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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Atributos do solo

As interações entre épocas e solos e entre épocas e inoculação não mostraram diferenças estatísticas significativas para as variáveis pH e capacidade de troca catiônica (Tabela 3). As duas variáveis apresentaram comportamento quadrático entre as épocas de avaliação. O pH elevou-se até os 180 dias, mas nas épocas seguintes ocorreu a sua redução (Figura 1), enquanto na CTC o maior valor foi verificado aos 90 dias (-5,1x10-4 x2 + 1,36 x10-

1 x + 89,59; R2 = 0,2971).

Tabela 3 - Médias e valores de F para fósforo lábil (P lábil), matéria orgânica, potencial de hidrogênio, cálcio, magnésio, acidez potencial, capacidade de troca catiônica e atividade da fosfatase ácida do solo, nas diferentes épocas de amostragem, tipos de solos e inoculação.

Fontes de variação P lábil MO pH Ca Mg (H+Al) CTC Fosfatase

mg dm-3 g dm-3 CaCl 2 ---mmolc dm-3--- µg p-NPP g-1 solo Época 0 dias 42 24 5,9 31 23 22 79,2 7,53 (E) 90 dias 53 24 6,3 46 59 16 122,4 5,62 180 dias 52 24 6,7 62 14 15 91,9 5,60 270 dias 38 26 5,9 40 16 20 78,1 7,83 360 dias 24 26 4,7 24 9 45 79,1 7,28

Solo LVAd 41 25b 5,9 44a 18 21b 85,0 6,85a

(S) LVd1 41 26a 5,9 37b 31 26a 95,3 6,49b

Inoculação CF 51a 25 5,9b 38 18b 26a 83,3 6,20c

(I) CNF 54a 25 5,8b 46 17b 28a 92,7 6,37c

CNF + A19 37b 24 5,9b 39 18b 22b 80,1 6,47c

CNF + A26 35b 25 5,9b 38 19b 24b 82,5 6,61b

CNF + G 38b 25 6,0a 46 18b 22b 88,0 6,74b

CNF + A19+ G 36b 26 6,0a 38 18b 23b 79,9 7,19a CNF + A26+ G 35b 25 6,1a 39 63a 20b 124,0 7,11a E 78,24** 23,90** 281,84** 186,74** 189,34** 244,44** 12,92** 114,02** S 0,51ns 40,74** 0,13ns 32,20** 0,94ns 66,46** 0,92ns 11,38** I 21,59** 2,58ns 3,60** 1,34ns 2,37* 3,50** 0,58ns 11,81** E x S 0,79ns 3,03* 1,23ns 6,56** 3,22* 3,02* 1,12ns 2,90** E x I 2,57** 1,39ns 1,28ns 1,33ns 0,90ns 1,43ns 1,35ns 18,05** S x I 37,00** 7,50** 3,27** 1,71ns 2,24ns 3,87ns 1,03ns 9,26** CV% 28,21 6,90 6,92 6,58 11,15 7,57 5,58 12,55 Médias seguidas de mesma letra, na coluna e dentro de cada variável, não diferem entre si pelo teste T de Student para solo e pelo teste Scott Knott para inoculação a 5% de probabilidade .** e *: significativo a 1 e 5%, respectivamente. ns: não significativo. Fósforo lábil: teor de

fósforo resina/(100 – subestimação %). LVAd: LATOSSOLO VERMELHO AMARELO e LVd1: LATOSSOLO VERMELHO; CF: controle fosfatado; CNF: controle não fosfatado; A19: Aspergillus niger 19; A26: Aspergillus niger 26; G: Glomus clarum.

Fonte - Dados do próprio autor

A elevação inicial do pH pode ter sido decorrente de um período de precipitação pluvial reduzida (maio a agosto) (Apêndice A), acarretando na necessidade de regas diárias. A análise da dureza da água de irrigação revelou elevados teores de carbonato de cálcio e

carbonato de magnésio, 81 e 29 mg L-1,respectivamente. Como a irrigação das plantas foi realizada com maior freqüência até os 180 dias, correspondendo ao período de seca, a água agiu como uma calagem, resultando na elevação do pH (Figura 1).

