• Nenhum resultado encontrado

Ausência de modulação de efeitos quando do julgamento das ADIs

No documento RAFAEL RODRIGUES JELLMAYER.pdf (483.2Kb) (páginas 42-46)

5. ATUAÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL QUANDO DO JULGAMENTO

5.1 Ausência de modulação de efeitos quando do julgamento das ADIs

Ao mes mo te mpo e m que fora de cl arada a i nconsti tuci onali dade do índi ce apl i cado para correção monetári a, o STF não proferi u de

i medi ato a modul ação dos efei tos d e tal deci são, r estando ao STJ, posi ci onar-se sobre o tema, defi ni ndo a parti r de quando i ri a val er a deci são proferi da em sede do STF e qual seri a o marco da atual i zação monetári a a ser apli cado.

Desta for ma, sob a óti ca do si stema de Recursos Repeti ti vos, a Pri mei ra Seção do STJ, ao jul gar o REsp 1270439/P R, posi ci onou -se e m 26/06/2013 da segui nte for ma:

[ . . . ] V E RB A S RE M UNE RA T Ó RI A S . CO RRE ÇÃ O M O NE T Á RI A E J URO S DE V I DO S P E LA F AZ E NDA P ÚB LI CA . LE I 11. 960/ 09 ,

Q UE A LT E RO U O A RT I GO 1º - F DA LE I 9. 494/ 9 7.

DE CLA RA ÇÃ O DE I NCO NS T I T UCI O NA LI DA DE P A RCI A L P O R A RRA S T A M E NT O ( A DI N 4. 357/ DF ) .

12. O ar t . 1º - F da Lei 9. 4 94/ 97, c om r edaç ão c onf er i da pel a

Lei 11. 96 0/ 200 9, qu e t r oux e nov o r egr am ent o par a a

at ual i z aç ão m onet ár i a e j ur os dev i dos pel a F az enda P ú bl i c a, dev e ser apl i c ado, d e i m edi at o, ao s pr oc e s s os em and am ent o, sem , c on t udo, r et r oa gi r a per í odo ant er i or a su a v i gênc i a. 13. " A s si m , os v al or es r e sul t ant e s de c o nde naç õe s pr of er i da s c ont r a a F az end a P úbl i c a apó s a ent r ada em v igor da Lei

11. 960/ 0 9 d ev em obser v ar os c r i t ér i os de at ual i z aç ã o

( c or r eç ão m onet ár i a e j ur os) n el a d i sc i pl i nado s, enqu ant o v i gor ar em . P or out r o l ado, n o per í odo ant er i or , t ai s ac e s s ór i o s dev er ão se gui r o s par âm et r os def i ni dos p el a l egi sl aç ã o e nt ã o v i gent e" ( RE sp 1. 20 5. 946/ S P , R el . M i n. B enedi t o G onç al v es, Cor t e E s pec i al , DJ e 2. 2. 12) .

14. O S upr em o T r i bun al F eder al dec l ar ou a

i nc onst i t uc i onal i dade p ar c i al , por ar r ast am e nt o, do ar t . 5º da Lei 11. 96 0/ 09, q ue d eu n ov a r edaç ão a o ar t . 1º - F da Lei 9. 494/ 97, ao ex am i nar a A DI n 4. 357/ DF , Rel . Mi n. A y r es B r i t t o.

15. A S upr em a Co r t e d ec l ar ou i nc on st i t uc i onal a ex pr e s sã o " í ndi c e of i ci al de r em uner aç ã o bá si c a da c a der n et a d e poup anç a" c ont i da no § 12 d o ar t . 100 da CF / 88. A s si m ent end eu por q ue a t ax a bá si c a de r em uner aç ão da pou panç a não m ede a i nf l aç ão ac um ul ada do per í o do e, por t ant o, nã o pode ser v i r de par âm et r o pa r a a c or r eç ão m onet ár i a a s e r apl i c ada ao s dé bi t os d a F az end a P úbl i c a.

16. I gual m ent e r ec onhec eu a i nc on st i t uc i onal i dade d a

ex pr es sã o " i nde pen dent em ent e de sua nat ur ez a" qua ndo o s débi t os f az end ár i o s o st ent ar em nat ur ez a t r i but ár i a. I ss o por qu e, quan do c r ed or a a F az end a de dí v i da de nat ur ez a

t r i but ár i a, i nci dem os j ur os pel a t ax a S E LI C c om o

c om pens aç ão pel a m or a, dev endo e s s e m esm o í ndi c e, po r f or ç a do pr i nc í pi o da eq ui dade, s er apl i c ad o qu and o f or el a dev edor a nas r epet i ç õe s de i nd ébi t o t r i but ár i o.

17. Com o o ar t . 1º - F da Lei 9. 494/ 97, c om r edaç ão da L ei 11. 960/ 0 9, pr at i c am ent e r epr o duz a n or m a do § 12 do ar t . 10 0 da CF / 88, o S upr em o dec l ar ou a i nc on st i t uc ional i dade p ar c i al , por ar r a st am ent o, de s se di sp o si t iv o l egal .

