado que em geral é eficiente em relação a seus objetivos, dado o contexto em que normalmente ocorre”. Dessa forma ela pode ser programada, uma etapa começa quando a outra é finalizada. Além disso, o conhecimento subjacente a um desempenho habilidoso constitui, em grande medida, um conhecimento tácito, aquele em que os agentes utilizam de outras habilidades para desempenhar uma tarefa. Com isso, o conjunto de escolhas faz emergir uma habilidade em meio a um determinado conhecimento, favorecendo ou não o desempenho a ser angariado (NELSON; WINTER, 2005, p.116-117).

Daí a importância de uma rotina. Acredita-se que a forma mais