Figura1 - Médias de potencial de hidrogênio nas diferentes épocas de amostragem.

y** = -5.10-05x2 + 1,43.10-2x + 5,48 R2 = 0,9834 4 5 6 7 0 90 180 270 360 Tempo (dias) P ot e nc ia l de hi dr ogê ni o ( C a C l 2 )

Fonte - Dados do próprio autor

Resultados semelhantes foram observados por Maia, Morais e Oliveira (2001), ao avaliarem a água de irrigação quanto a seu teor de carbonato e bicarbonato nas regiões da Chapada do Apodi e Baixo Açu, no estado do Rio Grande do Norte, relataram que áreas irrigadas com água com altos teores destes elementos na região da Chapada do Apodi, ocasionaram um aumento nos valores de pH dos solos após alguns anos de cultivo. E quando o volume de água utilizado no presente trabalho foi reduzido em virtude da ocorrência de chuvas (dezembro a abril) (Apêndice A) a acidez do solo elevou-se, uma vez que a aplicação dos carbonatos de cálcio e magnésio foi menor.

Os teores de matéria orgânica apresentaram-se maiores no LVd1 no decorrer do período experimental (Figura 2A), entretanto verificaram-se os mesmos valores dessa variável aos 360 dias nos dois latossolos (Tabela 4), provavelmente devido ao sistema radicular da gramínea em questão que forneceu incrementos constantes de material orgânico, suficientes para equilibrar os valores da matéria orgânica do nos dois solos.

Resultados similares foram observados por Crusciol e Borghi (2007) que afirmaram que as forrageiras tropicais possuem sistema radicular vigoroso e profundo, eficiente na produção de cobertura morta. O que justificaria a origem do material orgânico que resultou em um aporte de matéria orgânica ao longo do tempo no LVAd e no LVd1.

Figura 2 - Médias de matéria orgânica (A), cálcio (B), magnésio (C), acidez potencial (D) e atividade da fosfatase ácida do solo (E) para os diferentes solos e épocas de amostragem. (LVAd: LATOSSOLO VERMELHO AMARELO e LVd1: LATOSSOLO VERMELHO).

20 22 24 26 28 30 0 90 180 270 360 Tempo (dias) M a ri a or g â ni c a ( g dm -3) LVAd LVd1 0 10 20 30 40 50 60 70 80 0 90 180 270 3 Tempo (dias) C á lc io ( m m o lc d m -3) LVAd LVd1 A B 0 10 20 30 40 50 60 70 0 90 180 270 360 Tempo (dias) M a gn é s io ( m m ol c dm -3) LVAd LVd1 0 10 20 30 40 50 0 90 180 270 36 Tempo (dias) A c id e z p o te n c ia l (m m o lc d m -3) LVAd LVd1 C D 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 0 90 180 270 360 Tempo (dias) Fos fa ta s e do s ol o ( ug P O -4P g -1 so lo s eco ) LVAd LVd1 E

Considerando a influência da água de irrigação verificou-se que LVAd e LVd1 proporcionaram ajustes quadráticos semelhantes ao longo do tempo quanto aos valores de cálcio e magnésio (Figura 2B e 2C). A variável cálcio apresentou pontos de máximo de 71 mmolc dm-3 no LVAd e de 63 mmolc dm-3 no LVd1 e para magnésio os pontos de máximo

corresponderam a 60 mmolc dm-3 no LVAd e 66 mmolc dm-3 no LVd1 (Tabela 4). Observou-

se ainda que os dois latossolos mostraram comportamento quadrático similar com relação à acidez potencial encontrando-se os maiores valores aos 270 e 360 dias (Figura 2D), o que remete à relação inversa com o pH ao longo tempo (Figura 1). Sendo assim, os carbonatos de cálcio e magnésio presentes na água utilizada propiciaram o aumento do pH e, portanto, a redução da acidez potencial, além de elevar os teores de cálcio e magnésio.

Tabela 4 - Desdobramento das interações significativas para matéria orgânica, cálcio, magnésio, acidez potencial e atividade da fosfatase ácida do solo para os diferentes solos e épocas de amostragem e seus pontos de máximo ou mínimo (P max/min).