18. E m v i r t ude da dec l ar aç ão d e i nc on st i t uc i onal i dade par c i a l do ar t . 5º d a Lei 11. 9 60/ 09: ( a) a c or r eç ão m onet ár i a da s dív i das f az end ár i as dev e obser v ar í ndi c es q ue r ef l i t am a i nf l aç ão ac um ul ada do per í o do, a el a n ão se a pl i c ando o s

í ndi c es de r em uner aç ão b á si c a da c ader net a de pou panç a; e ( b) os j ur o s m or at ór i os ser ão eq uiv al ent es a os í ndi c e s of i c i ai s de r em uner aç ão bá si c a e j ur o s a pl i c áv ei s à c ad er n et a d e poup anç a, ex c et o qu and o a dí v i da ost ent ar n at ur ez a t r i but ár i a, par a a s q uai s pr ev al ec er ão a s r egr a s e spec í f i c as.

19. O Rel at or d a A DI n n o S u p r em o, M i n. A y r es B r i t t o, nã o es pec i f i c ou qual dev er i a ser o í ndi c e de c or r eç ão m onet ár i a adot ad o. T odav i a, há im por t ant e r ef er ênc i a no v ot o v i st a do M i n. Lui z F ux , quando S ua E x c el ênc i a ap ont a pa r a o I P C A ( Í ndi c e de P r eç o s ao C on sum i dor A m pl o) , do I nst i t ut o B r asi l ei r o de G eogr af i a e E st at í st i c a, que or a se ad ot a.

20. No c a so c o nc r et o, c om o a c ond enaç ão i m post a à F az end a não é d e nat ur ez a t r i but ár i a - o c r édi t o r ec l am ado t em or i gem na i nc or por aç ão d e qui nt o s p el o ex er c í c io de f unç ão d e c onf i anç a ent r e abr i l de 1998 e set em br o d e 2001 - , o s j ur o s m or at ór i os dev em ser c al c ul ado s c om bas e n o í ndi c e of i c i al de r em uner aç ão bá si c a e j ur o s a pl i c ado s à c ad er net a d e poup anç a, n o s t er m os da r e gr a d o ar t . 1º - F da Lei 9. 4 94/ 97 , c om r edaç ão d a Lei 1 1. 960/ 0 9. J á a c or r eç ão m onet ár i a, po r f or ç a da dec l ar aç ã o de i nc on st i t uc i onal i dade par c i al do ar t . 5 º da L ei 11. 9 60/ 09, dev er á ser c al c ul ada c o m base no I P CA , í ndi c e que m el hor r ef l et e a i nf l aç ão ac um ul ada do pe r í odo. 21. Rec ur so e sp ec i al pr ov i do em par t e. A c ór dão suj ei t o à si st em át i c a do ar t . 543 - C do CP C e d a R es ol uç ão S T J n. º 08/ 200 8.

( RE s p 12 704 39/ P R, Rel . M i ni st r o CA S T RO M E I RA , P RI M E I RA S E ÇÃ O , j ul gado em 26/ 06/ 2013, DJ e 02/ 0 8/ 2013) ( B RA S I L , 2013) .

Após o pronunci a mento pel o STJ , o Mi ni stro Fux, e m sede d e Recl ama ção Const i tuci onal nº 17503/DF, deferi u medi d a l i mi nar suspendendo os efei tos da deci são proferi da no recurso repeti ti vo supraci tado . Contudo, mes mo nesta ocasi ão, não foi estabel eci da uma cl ara defi ni ção quanto à correção mo netári a e juros nas condenações i mpostas à Fazenda Públ i ca, determi nando qu e aguarde -se até o jul ga mento fi nal do STF e seu pronunci amento sobre os efei tos das deci sões nas ADIs 4357 e 4425, co mo se obser va no trecho da Deci são l i mi nar abai xo transcri ta :

[ . . . ] Ex posi t i s, j ul go pr oc ed ent e e st a r ec l am aç ão p ar a c a s sar o at o r ec l am ado na par t e em que c ont r ar i ou a l im i nar def er i da no s aut o s d a s A DI 4. 357 e 4. 4 25, e d et er m i nar que o s pagam ent o s d ev i dos p el a F az end a P úbl i c a sej am ef et uado s

r es pei t ada a si st em át i c a ant er i or à dec l ar aç ã o d e

i nc onst i t uc i onal i dade n a s r ef er i das aç õe s, at é que sej am m odul ados se u s ef ei t os.

P ubl i que - se.

B r así l i a, 28 de nov em br o de 201 4. M i ni st r o Lui z F ux

( Rc l 1750 3 / DF - DI S T RI T O F E DE RA L, Rel a t or ( a) : M i n. LUI Z F UX, J ul gam ent o: 28/ 11/ 2 014, DJ e - 23 6 DI V ULG 01/ 12/ 2 01 4 P UB LI C 02/ 12/ 2 014) ( B RA S I L , 2 014) .

