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AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO – AIT

No documento Código de trânsito brasileiro (páginas 43-46)

3 CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

3.5 AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO – AIT

O auto de infração de trânsito é um ato jurídico pelo qual a Administração dá inicio ao processo administrativo de trânsito, com a finalidade de punir o condutor ou proprietário de um veículo que tenha praticado uma conduta, comissiva ou omissiva, descrita como infração de trânsito.28

É necessário destacar que um auto de infração válido necessita do cumprimento de alguns requisitos dentro de seu suporte fático e legal, correspondente aos elementos

24MARTINS, 2005. p. 93-94.

25PINHEIRO, Geraldo de Farias Lemos; RIBEIRO, Dorival. Doutrina, legislação e jurisprudência do

trânsito. São Paulo: Saraiva, 1982. p. 302.

26MARTINS, op. cit. p 90. 27

Art. 280, §2. A infração deverá ser comprovada por declaração da autoridade ou do agente da autoridade de trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual, reações químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente disponível, previamente regulamentado pelo CONTRAN. Cf. BRASIL. Código de Trânsito

Brasileiro. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9503.htm > Acesso em: 16 maio

2011.

nucleares. Sem eles não há de se falar em auto de infração, menos ainda em ato jurídico administrativo.29 Assim, para existir um AIT, é necessária a concretização de três elementos, segundo Ricardo Alves:

a) uma conduta praticada por uma pessoa, que possa ser enquadrada como infração;

b) a lavratura do auto de infração pela Autoridade de Trânsito ou seu Agente; c) a adoção da forma escrita, para lavratura.30

Portanto quando o art. 280 do CTB determina a lavratura do auto de infração, em virtude da ocorrência de uma infração, ele impõe, para que se possa falar em existência, a observância de uma forma, prescrita no referido artigo do CTB:

Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual constará:

I - tipificação da infração;

II – local, data e hora do cometimento da infração;

III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua marca e espécie, e outros elementos julgados necessários à sua identificação;

IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;

V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou agente autuador ou equipamento que comprovar a infração;

VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como notificação do cometimento da infração.31

O Código de Trânsito Brasileiro estabelece duas hipóteses em que haverá a lavratura do Auto de Infração de Trânsito: em flagrante e sem flagrante.32

Ocorrendo a primeira hipótese, o agente procederá de acordo com os incisos de I a VI do art. 280 do CTB33, anteriormente citado.

Na segunda hipótese, o agente procederá de acordo com o §3 do art. 280 do CTB34, relatando o fato à autoridade competente através do AIT. Conclui-se, que não se admite o repasse de informações à autoridade ou ao órgão público por mecanismos eletrônicos sem a participação de um agente de trânsito.35

29BOLDORI, 2008. p. 38. 30Ibid.

31PORTÃO, 2009.

32BOLDORI, op. cit. p. 42. 33

BRASIL. Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9503.htm > Acesso em: 16 maio 2011.

34Art. 280, §3. Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de trânsito relatará o fato à autoridade no próprio auto de infração, informando os dados a respeito do veículo, além dos constantes nos incisos I, II e III, para o procedimento previsto no artigo seguinte. Cf. BRASIL. Loc. cit.

Caso não haja a comunicação à autoridade competente, o agente pratica abuso de poder na forma omissiva, onde este deixa de praticar um ato vinculado a lei, devendo incorrer nas penas por esta prevista.

Conforme a Convenção de Viena sobre o Trânsito Viário, em seu art. 636, os agentes responsáveis por regular o trânsito deverão ser facilmente identificados e reconhecidos à distância, tanto de noite como de dia. A identificação dos agentes pode ser feita pela farda, por portarem equipamentos de fiscalização ou viaturas, objetivando a manutenção da ordem pública.37

Diante do exposto, percebemos que a autuação de trânsito deve ser feita por agente de trânsito competente, em flagrante delito ou sem flagrante, neste caso, tal informação do agente deve ser encaminhada ao órgão competente. Além disso, observamos que os agentes de trânsito devem visivelmente ser reconhecidos como tais.

Assim, quando o Auto de Infração é lavrado na presença do infrator e nele constar sua ciência (assinatura), o mesmo já valerá como notificação do cometimento da infração. Já quando o Auto de Infração não for lavrado na presença do infrator ou acontecer em decorrência de informação obtida por equipamento (lombada eletrônica, radar fotográfico ou sensor semafórico), o órgão de trânsito deverá expedir, em no máximo 30 dias, a notificação ao proprietário do veículo, sob pena de ser considerado insubsistente.38

O agente de trânsito competente para lavrar um Auto de Infração pode ser um servidor público civil, podendo ser este policial civil, policial rodoviário federal, ou um policial militar, desde que devidamente designados para o trabalho, conforme dispõe o art. 280, §4 do CTB:

Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual constará:

[...]

§ 4 O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado pela autoridade de trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua competência.39

36Art. 6, alínea 1. Os agentes encarregados de regular o trânsito serão facilmente reconhecidos e visíveis à distância, tanto de noite como de dia. Cf. BRASIL. Convenção de Viena sobre o Trânsito Viário. Disponível em: < http://www2.mre.gov.br/dai/transit.htm > Acesso em: 16 maio 2011.

37

BOLDORI, 2008. p. 42.

38Art. 281, parágrafo único, inciso II. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado insubsistente: se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da autuação. Cf. BRASIL. Código de Trânsito

Brasileiro. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9503.htm > Acesso em: 16 maio

2011.

Desta forma, destacamos que a competência para lavratura de AIT é composta de legitimidade e de capacidade de agir. Há distribuição de capacidade no CTB entre os legitimados por ele criados, cuja limitação territorial cabe aos entes federativos. Para as áreas urbanas o CONTRAN editou a Resolução 66, que determina a competência dos órgãos ou entidades de trânsito e rodoviários. Por fim, o órgão ou entidade de trânsito ou rodoviários que desrespeitarem o limite territorial de sua capacidade funcional, lavrará Auto de Infração de Trânsito Inconsistente.40

Desta maneira, se algum requisito, dentre os expostos anteriormente, não estiver presente na autuação, poderá o infrator requerer, através de recurso administrativo, que esta seja julgada irregular ou inconsistente e, consequentemente, seja arquivada, não gerando seus efeitos, segundo disposição do art. 281, parágrafo único, inciso I, do CTB.41

Como tais requisitos podem influenciar na validade do ato, estes também podem ser discutidos em recursos administrativos, conforme veremos a seguir.

No documento Código de trânsito brasileiro (páginas 43-46)

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