Fontes de variação

0 90 180 270 360 P

---dias--- Equações R2 max/min --- Matéria orgânica (g dm-3) ---

LVAd 24b 24b 24b 25b 26b Y**= 2,7.10-05x2 – 3,06. 10-03x + 22,75 0,9429 23

LVd1 25a 25a 25a 27a 26a Y**= 4,65. 10-03x+ 24,75 0,5677

---Cálcio (mmolc dm-3)---

LVAd 38a 47a 68a 44a 27a Y**= -1.10-03x2 + 3,73. 10-01x + 36,59 0,8431 71 LVd1 26b 44a 57a 36a 21b Y**= -1.10-03x2 + 3,8. 10-01x + 27,28 0,8847 63 ---Magnésio (mmolc dm-3)---

LVAd 24a 57b 15a 15b 10a Y**= -1.10-05x2 + 2. 10-03x + 59,5 0,8831 60 LVd1 23a 62a 13a 18a 9a Y**= -4.10-04x2 + 8,6. 10-02x + 62 0,2814 66

---Acidez potencial (mmolc dm-3)---

LVAd 19b 15b 13b 20a 40b Y**= 6.10-04x2 – 1,72. 10-01x + 24,43 0,9910 12 LVd1 26a 17a 16a 21a 50a Y**= 9.10-04x2 - 2,67. 10-01x + 33,89 0,9766 14

Fosfatase ácida do solo(µg p-NPP g-1 solo seco)

LVAd 7,80a 5,87a 5,81a 7,58a 7,18a Y**= 4,6.10-05x2 -7,7. 10-03x + 5,97 95,51 5,64 LVd1 7,26b 5,37b 5,38b 7,07b 7,38a Y**= 1,3.10-05x2 - 1,19. 10-03x + 5,26 83,62 5,19

Médias seguidas de mesma letra na coluna, dentro de cada variável, não diferem entre si pelo teste T de Student a 5% de probabilidade. LVAd: LATOSSOLO VERMELHO AMARELO e LVd1: LATOSSOLO VERMELHO.

Fonte - Dados do próprio autor

A atividade da fosfatase ácida no LVAd e no LVd1 apresentou pontos de mínimo correspondentes a 5,64 e 5,19, respectivamente (Tabela 4). A atividade da mesma dentre as épocas de amostragem foi menor aos 90 e 180 dias indicando que nessas épocas os teores de fósforo foram maiores que nas demais (Figura 2E). Essa enzima tem sua atividade aumentada à medida que a disponibilidade de fósforo para as plantas é reduzida, mostrando-se um indicador sensível da biodisponibilidade de fósforo às plantas (FERNANDES et al., 2000).

A interação entre épocas e inoculação mostrou que os maiores teores de fósforo lábil ocorreram aos 90 e 180 dias nos controles fosfatado e não fosfatado (Figura 3A), porém com pontos de máximo iguais a 81 e 67 mg dm-3, respectivamente (Tabela 5). O incremento de

fósforo no controle fosfatado foi esperado em virtude da adubação fosfatada. Entretanto o aumento do teor dessa variável no controle não fosfatado ocorreu provavelmente em função do teor de fósforo presente na água de irrigação (3,65 mg dm-3 de fosfato), considerando que cada unidade experimental recebeu 5 L de água por dia nos meses de menor precipitação pluvial.

Figura 3 - Médias de fósforo lábil (P lábil) (A) e atividade da enzima fosfatase ácida do solo (B) para as diferentes épocas de amostragem e inoculação. Fósforo lábil: teor de fósforo resina/(100 – subestimação %). CF: controle fosfatado; CNF: controle não fosfatado; A19: Aspergillus niger 19; A26: Aspergillus niger 26; G: Glomus clarum.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 0 90 180 270 360 Tempo (dias) P l á bi l ( m g dm -3)

Com P Sem P Sem P +A19 Sem P + A26 Sem P + M Sem P + A19 + M Sem P + A26 + M

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 90 180 270 360 Tempo (dias) Fos fa ta s e do s o lo ( ug p- N P P g -1 so lo ) CF CNF CNF + A19 CNF + A26 CNF + G CNF + A19 + G CNF + A26 + G A B