Após tal Deci são, a di scussão continuou nos tri bunai s e apenas e m 25/03/2015 o STF col ocou nova mente o a ssunto e m pauta . Contudo, me s mo nesta o casi ão n ão fora estabel eci da u ma cl ara modul ação dos efei tos do jul ga mento.

Neste senti do, i mpresci ndível destacar a tese que restou estabel eci da naquel a seção de jul ga mento , onde o rel ator , Mi ni stro Lui z Fux, assi m se posi ci onou :

[ . . . ] Conf er i r ef i c áci a pr os pec t iv a à dec l ar aç ão d e

i nc onst i t uc i onal i dade d o s seg ui nt e s a spec t o s d a A DI , f ix ando c om o m ar c o i ni ci al a dat a de c onc l u sã o do j ul gam ent o d a pr e sent e qu e st ão de or d em ( 25. 03. 20 15) e m ant end o - s e v áli dos o s pr ec at ór i os ex pedi do s o u pag o s at é est a dat a, a sa ber :

2. 1. F i c a m anti da a apl i c aç ão do í ndi c e of i cial de r em uner aç ã o bá si c a da c ader net a de p oup anç a ( T R) , no s t er m os d a E m enda Con st i t uc i onal nº 6 2/ 20 09, at é 25. 0 3. 2015, dat a a pó s a qual ( i ) os c r édi t os em pr ec at ór i os d ev erão ser c or r i gi do s pel o Í ndi c e de P r eç o s ao Con s um i dor Am plo E s pec i al ( I P CA - E ) e ( i i ) os pr ec at ór i o s t r i but á r i os d ev er ão obser v ar os m esm o s c r i t ér i os pel o s qu ai s a F az en da P úbl i c a c or r i ge se u s c r édi t o s t r i but ár i os;

2. 2. F i c am r esgu ar da do s o s pr ec at ó r i os ex pedi do s, no âm bi t o da a dm i ni st r aç ão p úbl i c a f eder al , c om bas e no s ar t s. 27 da s Lei s n º 12. 9 19/ 1 3 e n º 13. 0 80 / 15, q ue f ix am o I P CA - E c om o í ndi c e de c o r r eç ã o m onet ár i a [ . . . ]. ( B RA S I L, 2015 ) .

Observa-se que as regras previ stas no i tem 2.1 supraci tado , apli cam-se apenas ao s precatóri os expedi dos ou pagos até 25/03/2015.

Assi m, te mos que fora m modul ados d e for ma anô mal a os efei tos da decl aração de i nconsti tuci onal i dade, poi s se deci di u pel a vali dade da TR apenas para os precatóri os por el a corri gi dos que já fora m expedi dos ou pagos até 25/03/2015 e não para o que venha m a ser expedi dos.

O que causa espanto é que n ão se pode fal ar e m

i nconsti tuci onal i dade da norma atacada , u ma vez que a me s ma conti nuará com efi cáci a para atos já pr ati cados.

O mai s contradi tóri o é que o própri o STF entende que os efei tos da decl aração de i nconsti tuci onal i dade deverão ter efi cáci a ex tunc, confor me deci são do Mi ni stro Cel so de Mel l o no RE 395.902 :

[ . . . ] a dec l ar aç ão de i nc on st i t uc i onal i dade r ev est e - se ,

or di nar i am ent e, de ef i c ác i a ex t unc , r et r oagi ndo ao m om ent o em que edi t ado o at o e st at al r ec onh ec i do i nc on st i t uc i onal pel o

S upr em o T r i bunal F eder al [ . . .] . ( RE 395. 902 – AgR, Relator

M i n. Cel so de M el l o ) . ( B RA S I L , 2012) .

Corroborando com o entendi mento aci ma apontado, cu mpr e ressal tar os ensi namentos de Fl ávi o Marti ns Al ves Nunes Juni or (2017, p. 545) sobre o te ma :

[ . . . ] a dec i são j udi c i al que r ec on hec e a i nc on st i t uc i onal i dade de um a nor m a é um a dec i são dec l ar at ór i a, por t ant o, dec l ar a que o at o é nul o e í r r i t o e, por i ss o, desc on st i t ui os ef eit o s ev ent ual m ent e por el e ger ad os, j á a ef i c ác ia de s sa d ec i sã o é r et r oat iv a ( ef ei t os ex t un c ) . ( M A RT I NS , 2017. p. 545) .

A ausênci a de defi ni ção fez co m que au mentasse a di scussã o sobre a apl i cabili dade da Lei 11.960/09 , uma vez que os credores que já ti vera m seus precatóri os expe di dos e aguardam paga mento conti nuari am perdendo val ores pel a apl i cação da TR, enquanto aquel es que o precatóri o só foi expedi do após o jul ga mento seri am o s úni cos benefi ci ados.

No documento RAFAEL RODRIGUES JELLMAYER.pdf (483.2Kb) (páginas 42-46)

Documentos relacionados