Fonte - Dados do próprio autor

Nessas mesmas épocas foram observados os maiores valores de pH (Figura 1) e os menores de acidez potencial (Tabela 3), sugerindo a interrupção do processo de fixação do fósforo por meio do fornecimento de carbonatos de cálcio e magnésio contidos na água de irrigação. A correção da acidez do solo resulta na interrupção do processo de fixação que é mínima com elevados valores de pH (6,0-6,5) (NOVAIS; SMYTH, 1999). Portanto, uma vez que as perdas de fósforo por fixação foram minimizadas, os acréscimos desse nutriente tornaram-se mais expressivos.

A inoculação com G. clarum e ou A niger 19 e A. niger 26 resultou em menores teores de fósforo, sugerindo o consumo e ou a imobilização desse elemento pelos fungos inoculados (Figura 3A). Siqueira, Andrade e Faquin (2004) afirmaram que o ciclo do fósforo é um sistema complexo controlado por reações-transformações químicas e/ou mediadas pelos organismos do solo e pelas plantas. Em conjunto, resulta em processos como a mineralização do fósforo orgânico, imobilização química e/ou biológica. Apesar da pequena quantidade

desse nutriente nos seres vivos, este estoque de fósforo, que é conhecido também como fósforo biológico do solo, apresenta intenso fluxo devido a sua rápida reciclagem.

Tabela 5 - Desdobramento das interações significativas para fósforo lábil (P lábil) e atividade da fosfatase ácida do solo, para as diferentes épocas e inoculação e seus pontos de máximo ou mínimo (P max/min).

Fontes de 0 90 180 270 360 P

variação ---dias--- Equações R2 max/min

---P lábil (mg dm-3) ---

CF 61a 76a 67a 39a 23a Y**= -6,4.10-04x2 + 2,3.10-01x + 60,99 0,9522 81

CNF 58a 66a 65a 38a 29a Y**= -6,4.10-04x2 + 1,49.10-01x + 58,75 0,8302 67

CNF + A19 36b 45c 46b 29a 30a Y**= -3,1.10-04x2 + 1,2.10-01x + 36,76 0,8942 49 CNF + A26 34b 44c 44b 31a 22a Y**= -6,8.10-04x2 + 2,1.10-01x + 31,07 0,9836 47

CNF + G 35b 45c 53b 33a 23a Y**= -7.10-04x2 + 2,8.10-01x + 30,13 0,8500 58

CNF + A19+ G 36b 45c 48b 35a 18a Y**= -5.10-04x2 + 1,9.10-011x + 32,00 0,8819 50 CNF + A26+ G 34b 50c 43b 31a 25a Y**= -4,5.10-04x2 + 1,8.10-01x + 34,65 0,8363 53

Fosfatase ácida (µg p-NPP g-1 solo seco)

CF 8,09a 3,88c 3,91d 7,59a 7,55b Y**= 1,13.10-04x2 – 3,99.10-02x + 7,11 0,5087 3,58 CNF 8,38a 3,75c 3,86d 8,17a 7,66b Y**= 1,15.10-04x2 – 4,03.10-02x +7,22 0,4415 3,68 CNF + A19 5,96c 5,31b 5,13c 7,68a 8,26a Y**= 4,8.10-04 x2 – 9,98.10-02x + 10,09 0,8288 4,90 CNF + A26 7,06b 6,86a 6,85a 7,44a 7,36b Y**= 2,7.10-05 x2 – 1,81.10-02x + 7,9 0,6088 6,25 CNF + G 7,82a 6,20a 6,10b 6,80b 6,89c Y**= 3,8.10-05 x2 – 1,70.10-02x + 7,17 0,7903 5,26

CNF + A19+ G 7,45a 6,83a 7,19a 7,02a 6,62c Sem ajuste

CNF + A26+ G 7,92a 6,50a 6,14b 6,59b 6,66c Y**= 2,73.10-03x +7,62 0,5284

Médias seguidas de mesma letra na coluna dentro de cada variável, não diferem entre si pelo teste Scott Knot a 5% de probabilidade. Fósforo lábil: teor de fósforo resina/(100 – subestimação %). CF: controle fosfatado; CNF: controle não fosfatado; A19: Aspergillus niger 19; A26: Aspergillus niger 26; G: Glomus clarum.

Fonte - Dados do próprio autor

A menor atividade da fosfatase ácida do solo foi observada aos 90 e 180 dias nos controles fosfatado e não fosfatado (Figura 3B) correspondendo seus pontos de mínimo a 3,58 e 3,68 µg p-NPP g-1 solo seco, respectivamente (Tabela 5). A relação inversa entre o teor de fósforo e a atividade da fosfatase era esperada, pois teores elevados desse elemento, acima de 31 mg dm-3, inibem a ação da enzima (RAIJ et al., 1996). Corroborando com este fato, Ross

et al. (1995) ao avaliarem solos cultivados e de mata nativa, afirmaram que a atividade de fosfatase ácida no solo sob mata nativa foi elevada, correspondendo cerca de 2,5 vezes à do solo cultivado, devido aos menores teores de fósforo no solo preservado.

A interação entre solo e inoculação resultou em maiores teores de fósforo nos dois latossolos nos controles fosfatado e não fosfatado (Tabela 6), indicando novamente o consumo do fósforo disponível pelos microrganismos inoculados. Rheinheimer, Anghinoni e Conte (2008) afirmaram que a disponibilidade de fósforo não é controlada apenas pelos processos químicos de fixação, mas também por processos biológicos, os quais envolvem a mineralização e a imobilização do fósforo dos compostos orgânicos e solubilização e precipitação de fosfatos. Desse modo, os teores de fósforo na interação solo e inoculação

sugerem a ação microbiológica para a formação da considerada terceira fração do fósforo orgânico do solo, que é o fósforo contido na biomassa microbiana do solo.

Tabela 6 - Desdobramento das interações significativas para fósforo lábil (P lábil), matéria orgânica, potencial de hidrogênio e fosfatase ácida do solo para os diferentes solos e inoculação.

Fontes de variação LVAd LVd1 LVAd LVd1 --P lábil (mg dm-3)-- ---MO (mg dm-3)---

CF 68aA 69Aa 25bB 26aB

CNF 38aB 32bB 25aB 25aB

CNF + A19 33bB 41aB 24bC 25aB

CNF + A26 37aB 36aB 24bB 27aA

CNF + G 38aB 37aB 24bC 26aA

CNF + A19 +G 40aB 34aB 26aA 25aB

CNF + A26 + G 38aB 35aB 25aA 25aB

---- pH (CaCl2) ---- Fosfatase (µg p-NPP g-1 solo seco)

CF 5,8aB 5,9aB 6,23aC 6,08bC

CNF 5,8aB 5,8aB 6,82aB 5,78bC

CNF + A19 5,8bB 6,0aA 6,86aB 6,18aC

CNF + A26 5,9aB 5,9aB 6,72aB 6,50bB

CNF + G 6,0aA 6,1aA 7,01aB 6,67aB

CNF + A19 +G 6,1aA 5,8bB 6,83bB 7,56aA CNF + A26 + G 6,1aA 6,0aA 7,50aA 6,72bB Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna, dentro de cada variável não diferem entre si pelo teste T de Student para solo e pelo teste Scott Knott para inoculação a 5% de probabilidade. Fósforo lábil: teor de fósforo resina/(100 – subestimação %). LVAd:LATOSSOLO VERMELHO AMARELO e LVd1: LATOSSOLO VERMELHO CF: controle fosfatado; CNF: controle não fosfatado; A19: Aspergillus niger 19; A26: Aspergillus niger 26; G: Glomus clarum.

Fonte - Dados do próprio autor

Como observado na interação entre época e inoculação houve menor atividade da fosfatase ácida do solo na interação entre solo e inoculação nos controles fosfatado e não fosfatado nos dois latossolos (Tabela 6) reforçando a relação inversa, já citada pela literatura, entre o teor de fósforo no solo e a atividade dessa enzima. Fernandes et al.,(2000) afirma que fosfatase ácida do solo tem sua atividade aumentada à medida que a disponibilidade de fósforo para as plantas e para a população de microrganismos do solo é reduzida, mostrando- se um indicador sensível da biodisponibilidade de fósforo às plantas.

Aos 360 dias ocorreram os maiores valores de fósforo orgânico indicando a contribuição do material orgânico residual do capim cultivado e da biomassa microbiana para o incremento observado (Tabela 7). Sobre isso, Rheinheimer, Anghinoni e Conte (2000); Conte, Anghinoni e Rheinheimer (2002; 2003) e Martinazzo et al. (2007) relataram que o fósforo orgânico é originário dos resíduos vegetais adicionados ao solo, do tecido microbiano e dos produtos de sua decomposição.

Os teores de fósforo total e inorgânico apresentaram-se maiores no LVd1 aos 360 e 180 dias, respectivamente, enquanto o fósforo orgânico mostrou-se maior no LVAd aos 360 dias (Tabela 8). A inoculação apenas de A. niger 26 proporcionou os maiores valores de fósforo total e orgânico aos 360 dias (Tabela 9) e os maiores teores de fósforo orgânico no LVAd (Tabela 10).

Tabela 7 - Médias e valores de F para fósforo total, fósforo inorgânico e fósforo orgânico aos 180 e 360 dias para os diferentes solos e diante da inoculação.

Fontes de variação Fósforo total Fósforo inorgânico Fósforo orgânico ---mg dm-3---

Época (E) 180 dias 1041b 980a 61b

360 dias 1075a 918b 157a

Solo (S) LVAd 1049b 924b 92b

LVd1 1067a 975a 125a

Inoculação (I) CF 1060b 948b 112b

CNF 1052c 957a 95c

CNF + A19 1056c 960a 96c

CNF + A26 1068a 937b 131a

CNF + G 1056c 947b 109b CNF + A19 + G 1056c 941b 115b CNF + A26 + G 1059b 955a 104c E 725,75** 781,64** 597,97** S 198,24** 410,10** 71,04** I 8,94** 8,76** 5,58** E x S 15,52** 23,68** 106,46** E x I 10,54** 10,98** 4,68** S x I 2,26ns 2,35ns 5,12** CV% 0,55 0,59 16,53

Médias seguidas de mesma letra, na coluna e dentro de cada variável, não diferem entre si pelo teste T de Student para solo e pelo teste Scott Knott para inoculação a 5% de probabilidade. ** e *: significativo a 1 e 5%, respectivamente. ns: não significativo. CF: controle fosfatado;

CNF: controle não fosfatado; A19: Aspergillus niger 19; A26: Aspergillus niger 26; G: Glomus clarum; LVAd: LATOSSOLO VERMELHO AMARELO e LVd1: LATOSSOLO VERMELHO.

Fonte - Dados do próprio autor

Tabela 8 - Desdobramento das interações significativas para fósforo total, fósforo inorgânico e fósforo orgânico nos diferentes solos aos 180 e 360 dias.

Fontes de 180 dias 360 dias 180 dias 360 dias 180 dias 360 dias variação Fósforo total Fósforo inorgânico Fósforo orgânico

--- mg dm-3 ---

LVAd 1035bB 1064aB 979aA 870bB 56bA 194aA

LVd1 1048bA 1087aA 983aA 967bA 65bA 120aB

Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna dentro de cada variável, não diferem entre si pelo teste de T de Student a 5% de probabilidade. LVAd: LATOSSOLO VERMELHO AMARELO e LVd1: LATOSSOLO VERMELHO.

Fonte - Dados do próprio autor

Os resultados de fósforo orgânico sugerem a ação solubilizadora do A. niger 26, uma vez que o aumento do teor de fósforo orgânico assinala uma série de transformações que terão como conseqüência o aumento do teor de fósforo disponível para as plantas (Tabelas 9 e 10).

O fósforo orgânico pode constituir de 5 a 80% do fósforo total do solo e, nos solos tropicais, é fonte de fósforo às plantas e deve ser levado em consideração em estudos envolvendo a sua dinâmica e a biodisponibilidade (RHEINHEIMER; ANGHINONI, 2003). A estabilidade destes compostos depende de sua natureza e da interação com a fração mineral, pois são usados como fonte de carbono e elétrons pelos microrganismos, cujo resultado é a mineralização e disponibilização do fósforo (SANTOS; GATIBONI; KAMINSKI, 2008). Tabela 9 - Desdobramento das interações significativas para fósforo total, fósforo inorgânico e fósforo orgânico aos 180 e 360 dias diante da inoculação.

Fontes de 180 360 180 360 180 360

variação ---dias--- Fósforo total Fósforo inorgânico Fósforo orgânico

--- mg dm-3 ---

CF 1037bA 1082aB 962aB 929bA 70bA 154aC

CNF 1045bA 1059aD 1009aA 905bB 36bB 154aC

CNF + A19 1038bA 1073aC 978aB 915bB 61bA 158aC CNF + A26 1044bA 1091aA 974aB 890bB 70bA 191aA CNF + G 1040bA 1071aC 982aB 937bA 72bA 171aB CNF + A19 +G 1040bA 1073aC 981aB 902bB 59bA 134aC CNF + A26 + G 1042bA 1076aC 970aB 941bA 58bA 135aC Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna dentro de cada variável, não diferem entre si pelo teste T de Student para épocas e pelo teste Scott Knott para inoculação a 5% de probabilidade. CF: controle fosfatado; CNF: controle não fosfatado; A19: Aspergillus niger 19; A26: Aspergillus niger 26; G: Glomus clarum.

Fonte - Dados do próprio autor

Tabela 10 - Desdobramento das interações significativas para fósforo orgânico nos diferentes solos diante da inoculação.

Fontes de variação LVAd LVd1

--- Fósforo orgânico (mg dm-3)---

CF 134aB 90bB

CNF 100aC 90aB

CNF + A19 140aB 79bB

CNF + A26 156aA 106bA

CNF + G 134aB 99aB

CNF + A19 + G 93aC 96bB

CNF + A26 + G 120aB 87bB

Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna dentro de cada variável não diferem entre si pelo teste T de Student para solo e pelo teste Scott Knott para inoculação a 5% de probabilidade. CF: controle fosfatado; CNF: controle não fosfatado; A19: Aspergillus niger 19; A26: Aspergillus niger 26; G: Glomus clarum; LVAd: LATOSSOLO VERMELHO AMARELO e LVd1: LATOSSOLO VERMELHO.

Fonte - Dados do próprio autor

Ocorreu, no entanto, correlação negativa entre cálcio e fósforo total (-0,714*), cálcio e

fósforo inorgânico (-0,780*) além de correlação positiva entre o pH e atividade da enzima

fosfatase ácida do solo (0,815*) (Apêndice B), sugerindo que a elevação do pH por meio dos teores dos carbonatos de cálcio e magnésio presentes na água de irrigação resultou no aumento da disponibilidade de fósforo, entretanto proporcionou também a fixação de fósforo

pelo cálcio, o que provavelmente ocorreu por volta dos 180 dias quando a média do pH foi 6,7. Fato este explicado por Malavolta (2006), quando o pH do solo aumenta, ocorre a redução das concentrações de ferro, alumínio e manganês na solução do solo, reduzindo a precipitação do fósforo com os mesmos. Isso ocorre até a faixa de pH próximo a 6,5, acima do qual começam a ocorrer perdas de fósforo ligado ao cálcio.

Os maiores valores de fósforo disponível total foram constatados com a inoculação de G. clarum, os tratamentos inoculados com A. niger 19 ou A. niger 26 resultaram em teores intermediários e o controle fosfatado e não fosfatado apresentaram os menores valores para essa variável (Tabela 11). O maior valor de fósforo disponível total oriundo da inoculação de G. clarum deve-se à maior capacidade de absorção de fósforo pela planta em virtude da associação micorrízica, pois os fungos micorrízicos arbusculares atuam como extensões do sistema radicular e também possuem a capacidade de absorver fósforo de fontes que não estão disponíveis para as plantas (BOLAN, 1991). Os resultados, portanto evidenciam a capacidade do fungo micorrízico em questão de incrementar a absorção de elementos pouco móveis no solo como o fósforo.

Tabela 11 - Médias e valores de F para fósforo disponível total do solo e fósforo não lábil do solo aos 360 dias para os diferentes solos e inoculação.

Fontes de variação P disponível total P não lábil ---mg dm-3--- LVAd 71 799b Solo (S) LVd1 70 896a CF 55c 874a CNF 61c 868a CNF + A19 76b 839b CNF + A26 71b 829b CNF + G 88a 849b CNF + A19 + G 70b 831b Inoculação (I) CNF + A26 + G 73b 843a S 0,20ns 145,22** I 4,77** 2,70* S x I 2,10* 2,95* CV% 17,06 3,07

Médias seguidas de mesma letra, na coluna e dentro de cada variável não diferem entre si pelo teste T de Student para solo e pelo teste Scott Knott para inoculação a 5% de probabilidade. ** e *: significativo a 1 e 5%, respectivamente. ns: não significativo. Fósforo disponível total:

somatória dos teores de fósforo acumulado total, fósforo da biomassa microbiana aos 360 dias e fósforo lábil aos 360 dias; Fósforo não lábil: teor de fósforo disponível total subtraído do teor de fósforo inorgânico; LVAd: LATOSSOLO VERMELHO AMARELO e LVd1: LATOSSOLO VERMELHO; CF: controle fosfatado; CNF: controle não fosfatado; A19: Aspergillus niger 19; A26: Aspergillus niger 26; G: Glomus clarum.

Fonte - Dados do próprio autor

Os resultados de fósforo disponível total indicam a ação solubilizadora dos A. niger 19 e A. niger 26, pois proporcionaram maior disponibilidade de fósforo que o controle fosfatado

(Tabela 12). De modo oposto, Nahas, Fornasieri e Assis (1994) ao compararem o efeito da inoculação de microrganismo solubilizador de fosfato de rocha com a da aplicação de fosfato solúvel sobre a produção e absorção de fósforo pela cultura de milho não constataram o efeito da inoculação de A. niger.

Os resultados, todavia indicam também um antagonismo entre o os fungos solubilizadores e G. clarum, uma vez que nos tratamentos com inoculação dos dois fungos (micorrízico e solubilizador) a disponibilidade de fósforo mostrou-se menor que no tratamento inoculado apenas com G. clarum nos dois latossolos (Tabela 12), ou seja, A. niger 19 e A. niger 26 inibiram de algum modo o comportamento do fungo micorrízico reduzindo o aporte de fósforo que o mesmo proporcionou quando na ausência dos fungos solubilizadores. Souchie et al. (2006) obtiveram resultados diferentes ao testar a capacidade de solubilização de diversos fungos solubilizadores em meio líquido. Esses autores verificaram o aumento do fósforo solúvel diante de um fungo solubilizador e o sinergismo entre fungos solubilizadores e micorrízicos arbusculares.

Tabela 12 - Desdobramento das interações significativas para fósforo disponível total (P disponível total) e fósforo não lábil (P não lábil) nos diferentes solos e inoculação.

Fontes de variação LVAd LVd1 LVAd LVd1

P disponível total P não lábil

---mg dm-3---

CF 50aC 59aC 823bA 938aA

CNF 55aC 57aC 824bA 920aA

CNF + A19 75aB 78aB 806bA 898aB

CNF + A26 74aB 69aB 779bB 883aB

CNF + G 89aA 87aA 779bB 875aB

CNF + A19 + G 70aB 71aB 806bA 863aB

CNF + A26 + G 74aB 72aB 810bA 860aB

Médias seguidas de mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna dentro de cada variável, não diferem entre si pelo teste T de Student para solo e pelo teste Scott Knott para inoculação a 5% de probabilidade. Fósforo disponível total: somatória dos teores de fósforo acumulado total, fósforo da biomassa microbiana aos 360 dias e fósforo lábil aos 360 dias; Fósforo não lábil: teor de fósforo disponível subtraído do teor de fósforo inorgânico; LVAd: LATOSSOLO VERMELHO AMARELO e LVd1: LATOSSOLO VERMELHO; CF:

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